A língua apresenta tipos de variações linguísticas, estando estas relacionadas a distintos fatores
Estamos inseridos em um sociedade dinâmica, a qual se transforma com o passar do tempo e acaba transformando o modo pelo qual as pessoas estabelecem seus relacionamentos interpessoais. Um bom exemplo de tais mudanças é a linguagem dos internautas, que em meio a tantas abreviações e neologismos termina por criar um universo específico, no qual somente os interlocutores são capazes de decifrar o vocabulário por eles utilizado.
Partindo dessa prerrogativa, ocupemo-nos em discorrer acerca dos tipos de variações que as línguas apresentam, os quais dependem de
fatores específicos, tais como condição social, faixa etária, diferenças existentes entre uma região e outra, enfim...
Assim sendo, constatemos algumas elucidações e casos representativos de tais variações. Entre elas, destacamos:
Variações diafásicas
Representam as variações que se estabelecem em função do contexto comunicativo, ou seja, a ocasião é que determina a maneira como nos dirigimos ao nosso interlocutor, se deve ser formal ou informal.
Variações diatópicas
São as variações ocorridas em razão das diferenças regionais, como, por exemplo, a palavra “abóbora”, que pode adquirir acepções semânticas (relacionadas ao significado) em algumas regiões que se divergem umas das outras, como é o caso de “jerimum”, por exemplo.
Variações diastráticas
São aquelas variações que ocorrem em virtude da convivência entre os grupos sociais. Como exemplo podemos citar a linguagem dos advogados, dos surfistas, da classe médica, entre outras.
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Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF)
Graduação em Letras (Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, FUNCESI)
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A língua pode ser analisada a partir de dois pontos de vista: o sincrônico e o diacrônico. O primeiro estuda o modo em que se encontra a língua em um determinado momento, fazendo um recorte no tempo. A esse estudo, dá-se o nome de “sincronia”. Já o segundo estuda o processo de evolução da língua, isto é, as transformações pelas quais ela passa. A esse estudo, dá-se o nome de “diacronia”.
É importante ressaltar que, no século XIX, os linguistas se preocupavam com as mudanças linguísticas, buscando explicá-las. Nesse contexto, imperava a linguística diacrônica, também chamada de “linguística histórica”. Porém, no começo do século XX, o linguista Saussure apresentou o ponto de vista “sincrônico”, voltado para a descrição do funcionamento do sistema da língua. Vale enfatizar que Saussure não desconsiderou o diacrônico. Para ele, os dois pontos de vista (o sincrônico e o diacrônico) são essenciais e complementam-se.
A sincronia interessa-se pelo sistema da língua. Assim, ocupa-se de descrever os aspectos que regem, em determinado momento histórico, o funcionamento linguístico. Em outras palavras, estuda e descreve o modo com a língua funciona. Trata de fatos simultâneos, ou seja, inseridos em idêntico recorte temporal. Isso significa que ela abstrai a passagem do tempo. Na sincronia, não importam as mudanças, mas um momento. Os fatos sincrônicos, por se referirem a um sistema, apresentam princípios de regularidade. Contudo, esses fatos não são absolutos, uma vez que podem ser alterados caso ocorra uma mudança na língua.
A diacronia interessa-se pela evolução da língua e suas causas. Nesse cenário, ela adota uma postura retrospectiva e prospectiva, já que busca entender as relações que os fatos estabelecem com os que vieram antes ou depois dele. Como trata de fatos sucessivos, leva em conta o decorrer do tempo. Vale acrescentar que a diacronia confronta estados diferentes de uma mesma língua. Os fatos diacrônicos são imperativos. Isso porque aquilo que muda, muda em todo o sistema linguístico.
A sincronia e a diacronia no jogo de xadrez...
O jogo de xadrez serve como exemplo de um objeto para a explicação da análise sincrônica e diacrônica. Vamos entender? Se observarmos a partida num determinado momento, estaremos fazendo um estudo sincrônico dela. Já se observamos os lances anteriores e supormos os próximos, estaremos fazendo um estudo diacrônico dela. Nesse contexto, podemos afirmar que a diacronia é feita de pequenas sincronias. Em outras palavras, a diacronia é feita da soma das pequenas sincronias.
Para concluir
Sincronia: “ao mesmo tempo”
Diacronia: “através do tempo”
Referências:
PETTER, Margarida. Linguagem, língua e linguística. In: FIORIN, José Luiz. (org.) et al. Introdução à Linguística. 6.ed. 7ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2019. p.11-23.
PIETROFORTE, Antonio Vicente. A língua como objeto da Linguística. In: FIORIN, José Luiz. (org.) et al. Introdução à Linguística. 6.ed. 7ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2019. p.75-94.
SILVA, Taís Cristófaro. Fonética e Fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 2.ed. São Paulo: Contexto, 1999.
WEEDOOD, Barbara. História concisa da linguística. 2.ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. p.9-15.
Foto: //pixabay.com/pt/photos/xadrez-rei-pe%C3%A7as-de-xadrez-2727443/
Texto originalmente publicado em //www.infoescola.com/linguistica/sincronia-e-diacronia/