Como parar de se sentir preso?

As notícias sobre a pandemia do novo coronavírus, no último mês, fizeram todos alterar suas rotinas diárias. Fizeram todos perceberem que precisamos mudar, queiramos ou não, aceitemos ou não. O fato de aceitar não significa que não haja sofrimento, apenas que o atravessar essa jornada pode se tornar mais leve.

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Em dias “perdemos o direito de ir e vir”. Nunca um espaço ao sol foi tão almejado, abraçar alguém foi tão desejado. Mas também nunca nos sentimos tão “presos” ao nosso próprio espaço, ansiando por liberdade (necessidade natural de quem assim sente), por estar em grupo, quando o sentimento de segurança é maior.

Estar “dentro” de casa, com nossos familiares, pode ser prazeroso para alguns, porém penoso para outros. Para a mulher, numa cultura ainda machista, sentir-se obrigada a dar conta das tarefas de casa e das atividades com as crianças pode ser ainda mais difícil.

Por outro lado, todos tiveram de sair do seu lugar, ou melhor, assumir o seu lugar dentro de casa com atividades às quais não estavam habituados. E toda mudança pode gerar conflitos.

Raiva exposta

Para tentar lidar com tudo isso, precisamos ter claro que não podemos salvar o mundo, mas podemos salvar a nossa dor. Ela pode ser expressa por intermédio da raiva, do medo, da ansiedade, entre tantos outros sentimentos ambivalentes com os quais não queríamos lidar há muito tempo.

Ela fica exposta, nesse frágil presente, não nos permitindo mais esconder. Entretanto, somente temos força quando estamos no nosso lugar e não tentando ter o falso controle daquilo que é externo (e foi necessário um vírus para nos darmos conta dessa verdade).

Não se pode esconder a realidade dos fatos. Sim, estamos em uma situação de calamidade pública e isso não é fantasia. Isso não está acontecendo somente no nosso município, estado ou país, está acontecendo no mundo.

Ser realista

E o que podemos fazer de concreto neste momento é sermos realistas, evitar pegar ou transmitir o vírus, mas também evitar transmitir ou instigar mensagens que contribuam para espalhar o vírus do pessimismo ou da fantasia de que passaremos ilesos. Já que o da incerteza sempre tivemos, mas nunca o aceitamos por medo de perder o controle.

Teremos momentos bons e ruins, medos que assombrarão ou que servirão como defesa. Mas o importante é não nos sentirmos totais pessimistas ou
totais otimistas, mas sim realistas, buscando informações fidedignas (polêmicas podem ser deixadas para um próximo momento) e auxiliando o outro no que for possível .

O sentir-se preso pode lhe trazer o melhor ou o pior de si, mas é nessa situação que precisamos o melhor de nós. Pergunte-se: estou sendo uma boa companhia pra mim e para aqueles ao meu redor? Estou preso a boas ou más notícias? O seu desejo de liberdade, no fundo, é liberdade do quê e para quê? Ou é o desejo de fugir da realidade?

Janine Faganello Zanella é psicóloga e faz parte do projeto Psicologia Solidária que atende de forma voluntária profissionais de saúde que enfrentam a pandemia do coronavírus em todo o Brasil.

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    • 6 de maio de 2019

    Eu me prendi, e agora?

    – Eu me sinto preso nessa situação?

    – E como ocorreu a sua prisão?

    – Não sei direito… acho que o meu medo de enfrentar as situações, me faz prisioneiro delas.

    – Entendo, você sente que se aprisionou e, ao mesmo tempo, percebe que o medo lhe fez prisioneiro, é isso?

    – É meio confuso, mas sim.

    – Será que foi você quem se fez prisioneiro, o seu medo, ou será que isso tudo é apenas uma escolha que faz você “sentir-se como”, mas sem ser “de fato”, um prisioneiro?

    – Nunca pensei dessa forma.

    Sentir-se um prisioneiro é um sentimento comum para muitas pessoas. Porém, quando usamos esta linguagem complicamos a nossa situação para nós mesmos, pois concebemos o impossível: o fato de que nós nos prendemos.

    Afirmo acima que “concebemos o impossível”, porque o faço? Ora, o fato é que quando pensamos em prisão, temos em mente o ato de alguém que tem, como pena por algum crime, por exemplo, a privação de sua liberdade. Quando falamos em um agente externo executando esta tarefa, ela parece óbvia, visto que, um terceiro pode nos privar de nossa liberdade. Porém, quando afirmamos que nós o fazemos, o mesmo não pode ser aplicado.

    Se eu me prendo, significa que eu escolho fazê-lo. Porém se eu escolho me prender, mesmo que eu “jogue a chave fora”, isso é o fruto de uma escolha e não de uma privação imposta. Sendo assim é impossível “nos prender” à algo. Escolhemos nos manter próximos à, ou dentro de uma determinada situação. Assim sendo, o primeiro passo quando nos percebemos presos à algo é retomar a nossa responsabilidade  diante das escolhas que fizemos.

    Embora o sentimento seja de estar preso, o fato é que escolhemos agir de forma que “parece como” uma prisão. Alguém que acredita, por exemplo, que precisa fazer o que o outro quer para que este não o deixe. Em determinado momento essas pessoas dizem que sentem-se presas na relação. Porém, o fato é que enquanto pensam que precisam fazer o que o outro quer para se manterem na relação, agem de uma maneira que cerceia seus desejos pessoais e quando isso se torna “crônico”, sentem-se presas.

    Perceba que estou fazendo uma diferenciação entre estar preso “de fato” e “sentir-se preso”. Esta é a confusão que muitas pessoas fazem. Sentir-se de uma determinada maneira, implica em uma forma de perceber determinada situação. O sentimento de estar preso, envolve a percepção de “não ter saída”, de “ter que fazer” as coisas de determinada forma – e apenas dessa forma. E muitas vezes essas percepções são inadequadas.

    Em geral, elas surgem na infância, quando a pessoa “de fato” não tem muita saída. Nesta época a criança precisa obedecer aos pais, cresce e acredita que precisa continuar obedecendo, que é incapaz de fazer algo por si só ou de encontrar pessoas boas para se relacionar. Assim sendo, sente-se presa “ao que encontra” e sente medo de perder. Porém se a pessoa perceber que pode fazer algo diferente e interferir nos resultados que obtém, ela pode, também, mudar o seu sentimento de prisioneira da própria vida.

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