A dor de cabeça afeta quase metade da população mundial, sem distinção de idade, etnia ou situação socioeconômica. É um dos sintomas mais comuns de transtornos do sistema nervoso, com impacto significativo na qualidade de vida, podendo ser debilitante.
Embora a dor de cabeça seja efetivamente incômoda e atrapalhe as atividades diárias enquanto não cessa (para), na maioria dos casos não é muito preocupante, porém pode ser um sinal de alerta e deve ser investigada.
Pois em cerca de 2% dos casos, a dor de cabeça sinaliza um problema mais grave. Para identificar rapidamente se sua dor de cabeça é do tipo fácil de resolver ou do tipo que merece uma atenção médica especial, atente-se para as informações a seguir.
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Os tipos mais comuns de dor de cabeça
Segundo estudos sobre dor, a maior parte das dores de cabeça (98%) é de cefaleias primárias, que se dividem nos três tipos descritos a seguir.
Cefaleia tensional
É a dor de cabeça de tensão, o tipo mais comum de todos. A dor se instala nas duas laterais da cabeça e dá uma sensação de que ela está sendo pressionada. O quadro pode durar de 30 minutos a sete dias. Nesse caso, os ombros e o pescoço também podem doer. A causa é desconhecida, mas possíveis gatilhos podem desenvolvê-la como: estresse, fadiga e noites mal dormidas.
Enxaqueca
A enxaqueca é uma dor de cabeça mais severa. Ela pode ser bastante debilitante e acompanhada de outros sintomas, como náusea e vômito. É o segundo tipo mais comum. Uma dor pulsante se concentra em apenas um lado da cabeça,começando ao redor do olho e na têmpora, e se espalhando para a parte de trás da cabeça. A crise é altamente incapacitante e pode durar até três dias. Cerca de 20% dos casos podem estar associados a “Aura” – alterações visuais ( luzes piscantes, brilhos ou ondulações), acompanhada ou não de alteração na fala, dormência ou formigamento em um lado da face ou em algum membro do corpo, podendo durar até 1 hora. Nas mulheres, pode estar associada ao ciclo menstrual.
Cefaleia em salvas
Mais comum em homens, esse tipo de dor tem esse nome porque vem em “blocos”. Em vez de se manifestar numa crise curta que termina, ela vai e vem ao longo do dia, e quando vem é muito forte, concentrada em um lado da cabeça, por 30 minutos a uma hora, em média. O olho do lado dolorido tende a ficar vermelho e lacrimejante, o olho geralmente tende a se fechar devido a sensibilidade luminosa e o nariz fica congestionado ou escorrendo. Náusea e sensibilidade à luz e ao som também são sintomas comuns. O ciclo pode se repetir por um período que pode chegar a três meses.
Os tipos menos comuns de dor de cabeça
As cefaleias secundárias, bem mais raras que as primárias, são decorrentes de problemas como:
- Lesões que ocupam espaço, principalmente tumores intracranianos;
- Infecções do sistema nervoso central, principalmente meningite ou encefalite;
- Hemorragia subaracnoide;
- Arterite de células gigantes;
- Vasoespasmo de artérias intracranianas;
- Aneurisma cerebral;
- Malformação arteriovenosa cerebral;
- Trombose venosa cerebral;
- Hipertensão intracraniana idiopática.
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Como saber qual tipo de dor de cabeça você tem
O principal indicador do tipo de cefaleia é o histórico da pessoa. Por isso, é preciso considerar:
• Quando a dor começou;
• Quantos tipos diferentes de dor de cabeça a pessoa tem;
• Com que frequência a dor aparece (crônica, aguda ou esporádica?);
• Quanto tempo dura um episódio de dor de cabeça (com ou sem tratamento);
• Se houve mudança recente nas características da dor;
• Qual é a intensidade, localização, natureza e qualidade da dor;
• Quais sintomas associados se apresentam (como náuseas, vômitos);
• Se há fatores agravantes ou de alívio (dores de cabeça matinais e que pioram ao esforço sugerem aumento da pressão intracraniana);
• Se há presença de sintomas neurológicos focais (visual, motor ou sensorial);
• O que a pessoa faz quando tem dor de cabeça;
• O que preocupa a pessoa em relação à dor.
Quais sintomas são sinais de alerta para algo mais grave?
Segundo a British Association for the Study of Headache, os sinais mais evidentes das cefaleias secundárias são:
1. Cefaleia em trovoada (início intenso, explosivo e hiperagudo);
2. Cefaleia de início recente em pacientes com mais de 50 anos ou menos de 10;
3. Dor de cabeça matinal persistente com náusea;
4. Novo início de dor de cabeça em um paciente com histórico de câncer;
5. Novo início de dor de cabeça em um paciente com histórico de infecção por HIV;
6. Dor de cabeça progressiva, piorando ao longo das semanas;
7. Dores de cabeça associadas às mudanças posturais;
8. Dores de cabeça associada a sintomas de “Aura” que:
• Duram mais de uma hora;
• Incluem fraqueza motora;
• São diferentes da “Aura” anterior;
• Ocorrem pela primeira vez após o início do uso de pílula anticoncepcional oral.
Diante de alguém com uma crise de cefaleia secundária, é importante reconhecer os sintomas a tempo para intervir oportunamente e ajudar a pessoa que está sofrendo.
Importante!
Vale lembrar que todo o tipo de cefaleia pode ser um sinal
de alerta, deve ser investigada e acompanhada por um especialista, que fará o diagnóstico e indicará o tratamento correto. Independentemente do tipo de dor de cabeça, jamais fique em casa se automedicando.
Dr. Renato Tavares Tosello
Médico graduado pela Universidade do Oeste Paulista, com especialização em Neurorradiologia Intervencionista Diagnóstica e Terapêutica, Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia, e Radiologia e Diagnóstico por Imagem.