Como se chama a parte de baixo do pé?

Introdu��o

    O p� humano � uma das regi�es do corpo que mais sofre altera��es anat�micas, devido � deforma��o do arco longitudinal medial durante a fase de apoio (CAVANAGH e RODGERS, 1987). O arco longitudinal medial (ALM) realiza fun��es essenciais na biomec�nica do p�, como a��o de suporte e absor��o de impactos durante a marcha (MARIOKA et al., 2005).

    O p� � uma parte do membro inferior que tem a fun��o de ser base s�lida e est�vel para o corpo, atuando como alavanca para a locomo��o. O que faz com que ele apresente um comportamento �nico durante a deambula��o, ao ser submetido a um ciclo sucessivo de carga e descarga (MORTON, 1937).

    Hertzberg et al. (1954) realizaram um dos primeiros estudos que caracteriza a antropometria do p� humano. Esse estudo de grande escala, realizado com mais de 4000 indiv�duos maiores de 18 anos, analisou 132 medidas do corpo todo, sendo oito referentes ao p�. Com esse estudo se p�de caracterizar como medidas antropom�tricas do p�: comprimento do p�, comprimento do calc�neo at� a cabe�a do metatarso I, per�metro das cabe�as dos metatarsos, larguras do p�, do calcanhar e bimaleolar e alturas do mal�olo lateral e mal�olo medial.

    Para que se realizem atividades cotidianas ou de lazer e esportivas, � necess�ria a locomo��o humana que depende em primeira inst�ncia do caminhar. Seja de forma din�mica ou est�tica, ao apoiar o peso corporal sobre os p�s a for�a de gravidade ativa um est�mulo muscular, que faz com que nosso corpo mantenha o equil�brio nessa pequena base de suporte constitu�da pelos p�s. Podemos observar a fun��o biomec�nica do p� durante a fase de apoio da marcha, que constitui o toque do calcanhar at� a retirada do h�lux do solo. O p� ao tocar o solo gera uma for�a de rea��o do solo (FRS) contra si, a qual � absorvida pelo corpo humano. (WIECZOREK et al., 1997 e SELIGMAN et al., 2006).

    O p� tem fun��o essencial para sustenta��o e locomo��o do corpo, tornando necess�rio conhecer sua estrutura, seus tipos e suas propriedades. Com isso, esse estudo visa realizar uma revis�o sobre a estrutura, fun��o e classifica��o dos p�s.

Procedimentos metodol�gicos

    Foram realizadas buscas de estudos relacionados a diversos aspectos biomec�nicos dos p�s em bases de dados eletr�nicas, sendo estas: LILACS�, SciELO�, congressos da �rea de biomec�nica, teses e disserta��es que relacionassem o tema. A sele��o dos descritores utilizados no processo de revis�o foi efetuada mediante consulta aos DECs (descritores de assunto em ci�ncias da sa�de da BIREME). Nas buscas, os seguintes descritores, em l�ngua portuguesa e inglesa, foram considerados: p�s, arco plantar, tipos de p�s e biomec�nica e suas respectivas tradu��es para a l�ngua inglesa. Recorreu-se aos operadores l�gicos �AND� e �OR� para combina��o dos descritores e termos utilizados para rastreamento das publica��es. Para a formula��o deste estudo foram utilizadas 19 refer�ncias. Destas, oito s�o de l�ngua portuguesa e 11 de l�ngua inglesa.

Desenvolvimento

Estrutura dos p�s

    Segundo Ren et al. (2008), o p� humano � uma estrutura muito complexa que � formada por m�sculos, numerosos ossos, ligamentos e articula��es sinoviais. O p� humano apresenta uma das maiores variedades estruturais do corpo, ele recebe e distribui o peso corporal e se adaptando a superf�cies irregulares e atuando como uma alavanca r�gida que impulsiona o organismo durante a marcha (LEDOUX e HILLSTROM, 2002).

    O p� humano � constitu�do de 26 ossos, sendo sete tarsais, cinco metatarsais e 14 falanges. A parte posterior do p� � formada pelo talus, pelo calc�neo e pelos cinco ossos tarsais (navicular, cub�ide e tr�s cuneiformes), esses ossos formam a regi�o denominada meio do p�. J� a parte anterior � formada por cinco ossos metatarsais e os dedos, os quais se constituem em 14 falanges, onde cada dedo � formado por tr�s falanges, exceto o I que possui duas falanges (STACOFF e LUETHI, 1986; VILADOT, 1987; SATRA, 1990; GOULD, 1988; BRUSCHINI, 1993 apud MANFIO 2001). Esse membro � dividido em dois arcos, um longitudinal (constitu�do por um arco medial e um lateral) e outro transverso (constitu�do por um arco proximal e um distal) (GOULD, 1988).

    Existem tr�s tipos de p�: p� normal, p� plano ou chato e p� cavo. De acordo com Manfio (2001) o p� plano apresenta uma diminui��o muito elevada ou o desaparecimento do arco longitudinal medial, j� o p� cavo apresenta um aumento do arco longitudinal medial. Neste estudo a autora realizou uma an�lise sobre par�metros antropom�tricos do p�, onde foram utilizados 1888 indiv�duos, de ambos os sexos (1298 mulheres e 590 homens), nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e S�o Paulo. No grupo feminino 82,1% da amostra apresenta p�s normais, 13,3% p�s planos e 4,6% p�s cavos, enquanto que no grupo masculino se verificou 89,0% de p�s normais, 4,8% de p�s planos e 6,2% de p�s cavos. Isso mostra que a maioria da popula��o brasileira apresenta p�s normais.

Fun��o dos p�s

    O p� � o �nico componente do corpo humano que estabelece contato direto com solo, oferecendo grande variedade de fun��es biomec�nicas durante a locomo��o, como por exemplo: corpo e apoio de propuls�o, estabilidade, absor��o e manuten��o de impactos. Ao amortecer esses impactos do terreno, o p� transmite for�as de rea��o � parte superior do corpo, mantendo a estabilidade corporal. Ren et al. (2008) sugerem que as fun��es do p� s�o altamente dependentes das fases da marcha, que � uma das principais caracter�sticas da locomo��o humana.

    Essa estrutura que faz parte dos membros inferiores do corpo humano tem como principais fun��es auxiliar na locomo��o e na estabilidade corporal (GRIFKA, 1989). Conforme Cavanagh (1989) existe uma grande variedade de tipos de p�s, que podem surtir diversos efeitos de acordo com a fun��o a ser realizada. Sua estrutura � de tamanha import�ncia tanto quanto � sua fun��o, como se pode observar em um estudo do autor que compara a press�o plantar durante uma caminhada lenta, em tr�s tipos de p�s. Encontram-se nos p�s cavos, baixos picos de press�o, n�o ocorrendo mudan�a de cargas em rela��o �s �reas, corroborando assim com estudos anteriores onde se observa que p�s cavos s�o mais r�gidos e n�o absorvem bem os impactos, enquanto os p�s planos podem modificar sua estrutura para amortecer as for�as de rea��o.

    Atrav�s do suporte do peso do corpo humano os p�s s�o respons�veis pela sua din�mica e est�tica, auxiliando na propuls�o e no amortecimento durante atividades di�rias como a marcha e a corrida. Correia et al. (2005) salientam que ao perceber altera��es nestes membros, pode-se detectar poss�veis patologias relacionadas a todo resto do corpo. As principais deformidades dos p�s s�o: p� valgo, varo, cavo e equino. Zanatti e Gallaci (1989) relatam que entre as causas mais frequentes de dist�rbios nos p�s est�o os fatores causadores de estresse, que podem estar relacionados ao cal�ado e � mec�nica da marcha.

    Manfio (2001) ressalta que o p� humano � uma fonte constante de est�mulos sensitivos, que se originam do contato do p� com o meio exterior, que atrav�s do sistema nervoso geram a principal informa��o necess�ria para que se mantenha o equil�brio durante a marcha e a realiza��o de atividades humanas di�rias.

    Um dos aspectos mais ressaltados na revis�o sobre o uso de sapatos de salto alto realizada por Dorneles et al. (2009) foi a mudan�a de press�o plantar da regi�o posterior para a regi�o anterior do p�, que aumenta proporcionalmente com o tamanho do salto. Essa sobrecarga atinge principalmente a regi�o da cabe�a do quinto metatarso, podendo acarretar problemas para essa regi�o.

Classifica��o dos tipos de p�s

    De acordo com estudos de Viladot (1987) existem tr�s tipos de p�: p� normal, p� plano ou chato e p� cavo. O p� cavo apresenta aumento do arco longitudinal-medial, quando acentuado demasiadamente, faz com que a parte m�dia da planta do p� perca todo o contato com o solo. J� o p� plano ou chato, apresenta uma diminui��o acentuada ou total desaparecimento do arco longitudinal-medial, o que gera uma rota��o da parte anterior externamente, a aus�ncia desse arco diminui as propriedades de absor��o de impactos do p�, o que causa grande desconforto.

    Ainda n�o se encontra na literatura um consenso geral sobre um m�todo que seja ideal para classifica��o dos tipos de p�s. Razeghi e Batt (2002) realizaram uma revis�o de literatura sobre o assunto e verificaram que os m�todos existentes geralmente se baseiam na medida de par�metros morfol�gicos do p�, como valores antropom�tricos, par�metros da impress�o plantar ou avalia��o radiogr�fica, atrav�s da inspe��o visual n�o quantitativa, principalmente em situa��o de postura est�tica ou durante a locomo��o. O m�todo de classifica��o dos p�s atrav�s da impress�o plantar pode ser realizado atrav�s do contato com tinta na regi�o plantar, utilizando-se um ped�grafo, ou com aparelhos mais sofisticados, como transdutores de press�o.

    A impress�o plantar apresenta forte impacto visual criando um registro permanente, al�m do mais � um m�todo simples e de baixo custo. Para Periago (2001), o ped�grafo � um sistema que registra a impress�o plantar, distinguindo as �reas de apoio no ch�o das que n�o se ap�iam. Umas das suas vantagens � que sua imagem fica registrada em papel, permitindo assim uma melhor an�lise da impress�o e a obten��o de alguns par�metros objetivos mensur�veis. Urry e Wearing (2001) colocam que a impress�o plantar � um m�todo popular para registrar e analisar a �rea e a forma do contato do p� no ch�o. O arco longitudinal medial foi classificado atrav�s do �ndice do Arco Plantar (IA) (CAVANAGH & RODGERS, 1987), que divide a impress�o plantar em tr�s regi�es equidistantes: retrop�, m�dio-p� e antep�.

Considera��es finais

    Os p�s se caracterizam como uma complexa e importante estrutura dos membros inferiores, eles s�o indispens�veis para a estabilidade corporal e marcha, possuindo diversas fun��es como corpo e apoio de propuls�o, estabilidade, absor��o e manuten��o de impactos.

    Existem tr�s tipos de p�: p� normal, p� plano ou chato e p� cavo, e apesar de n�o se ter um m�todo de refer�ncia para se realizar essa classifica��o, pode-se utilizar o m�todo de impress�o plantar, um m�todo simples e de baixo custo.

    Sugere-se a elabora��o de mais estudos em rela��o a esse membro de total import�ncia para o funcionamento do nosso corpo, ressaltando as les�es, deformidades, e modifica��es que podem ocorrer nos p�s com o passar dos anos, as quais podem alterar a sa�de e a qualidade de vida do ser humano.

Refer�ncias

  • CAVANAGH, P.R.; RODGERS, M.M. The arch index: useful measure from footprints. Journal of Biomechanics. v. 20, p. 547-51, 1987

  • CAVANAGH, P.R. The biomechanics of running and running shoe problems. In: Segesser, B. e Pf�rringer, W. (ed.). The shoe in sport. Year Book Medical Publishers, Chicago, 1989. p. 271.

  • CORREA, L.A.; PEREIRA, S.J.; SILVA, G.M.A. Avalia��o dos desvios posturais em escolares: estudo preliminar. Revista Fisioterapia Brasil, v. 6, n.3, 2005.

  • DORNELES, P.P; SOARES, J.C.; MEEREIS, E.C.W.; LEMOS, L.F.C.; PRANKE, G.I.; ALVES, R.F.; TEIXEIRA, C.S.; MOTA, C.B. Considera��es biomec�nicas sobre o uso do sapato de salto alto. Lecturas: Educaci�n F�sica y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v.14, n.139, 2009. //www.efdeportes.com/efd139/uso-do-sapato-de-salto-alto.htm

  • GOULD, J.S. The foot book. Willians & Wilkins (ed.), Baltimore, USA, 1988. p. 345.

  • GRIFKA, J. A constru��o do cal�ado de esporte e os problemas dos p�s. In: Schuhtecknik + abc, traduzido e adaptado por Mirlam S. Myllus, Tecnicouro, Novo Hamburgo, v. 11, n. 4, p. 56-60, 1989.

  • HERTZBERG, H.T.E.; DANIELS, G.S.; CHURCHIL, E. �Anthropometry of flying personnel�1950�. WADC Technical Report, Wright Air Development Center, Wright Patterson Air Force Base. Ohio, 1954.

  • LEDOUX, W. R.; HILLSTROM, H. J. Acceleration of the calcaneus at heel strike in neutrally aligned and pes planus feet. Gait & posture, v. 15, n. 1, p. 1-9, 2002.

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  • MORIOKA, E.H.; ONODERA, A.N.; SACCO, I.C.N.; S�, M.R.; AMADIO, A.C. Avalia��o do arco longitudinal medial atrav�s da impress�o plantar em crian�as de 3 a 10 anos. Anais: XI Congresso Brasileiro de Biomec�nica, 2005.

  • MORTON, D.J. Foot disorders in general practice. Journal of the American Medical Association, v. 109, p. 1112-9, 1937.

  • PERIAGO, R. Zambudio. Ortesis, Calzado y pr�tesis en el pie diab�tico. Dispon�vel em //www.ortoinfo.com, 2001.

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  • SELIGMAN, L.; ESTIVALET, P.S.; SILVA, M. P. M.; LIBARDI, H. Teste de absor��o de impacto em materiais para cal�ados. Lecturas: Educaci�n F�sica y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, v. 11, n. 99, 2006. //www.efdeportes.com/efd99/calcados.htm

  • URRY, S.R.; WEARING, S.C. The accuracy of footprint contact area measurements: relevance to the design and performance of pressure platforms. The Foot, v.11, p.151-157, 2001.

  • VILADOT, P. A Patologia do antep�. 3� edi��o. S�o Paulo: Roca Ltda, 1987. 303 p.

  • WIECZOREK, S.A.; DUARTE, M.; AMADIO, A.C. Revista Paulista de Educa��o F�sica, S�o Paulo, 11(2): 103- 15, jul./ dez. 1997 CDD. 20. ed. 612. 76.

  • ZANETTI, E.; GALLACI, C. In: Unir a medicina ao cal�ado � a nova tend�ncia mundial. Tecnicouro, Novo Hamburgo, v. 11, n. 4, p. 16-20, 1998.

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Qual o nome da parte de baixo dos pés?

A palma do ou planta do é a parte inferior do humano. Anatomicamente, a palma do é dita possuir aspecto plantar. A superfície equivalente em ungulados é o casco.

Qual nome das partes do pé?

O e seus ossos podem ser divididos em três partes anatômicas e funcionais: A parte posterior do (retropé): tálus e calcâneo. A parte média do (mediopé): navicular, cuboide e cuneiformes. A parte anterior do (antepé): metatarsais e falanges.

Como é dividido o pé?

O , a nossa base de suporte, é dividido em três porções: tarso, metatarsal e falanges. Essas porções são compostas por 26 ossos, sendo 7 ossos tarsais, 5 metatarsais e 14 falanges.

Como chama o meio do pé?

Enfim, o mediopé é a região do meio dos pés. Esta área dos pés, possui um arco que vai ser a primeiro responsável pelo amortecimento de carga ou impacto nos pés. Ademais, o mediopé é formado por cinco ossos distintos: os três cuneiformes (medial, intermédio e lateral), o navicular e o cuboide.

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