Descreva um conflito que ocorreu após a desintegração da União Soviética

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Miguel Bas.

Moscou, 2 dez (EFE).- O fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), há duas décadas, não foi suficiente para pôr fim a uma série de conflitos que até hoje afligem os países que nasceram das cinzas do antigo regime comunista.

‘A desintegração pode causar confrontos e até mesmo guerras entre nações e repúblicas’, alertou o então presidente Mikhail Gorbachev nos últimos dias da União Soviética.

O mais antigo dos conflitos, de 1987, entre Azerbaijão e Armênia, perdura até hoje. Após uma violenta guerra de quase quatro anos (1991-1994) e que deixou 25 mil mortos, os dois países assinaram um cessar-fogo. Mas a tensão na fronteira não indica que o problema esteja perto de seu fim.

O Azerbaijão tem um terço de seu território ocupado e exige a retirada das tropas armênias e sua substituição por forças de pacificação. O desejo é conceder autonomia à região de Nagorno Karabakh.

Por sua vez, a Armênia afirma que tem direito sobre o território e diz que sua autonomia deveria ser decidida num plebiscito que não incluiria os azerbaijanos.

Um milhão de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas em Nagorno Karabakh por causa da ocupação das tropas armênias. O Azerbaijão já declarou que o insucesso nas negociações obrigará o país a recorrer à força. As despesas militares da antiga república soviética já são iguais a todo o orçamento da Armênia.

As importações de armamentos deste país também vêm aumentando ultimamente. A grande esperança de Erevan, a capital da Armênia, é o exemplo da Geórgia.

Em agosto de 2008, o país tentou restabelecer sua soberania na região separatista da Ossétia do Sul, mas a Rússia, sob comando do presidente Dmitri Medvedev, interveio no conflito e reconheceu não só sua independência, como também da Abkházia.

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Depois disso, apenas Nicarágua, Venezuela e dois pequenos países do Pacífico – Nauru e Tuvalu – repetiram Moscou e reconheceram a autonomia destas regiões.

Estes dois conflitos também remontam aos tempos soviéticos. A lógica era simples: se a Geórgia se separasse da URSS, Abkházia e Ossétia do Sul reivindicariam sua independência.

Os primeiros confrontos começaram ainda na época do regime soviético. Após o fim do regime comunista, a tensão reprimida se tornou uma guerra declarada.

A Rússia apoiou os separatistas com armas, dinheiro, apoio logístico e soldados, e exerceu um papel decisivo na derrota das forças georgianas.

Algo parecido ocorreu entre a Moldávia e uma região do país, a Transnístria. Foi lá que, entre 1992 e 1993, houve um conflito armado que só terminou quando o exército russo se juntou aos separatistas sob o pretexto de evitar um banho de sangue.

Não menos violentos foram os conflitos em próprio solo russo, nas províncias do Cáucaso do Norte, como a Ossétia do Norte e a Inguchétia, que antes mesmo do ocaso soviético já brigavam por territórios.

Em 1994, explodiu a violenta guerra da Chechênia. Até hoje, separatistas desta província realizam atentados terroristas, que também são praticados por militantes de regiões vizinhas.

Estes conflitos são apenas a ponta do iceberg. Praticamente todos os estados surgidos das ruínas da URSS têm problemas parecidos. Uma das disputas por território mais conhecida aconteceu entre a Rússia e a Ucrânia, na península da Crimeia.

Na Ásia Central, as fronteiras traçadas nos tempos de Stalin não respeitaram as realidades ancestrais dos povos que lá viviam. No vale de Fernaga, por exemplo, convivem mais de 100 etnias diferentes. A região foi um foco de violência nos tempos soviéticos.

Além disso, existe o problema de falta de água, uma das razões das diferenças entre Tadjiquistão e Uzbequistão, que por enquanto só estão sendo discutidas por seus dois presidentes. EFE

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    O Fim da URSS desenrolou-se ao longo de cinco anos, a partir do momento em que Mikhail Gorbachev assumiu a liderança do partido comunista soviético, em 1985.

    A estrutura do império soviético começou a ruir a partir de 1985 com a política reformista de Gorbachev

    A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) entrou em colapso nos anos finais da década de 1980. Essa derrocada do Império Soviético está relacionada com o desgaste do modelo comunista de governo, implantado na Rússia em 1917 e difundido para outros países do Leste Europeu nas décadas seguintes, sobretudo durante o período do totalitarismo stalinista. O governo centralizador e coercitivo da URSS, a partir da década de 1970, foi se tornando incompatível com a realidade da globalização e da modernização tecnológica apresentada pelos países onde predominava a cultura política democrática e a economia de livre mercado.

    Na virada da década de 1970 para a 1980, a URSS via-se na contingência de cortar gastos com guerras e com o fomento de outros países em que o modelo comunista instalara-se, como Cuba. A guerra travada no Afeganistão, país profundamente influenciado pela estrutura de poder comunista soviético na década de 1970, expôs a URSS a uma grande debilidade militar. Forças de resistência islâmica contra a “sovietização” afegã foram armadas e treinadas pelos EUA, mas também passaram a receber auxílio militar da China (que havia rompido com a URSS anos antes), o que conduziu o exército soviético a sucessivas derrotas.

    Foi nessa ambiência que houve uma nova eleição no Partido Comunista Soviético, em 1985, na qual foi eleito como novo líder Mikhail Gorbachev. Gorbachev ficou encarregado de promover reformas profundas na estrutura do Estado soviético, de modo a garantir a subsistência do regime. Entretanto, tais reformas, que receberam o nome de Perestroika (reconstrução), cujo modo de procedência seria a Glasnost (isto é, a transparência), acabaram por dar abertura para a implosão do regime comunista. Como diz o historiador Silvio Pons, em seu livro A Revolução Global – história do comunismo internacional (1917-1991):

    “As reformas de Gorbachev fragilizaram tal papel [de garantir a legitimidade do comunismo internacional], sem construir alternativa crível e sustentável. Seu relançamento universalista desvelou a perda de significado do comunismo como sujeito no mundo moderno. O declínio do comunismo internacional patenteado nos anos 1960 revelava-se, assim, a premissa e o anúncio da crise profunda, destinada a acumular problemas de todo tipo. Era fundamentalmente uma crise de legitimação dos estados, do movimento e da cultura política comunista.” [1]

    Gorbachev executou ações como a diminuição do auxílio a outros países comunistas (Cuba foi um dos mais afetados) e a retirada das tropas soviéticas da zona de combate no Afeganistão (abrindo mão, assim, da hegemonia sobre aquela região). Além disso, Gorbachev também tomou a iniciativa de firmar acordos com os Estados Unidos para a destruição em conjunto de certo número de ogivas nucleares, pondo fim a uma das principais características da Guerra Fria, a “corrida armamentista”.

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    Houve ainda um fatídico episódio ocorrido em 26 de abril de 1986: o acidente com o reator atômico da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, que rendeu ao governo de Gorbachev transtornos incalculáveis, além de revelar ao mundo a obsolescência tecnológica soviética. As dificuldades em conter o vazamento nuclear deixaram o continente europeu alarmado, o que gerou a necessidade de ajuda externa, do Ocidente, para resolver o problema.

    É importante ressaltar também que, ao mesmo tempo em que fazia tais reformas e enfrentava tais problemas, Gorbachev era pressionado por dois setores das esferas de poder da URSS: o setor da “linha-dura”, comandado por Valentin Pavlov, e o setor considerado liberalizante e progressista, comandado por Boris Yeltsin. Pavlov exigia de Gorbachev uma postura geopolítica mais dura e a manutenção do poder centralizado em torno dos burocratas do partido comunista soviético. Por outro lado, Yeltsin defendia a abertura da URSS para a influência das democracias ocidentais e para a economia de mercado.

    Em meio a todo esse clima de pressão, houve a primeira eleição para deputados não comunistas no Congresso Soviético. As medidas adotadas por Gorbachev levaram aqueles menos abertos para as transformações, representados por Pavlov, a uma tentativa de golpe contra Gorbachev em 18 de agosto de 1991. Gorbachev foi preso, o que gerou uma revolta popular e um movimento de resistência liderado por Boris Yeltsin. Os golpistas tiveram de ceder à pressão, libertando Gorbachev, que voltou ao poder, mas renunciou ao cargo de secretário-geral do partido, mas permaneceu ainda ocupando a função de presidente da União Soviética. Em decorrência do golpe, muitos dos países ligados à URSS começaram a declarar a sua independência, o que provocou uma rápida desintegração do Império Soviético.

    Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev finalmente renunciou também ao cargo de presidente, reconhecendo, assim, o fracasso de suas reformas e o colapso da União Soviética. A partir de então, foi formada, entre ex-integrantes das repúblicas soviéticas, a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que implantou o modelo de representação política de acordo com a sua realidade.

    NOTAS

    [1] PONS, Silvio. A Revolução Global – história do comunismo internacional. (1917-1991). trad. Luís Sérgio Henriques. Rio de Janeiro: Contraponto; Fundação Astrogildo Pereira, 2014. p. 553.

    Por Cláudio Fernandes

    O que aconteceu após o fim da União Soviética?

    Com o fim da URSS, o mundo passou a ter somente o capitalismo e o liberalismo como ideologia econômica e política. O fim do regime soviético inaugurou o processo da globalização e da economia de mercado que dominam o planeta atualmente.

    Quais foram os principais conflitos na União Soviética?

    A Guerra Fria foi um conflito político-ideológico que foi travado entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991. O conflito travado entre esses dois países foi responsável por polarizar o mundo em dois grandes blocos, um alinhado ao capitalismo e outro alinhado ao comunismo.

    O que aconteceu com a União Soviética depois da Guerra Fria?

    Em 25 de dezembro de 1991 tem fim a URSS, fazendo surgir 15 novos países. Além dos bálticos, ganharam a independência Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Moldávia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Casaquistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Uzbequistão e Quirguistão.

    Como foi a desagregação da União Soviética?

    A 8 de dezembro de 1991, os líderes das três principais repúblicas soviéticas, Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, assinaram um acordo que declarou a dissolução da União Soviética. Assim surgiu uma nova entidade de associação entre os três países, a Comunidade de Estados Independentes.

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