Explique o que e insegurança alimentar suas consequências e aponte qual e a sua abrangência

Mais da metade da população do país sofre com insegurança alimentar em 2020

Que uma alimentação saudável e variada é fundamental para a saúde de crianças, adultos e idosos, isso já é de conhecimento geral. Mas e quando os alimentos não estão disponíveis na quantidade, na variedade e na qualidade necessária?

Nesse caso, temos um grave e muito preocupante problema, que ultrapassa os aspectos nutricionais da alimentação e tangem questões políticas, econômicas, histórias e sociais. Estamos falando da insegurança alimentar, uma situação crítica que compromete a saúde individual, coletiva e até o desenvolvimento do país.

“É um termo utilizado quando uma pessoa não tem acesso regular e permanente de alimentos em quantidade e qualidade suficiente para sua sobrevivência. Quem está em insegurança alimentar não tem quantidade e qualidade suficiente de alimentos pra sua vida”, diz a nutricionista Caroline Dalabona, que trabalha na Pastoral da Criança. “Isso significa uma violação de direito. A alimentação adequada e saudável, em quantidade e de forma permanente, é um direito de todo ser humano. A fome crônica é uma violação de direitos.”

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E para além da ausência de alimentos, a insegurança alimentar também está relaciona à variedade e a qualidade daquilo que é consumido. Assim, é possível que uma pessoa até tenha acesso a alimentos, mas eles são tão pobres em nutrientes que ainda assim ela fica em uma condição de insegurança nutricional, formando os chamados “desertos alimentares’

“São lugares onde não chegam alimentos saudáveis, só os ultraprocessados, que não nos fornecem todos os nutrientes que precisamos. Aí ocorre a fome oculta: a pessoa tem acesso a alimentos, mas muitos industrializados ou sem a variedade necessária. Ela consome mesma coisa diariamente e isso faz com que ela não consiga ter acesso a todos os nutrientes, em especial os micronutrientes”, afirma Caroline.

Fome e insegurança alimentar

Os dois conceitos são bastante próximos e por vezes acabam se misturando, já que estão relacionados a ausência de alimentos e a violação de um direito humano.

“Quem passa fome devido a questões sociais sem dúvida está em insegurança alimentar. Esse termo acaba sendo mais amplo porque abrange toda questão de direito a alimentação. Mas a fome retrata exatamente o que pessoa passa: situação que de não ter regularidade na alimentação. As vezes a gente nem tem condições de dizer o que uma pessoa com fome crônica sente porque não passamos por isso”, diz a nutricionista.

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Bem tentou a escritora Maria Carolina de Jesus, uma das mais lidas do país, autora do clássico “Quarto de Despejo”, que viveu na Favela do Canindé, em São Paulo e foi catadora de materiais recicláveis. Ela disse que a “a fome é um soco no estômago”, que e “a cor da fome é amarela” e que ela “dói muito”.

E dói também pensar que a insegurança alimentar é um problema crescente no Brasil, enquanto o país é também um dos maiores produtores de alimento do mundo. A desigualdade social, no entanto, impede que eles cheguem a todos os lares brasileiros.

“Para terem acesso a alimentos, de forma diária e variada, as pessoas precisam comprar os alimentos e comprar significa ter dinheiro. Hoje, infelizmente, muitas pessoas não têm acesso permanente a dinheiro e isso foi agravado com pandemia do coronavirus”, avalia Caroline.

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Para se ter uma ideia, o número de famílias brasileiras em condição de insegurança alimentar cresceu nos últimos anos, em especial com a pandemia do novo coronavírus. A insegurança alimentar grave atinge 9% da população, segundo a pesquisa “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).

Segundo o levantamento, 112 milhões de brasileiros sofrem algum grau de insegurança alimentar em 2020, o equivalente a mais da metade da população do país. A estimativa é que o Brasil tenha retrocedido 15 anos no combate a fome nos últimos cinco anos, chegando a patamares de insegurança alimentar próximos aos de 2004, anteriores a uma série de políticas sociais para aumento da renda da população e do combate efetivo a fome.

Como disse a escritora Maria Carolina de Oliveira, “quem inventou a fome são os que comem.”

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Edição: Douglas Matos


O combate contra a fome é um desafio global. É o que determina a própria Organização das Nações Unidas (ONU) nos seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O ODS 2 defende o fim de todas as formas da fome e desnutrição até 2030, especialmente aquela que afeta a infância, destacando a importância da agricultura sustentável. Tal como alerta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), ocorrem situações paradoxais no mundo. Um exemplo disso é que, nos últimos anos, aumentou a fome de forma paralela com outras formas de má nutrição, como é o caso da obesidade.

O QUE É A SEGURANÇA ALIMENTAR

O conceito de segurança alimentar nasceu na década de 70. Sua evolução, até a definição atual, incluiu diferentes variáveis econômicas e socioculturais. Conforme a FAO, em uma definição estabelecida na Conferência Mundial da Alimentação (CMA) de Roma em 1996, a segurança alimentar ocorre quando todas as pessoas têm acesso físico, social e econômico permanente a alimentos seguros, nutritivos e em quantidade suficiente para satisfazer suas necessidades nutricionais e preferências alimentares, tendo assim uma vida ativa e saudável.

IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR

O relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2019 da FAO estima que um total de 2 bilhões de pessoas no mundo têm algum nível de insegurança alimentar — inclusive na América do Norte e Europa, onde calcula-se que este seja o caso do 8% da população da América do Norte e Europa —. Estes dados comprovam que a segurança alimentar, apesar de não afetar a todos igualmente, é um problema global. Os fundamentos que nos permitem determinar os níveis de segurança alimentar são os seguintes:

  Disponibilidade

Faz referência à produção, às importações, ao armazenamento e também à ajuda alimentar entendida como uma transferência no caso de necessidade, seja a nível local ou nacional.

  Estabilidade

A insegurança alimentar pode ser transitória, devido a questões relacionadas com o caráter estacional das campanhas agrícolas ou o cíclico das crises econômicas. Para evitá-la, o armazenamento é importante.

  Acesso

A falta de acesso aos alimentos pode ter razões físicas — quantidade insuficiente de alimentos, isolamento das populações — ou socioeconômicas — preços elevados, falta de recursos monetários —.

  Consumo

O consumo de alimentos deve estar relacionado com as necessidades nutricionais, mas também às preferências alimentares.

TIPOS E EXEMPLOS DE INSEGURANÇA ALIMENTAR

A utilização biológica dos alimentos, que vincula estado nutricional e estado de saúde, proporciona a definição aceita de insegurança alimentar, ou seja, a ingestão insuficiente de alimentos, quer seja transitória — em épocas de crise —, estacional — campanhas agrícolas — ou crônica — quando é contínua —. Em 2013, a FAO implementou o projeto Voices of the Hungry e estabeleceu uma Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (FIES) que mede o acesso das pessoas ou das moradias aos alimentos. Os níveis são os seguintes:

  • Insegurança alimentar leve. Ocorre quando existe incerteza sobre a capacidade para conseguir alimentos.
  • Insegurança alimentar moderada. Quando a qualidade dos alimentos e sua variedade está comprometida, a quantidade ingerida se reduz de forma drástica ou ainda, diretamente, determinadas refeições não são realizadas.
  • Insegurança alimentar grave. Atinge-se este ponto quando não são consumidos alimentos durante um dia inteiro ou mais.

A insegurança alimentar, como é lógico, tem efeitos muito nocivos para a saúde, especialmente entre as crianças. Desde a morte por diarreia — é a segunda maior causa de falecimento em crianças menores de cinco anos conforme a OMS — até a redução do rendimento escolar ou atrasos no crescimento.

CAUSAS DA INSEGURANÇA ALIMENTAR: DESAFIOS E AMEAÇAS

Conforme a ONU, atualmente, uma de cada nove pessoas no mundo está subalimentada — no total: 815 milhões de pessoas —. Se não forem tomadas medidas, a previsão é que este número chegue a dois bilhões de pessoas em 2050. Como chegamos nessa situação? São várias as causas. A seguir, repassamos as principais:

  Degradação dos solos

  Escassez de água

  Poluição atmosférica

  Mudanças climáticas

  Explosão demográfica

  Crises econômicas e problemas de governança

O que é insegurança alimentar e suas consequências e aponte qual é a sua abrangência entre a população mundial?

A insegurança alimentar é a situação em que uma pessoa/família não tem segurança de que consumirá três refeições nutritivas todos os dias, tendo por consequências aumento da mortalidade infantil, atraso no desenvolvimento e se liga a altos índices de violência. Em 2019, 690 milhões de pessoas viviam nesta situação.

O que é insegurança alimentar e quais as consequências para a população?

A insegurança alimentar é uma situação em que a população de um país ou região não tem acesso físico, social e econômico a recursos e alimentos nutritivos que atendam às suas necessidades dietéticas e preferências alimentares para uma vida ativa e saudável.

Qual é a abrangência da insegurança alimentar?

Se uma família não tem acesso regular e permanente à alimentação, em quantidade e qualidade adequadas, ela está em situação de insegurança alimentar. As escalas de insegurança abrangem situações de alimentação de má qualidade até a fome em larga escala.

Quais são as consequências da insegurança alimentar?

Problemas de saúde física e mental, deterioração da qualidade de vida e a fome são consequências da insegurança alimentar.

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