Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria

Talvez um exemplo possa subsidiar nossa discussão, extraído do romance “Memórias póstumas de Brás Cubas”:

CAPÍTULO LV / O VELHO DIÁLOGO DE ADÃO E EVA

BRÁS CUBAS................................?

VIRGÍLIA...............................

BRÁS CUBAS.......................................................................................

VIRGÍLIA..........................................!

BRÁS CUBAS.................................

VIRGÍLIA...............................................................................? .........................................................................................................

BRÁS CUBAS.................................

VIRGÍLIA...............................................

BRÁSCUBAS..................................................................................................................... !..............................!...........................!

VIRGÍLIA....................................................?

BRÁS CUBAS..............................................!

VIRGÍLIA...................................................!

Constatamos uma verdadeira inovação por parte do escritor: as interrupções feitas ao longo de uma narrativa, deixando a cargo do leitor extrair suas próprias conclusões. Outro aspecto, não menos relevante, é a ironia, o ceticismo, o humor, mesmo que breve, ora demonstrado em determinadas passagens. No romance em questão, algo inusitado ocorre, quando comparado aos demais, tidos como convencionais, ou seja, o narrador se ocupa de transmitir a nós, leitores, uma história de alguém que narra sua experiência de vida após a morte, razão pela qual ele próprio afirma: “eu sou um defunto-autor”, em vez de um autor-defunto.

Ainda fazendo referência a tal romance, outra inovação para a época diz respeito ao fato de ele ser narrado em 160 capítulos, breves por sinal, sem falar nos espaços franqueados para as intertextualizações que Machado fez a grandes escritores, especialmente os da literatura inglesa e francesa, fato que comprovadamente evidencia que o gênio assim não se concebia por acaso.

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Frase final de Memórias Póstumas de Brás Cubas,1881
Variante: Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.

Última atualização 15 de Março de 2022.

Citações relacionadas

„Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.“

—  Machado de Assis, livro Memórias Póstumas de Brás Cubas

Memórias Póstumas de Brás Cubas

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Qual o sentido da frase de Brás Cubas não tive filhos não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria?

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria" é uma frase que nos revela a universalidade da miséria humana, tanto que o narrador troca o "eu" pelo "nós" e, assim, podemos verificar que Brás Cubas se revela como síntese de muitas, ou talvez, de todas as pessoas, com seus fracassos não ...

Por que Brás Cubas não teve filhos?

Resposta verificada por especialistas Brás Cubas não obteve nada por mérito próprio, apenas desfrutou de uma herança. Os planos que tinha na vida também não se concluíram, ele não casou-se e não teve nenhum êxito significativo na vida.

Quem disse não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria?

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." Seguramente a mais citada frase do esplêndido Machado de Assis. Está em Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881).

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