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Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 26/11/2018Última atualização: 12/07/2019
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 26/11/2018Última atualização: 12/07/2019
O uso consciente de medicamentos é uma orientação válida para todas as pessoas, mas especialmente durante a gestação, quando o cuidado deve ser redobrado.Além de poder trazer complicações para a gestante, o uso inadequado de remédios ― principalmente quando feito por automedicação ― pode também causar prejuízos à saúde do bebê.Grávidas quando sentem dor de cabeça ou febre, por exemplo, costumam ter dúvida sobre qual remédio é seguro tomar. Entre esses tipos de medicamentos, um dos mais conhecidos é o paracetamol, que tem ação analgésica e antitérmica.De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o uso de paracetamol durante a gestação é permitido, mas não deve ser feito sem orientação médica.Além de ser comercializado com o próprio nome da substância, sem obrigatoriedade de receita, pode ser encontrado pelos nomes comerciais como Sonridor, Coristina Termus, Pratium, Tylidol, Vick Pyrena e vários outros.No texto a seguir, mostramos quando esse medicamento é considerado seguro e quais os riscos presentes quando usado de forma irresponsável durante a gravidez.
Quando tomar paracetamol?
Como o paracetamol age no organismo?
O paracetamol é um medicamento com ação antitérmica que ajuda a reduzir a febre ao agir sobre o hipotálamo, região cerebral responsável por regular a temperatura do organismo.Seu efeito analgésico, por sua vez, ocorre devido a atuação direta do medicamento no sistema nervoso central, fazendo com que a percepção da dor seja reduzida em todo o corpo — isso porque é um analgésico de ação central.O efeito do paracetamol inicia entre 15 a 30 minutos após administração oral e age durante 4 a 6 horas. Apesar de ter um pico de concentração mais atrasado quando tomado durante as refeições, o paracetamol não tem sua absorção afetada por alimentos.O que é importante saber, no caso das grávidas, é que o medicamento pode ultrapassar a placenta, chegando até o bebê.Leia a bula completa do paracetamol!Dosagem: quantos comprimidos de paracetamol pode tomar por dia?
É difícil afirmar qual a dosagem máxima segura, pois cada pessoa possui reações diferentes. Mas, de acordo com o que está estabelecido na bula do medicamento, a dose máxima ao dia (para adultos) não deve ultrapassar 4000mg, equivalente a 5 comprimidos de 750mg ou 8 comprimidos de 500mg, tomados em doses intercaladas.Contudo, além da necessidade de consultar um médico para confirmar a possibilidade de uso do medicamento, também é fundamental uma orientação em relação a dosagem.No caso das gestantes, o cuidado deve ser redobrado. Para elas, a dose máxima permitida pode ser inferior a 4000mg, o que acontece de acordo com avaliação médica.Para chegar à dosagem segura por dia individualmente, o médico precisa também avaliar outros fatores, como quadro clínico da gestante, doenças e saúde, de modo geral.O uso de paracetamol na gravidez é seguro?
Depende. O uso desse tipo de analgésico só é seguro quando tomado de forma adequada, ou seja, por prescrição médica e nas doses consideradas seguras.Como todo medicamento, o paracetamol possui algumas reações adversas e, no caso das gestantes, essas reações podem interferir também na saúde do bebê, uma vez que as substâncias são absorvidas e passam pela placenta.O mais aconselhado é que as gestantes considerem o medicamento como última opção, independente do trimestre gestacional.Para aliviar sintomas como dores e febre, podem optar por opções mais naturais, como remédios caseiros. Contudo, até mesmo nesses casos, antes de ingerir qualquer substância, a consulta e orientação médica também são indispensáveis.Para entender o quanto um medicamento é seguro para as gestantes, é importante conhecer sobre as categorias de risco existentes:Categorias de risco na gravidez
De acordo com a classificação dos medicamentos na gravidez, estabelecida pela agência Food and Drug Administration, nos EUA, são cinco categorias de risco que as gestantes devem se atentar, sendo elas divididas em A, B, C, D e X. O paracetamol está incluso na categoria de risco B.Essa classificação é semelhante ao que a Anvisa determina no Brasil e, de acordo com a agência nacional, as grávidas não devem tomar o paracetamol sem orientação médica.O trecho presente no regulamento técnico da Anvisa, no qual estabelece as frases de alerta sobre os princípios ativos e outras substâncias que devem constar nos rótulos e bulas, diz o seguinte sobre a categoria de risco do paracetamol:- Categoria de risco B: os estudos em animais não demonstraram risco fetal, mas também não há estudos controlados em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram riscos, mas que não foram confirmados em estudos controlados em mulheres grávidas.
- Categoria de risco A: em estudos controlados em mulheres grávidas, o fármaco não demonstrou risco para o feto no primeiro trimestre de gravidez. Não há evidências de risco nos trimestres posteriores, sendo remota a possibilidade de dano fetal;
- Categoria de risco C: não foram realizados estudos em animais e nem em mulheres grávidas; ou então, os estudos em animais revelaram risco, mas não existem estudos disponíveis realizados em mulheres grávidas;
- Categoria de risco D (em doses elevadas): o fármaco demonstrou evidências positivas de risco fetal humano, no entanto, os benefícios potenciais para a mulher podem, eventualmente, justificar o risco, como, por exemplo, em casos de doenças graves ou que ameaçam a vida, e para as quais não existam outras drogas mais seguras;
- Categoria de risco X: em estudos em animais e mulheres grávidas, o fármaco provocou anomalias fetais, havendo clara evidência de risco para o feto que é maior do que qualquer benefício possível para a paciente.
Quais os riscos para o bebê?
Asma
De acordo com um estudo divulgado pela revista International Journal of Epidemiology, há uma chance maior de incidência de asma infantil e outras doenças respiratórias em crianças no qual a mãe fez uso do paracetamol durante a gestação.Entretanto, esse risco, que pode ser de 20% em bebês com até 18 meses de vida e 50% em crianças na faixa etária de 7 anos, está associado ao uso contínuo do medicamento e não ao uso esporádico (de vez em quando).Atraso na linguagem
Segundo um estudo publicado pela European Psychiatry, feito a partir de entrevista com cerca de 754 mulheres entre a 8ª e a 13ª semana de gestação, há chances do uso de paracetamol durante a gravidez influenciar no desenvolvimento de problemas como o atraso de linguagem.Comparando a frequência de uso do paracetamol e realizando um teste para medir o desenvolvimento das crianças com idade até 30 meses, os pesquisadores estabeleceram uma média de 50 palavras para considerar a criança com atraso na linguagem nessa idade.O grupo foi dividido entre gestantes que tomaram paracetamol mais de 6 vezes desde o início da gestação e as que nunca tomaram.O resultado de crianças com algum tipo de atraso representou 10%, sendo as crianças filhas de mães que consumiram em doses altas 6 vezes mais propensas a esse risco no desenvolvimento.Autismo
Um estudo publicado no International Journal of Epidemiology indica que a exposição pré-natal à substância está associada a um maior número de sintomas de autismo, como hiperatividade e impulsividade.Porém, a pesquisa não aponta qual a dose de risco. Os dados relatados são de mães que utilizaram o medicamento em uma frequência de nunca, esporadicamente e sempre, o que não pode ser considerado conclusivo.Déficit de atenção e hiperatividade
Uma relação entre o uso do paracetamol e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Universidade de Aarhus (Dinamarca), se dá após o acompanhamento feito com mais de 64 mil crianças e mães que usaram o medicamento durante a gestação.Nessa análise, foi observado que as chances do desenvolvimento desse tipo de transtorno foi de 13% a 37% em gestações cujo as mães fizeram uso do paracetamol.Que tipo de analgésico uma gestante pode tomar?
O paracetamol pode ser tomado, desde que o médico esteja de acordo e a dose diária não ultrapasse o limite de 4000mg, porque, apesar dos riscos, ainda é considerado o mais seguro. Outros analgésicos comuns, como a aspirina e o ibuprofeno, não são indicados.O Tylenol, medicamento produzido à base de paracetamol, também costuma ser usado por gestantes para ajudar a reduzir dores de cabeça.No entanto, é o médico que acompanha a gestante é o profissional mais capacitado para dizer qual tipo de medicamento, seja analgésico ou de outra classe, é seguro para sua condição.Vale ressaltar que a automedicação não deve ser praticada. Ao sentir dor de cabeça, dores no corpo, dor de garganta, febre ou qualquer outro sintoma, a gestante deve procurar um médico.Como uma alternativa aos medicamentos, a gestante pode optar por receitas caseiras de analgésicos naturais.Analgésicos naturais
Fontes consultadas
- Dra. Francielle Tatiana Mathias (CRF/PR 24612), farmacêutica generalista (CRF/PR 24612) com mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2013) e doutorado em Farmacologia pela Universidade Federal do Paraná (2018)
- Acetaminophen use in pregnancy and neurodevelopment: attention function and autism spectrum symptoms - International Journal of Epidemiology
- Prenatal and infant paracetamol exposure and development of asthma: the Norwegian Mother and Child Cohort Study - International Journal of Epidemiology
- Prenatal exposure to acetaminophen and children's language development at 30 months - European Psychiatry
- Resolução RDC nº 60 - Anvisa
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