As culturas possuem um potencial máximo de produtividade estabelecido pela genética, que ao sofrer limitações em função do ambiente de produção, resulta em uma produtividade obtida que é quase sempre inferior à produtividade potencial.
Condições ambientais que impactam diretamente a produtividade de uma cultura são luz, água, temperatura e nutrientes.
A incidência de luz em folhas sadias é o fator preponderante para altas produtividades, pois é através da fotossíntese que a planta utiliza a energia solar para acumular matéria orgânica em seus tecidos.
A ocorrência de sombreamentos ou alta nebulosidade, pode reduzir o rendimento de grãos. Para ser alcançada uma produtividade elevada é fundamental utilizar práticas agronômicas que propiciem um ambiente sem restrições ao desenvolvimento vegetal.
Os fatores que compõem o rendimento de grãos da soja são: número de plantas por área, número de vagens por planta, número de grãos por vagem e o peso de grãos, sendo que dentre esses, o mais influenciado pelo ambiente de produção, é o número de vagens por planta.
A quantidade de vagens é dependente da quantidade de flores emitidas pelas plantas no início do período reprodutivo (florescimento).
Já o número de grãos por vagem, é mais influenciado pela genética do que pelo ambiente de cultivo, enquanto que o peso dos grãos, apresenta valor característico de cada cultivar e pode ser reduzido quando a cultura passa por estresses bióticos e abióticos durante o período de formação dos grãos.
Estresses hídricos
O período de enchimento dos grãos se inicia no estádio R5, e é considerado o período em que a planta é mais suscetível aos estresses ambientais.
Nesse período, a ocorrência de estresse como déficit hídrico, alagamento, deficiência nutricional, pouca luminosidade, geada, desfolha, etc, irá reduzir a produtividade de forma mais intensa do que quando ocorrido em outros estádios do desenvolvimento da soja.
Em relação à quantidade de água no solo, os períodos da germinação-emergência e a floração-enchimento de grãos, são os mais importantes.
Logo após a semeadura, tanto o excesso quanto o déficit hídrico podem prejudicar o estabelecimento do estande de plantas. Nesta fase, a semente de soja precisa absorver 50% de seu peso em água para ocorrer a germinação. Porém, caso a quantidade de água seja muito alta no solo, pode ocorrer falta de oxigênio que também pode reduzir a germinação.
Déficits hídricos expressivos quando ocorridos durante o florescimento e enchimento de grãos provocam grandes prejuízos à produtividade devido ao fechamento estomático, enrolamento de folhas que reduzem a taxa fotossintética e a produção de biomassa.
Fotoperíodo
O tempo necessário para que a soja entre em florescimento é influenciado pela temperatura e pelo número de horas de luz ocorrido durante o dia, que é chamado de fotoperíodo.
Este aspecto é importante para a definição da adaptabilidade dos cultivares às diferentes regiões de produção e para definir a duração do período vegetativo, que possui alta relação com a produtividade de grãos.
A influência do fotoperíodo sobre o desenvolvimento da soja é variável entre as cultivares, ou seja, cada cultivar possui um número de horas de luz, chamado de fotoperíodo crítico, acima do qual, o florescimento é atrasado.
Por isso a soja é considerada uma planta de dias curtos. Plantas de dias curtos, são induzidas ao florescimento quando a duração do dia é menor do que o seu fotoperíodo crítico. Quando a duração do dia é maior do que o fotoperíodo crítico, as plantas não recebem o sinal para florescer e continuam no período vegetativo. Portanto, o manejo do fotoperíodo e temperatura, através da escolha da cultivar e da data de semeadura, é preponderante para obter sucesso na produção de soja.
Na cultura da soja, a sensibilidade fotoperiódica varia com o genótipo, e o grau de resposta ao estímulo fotoperiódico é o principal determinante da área de adaptação das diferentes cultivares.
Genótipos que possuem um maior período juvenil (período inicial do desenvolvimento, em que a planta não é sensível ao fotoperíodo) são mais adaptáveis ao cultivo em diferentes latitudes e épocas de plantio.
Temperatura
Assim como o fotoperíodo, a temperatura também é fator determinante para o florescimento e desenvolvimento da soja. Temperaturas abaixo de 13⁰ C são inibidoras do florescimento.
O florescimento pode ser antecipado quando a temperatura média diária for elevada, provocando redução da produtividade. Este problema pode ser mais grave se, ao mesmo tempo, ocorrer falta de água no solo durante o período de desenvolvimento dos grãos.
Dessa maneira, o crescimento e a produtividade da soja resultam da interação entre a cultivar utilizada e os fatores ambientais. É importante, portanto, ajustar o ambiente e tratos culturais para altas produtividades, quando se tem genótipos de elevado potencial de rendimento e adaptados à região de cultivo.
Para se alcançar elevadas produtividades na cultura da soja é necessário utilizar técnicas culturais para maximizar o acúmulo de biomassa nos tecidos vegetais e sobretudo no produto a ser colhido, o grão. Deve portanto, atentar-se sempre a utilização de cultivares geneticamente adaptadas para cada região.
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