As nuvens de chuva levam grande volume de água da Amazônia ao sudeste do Brasil
“A gente coleta um gota de água, dois ou três milímetros, e a gente pergunta: essa gotinha vem de onde? Aqui estamos em Brasília, por exemplo, essa gotinha tem traçado, um DNA”, explica Moss.
O rio voador nasce no Oceano Atlântico, próximo a Linha do Equador e o fenômeno acontece da seguinte maneira: a partir da evaporação das águas, as nuvens se formam e os ventos sopram a corrente de ar carregada de umidade para a região amazônica, na qual é provocada chuva. Ao cair no chão da floresta, a água evapora rapidamente, o que forma mais nuvens que seguem para o oeste até serem barradas pela Cordilheira dos Andes. Neste ponto, as nuvens acompanham o contorno das montanhas, fazem uma curva, e seguem em direção ao centro-oeste, sudeste e sul do país.
Apesar de responsável pelas chuvas que caem nessas regiões entre dezembro e março, o rio voador teve impacto diferente este ano, em virtude da mudança na circulação dos ventos. Ao passo que durante o verão a chuva ficou abaixo do normal no sudeste e no centro-oeste, o volume de água extrapolou a média em parte da região norte, situação que provou a cheia de alguns rios.
A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Márcia Seabra, associa a causa da interrupção da corrente do rio voador a um sistema de alta pressão atmosférica. “Normalmente esses ventos ficam apontados para essa região aqui durante o verão. Só que nesse período a gente estava com essa circulação aqui muito forte, que a gente chama de alta subtropical do Atlântico Sul. É uma massa de ar quente e seco, ela deveria estar posicionada um pouco mais para o oceano, mas nesse verão ficou próxima do continente e acabou impedindo que esse jato ficasse mais posicionado para essa região. A gente teve pouca chuva. As temperaturas ficaram muito elevadas”.
Por outro lado, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e um dos idealizadores do projeto, Antônio Nobre, explica que os rios voadores também são responsáveis pela abundância de água no pantanal mato-grossense e nos estados do sul e sudeste. Segundo ele, caso o rio voador não existisse, provavelmente essas áreas seriam desertas. “A floresta amazônica chega a ter de 400 a 600 bilhões de árvores cada um transpirando. Ela transfere durante um dia 20 bilhões de toneladas de água para se ter uma noção do que é isso rio Amazonas, que é o maior rio da Terra, ele coloca 17 bilhões de toneladas em um dia, de fluxo”.
Neste contexto, os pesquisadores reforçam a importância das florestas para a existência dos rios voadores e, consequentemente, das chuvas. Diante disso, além da agricultura, o desmatamento afeta a produção de energia da região mais habitada do país. “É um dia importante para se lembrar que temos que ter o uso racional da água, claramente, mas também temos que preservar nossas florestas, porque uma parte dessa água que beneficia a gente vem da floresta em pé”.
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Qualquer pessoa que se depara com a expressão “rios voadores” logo se espanta. Será algum tipo de história ou conto? Será algum tipo de trote ou brincadeira? Não. Os rios voadores existem e estão mais próximos do que se imagina. Nesse momento, existem muitos deles sobre as nossas cabeças, invisíveis, transportando quantidades de água equivalentes às vazões dos maiores rios do mundo. Mas o que são os rios voadores?
A expressão “rios voadores da Amazônia” foi criada para designar a enorme quantidade de água liberada pela Floresta Amazônica em forma de vapor d’água para a atmosfera, sendo transportada pelas correntes de ar. De acordo com o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), uma única árvore de 10 metros de altura emite uma média de 300 litros de água por dia, mais do que o dobro do total de água consumida por uma pessoa durante o dia para beber, cozer alimentos, tomar banho etc.
Como funciona?
A floresta funciona como uma “bomba d’água”, ou seja, ela capta água dos solos e emite para a atmosfera em forma de vapor, a partir de um processo denominado evapotranspiração. Parte desse volume de água transforma-se em chuvas que caem na própria floresta, outra parte é transportada pela atmosfera. Estima-se que a quantidade de água conduzida pelos rios voadores seja igual ou superior à vazão do Rio Amazonas – o maior do mundo –, que transporta mais de 200 mil metros cúbicos de água por segundo.
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Primeiramente, os rios voadores direcionam-se para o oeste até chegarem à Cordilheira dos Andes. Lá, eles se deparam com esse verdadeiro paredão de mais de 4000 metros, o que faz com que parte dessa umidade precipite, ou seja, transforme-se em chuvas ou até mesmo em neve. Essa precipitação é a grande responsável pela formação de nascentes de grandes rios, dentre eles, os rios que dão origem ao próprio Amazonas. Outra parte dessa umidade é “rebatida” de volta para o interior do continente, abastecendo as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, além de outras localidades, como a bacia do Rio da Prata.
Com isso, a partir desse entendimento, bem como de estudos empreendidos pelo projeto “Expedição Rios Voadores”, observa-se que a devastação da Floresta Amazônica poderá influenciar diretamente no clima de toda América do Sul e também de outras partes do mundo. Pois, sem floresta, não haverá rios voadores, a umidade cairá e as massas de ar ficarão mais aquecidas, contribuindo para o aumento intensivo das temperaturas.
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia