Os atletas brasileiros terão três grandes objetivos em 2023: os Campeonatos Mundiais de suas respectivas modalidades, a classificação para as Olimpíadas de 2024 e a disputa dos Jogos Pan-Americanos, evento que é importantíssimo em termos esportivos, midiáticos e políticos, visto que o COB e as Confederações dá uma importância gigantesca para a competição. Tudo isso faz com que o planejamento da temporada seja essencial.
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1 de 3 Fernando Scheffer e toda seleção de natação terá um ano longo em 2023 — Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA
Fernando Scheffer e toda seleção de natação terá um ano longo em 2023 — Foto: Satiro Sodré/SSPress/CBDA
Cada modalidade tem sua peculiaridade. Tem modalidade que o Pré-Olímpico é o próprio Campeonato Mundial, casos da canoagem, wrestling, ginástica e vela. Outras, a principal forma de classificação é via ranking, então todas as competições, principalmente o Campeonato Mundial, valem pontos, como acontece no judô, esgrima, levantamento de peso, taekwondo e tênis de mesa. Em alguns casos, o Pré-Olímpico será os Jogos Pan-Americanos, apesar de ter um Campeonato Mundial no calendário: handebol, polo aquático, breaking, tiro com arco entre outros.
Os Campeonatos Mundiais são importantes em muitas modalidades. Ou são competições que dão vaga em Paris 2024 ou valem pontos em ranking classificatórios. Além disso, os Mundiais de 2023 são o último parâmetro para as Olimpíadas, ou seja, ali serão mostrados quem serão os favoritos e candidatos ao pódio em 2024.
Os Jogos Pan-Americanos tem um lugar no coração dos atletas, torcedores, imprensa (eu me incluo muito nessa). O evento tem um valor grande esportivamente, principalmente para as 21 modalidades que, de alguma forma, incluem o Pan no processo classificatório para Paris. Uma medalha no Pan marca a carreira de qualquer atleta, então além do valor pensando em 2024, o evento é super relevante, mesmo que Canada e EUA levem entre 50% e 70% de seus principais atletas.
2 de 3 Isaquias Queiroz focará no Mundial e tentará mais medalhas no Pan — Foto: Fábio Canhete
Isaquias Queiroz focará no Mundial e tentará mais medalhas no Pan — Foto: Fábio Canhete
Pegar como exemplo a natação. O Troféu Brasil, seletiva para a delegação, será em abril. Em julho tem Campeonato Mundial e em outubro os Jogos Pan-Americanos. Caberá aos atletas e comissão técnica organizar muito bem esse planejamento e a decisão de onde focar. O Mundial é pré-olímpico para os revezamentos enquanto no Pan o país conquistou dez medalhas de ouro em cada uma das quatro últimas edições e é o carro chefe da delegação do país.
O ano de 2023 será longo. Também é importante fazer o planejamento para não se machucar, lesionar e nem atrapalhar a preparação para a temporada de 2024, que já é a das Olimpíadas.
� ouro! Em cinco dias espetaculares para a nata��o brasileira, a primeira edi��o dos Jogos Pan-Americanos J�nior, em Cali, na Col�mbia, encerrada na �ltima ter�a-feira (1�), mostrou porque o Brasil � uma pot�ncia continental na modalidade, onde Pedro Farias colocou mais uma vez o GNU no alto do p�dio, mostrando a for�a do clube nas �guas.
E a medalha de ouro veio na prova dos 1500m livre, com o atleta unionista dominando do inicio ao fim os seus advers�rios. O tempo de 15min24s27 colocou Pedro no ponto mais alto do p�dio, e tamb�m assegurou a vaga para os Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023.
Com uma equipe composta por 25 atletas, o Time Brasil conquistou 40 medalhas, sendo 19 de ouro, 15 de prata e 6 de bronze, e ainda garantiu 12 vagas em provas individuais para os Jogos Pan-Americanos.
Os Jogos Pan-Americanos ou Pan estão entre as competições mais conhecidas do mundo e são realizados a cada quatro anos, reunindo atletas da América Central, América do Norte e América do Sul para a disputa de diversas modalidades esportivas.
A sede dos jogos é definida com antecedência de seis anos, e, geralmente, há um rodízio entre os três continentes. Entre 1971 e 2011, esse rodízio aconteceu, mas, nas últimas edições, houve uma repetição de continente. A América do Norte recebeu os jogos em 2011 e 2015, e a América do Sul, em 2019 e 2023 (próxima).
Saiba mais: Campeonato Brasileiro – história e campeões
As modalidades dos Jogos Pan-Americanos são variadas e muitas delas coincidem com as disputadas nas Olimpíadas, já que o Pan vale como classificação direta para algumas modalidades olímpicas.
Tópicos deste artigo
História
A idealização dos Jogos Pan-Americanos aconteceu em 1932, quando representantes esportivos de diversos países das Américas tiveram a ideia de criar uma competição que envolvesse todos os países dos continentes americanos. Com isso, em 1940, foi realizado o I Congresso Esportivo Pan-Americano, em Buenos Aires, na Argentina, e ficou definido que a primeira competição seria realizada no local em 1942.
A programação inicial foi cancelada por conta da Segunda Guerra Mundial, responsável também pelo cessamento de diversas atividades. O mesmo aconteceu, por exemplo, com a Copa do Mundo de Futebol.
Com o fim do conflito, os eventos esportivos retornaram, e, em 1951, a primeira edição dos Jogos Pan-Americanos foi realizada em Buenos Aires. O torneio contou com a participação de 21 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana Francesa, Haiti, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Trinidade e Tobago, Uruguai, e Venezuela), reunindo 2513 atletas para a disputa de 18 modalidades. Nessa primeira edição, a Argentina foi a campeã no número de medalhas.
Veja também: Copa Sul-Americana – o segundo torneio mais importante da América do Sul
Quatro anos depois, em 1955, foi criada a Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), com sede na Cidade do México, que ficou responsável pela condução do evento. Desde então os jogos foram realizados regularmente de quatro em quatro anos, alterando apenas os países participantes, as modalidades disputadas e a quantidade de atletas. Ao todo, 45 países já participaram da competição.
América do Norte: Canadá; Estados Unidos; México.
América do Sul: Argentina; Bolívia; Brasil; Chile; Colômbia; Equador; Guiana; Guiana Francesa; Paraguai; Peru; Suriname; Uruguai; Venezuela.
América Central: Antígua e Barbuda; Antilhas Holandesas; Aruba; Bahamas; Barbados; Belize; Bermudas; Cuba; Dominica; El Salvador; Granada; Guadalupe; Guatemala; Haiti; Honduras; Ilhas Cayman; Ilhas Virgens Americanas; Ilhas Virgens Britânicas; Jamaica; Martinica; Nicarágua; Panamá; Porto Rico; República Dominicana; Santa Lúcia; São Cristóvão e Névis; São Vicente e Granadinas; Trinidade e Tobago.
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Sedes do Pan-Americano
Foram disputadas, até hoje, 18 edições dos Jogos Pan-Americanos. O Canadá e o México receberam o torneio três vezes, sendo os países que mais o sediaram na história. No Brasil os jogos foram realizados duas vezes: em 1963, em São Paulo, e em 2007, no Rio de Janeiro.
Veja todas as sedes dos Jogos Pan-Americanos:
Ano
Sede
1951
Buenos Aires (Argentina)
1955
Cidade do México (México)
1959
Chicago (Estados Unidos)
1963
São Paulo (Brasil)
1967
Winnipeg (Canadá)
1971
Cali (Colômbia)
1975
Cidade do México (México)
1979
San Juan (Porto Rico)
1983
Caracas (Venezuela)
1987
Indianápolis (Estados Unidos)
1991
Havana (Cuba)
1995
Mar del Plata (Argentina)
1999
Winnipeg (Canadá)
2003
Santo Domingo (República Dominicana)
2007
Rio de Janeiro (Brasil)
2011
Guadalajara (México)
2015
Toronto (Canadá)
2019
Lima (Peru)
2023*
Santiago (Chile)
*Próxima edição
Jogos Pan-Americanos no Brasil
Na competição realizada em São Paulo participaram 1.665 atletas, de 22 países, que competiram em 19 modalidades. Essa foi a edição com o menor número de atletas. Os Estados Unidos lideraram o ranking com 199 medalhas, seguidos pelo Brasil, com 52.
Mais de 40 anos depois, o Brasil voltou a sediar a competição, no Rio de Janeiro. Dessa vez 42 países participaram do evento, com 5.633 atletas. Foram disputadas 34 modalidades diferentes e, mais uma vez, os Estados Unidos terminaram o torneio como líderes, conquistando 237 medalhas. Cuba ficou com a segunda posição, com 135 medalhas. O Brasil recebeu 157 medalhas, mas ficou com a terceira posição porque Cuba obteve um número maior de medalhas de ouro.
Comitê Olímpico do Brasil (COB)
Fundado em 1914, o COB é o responsável por gerir e administrar o esporte nacional. Ele está diretamente ligado às confederações de cada esporte para promover o time Brasil nas diversas competições que são disputadas pelas equipes de cada uma delas. O órgão também é responsável por proteger e promover os valores olímpicos no país e fortalecer a imagem do Brasil nas competições.
Veja também: História do Maracanã – o estádio que recebeu o Pan 2007
Time Brasil e recordes
A melhor campanha do time Brasil no Pan-Americano foi realizada em 2019, nos Jogos de Lima, no Peru. A equipe brasileira ficou na segunda colocação geral, assim como aconteceu no Pan de São Paulo, com o recorde de 171 medalhas: 55 de ouro, 45 de prata e 71 de bronze.
Entre os principais medalhistas brasileiros nos Pan-Americanos estão a ginasta Daniele Hypólito e a nadadora Larissa Oliveira, com 10 medalhas cada uma no feminino. Larissa também detém a marca de brasileira com mais pódios em uma única edição do Pan: sete, em 2019.
No lado masculino, a liderança está com o nadador Thiago Pereira. Ele possui 23 medalhas nos jogos, sendo 15 de ouro, quatro de prata e quatro de bronze.
Medalhas
Os Estados Unidos são o país com o maior número de medalhas já conquistadas em edições dos Jogos Pan-Americanos. Além de estar no topo com as suas 4713 medalhas, o país também foi o que mais ganhou medalhas por edições dos jogos. Das 18 edições realizadas, os norte-americanos só não conquistaram mais medalhas em duas delas, 1951 e 1991, vencidas por Argentina e Cuba, respectivamente.
Veja os 10 países com o maior número de medalhas*:
Posição
País
Ouro
Prata
Bronze
TOTAL
1
Estados Unidos
2064
1542
1107
4713
2
Cuba
908
620
596
2124
3
Canadá
491
721
855
2067
4
Brasil
384
402
591
1377
5
Argentina
326
366
468
1160
6
México
258
324
565
1147
7
Colômbia
136
170
262
568
8
Venezuela
102
220
296
618
9
Chile
57
110
169
336
10
República Dominicana
39
76
129
244
*Números atualizados em 2019
Esportes e modalidades
Os Jogos Pan-Americanos concentram diversos esportes divididos em modalidades diferentes, que podem ter uma variação indefinida na quantidade de uma edição para a outra. O COI considera como esporte aquele que possui uma federação e, dentro dele, estão as modalidades. Exemplo: ginástica é um esporte da Federação Internacional de Ginástica (FIG) que possui as modalidades artística, rítmica e trampolim.
Veja alguns esportes e modalidades disputados nos Jogos Pan-Americanos:
Atletismo
Badminton
Basquetebol
Beisebol
Boliche
Boxe
Canoagem
Caratê
Ciclismo
Esgrima
Esqui aquático
Fisiculturismo
Fronton
Futebol
Ginástica
Golfe
Handebol
Hipismo
Hóquei sobre a grama
Judô
Levantamento de peso
Natação artística
Natação
Patinação sobre rodas
Pelota basca
Pentatlo moderno
Polo aquático
Raquetebol
Remo
Rugby de sete
Saltos ornamentais
Softbol
Surfe
Squash
Taekwondo
Tênis
Tênis de mesa
Tiro esportivo
Tiro com arco
Triatlo
Vela
Voleibol
Vôlei de praia
Tocha e mascote
Assim como nos Jogos Olímpicos, a tocha faz parte da tradição do Pan-Americano. Na primeira edição, em 1951, na Argentina, a tocha foi acesa em Olímpia, na Grécia, e seguiu até a sede do evento. Desde então, tradicionalmente, a tocha é acesa pelos astecas em seus antigos templos. Em 1963, nos jogos realizados no Brasil, houve uma exceção: a tocha foi acesa pelo índios Carajás, em Brasília.
Saiba mais: Como funciona a tocha olímpica: acendimento, revezamento e fabricação
A mascote é outro elemento importante e histórico para os Jogos Pan-Americanos, já que envolve as características culturais de suas sedes. No entanto, ela surgiu no Pan-Americano a partir de 1979, em San Juan, Porto Rico.
A primeira mascote foi um sapo, comum em Porto Rico, e batizado como Coqui. Muitas mascotes passaram pela história do Pan. No Brasil, em 2007, o escolhido foi Cauê, um sol, caracterizando parte da história do Rio de Janeiro. O nome foi escolhido por votação popular.
Jogos Pan-Americanos de Inverno
Em 1990 foi realizada uma única edição dos Jogos Pan-Americanos de Inverno em Las Leñas, na Argentina, envolvendo esportes praticados na neve e no gelo. Apenas oito países participaram da disputa (Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos e México). Por problemas climáticos e falta de neve, nem todos os jogos puderam ser realizados e apenas Estados Unidos e Canadá conquistaram medalhas.
A ideia era que o evento também fosse realizado a cada quatro anos, e a segunda edição foi programada para ser realizada em Santiago, no Chile. No entanto, os jogos não aconteceram.
Acesse também: Jogos Olímpicos de Inverno - modalidades
Jogos Parapan-Americanos
A primeira edição dos Jogos Parapan-Americanos foi realizada em 1967, em Winnipeg, no Canadá, como Jogos Pan-Americanos para Paraplégicos. Na época, apenas seis países participaram da disputa em que os atletas competiam em cadeiras de rodas. Esse formato de campeonato teve nove edições até o ano de 1995. No último ano, a Argentina, que foi sede dos Jogos Pan-Americanos, recebeu de forma separada a disputa de outros jogos voltados para atletas deficientes visuais, cadeirantes e deficientes mentais.
Posteriormente foi decidido que um evento único abrangeria todos os atletas portadores de algum tipo de deficiência: os Jogos Parapan-Americanos, ou Parapan, como é mais conhecido. O Comitê Paralímpico das Américas é o responsável pela organização do evento, que acontece desde 1999. Em 2017 foi definido que os Parapan seriam realizados nas cidades-sede dos Jogos Pan-Americanos, e, atualmente, eles acontecem alguns dias depois do fim destes.