Quem tem câncer de mama pode fazer esforço?

O câncer de mama apresenta-se como um grave problema de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, a incidência esperada para 2014 é, em média, de 56,09 para cada 100 mil mulheres.

A terapêutica do câncer de mama envolve a quimioterapia, a cirurgia, a radioterapia, a endocrinoterapia e a terapia-alvo. Os tratamentos podem se associar, a depender das características tumorais e individuais da paciente, visando obter maior sobrevida associada à melhor qualidade de vida.

Os tratamentos cirúrgicos podem ser divididos em conservadores (quadrantectomia ou setorectomia) e radicais (mastectomia). Ambos os tipos são, atualmente, associados à retirada dos linfonodos axilares, a linfonodenectomia axilar, que pode ser total (esvaziamento axilar) ou parcial (biópsia do linfonodo sentinela). Quanto mais abrangente o procedimento cirúrgico, tanto na mama, quanto na axila, maiores as chances de a paciente desenvolver alguma complicação físico-funcional, principalmente no que corresponde ao membro superior do mesmo lado da cirurgia, podendo ocorrer limitações de movimento do ombro, perda de força muscular, comprometimento postural e o linfedema.

O primeiro sinal de complicação evidente após a cirurgia é a redução do movimento do braço homolateral, seja por dor ou medo. Caso ela permaneça por tempo prolongado, sem as devidas orientações de movimentação precoce, a articulação do ombro pode ficar limitada, levando a uma perda de força muscular da cintura escapular e do membro superior, já que estes músculos serão menos solicitados pelo desuso. Assim, atividades diárias e tarefas simples do dia-a-dia poderão ficar cada vez mais limitadas. Com o tempo, alterações posturais compensatórias aparecerão e com elas, a dor e uma maior restrição de movimento, reiniciando um ciclo prejudicial, doloroso e restritivo, de difícil conversão, o que pode reduzir capacidade funcional e qualidade de vida.

Associado a esses fatores, a redução dos movimentos do braço e consequente perda de força muscular aumenta o risco de aparecimento do linfedema, já que as contrações musculares fazem parte da prevenção e até do tratamento desta patologia. O linfedema é um inchaço crônico, que pode ocorrer após a retirada dos linfonodos axilares na cirurgia do câncer de mama, causando grande desconforto e necessitando de tratamentos específicos baseados em drenagem linfática, enfaixamento compressivo e exercícios.

Sabendo que os movimentos e as contrações musculares são importantes para a prevenção do linfedema e para a manutenção e/ou recuperação da força muscular e funcionalidade, o treinamento muscular adequado torna-se essencial no pós-operatório de câncer de mama, principalmente para aquelas mulheres que fizeram a mastectomia, já que estas têm maior perda de tecido, o que pode determinar aumento das chances de alterações musculares. A reabilitação para ganho de força e movimento, direcionados pelo fisioterapeuta especializado, determina maior rapidez na recuperação pós-cirúrgica e retorno às atividades diárias. As mulheres que fazem esse acompanhamento restabelecem o grau de força que tinham antes da cirurgia, comparadas às pacientes que não o realizam.

Os exercícios específicos para a amplitude articular do ombro podem ser iniciados já no dia seguinte da operação, levando sempre em consideração o limite de cada paciente e o tipo da cirurgia (principalmente se foi feito reconstrução). Já os exercícios para ganho de força muscular podem ser inseridos após um mês da cirurgia e necessitam abranger todos os movimentos de cintura escapular e membro superior, principalmente os movimentos que englobam a articulação do ombro, em especial para levantar, abrir e rodar internamente, que são os mais acometidos pela fraqueza muscular. Portanto, atenção deve ser dada ao fortalecimento dos músculos peitorais, que se envolvem com todos esses movimentos. A carga (peso) deve ser individualizada, de acordo com a capacidade atual da paciente, com a possibilidade de aumento progressivo no decorrer das sessões.

Deste modo, a recuperação da força muscular após a cirurgia de mama torna-se importante para que a paciente restabeleça suas funções e atividades de vida diária o mais breve possível, com desempenho adequado, sem dores e nem compensações, sempre visando o alcance de uma excelente qualidade de vida.

Cinira Assad Simão Haddad
Fisioterapeuta CREFITO -3/ 60.623- F
Mestre e Doutora em Ciências da Saúde pela UNIFESP - SP
Coordenadora do curso de Especialização de Fisioterapia em Ginecologia UNIFESP - SP
Coordenadora e Supervisora do ambulatório de Fisioterapia em Mastologia do Departamento de Ginecologia UNIFESP - SP
Coordenadora do curso de Especialização de Fisioterapia em Saúde da Mulher do CEFAI - Amparo
Docente no curso de graduação de Fisioterapia do UNILUS-Santos. 

O câncer de mama é o tipo de câncer que mais atinge mulheres no Brasil, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma. Em função disso, um grande esforço de conscientização é realizado constantemente pelo governo, por instituições da sociedade civil e pela mídia. No entanto, muitas dúvidas sobre esta doença permanecem entre as mulheres e às vezes algumas crenças incorretas podem representar obstáculos para o diagnóstico precoce e para a redução da mortalidade por câncer de mama.

Ninguém deve permanecer com dúvidas, por isso, preparamos uma lista de crenças e mitos sobre o câncer de mama e oferecemos a avaliação de especialistas para esclarecê-los. Verifique os seus conhecimentos sobre o câncer de mama e adote uma atitude positiva e consciente em relação à sua saúde.

1. Ninguém na minha família tem câncer de mama. Por isso não corro risco de desenvolver a doença.

MENTIRA. Nenhuma mulher está imune ao câncer de mama. O câncer de mama é resultado de mutação genética, que pode ser herdada ou, o que ocorre na grande maioria dos casos, espontânea. Uma mutação espontânea pode ocorrer em uma célula do corpo ao longo da vida e ocasionar a doença, no entanto não se sabe com precisão se essas mutações ocorrem devido ao estilo de vida, alterações químicas no corpo da mulher ou à exposição a toxinas no ambiente, por exemplo. Apenas 10% dos casos de câncer de mama são hereditários.

2. Algumas mulheres da minha família tiveram câncer de mama. Por isso, corro mais riscos.

VERDADE. Apesar de todas as mulheres estarem sujeitas a desenvolverem a doença, quem têm mãe, irmã ou filha com câncer de mama tem um risco muito maior para a neoplasia, especialmente se o tumor for descoberto na parente antes da menopausa. Nesse caso, a mulher deve iniciar os exames das mamas dez anos antes da idade que o câncer de mama surgiu na familiar. É possível realizar o exame genético para verificar a presença de mutação genética nos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam em cerca de 85% as chances de se desenvolver o câncer de mama e de ovário. Este exame, no entanto, não está disponível na rede pública. A FEMAMA é proponente de projetos de lei para incluir o exame no SUS, hoje disponível para pacientes com plano de saúde.

3. O câncer de mama sempre aparece como um caroço.

MENTIRA. O aparecimento de um caroço ou nódulo é uma das formas como o câncer de mama se apresenta. Porém existe outra forma mais comum: a microcalcificação. A mamografia pode identificar uma microcalcificação quando ela tem a partir de 1 milímetro. Exames de toque identificam a calcificação apenas quando esta já tem mais de 1,5 centímetro.

Além desses sintomas, existem outros que podem indicar câncer de mama, entre os quais inversão ou descamação do mamilo, presença de secreção pelo mamilo, inchaço e vermelhidão da mama, irritação, retração da pele ou aparecimento de rugosidade.

4. Todo caroço na mama é câncer.

MENTIRA. Um caroço na mama não necessariamente significa que você tem câncer. Grande parte dos nódulos mamários encontrados são adenomas benignos ou proliferação de células da glândula mamária e não estão relacionados com a doença. Existem ainda os falsos nódulos ou cistos, que nem mesmo são sólidos e não representam ameaças. De qualquer forma, a descoberta de um caroço no seio é motivo suficiente para que a mulher procure seu médico. Mesmo um nódulo benigno pode exigir acompanhamento para que não cresça e, caso se confirme o câncer, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores serão as chances de cura.

5. Se eu fizer o autoexame regularmente, não preciso de outros exames.

MENTIRA. O autoexame não substitui a mamografia ou o exame clínico (de toque) realizado pelo médico. Ele serve apenas para o autoconhecimento, para que a mulher procure rapidamente um especialista caso identifique alterações suspeitas em suas mamas. Trata-se de uma ação complementar. Independente da realização do autoexame, as mulheres devem fazer a mamografia anualmente a partir dos 40 anos. Antes disso, devem realizar o exame clínico das mamas pelo ginecologista ou mastologista e, caso necessário, outros exames que este solicite. A mamografia é a principal forma de diagnóstico precoce, o que permite maiores chances de cura.

6. A biópsia do câncer de mama pode causar metástase.

MENTIRA. A biópsia não provoca metástase. Trata-se de um exame necessário para o diagnóstico do câncer, no qual é feita a retirada de tecido do tumor para a análise da presença ou não de células cancerígenas. Se elas estiverem presentes, a biópsia trará informações sobre o tipo de câncer de mama apresentado pela paciente e trará informações relevantes para a escolha do tipo de tratamento a ser seguido. A metástase só ocorre quando o câncer desenvolve células capazes de se deslocar e implantar em outras partes do corpo, independente da realização deste exame.

7. Existem ervas, suplementos dietéticos ou dietas especiais que podem curar o câncer.

MENTIRA. Não existe nenhuma erva, suplemento ou dieta que cure o câncer. Quando a paciente é diagnosticada e encontra-se fragilizada, pode querer acreditar que existem alternativas mágicas ou mais fáceis para curar a doença e, assim, se deixar enganar. Porém o uso dessas substâncias pode por vezes prejudicar o tratamento. Por isso, caso a mulher deseje utilizar algum destes artifícios é muito importante antes consultar o médico, para que ele possa tirar todas as dúvidas sobre a forma como vitaminas, ervas ou outras terapias podem afetar o tratamento ou se causam algum efeito colateral. Alguns alimentos contêm propriedades que ajudam a paciente a enfrentar os efeitos adversos do tratamento e estes podem ser incorporados à sua dieta. Porém não promovem sozinhos a recuperação de nenhum tipo de câncer.

8. Mulheres obesas ficam mais suscetíveis à doença.

VERDADE. O excesso de peso é um importante fator de risco, porque o tecido adiposo (formado por gordura) aumenta os níveis de estrogênio no organismo. Esse tecido produz ainda diversas substâncias, toxinas e fatores inflamatórios capazes de induzir a proliferação celular e, em última instância, os tumores. A obesidade é um fator de risco para vários tipos de câncer, não apenas o de mama. Além disso, pacientes obesas na pós-menopausa que já passaram pelo câncer de mama têm maior risco de recidiva (reaparecimento da doença).

9. Mulheres com seios pequenos não têm câncer de mama.

MENTIRA. O tamanho dos seios não interfere no risco de se desenvolver câncer de mama, basta haver presença de tecido mamário para que a doença possa se desenvolver. Prova disso é a incidência do câncer de mama também em homens. Verdadeiros fatores de risco são a obesidade, a presença de mutação genética hereditária e o cultivo de maus hábitos, como o tabagismo e o alto consumo de álcool.

10. Quem inicia a menstruação muito cedo ou é mãe depois dos 30 anos tem maior probabilidade de desenvolver o câncer de mama.

VERDADE. O risco para essas mulheres aumenta porque elas menstruam mais vezes ao longo da vida. A menstruação expõe a mulher aos hormônios estrogênio e progesterona, que estimulam as células da glândula mamária a ser reproduzir. Dessa forma, quanto mais menstruações pelas quais a mulher passa, maior é o risco de desenvolver câncer de mama. Além disso, quanto mais cedo ocorre a exposição a esses hormônios, maior é o risco. Por isso uma gravidez ou mais antes dos 30 anos tem potencial maior de proteger a mulher do câncer de mama.

11. Amamentar ajuda a proteger a mulher contra o câncer de mama.

VERDADE. Cada ano de amamentação completa diminui de 3 a 4% o risco da mulher desenvolver o câncer de mama. Mulheres que amamentam por mais de seis meses têm menos chances de desenvolver a doença devido à substituição de tecido glandular por gordura nas mamas.

12. A terapia de reposição hormonal pode ser um fator de risco para o câncer de mama.

VERDADE. A terapia hormonal costuma ser usada em mulheres na pós-menopausa para melhorar os sintomas do climatério e reduzir a osteoporose. Porém, quando o uso de estrogênio e progesterona ocorre por tempo prolongado, ele compromete as alterações que as glândulas mamárias sofrem com o avanço da idade, o que aumenta o risco de câncer de mama.

13. Próteses de silicone podem causar câncer de mama.

MENTIRA. As próteses de silicone não influenciam no risco de se desenvolver câncer de mama. Os implantes podem, no entanto, prejudicar o diagnóstico precoce, ao dificultar a visualização do tecido mamário através de exames de imagem, como a mamografia e a ultrassonografia. No entanto, não há consenso científico quanto às limitações dos exames de imagem em pacientes que possuem próteses de silicone nas mamas. Por hora, é recomendado que a paciente consulte um mastologista antes da aplicação para verificar se não existem nódulos e que pacientes com alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama, como as que têm casos próximos da doença na família, evitem a colocação das próteses.

14. Pílulas anticoncepcionais aumentam o risco para o câncer de mama

MAIS OU MENOS. A dose de estrogênio presente na grande maioria das pílulas anticoncepcionais atualmente não é suficiente para provocar aumento no risco para o câncer de mama. Esse tipo de anticoncepcional ajuda inclusive a proteger a mulher do câncer de colo de útero. Existem comprimidos que trazem uma dosagem mais alta do hormônio, que eram mais comuns antigamente e hoje são utilizados apenas para o tratamento de determinadas doenças. Apenas estes, já não utilizados com fins de contracepção, tem o potencial de aumentar o risco para o câncer de mama.

15. Desodorantes favorecem o aparecimento do câncer de mama.

MENTIRA. Não há relação entre o câncer de mama e o uso de desodorantes ou antitranspirantes. Nenhum estudo comprovou que a utilização do produto, seja roll on, spray ou aerosol, favoreça o aparecimento da doença. Além disso, não há células mamárias na axila para que o câncer de mama se desenvolva a partir desta exposição.

16. Alguns tipos de sutiã podem causar câncer de mama.

MENTIRA. O sutiã não interfere no desenvolvimento do câncer de mama, independente de ter ou não aro, bojo ou alças. Dormir com ou sem sutiã também não impacta nesta questão.

17. Estresse, mágoas e raiva podem causar câncer.

MENTIRA. Sentimentos negativos não têm o poder de provocar câncer. Não há estudos que comprovem essa relação.

18. Fumar aumenta os riscos de se desenvolver câncer de mama.

VERDADE. O tabagismo é um fator de risco para o surgimento de vários tipos de câncer. No caso do câncer de mama não é diferente. O fumo ainda piora os resultados do tratamento caso a paciente mantenha o hábito após o diagnóstico.

19. Abortos induzidos ou espontâneos favorecem o aparecimento do câncer de mama.

MENTIRA. Não existe comprovação de que ter tido um aborto no passado aumenta o fator de risco para o câncer de mama.

20. Praticar uma atividade física ajuda a reduzir os riscos de desenvolver a doença.

VERDADE. A prática de atividades físicas é benéfica para a saúde. Pesquisas indicam que cerca de 30 minutos diários de caminhada são eficazes para a redução do risco de se desenvolver o câncer de mama.

21. Pancadas nos seios pode causar câncer de mama.

MENTIRA. O trauma em geral não aumenta o risco da incidência de câncer. Uma pancada no seio pode causar um hematoma ou algum processo inflamatório, mas não aumenta o risco de tumor.

22. Homens não correm o risco de ter câncer de mama.

MENTIRA. Homens também podem desenvolver a doença, mas isto é raro e, segundo o INCA, representa apenas 1% do total de casos da doença no Brasil.

Com informações de FEMAMA e Notibras.

Quem tem câncer de mama pode carregar peso?

Movimentos rápidos, repetitivos e com peso também estão contraindicados. Essas recomendações valem até a retirada dos pontos. Uma dica é, enquanto estiver deitada, manter o braço do lado operado confortavelmente apoiado sobre o travesseiro para que ele fique um pouco mais alto que o ombro.

Quem tem câncer de mama pode fazer esforço físico?

“A meta de exercícios nesses casos é a mesma da população geral: 150 minutos por semana de atividade aeróbica moderada, preferencialmente com duas sessões extras de exercícios de força e flexibilidade. Já o exercício de alta intensidade deve ser evitado devido ao catabolismo da doença”, esclarece a médica.

Quem tem câncer pode fazer esforço físico?

VERDADE. Todo e qualquer paciente que esteja em condições de se movimentar e que seja orientado por médicos especializados pode e deve realizar exercícios físicos durante o tratamento contra o câncer, e assim melhorar a saúde e a qualidade de vida.

Quem tem câncer de mama pode caminhar?

Numerosos estudos já comprovaram a eficácia da atividade física na prevenção da doença. “Caminhar, correr, jogar tênis ou até mesmo praticar jardinagem são formas de exercícios. Não só queima calorias e melhora o colesterol, mas também pode ajudar a diminuir a ansiedade durante o tratamento do câncer.

Toplist

Última postagem

Tag