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O líquido amniótico é extremamente importante durante a gravidez, e, por isso, deve ser um ponto de atenção durante os nove meses. Afinal, trata-se de um líquido que envolve o bebê, ou seja, tem uma função essencial para o desenvolvimento do feto na barriga da mãe, e também é o que possibilita a movimentação do bebê ainda no útero.
Interessou-se pelo assunto e quer saber mais sobre o que é o líquido amniótico? Então continue lendo e descubra!
O que é o líquido amniótico e para que serve?
O líquido amniótico é um fluído produzido pela placenta que envolve o bebê durante os seus nove meses de gestação. Assim, é o que preenche a bolsa amniótica. Com aspecto ligeiramente amarelado, o líquido permite que o bebê flutue, estando suspenso apenas pelo cordão umbilical.
E para o quê mais é que o líquido amniótico serve? Confira a lista abaixo:
- protege o cordão umbilical das compressões que poderiam impedir a passagem e saída de nutrientes e oxigênio para o bebê;
- conta com propriedades antibióticas, que por sua vez protegem o feto de possíveis infecções;
- estimula o desenvolvimento do sistema digestório;
- produz substâncias que estimulam o processo de desenvolvimento e maturação dos pulmões, ajudando a desenvolver o sistema respiratório;
- defende o feto de possíveis traumas por algum choque ou movimento brusco;
- ajuda a manter a temperatura do útero constante e confortável;
- disponibiliza mais espaço para o bebê se movimentar dentro da barriga e desenvolver seus músculos e ossos, além de reduzir o gasto de energia por esses movimentos.
Como esse líquido é produzido?
Inicialmente, o líquido amniótico é produzido dentro da placenta no décimo segundo dia após a concepção e por meio da água presente no corpo da gestante. Assim, a partir da vigésima semana da gravidez — por volta do quarto mês de gestação —, os rins do feto passam a funcionar e tomar o lugar da produção do líquido, sendo constituído majoritariamente por urina fetal. Já no fim da gestação, as secreções pulmonares também são lançadas na cavidade amnióticas.
Outro ponto interessante é que esse líquido se movimenta constantemente dentro da bolsa amniótica, e vai se renovando de duas em duas horas. Para tanto, o intestino fetal absorve o líquido, que então chega ao sangue, atravessa a barreira placentária e é eliminado pelos rins maternos. O bebê pode engolir cerca de cinquenta mililitros do líquido por hora sem causar danos.
Qual a quantidade ideal desse líquido?
Essa quantidade pode variar dependendo do momento da gravidez. No início da gestação, há apenas alguns poucos mililitros de líquido amniótico. Depois, a quantidade vai aumentando de forma constante, até a trigésima sexta semana, quando atinge a dose máxima (entre 800 e 1.000 mililitros).
Por fim, no momento em que a produção chega ao limite, a quantidade de líquido começa a reduzir aos poucos, até que chegue a hora do parto. Nesse período, o bebê vai ocupando cada vez mais espaço no útero.
Como é avaliado a quantidade de líquido amniótico?
A quantidade de líquido amniótico dentro da bolsa pode ser determinada por meio de um simples exame de ultrassom. Com as imagens, o profissional consegue analisar os bolsões de líquidos entre a parede uterina e o bebê, podendo fazer o cálculo do Índice de Líquido Amniótico (ILA), que pode variar entre 5 e 25 centímetros.
O exame é o que possibilita esclarecer informações e hipóteses sobre o andamento da gravidez, especialmente ao que diz respeito à alteração no valor de altura uterina, que é esperado para o respectivo período da gestação, pois esse valor tem relação com o volume do líquido amniótico.
Nesse sentido, é preciso esclarecer que mulheres com redução considerável de líquido amniótico tendem a relatar uma substância com aspecto claro e sem odor que sai pela vagina, enquanto as com excesso observam um aumento muito rápido da barriga que é acompanhado pela falta de ar, azia, sensação de pele esticada, constipação e dores abdominais.
O que causa a perda ou o aumento do líquido amniótico?
Em alguns casos, o líquido amniótico pode ser produzido em quantidades irregulares — muito baixas ou altas. Assim, a oligodramnia, ou diminuição de líquido amniótico, ocorre quando os valores são inferiores a 300 ou 400 mililitros até a trigésima quarta semana. Já a polidramnia é o aumento excessivo dos valores considerados ideais (que variam de acordo com o período da gravidez). Vamos entender mais sobre cada caso?
Oligodramnia: causas e consequências
Apesar de nem sempre ser possível saber o porquê da redução dessa quantidade, há alguns fatores que devem ser levados em consideração na hora de investigar as causas da oligodramnia. São eles:
- possível alteração na placenta, que acaba prejudicando a nutrição do bebê e pode provocar uma redução na produção de urina;
- malformação renal, que impede a produção de urina;
- desidratação, pois reduz a quantidade de água no corpo da mulher;
- rupturas parciais da bolsa amniótica, que podem causar perda de um volume pequeno de líquido amniótico pela vagina;
- medicamentos anti-hipertensivos ou anti-inflamatórios, que diminuem a produção de líquido amniótico;
- gravidez com gêmeos não idênticos, que aumenta a chance da síndrome de transfusão feto-fetal, onde um dos bebês acaba recebendo menos sangue que o outro e seu desenvolvimento é comprometido, pois produz menos urina e, como resultado, menos líquido amniótico.
Quando há um volume baixo de líquido amniótico, o feto pode ficar mais suscetível a choques e traumas, ter seu desenvolvimento muscular e ósseo afetado e/ou nascer com peso mais baixo que o normal.
Com a falta do líquido, a proteção do cordão umbilical também é ameaçada, já que pode aumentar o risco de compressão do cordão e prejudicar o fluxo sanguíneo, que , por sua vez, leva oxigênio e nutrientes para o bebê.
A oligodramnia também pode comprometer a maturação dos pulmões, causando insuficiência respiratória ao nascer. Todo o conjunto de alterações ligadas a oligodramnia pode ser chamado de síndrome de Potter.
Por fim, se houver alguma doença associada é necessário tratar o mais rápido possível, mas, em outros casos, o que se pede é o consumo de no mínimo dois litros de água por dia. Nos casos mais graves, pode ser necessário um parto prematuro.
Polidramnia: causas e consequências
Já a polidramnia, definida como a quantidade excessiva de líquido amniótico, pode ocorrer pelas seguintes razões:
- gravidez de gêmeos ou mais fetos, que acaba implicando em uma quantidade maior de líquido amniótico para proteger os bebês;
- síndromes cromossômicas, como a síndrome de Edward ou a síndrome de Down;
- diabetes gestacional, que podem aumentar a produção de urina do feto;
- infecções por citomegalovírus, toxoplasmose, rubéola e sífilis;
- incompatibilidade no fator Rh;
- possíveis alterações congênitas, por exemplo, fendas palatinas ou malformação no sistema nervoso, que podem atrapalhar o desenvolvimento saudável bebê.
Devido a grande quantidade de líquido amniótico as paredes uterinas ficam mais distendidas, o que pode estimular o parto prematuro. Há também uma associação com o descolamento da placenta e com o prolapso do cordão umbilical durante o parto natural, que acaba pressionando o cordão na parede vaginal e complica o processo de oxigenação do bebê.
Para tratar a polidramnia, é preciso achar o agente causador — e, se os motivos forem desconhecidos, não haverá a possibilidade de realizar um tratamento específico. Em casos graves, poderá ser exigida a punção do líquido amniótico.
Para concluir, lembramos que qualquer predisposição também deve ser levada em conta, afinal, o líquido amniótico é um dos fatores mais importantes da saúde do bebê. É bom reforçar que, na maioria dos casos, os bebês polidrâmnios e oligohidrâmnios nascem saudáveis, sendo preciso apenas uma assistência no período da gravidez junto a um profissional obstetra para que a gestação siga da melhor forma possível.
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