Além da ruralização cite outras duas transformações que ocorreram no território romano nessa época

Através de um clima de desordem pública e tensão social, Roma deixou de ser uma cidade-estado e tornou-se um império, governado por Otávio Augusto (27 a.C. - 14 d.C.). Isso significou transformações significativas na estrutura política e nas relações sociais e econômicas romanas.

O domínio do Império Romano se deu por meio dos saques das regiões conquistadas, com isso o Império apoderou-se de todas as riquezas e terras, transformando-as em províncias. Cada província era obrigada a pagar altos impostos a Roma. Sem nenhum direito, as populações locais eram exploradas pelos governadores das províncias e pelos publicanos, que eram os cobradores de impostos.

As atividades econômicas romanas diversificaram-se após as conquistas. A economia, antes baseada exclusivamente na produção agrícola, foi obrigada a abrir espaço para atividades comerciais. Na realidade, após a conquista do Mediterrâneo, Roma tornou-se uma potência mercantil. O Império Romano passou a ser fundamentalmente mais comercial do que agrário.

Apesar de o governo de Otávio Augusto ser considerado um período de paz e prosperidade para Roma, a distribuição e a posse das terras continuaram sendo um problema para as camadas menos abastadas, pois as terras conquistadas continuaram concentradas nas mãos da teocracia patrícia. Além disso, os pequenos proprietários, após retornarem das inúmeras guerras, não tinham condições de retomar as suas atividades normais em razão do abandono das terras.

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Otavio Augusto acreditava que os homens eram totalmente diferentes entre si, por isso estabeleceu uma hierarquia social que conferia direitos e privilégios às pessoas – no entanto, essa política hierárquica não contemplou a classe menos abastada. Os pequenos agricultores foram obrigados a pedir empréstimos, mas, sem condições de pagá-los, suas terras foram tomadas pelos patrícios. Assim, e por outras diversas razões, o latifúndio se tornou comum no Império Romano.

Posteriormente, as conquistas do Império Romano se ampliaram formando um imenso território. No entanto, por mais forte que fosse o Império, ele não possuiu condições de manter a unidade política e administrativa dessa grande região, habitada por vários povos, divididos em diversas classes sociais. Nesse contexto, o Império Romano entrou em processo de decadência.

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Desagregação é o termo que os historiadores utilizam para explicar a queda do Império Romano, que aconteceu em 476 d.C., quando o último imperador romano, Rômulo Augusto, foi destituído por Odoacro, rei do povo germânico hérulo. A parte ocidental do império foi ocupada pelos germânicos, e a parte oriental continuou existindo sob o nome de Império Bizantino.

Crise do Império Romano

A crise do Império Romano iniciou-se a partir do século II-III d.C. Marcaram esse período a crise econômica, a corrupção, os sucessivos golpes e assassinatos realizados contra imperadores e, como elemento final, as invasões germânicas.

O século III foi marcado por uma grande sucessão de imperadores, o que evidenciou a instabilidade desse período, pois, em um período aproximado de 50 anos, o Império Romano teve cerca de 16 imperadores – muitos deles mortos após conspirações.

Além disso, o fim da expansão territorial romana afetou fortemente a economia. A partir do século II, o Império Romano passou a priorizar a manutenção do gigantesco território conquistado. Isso afetou diretamente o sistema escravista, que era sustentado a partir dos prisioneiros de guerra levados ao Império como escravos. A crise do sistema escravista foi ampliada na medida em que os povos conquistados recebiam o direito à cidadania romana.

Esse contexto desencadeou uma crise econômica em razão da diminuição da produção agrícola e do encarecimento dos alimentos. O encarecimento dos alimentos gerou fome, e revoltas aconteceram em determinadas regiões. Além disso, essa crise econômica afetou diretamente a manutenção dos exércitos localizados nos limes, as fronteiras do Império Romano.

Germânicos

A crise econômica resultou na diminuição do contingente militar romano e, assim, as fronteiras tornaram-se vulneráveis aos ataques estrangeiros. As fronteiras sempre foram ameaçadas por povos estrangeiros, mas, a partir do século II, essa ameaça acentuou-se e, no século V, tornou-se insustentável com o fluxo migratório dos germânicos.

Os povos germânicos eram chamados de “bárbaros” pelos romanos por não compartilharem a mesma cultura e por não falarem latim. Eles habitavam regiões ao norte e leste das fronteiras do império, que eram chamadas de Germânia pelos romanos. Além disso, parte dos povos germânicos – em sua maioria, pagãos – converteram-se ao cristianismo arianista, que havia sido condenado pela Igreja Católica como heresia. Isso contribuiu para que a rivalidade entre romanos e germânicos aumentasse. O arianismo era uma interpretação teológica do Cristianismo que negava a divindade de Jesus Cristo.

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As invasões germânicas, em geral, são explicadas pelo resfriamento climático e pelo aumento populacional, o que criou uma necessidade por melhores terras para garantir a sobrevivência. Por essa razão, partes do Império Romano (Gália e Península Ibérica) já haviam sido invadidas desde o século III.

O principal motivo levantado pelos historiadores para explicar a grande migração germânica do século V foi a chegada dos hunos – um povo nômade que havia migrado desde as estepes da Ásia Central. Por onde chegavam, os hunos traziam pânico, e muitos povos escolhiam fugir da presença huna. A chegada dos hunos causou a migração de dois povos para as terras ocidentais do Império Romano: ostrogodos e burgúndios.

Em 410, a cidade de Roma foi saqueada pelos visigodos e, a partir daí, uma sucessão de povos invadiu as terras romanas: alanos, suevos, vândalos, alamanos, jutos, anglos, saxões, hunos, francos etc. Todos esses povos, ao perceberem o enfraquecimento da parte ocidental do Império Romano, instalaram-se nas terras e criaram novos reinos. Muitos deles foram absorvidos por outros a partir da guerra.

O Império Romano do Ocidente agonizou até 476, quando a cidade de Roma foi invadida pelos hérulos e o último imperador romano foi destituído. O estabelecimento dos povos germânicos nas antigas terras romanas levou ao surgimento de novos reinos, que originaram as nações modernas da Europa. As transformações que aconteceram nesse processo resultaram na formação das características que definiram a Europa no auge do período medieval.


Por Daniel Neves
Graduado em História

O que foi o processo de ruralização do Império Romano?

O Processo de Ruralização no Império Romano foi um fenômeno de êxodo urbano ocorrido durante o declínio do império, a partir do século III d.C, onde os impostos tornaram-se altos nas cidades e por isso a população começou a abandoná-las.

Quais as causas da ruralização?

O processo de ruralização foi um movimento em que diversos europeus saíram das cidades e se mudaram para os campos. Isso ocorreu por causa das invasões bárbaras que aterrorizavam a Europa e fazia com que os europeus saíssem das cidades e seguissem para os campos, que eram mais seguros das invasões.

O que aconteceu com o Império Romano?

Em 476, o líder dos hérulos, Odoacro, comandou a invasão e o saque de Roma, destronando o último imperador romano Rômulo Augusto. Odoacro enviou as insígnias imperiais à capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla, decretando o fim do Império do Ocidente.

Qual foi a relação entre o processo de ruralização Doimpério romano e as invasões dos povos germânicos?

Os germânicos eram povos que habitavam o norte das terras romanas e que começaram a migrar para as terras de Roma. Como não tinham autorização para entrar nelas, a saída dava-se por meio da guerra. As invasões germânicas foram o grande fator que desestruturou um império que já estava bastante desorganizado.