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Pré-visualização | Página 2 de 7do professor se restringe a oferecer uma bola e marcar o tempo. Praticamente o professor não intervém. É preciso deixar claro que esse modelo não foi defendido por professores, estudiosos ou acadêmicos. Infelizmente, ele é bastante representativo no contexto escolar, e provavelmente tenha nascido de interpretações inadequadas das condições de formação e trabalho do professor. A prática de “dar a bola” é bastante condenável, pois se desconsidera a importância dos procedimentos pedagógicos dos professores. Num paralelo, poderíamos questionar se os alunos são capazes de aprender o conhecimento histórico, geográfico ou matemático sem a intervenção ativa dos professores. Esse modelo, algumas vezes chamado de recreacionista (KUNZ, 1994), embora este seja não seja um nome muito adequado, aconteceu por duas razões principais: primeiramente, porque o discurso acadêmico passou muitos anos discutindo o que não fazer nas aulas de Educação Física, e não apresentando propostas viáveis e exeqüíveis para a pratica; o outro fator diz respeito à falta de políticas publicas que facilitem de falta o trabalho do professor, como condições de trabalho, espaço, material adequado, políticas salariais e, principalmente, apoio às ações de formação continuada. 1.2 Quando e por que as coisas começaram a mudar? Quanto a Educação Física na escola, desde meados da década de 1980 tem havido mudanças nas suas concepções, em um processo que envolve diversas transformações, tanto nas pesquisas acadêmicas nesse seguimento, quando na 5 pratica pedagógica dos professores do componente curricular (DARIDO, 2003). Naquela época, nosso país estava passando por um período de redemocratização política denominado “Abertura”, com os seguintes aspectos influenciados a Educação Física: movimentos instituídos de organização civil, que solicitava a participação direta da população nas eleições do Poder Executivo, principalmente para a Presidência da República. Esses movimentos contavam com um contingente de professores e acadêmicos da área de Educação Física; liberdade efetiva na comunidade acadêmica para pesquisar todas as áreas de conhecimento cientifico e filosófico, mesmo aquelas relacionadas às tendências que eram opostas ao regime de governo; encontros e debates entre profissionais e acadêmicos. Esses eventos eram promovidos pelas instituições criadas para representar os interesses da Educação Física, baseados, cada uma, em concepções diferentes da área. Todas mudanças contribuem para que seja rompida, ao menos no nível do discurso, a valorização excessiva do desempenho como objetivo único na escola. 1.3 Algumas abordagens pedagógicas da Educação Física Escolar Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação Física, particularmente no Ensino Fundamental, levou a critica em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos. Essa resistência foi influenciada por pesquisas no campo pedagógico e na área cientifica da Educação Física, concebida como “Disciplina Acadêmica” (Henry apud BROOKS, 1981; TANI et al., 1988), bem com todas as informações disponíveis para os alunos de pós-graduação desde que o Governo Militar “abriu” os limites da política, cessando as atividades de censura. Posteriormente, naquela mesma década, a democracia iria prevalecer de maneira consistente e eleições presidenciais aconteceriam em 1989. Assim, em oposição a vertente mais tecnicista, esportivista e biologista, surgem novos movimentos na Educação Física escolar a partir, especialmente, do final da década de 70, inspirados no novo momento histórico social por que passaram o País, a Educação e a Educação Física. Atualmente, coexistem na área da Educação Física vária concepções, todas elas tendo em comum a tentativas de romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional. São elas, Humanista, Fenomenológica, Psicomotricidade, baseada nos jogos Cooperativos, Cultural, Desenvolvimentista, Interacionista-construtivista, Crítico- 6 superadora, Sistêmica, Crítico-emancipatória, Saúde renovada, baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs/Brasil, 1998), além de outras. Pretendemos apresentar e analisar diversas abordagens, inclusive os Parâmetros Curriculares Nacional, que são mais recentes e baseados em algumas das propostas anteriores. A análise dessas abordagens fundamenta-se em uma seqüência basicamente cronológica, salientando as mais relevantes no período em que foram propostas, ao final da década de 1980, em função dos debates percebidos em eventos científicos, seus registros em anais, e a análise de periódicos específicos e concursos públicos na área. Também foram utilizados os dados de uma pesquisa (DARIDO, 2000) realizada sobre as provas dos três últimos concursos públicos para ingresso dos professores de Educação Física na rede estadual de São Paula. A intenção dessa pesquisa foi buscar pistas que permitissem compreender melhor quais as exigências solicitadas em relação ao trabalho docente e quais as abordagens requisitadas nas questões propostas pelos concursos 1986, 1993 e 1998, tempo de intensas mudanças na área. Os resultados da pesquisa indicaram que, no concurso de 1986, do total de questões da área pedagógica, 22% tinha como referencial a abordagem baseada nos objetivos de ensino, 22% foram questões de fundamentação desenvolvimentista e 4% referentes à tendência critico. Já em 1993, ouve uma mudança de foco tanto no que diz respeito as abordagens requisitadas, como no peso atribuído a cada uma delas. Assim, foram 18,7% de questões de cunho critico, 21,4% desenvolvimentista e 4,2% construtivista, em 1998, ouve uma ampliação do numero de abordagens solicitadas, passando de 3 para 6. Foram elas: 14% de criticas, 8% desenvolvimentista, 10% construtivista, 6% sobre a pscicomotricidade, 10% baseado nos jogos cooperativos, 6% nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Atualmente, é possível identificar outras formas de organização do pensamento pedagógico da Educação Física, com numero razoável de interlocutores e publicações. Analisar as principais características das tendências que permeiam o contexto nacional no que diz respeito à temática da Educação Física escolar é fundamental, uma vez que a discussão destas questões com os professores é muito importante para que se explicitem os pressupostos pedagógicos que estão por traz da atividade do ensino, na busca da coerência entre o que se penca estar fazendo e o que realmente se faz. As perspectivas pedagógicas que se instalam na Educação Física, na maioria dos casos, aparecem como características particulares, mesclando aspectos de mais de uma linha pedagógica. Para compreender essas variedades de propostas, são 7 analisadas a seguir algumas tendências surgidas a partir de década de 1980 na área de Educação Física escolar. É importante notar que, alem das abordagem a serem analisadas neste texto, outros autores anunciaram ou organizaram proposta para a Educação Física escolar; como exemplo, citamos Betti, Ghiraldelli Junior, Mariz de Oliveira, Medina, Moreira e Pérez, entre outros, além de autores que mesclarem as tendências, como Mattos e Neira. Para maiores informações sobre essas tendências, sugerimos a leitura das obras referentes ás perspectivas humana, fenomenológica, progressista, sócio-construtiva, revolucionária, crítica, sistêmica, plural e também sobre os jogos cooperativos e os estudos cinésiológicos. Para as finalidades desse trabalho, optou-se por analisar mais detalhadamente as abordagens: ¹ Psicomotricidade, Desenvolvimentista, Contrutivista, Crítico-superadora, Crítico-emancipatória, Saúde Renovada, PCNs. 1.3.1 Psicomotricidade Apenas os últimos anos da década de 1970, a educação psicocinética tornou-se relevante em alguns programas de Educação Física escolar. Também conhecida por educação psicomotora O que aconteceu com a Educação Física nos anos de 1980?Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação Física, foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos (Darido e Rangel, 2005).
O que acontece com a Educação Física a partir da década de 1980 quais os seus objetivos?Educação Física na atualidade, a partir de 1980
A Educação Física ao longo de sua história priorizou os conteúdos gímnicos e esportivos, numa dimensão quase exclusivamente procedimental, o saber fazer e não o saber sobre a cultura corporal ou como se deve ser (Darido e Rangel, 2005).
O que foi o movimento renovador na década de 80 na Educação Física escolar?Em meados da década de 1980, emergiu no campo da Educação Física (EF) o conhecido Movimento Renovador. Trata-se de um período fortemente marcado pela influência das teorizações críticas sobre a área, seus professores e suas produções, bem como sobre a elaboração de documentos curriculares.
Quais mudanças ocorreram em relação à educação popular na década de 1980?A década de 1980 foi também a de intensificação disciplinar do papel do esporte. Mas o esporte não era mercadoria tal qual se concebe hoje. O esporte era uma extensão do dever de casa escolar, uma matéria que te permitia, como os livros, querer mais de uma vida que ainda não se pensava sobre ela.
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