Como funciona a escrita de sinais?


É possível escrever a Língua de Sinais?

Eva dos Reis Araújo Barbosa (2013)

Sim! Como já foi citado em nosso Blog (ver: http://nomundodalibras.blogspot.com.br/p/libras.html),as línguas de sinais não são línguas ágrafas, ou seja, elas possuem alguns sistemas de escrita, tal como as línguas orais. Segundo Gesser (2009, p. 42), “até bem pouco tempo, a língua de sinais era considerada uma língua sem escrita”. Isso se deu pelo fato de as línguas de sinais serem excluídas da sociedade, não sendo cogitadas como objetos de pesquisa, o que ocasionou um atraso no processo de criação de sua escrita (STUMPF, 2005, apud BARRETO & BARRETO, 2012).

Barreto & Barreto (2012, p. 34-39) apresentam alguns sistemas de escrita que foram criados para a representação das línguas de sinais, são eles:

    

Notação Mimographie: publicado no ano de 1822, pelo educador francês Roch Ambroise;

Notação de William C. Stokoe: publicado pelo linguista e pesquisador americano em 1965;

Hamburg Notation System (HamNosys): teve sua primeira versão definida no ano de 1984 e foi baseado no sistema de Stokoe;

Sistema S’Sign: criado por Paul Jouison, em 1990, e recuperado, após sua morte, pela Drª. Brigitte Garcia;

Notação de François Neve: criado pelo pesquisador bélgico, no ano de 1996, também baseado no sistema de Stokoe;

Sistema de Escrita das Línguas de Sinais (ELiS): criado no ano de 1997, pela Drª Mariângela Estelita Barros;

Sistema de escrita SignWriting: criado pela norte-americana Valerie Sutton, em 1974, na Dinamarca. Como ele é o sistema mais utilizado e aceito atualmente, falaremos mais a respeito dele nos próximos parágrafos.


    Segundo Dallan & Mascia (2010, p. 4):

    O sistema SignWriting foi desenvolvido pela norte-americana Valerie Sutton, por volta da década de 70, quando estava na Universidade de Copenhague, na Dinamarca, grafando balés tradicionais através de um sistema criado por ela para esta finalidade, o DanceWriting. Sutton despertou a atenção de pesquisadores da língua de sinais Dinamarquesa na Universidade de Copenhague, que viram naquela escrita uma possibilidade para notação dos sinais utilizados na comunicação/interação das pessoas que fazem uso desta língua visual. Surgia então, na Dinamarca, o primeiro movimento para grafar as línguas de sinais. De sistema escrito à mão, passou-se a um sistema possível de ser escrito no computador, com um programa, o Signwriter, criado dentro do próprio movimento Sutton para grafia das línguas visuais. 

               O sistema SignWriting é o mais usado no Brasil e em todo o mundo. Através dele é possível escrever qualquer sinal, em qualquer língua de sinais, ou seja, ele funciona como um sistema de escrita universal. Nele as características das línguas de sinais são preservadas e os parâmetros fonológicos e sintáticos são descritos fielmente (BARRETO & BARRETO, 2012).

    Vários são os benefícios que esse sistema de escrita traz para a educação de surdos e para os aprendizes de línguas de sinais. Alguns desses benefícios são citados por Dallan & Mascia (2010, p. 8):

    A aquisição da escrita em língua de sinais pode favorecer o aluno com surdez na aquisição de novos mecanismos para abstrair e teorizar sobre o mundo que o cerca, uma vez que a escrita complementa os conhecimentos já construídos no discurso do sujeito em suas interações, socialmente. 

    Outra vantagem da escrita de sinais é que esta pode ajudar ouvintes a aprenderem mais facilmente a Língua de Sinais, pois possibilita a grafia do sinal, o que vem a facilitar a organização de um material de consulta posterior.

    Dessa forma, podemos perceber que a Escrita de Sinais é muito importante e deve ser difundida entre pesquisadores, aprendizes e usuários das línguas de sinais, ajudando assim a aumentar o léxico de sinais e a documentar a história dessas línguas para futuras gerações.

    Referências:

    BARRETO, Madson; BARRETO, Raquel. Escrita de Sinais sem mistérios. Vol. 1. Belo Horizonte: Edição do Autor, 2012.


    DALLAN, Maria Salomé Soares; MASCIA, Márcia A. A. A escrita de Libras (SignWriting): um novo olhar para o desenvolvimento linguístico do aluno surdo e para a formação do professor de línguas. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS, 3, 2010, São Paulo. Anais... Universidade de Taubaté, 2010, p. 1-15. Disponível em: <<https://www.academia.edu/2445863/A_ESCRITA_DE_LIBRAS_SIGNWRITING_UM_OLHAR_PARA_O_DESENVOLVIMENTO_LINGU%C3%8DSTICO_DO_ALUNO_SURDO_E_PARA_A_FORMA%C3%87%C3%83O_DO_>>. Acesso em: 27 mar. 2019.


    GESSER, Audrei. Libras? Que língua é essa? São Paulo: Parábola, 2009.

    Texto escrito por Eva dos Reis Araújo Barbosa, no dia 08 de dezembro de 2013 e revisado/ampliado no dia 27 de março de 2019.

    ____________________________________________



    Evite plágios!


    Ao citar algo que esteja em nosso Blog, cite as devidas fontes: BARBOSA, Eva dos Reis Araújo.Nome do texto do Blog. Santa Luzia: No mundo da Libras, 2013. Disponível em: <<
    http://nomundodalibras.blogspot.com.br/>>. Acesso em: coloque a data.






    Esta página será atualizada sempre que possível, portanto, se você quiser saber mais informações, acesse-a novamente em uma nova oportunidade. Obrigada!

    Como funciona a escrita de sinais?


    Como é feita a escrita de sinais?

    Na escrita de sinais – SignWriting, todos os gestos com as mãos (posição das mãos, rotações, posição dos dedos e movimentos), faciais (olhos e boca) e a rotação da cabeça, ombros e demais partes do corpo utilizadas na comunicação possuem símbolos próprios que, combinados, promovem a formação da linguagem escrita ( ...

    Como funciona a linguagem de sinais?

    As línguas de sinais são idiomas visuais baseados nos movimentos das mãos e das expressões faciais e corporais. É uma língua como qualquer outra – como o português ou o inglês –, mas não são auditivas e não necessitam da expressão vocal.

    Como é a escrita de um surdo?

    É por meio da Libras que a linguagem da maior parte das crianças surdas evolui, é por meio dela que as possibilidades cognitivas e conceituais para nomear e categorizar a realidade acontecem. É por meio da Libras que o surdo tem acesso à cultura, ao conhecimento e à integração social.

    Como é a escrita de Libras?

    A composição da Libras permite que os sinais tenham sua forma própria de escrita. Os cinco parâmetros que formam o sinal: configuração de mão, ponto de articulação, orientação, movimento e expressão facial/corporal. A professora de Libras, Sirlene Inácio, é surda e atualmente faz pós-graduação em Letras/Libras.