Como o bebê fica quando a mãe está grávida?

Seja a nova gestação planejada ou não, é uma realidade: o bebê ainda está longe de deixar as fraldas e já há um irmão a caminho. Ter filhos com idades tão próximas traz desafios e vantagens, mas será que seu corpo aguenta? Veja o que diz a ciência

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  • Sabrina Ongaratto
01 Abr 2019 - 09h28 Atualizado em 28 Set 2021 - 15h28

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Seu filho mal começou a engatinhar e você começa a se sentir um pouco enjoada, seios doloridos, um cansaço... As sensações não são tão estranhas. Não mesmo. Você parece já ter vivido isso antes – e nem faz tanto tempo assim. Até que um pensamento cruza a sua mente como um raio. Será que tem outro bebê a caminho? Não é possível. Parece que ainda ontem você estava com um barrigão. Hora de se munir de coragem e encarar a realidade. Depois de cinco minutos, ao olhar no bastão do teste de farmácia, lá estão aqueles dois tracinhos vermelhos de novo! Poderia ser um sonho, mas você tem certeza de que está bem acordada, já que o bebê no berço ao lado mantém você de olhos abertos há alguns meses e faz com que nem lembre o que é dormir. Delírio? Não. Você vai ser mãe de novo!

Como o bebê fica quando a mãe está grávida?

O intervalo seguro entre uma gravidez e outra é, em média, de 18 meses (Foto: Pixabay/Pexels)

A primeira dúvida após a aceitação (pelo menos no caso de quem não planejou a nova gestação) é: será que vou dar conta? É claro que existe a preocupação com o emocional, com a rede de apoio e até com as finanças, mas o cuidado com seu corpo deve vir primeiro. Afinal, antes mesmo de você saber, ele já está ali, lidando com a nova realidade – que não é nada fácil. Ao gestar um bebê, o organismo passa por uma transformação: o volume de sangue aumenta em até 50%, o útero cresce cerca de 20 vezes, as mamas se preparam para produzir leite... Sem falar na variação hormonal. Então, como saber se o organismo já está recuperado para começar tudo de novo?

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Segundo uma pesquisa, realizada no fim de 2018 pela Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e publicada no jornal Jama Internal Medicine (Estados Unidos), o intervalo seguro entre dar à luz e engravidar pode variar de acordo com a idade da mulher, mas, pesando prós e contras, é de, em média, um ano e meio. Para chegar a esse número, os cientistas avaliaram cerca de 150 mil gestações entre 2004 e 2014. Os dados vieram de registros de nascimentos, hospitalizações, prescrições para informações de infertilidade e registros em censos. Foi a avaliação mais extensa até agora de como o intervalo seguro para a gravidez muda de acordo com a idade materna, e a primeira investigação a respeito da relação desse período entre gestações com a mortalidade materna ou a morbidade grave.

Os resultados revelaram que mulheres com mais de 35 anos, que engravidaram em um intervalo de seis meses, tinham chance de 1,2% (12 casos para cada mil gestações) de mortalidade materna ou morbidade grave. No entanto, quando o espaço aumentava para 18 meses, o risco diminuía para 0,5%. O perigo de parto prematuro, que chegava a 6% no intervalo de seis meses, caía para 3,4% quando o espaço era de 18 meses. Já para as mulheres mais jovens, na faixa de 20 a 34 anos, o curto espaçamento representava uma ameaça de 8,5%  de parto prematuro espontâneo. Para as que esperaram 18 meses, a probabilidade caiu para 3,7%. Assim, os pesquisadores chegaram à conclusão de que engravidar em um período menor do que 18 meses após o parto pode ser mais arriscado tanto para as mulheres quanto para as crianças.

Não é fácil para ninguém

Alguns dos riscos, como diabetes e hipertensão, aumentam, mesmo, com a idade materna. Já os perigos para o bebê, segundo o estudo, estão associados a mulheres de todas as idades, mas são maiores para as mais novas. “Muitas têm gestações não planejadas, não fazem pré-natal adequado e têm infecções, que acabam evoluindo para partos prematuros, por exemplo”, explica o obstetra André Luiz Malavasi, diretor da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) e diretor da Ginecologia do Hospital Pérola Byington (SP). “A prematuridade é a complicação que mais preocupa. Os custos sociais e médicos são altos. A criança sofre, pois são realizados diversos procedimentos para nutrição e medicação. É um problema de impacto na saúde pública”, complementa.

Esperar mais é importante também para o organismo materno. “A perda sanguínea do parto precisa ser recuperada. O corpo deve repor seus estoques de ferro, que influenciam diretamente na composição dos glóbulos vermelhos (eles transportam oxigênio dos pulmões aos tecidos do corpo). “Cerca de 25% das gestantes têm anemia e, em uma segunda gravidez, as chances são ainda maiores, podendo levar a infecções e a um parto prematuro”, diz a obstetra Roseli Mieko Yamamoto Nomura, do Departamento de Obstetrícia da Unifesp (SP).

Quase gêmeos

Nos Estados Unidos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), 30% das mulheres têm o segundo filho em menos de um ano e meio, uma taxa elevada, segundo os especialistas. No Brasil, o Ministério da Saúde ainda não tem estatísticas sobre o assunto, mas não é raro encontrar mães que tenham passado por situações assim. É o caso da ex-aeroviária Priscila Gonçalves Gomide, 40, que precisou deixar a profissão para cuidar dos filhos. Quatro meses após o parto de Gustavo, 6 anos, ela já estava esperando o caçula, Gabriel, 5. “Fiz fertilização in vitro e achava que não ficaria grávida sem tratamento. Não me preveni e, já no primeiro ciclo menstrual, aconteceu”, lembra. Os dois têm apenas 1 ano e 1 mês de diferença.

A falsa ideia de que não conseguiria engravidar naturalmente também fez a dentista Talita Colombo Nunes, 34, se descuidar durante o puerpério. Ela engravidou seis meses após o parto. “Eu tinha endometriose e, como a primeira gestação foi praticamente um milagre, não achei que aconteceria de novo. Não me preveni”, conta ela, que é mãe de Isabela, 6, e Giovana, 5. “Ter tido um bebê com outro tão pequeno em casa foi muito estressante. Achei que fosse enlouquecer e me sinto muito culpada por ter cobrado da mais velha, que tinha apenas 1 ano e 4 meses, um comportamento mais maduro. Apesar de hoje achar uma delícia ter as duas com idades parecidas, não recomendo gestações tão próximas”, diz Talita.

Sim, esta também é uma questão. Ao considerar o desenvolvimento emocional do mais velho, o espaçamento entre as gestações deveria ser ainda maior, segundo a pediatra Luciana Herrero, autora do livro O Diário de Bordo do Bebê (Editora Matrix). “Se você for pensar na maturidade para que o primeiro filho tenha tempo de receber toda a atenção necessária, o ideal seria esperar pelo menos 4 anos”, sugere.

A dona de casa Lilian Penha, 31, mãe de Gabriel, 8, Matheus, 7, e Isabela, 2, compara os filhos mais velhos a múltiplos. “É, basicamente, como ter gêmeos. Foram apenas cinco meses entre ter um e engravidar do outro”, diz. Os dois nasceram de cesárea e, para ela, a segunda cirurgia foi a parte mais complicada: “Como se recuperar amamentando um, trocando fraldas e ensinando o outro a andar? Os pontos abriram por excesso de esforço e não perdi o peso que ganhei, o que mexeu com a minha autoestima”, lembra.

Risco na amamentação

Quem amamenta em livre demanda tem as chances de engravidar reduzidas. Nessas condições, a mulher pode demorar a ovular, já que a sucção da mama estimula a produção da prolactina, hormônio responsável pela produção do leite que, ao mesmo tempo, suprime a atividade ovariana. “É uma espécie de contraceptivo natural”, explica o obstetra Eduardo Sérgio Valério Borges, presidente da Comissão Nacional Especializada em Perinatologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Por isso, quanto mais ela amamentar, menores serão as chances de gerar outro bebê.
Menores, mas não nulas. A confusão quanto a isso é mais um dos motivos que levam muitas mulheres a engravidar de surpresa, em um espaço curto de tempo após o parto.

E há mais uma questão importante que envolve a amamentação, já que ela causa um grande desgaste metabólico. “Engravidar nessa fase acaba sobrecarregando novamente o corpo, que ainda está muito sensível. É como se você corresse duas maratonas em apenas dois dias. Provavelmente, não vai conseguir completar a prova – que seria um parto prematuro – ou vai terminar a maratona com graves lesões, pois não houve tempo para o corpo se recuperar”, explica André.

A engenheira civil e empresária Carolina Firmo, 39, engravidou de Luna, 3, quando a filha Manoella, 4, era um bebê de apenas 3 meses. Como teve tromboflebite – uma inflamação nas veias causada por um coágulo de sangue – na primeira gravidez, os cuidados tiveram de ser intensificados na segunda. “Precisei fazer repouso total. Recebi anticoagulante durante toda a gestação”, diz Carolina, que também é mãe de Vinicius, 20. “Chorei durante os nove meses da terceira gestação. Foram duas cesarianas. Por causa do curto intervalo, o médico pediu para que parasse de amamentar a Manoella”, conta.

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Quanto a isso, há controvérsias. “O período é de alta demanda. As energias do organismo da mãe estão voltadas para o bebê em formação. No puerpério, essa energia é desviada também para a produção do leite”, afirma o obstetra. Por isso, para poupar um pouco o organismo materno, alguns profissionais orientam a interrupção. Mas atenção: isso não quer dizer que optar por continuar o aleitamento vai causar um aborto, parto prematuro ou contração do útero.

“São vários fatores envolvidos que precisam ser avaliados, mas não há nenhuma evidência que proíba a mulher de amamentar durante a gestação”, explica Borges. A recomendação é sempre conversar com o médico sobre os métodos contraceptivos mais adequados para o seu caso no puerpério.

O que parece óbvio nem sempre é

Embora o intervalo seja de, no mínimo, 18 meses, o consenso entre os médicos é que, se possível, o melhor é espaçar ainda mais as gestações. “Um intervalo interpartal de dois anos – ou mais – auxilia na recuperação”, diz Borges. A orientação, no entanto, não chega para todas. A veterinária Patricia Francisconi Magro, 27, que está no quarto mês de gestação, é mãe de Luiz Gustavo, de 8 meses. “Voltei ao médico depois de 40 dias e ele só perguntou se eu voltaria a tomar anticoncepcional e eu disse que não. Ele disse ‘tudo bem’ e brincou, dizendo que me aguardava grávida de novo, mas não me alertou sobre nada”, conta. “Não sinto meu corpo recuperado: a barriga está flácida, tenho sensibilidade no local do corte
da cesárea...”, diz.

É papel dos profissionais passar informações corretas para que a mulher possa decidir. Até porque a preparação para uma nova gravidez deve ser anterior à concepção. “Um bom pré-natal começa três meses antes da gravidez, com o ácido fólico. Ele reduz em até 80% o risco de anomalias”, explica o obstetra André Luiz Malavasi.

Mas se aconteceu com você e não foi possível dar o intervalo ideal ou se planejar antes, não precisa arrancar os cabelos. Apesar dos riscos, uma gravidez em um curto espaço de tempo não é uma sentença determinante de que você terá uma gestação com intercorrências. Estão aí as várias mães e seus bebês, que já passaram por isso, para comprovar. A orientação dos especialistas é reforçar os cuidados. “Caso aconteça, é importante assegurar que a mãe receba suplementação vitamínica e todas as informações sobre práticas saudáveis de alimentação e atividades físicas, promovendo, assim, melhores condições para uma gestação sem complicações. Afinal, um pré-natal adequado pode identificar sinais de problemas e antecipar a prevenção”, afirma a obstetra da Unifesp Roseli.

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Ter mais atenção não significa viver preocupada com o que pode dar errado. Afinal, estar bem emocionalmente é fundamental para encarar esse desafio. Cuide-se, preste atenção no seu bebê, siga as orientações do médico em quem você confia e curta ao máximo a família que está crescendo.

Quando a mãe tá grávida o filho sente?

Quanto à reação do primogênito à notícia da gestação, os relatos das mães revelaram a ocorrência de três reações que se destacavam: alegria, descontentamento ou indiferença. Alguns primogênitos demonstraram alegria e, na maioria dos casos, surpresa ao saber que a mãe estava grávida.

Como apertar a barriga para saber se está grávida?

Por isso não queira tentar saber se está grávida tocando a barriga, você pode errar feio. Talvez a melhor maneira de saber se você está grávida ou não será colocando a mão sobre o abdômen para tentar perceber os movimentos fetais. Eles geralmente podem ser percebidos a partir da 20 semana de gestação.

Quais são os sintomas de uma gravidez silenciosa?

A chamada gravidez silenciosa acontece quando a mulher não se dá conta de que está grávida, só sendo notada por volta do terceiro trimestre, ou ainda, apenas na hora do parto. Se você já passou por uma gravidez, principalmente, deve estar se perguntando: como é possível estar grávida e não perceber.

O que acontece com o bebê quando a mãe faz sexo?

“Ele não tem percepção do que acontece, mas se sente muito bem”, garante Bento. Segundo o obstetra, o ato sexual promove uma vascularização na região pélvica da mulher. Com isso, o bebê recebe mais sangue e tem uma sensação boa e prazerosa.