Como podemos evitar o descarte inadequado de metais pesados?

Segundo Bumba, além dos metais pesados, outros materiais presentes no lixo eletrônico podem causar doenças. O alumínio é outro exemplo, porque se acumula no cérebro.

A contaminação do solo e dos rios também é agravada pelo descarte irregular de lixo eletrônico. “Quando você descarta um celular no lixo, é descartado plástico que vai para o meio ambiente e circuitos com metais que acabam contaminando o solo do lixão”, aponta o professor. “Temos uma grande quantidade deles nos rios. Podem atingir lençóis subterrâneos que abastecem os rios”.

Uma pesquisa de 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o Brasil é o sétimo maior produtor de lixo eletrônico no mundo. Ao todo, o país gera 1,5 milhão de toneladas por ano.

Francisco Antonio Nogueira da Silva, supervisor operacional do Projeto Lixo Eletrônico da fundação Settaport, chama atenção para a falta de conscientização em relação ao descarte. “Há pouco tempo, as pessoas não separavam, porque misturavam todos os tipos de lixo. Acham que pode por lixo eletrônico junto com comida. Esse lixo pode causar câncer e pode afetar o meio ambiente, pode afetar a saúde. O pessoal não entende isso”, aponta Nogueira.

Marco Antonio Bumba chama atenção para a saturação dos aterros sanitários — Foto: Daniel Gois

A entidade atua desde 2010 no recolhimento de aparelhos eletrônicos, que são destinados para conserto, venda ou reciclagem. Segundo Francisco Nogueira, mais de 200 toneladas de lixo eletrônico foram recolhidas no ano passado. Após os reparos necessários, os computadores, impressoras e demais equipamentos são doados para escolas e entidades ou reciclados.

Marco Antonio Bumba também chama atenção para a diferença entre aterros e lixões. “O lixão é aquele lugar que o caminhão chega, despeja todo lixo e acabou. Os aterros sanitários são lugares preparados para receber o lixo, para minimizar o impacto desse lixo no meio ambiente. Só que esses aterros estão ficando superlotados. Lixão é um problema sério”.

Diferentemente do lixo orgânico, que libera CO2 e se decompõe rapidamente, o lixo eletrônico tem caráter bioacumulativo. Ele deve ser separado e descartado de forma “consciente”, diz Bumba.Ao invés de ser descartado no meio ambiente, o lixo pode se tornar uma fonte de renda, diz o professor. Ele cita como exemplo o reaproveitamento de pneus para produção de asfalto.

Para Francisco Nogueira, do Settaport, público “não entende” as consequências do descarte incorreto — Foto: Daniel Gois

"As empresas precisam começar a pensar que lixo é uma oportunidade de negócio. Existem materiais que até pouco tempo eram considerados lixo e hoje são matéria-prima para outras empresas", aponta o professor.

O supervisor do Settaport afirma que a conscientização sobre os problemas do lixo eletrônico é o grande passo para combater o problema. "Tudo é parte da educação. Falta às autoridades responsáveis mostrar como é que separa".

"O homem tem um novo preconceito", afirma Bumba, para explicar por que existe tanto descaso com o lixo. "Ele se acha o ser vivente superior da natureza, porque não se preocupa com outros seres viventes. Ele se acha superior aos demais", conclui.

*Sob supervisão de Alexandre Lopes.

Você já deve ter ouvido falar nos resíduos perigosos. São aqueles que exigem um tratamento diferenciado dos resíduos comuns, uma vez que são compostos, principalmente, de substâncias químicas e metais pesados, que não se decompõem organicamente, e que permanecem ativos por centenas de anos. Eles são caracterizados por serem inflamáveis, corrosivos ou tóxicos, colocando em risco os seres vivos e a saúde humana quando em contato no solo ou na água.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei 12.305/2010, o gerenciamento desses resíduos perigosos visa prevenir e reduzir os impactos ambientais causados por esses elementos. Assim, é possível controlar possíveis contaminações e danos ambientais, garantindo que não haja riscos à saúde pública.

Quais são os tipos de resíduos perigosos?

Como você leu até aqui, o resíduo perigoso é, como o próprio nome sugere, o tipo de resíduo que apresenta riscos químicos e físicos em sua destinação final, quando não tratado da maneira correta. Alguns são mais conhecidos, como material hospitalar e pilhas e baterias. 

Para se ter uma ideia da dimensão do problema, em abril deste ano, foram encontradas mais de 15 toneladas de lixo nas praias do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Em reportagem realizada pelo Jornal Nacional, foram encontrados resíduos como seringas, tubo para coleta de sangue e remédios, além de sapatos, plásticos e garrafas – doze toneladas foram recolhidas só em João Pessoa.

Por que isso é um problema?

Além da composição química encontrada em alguns materiais específicos, esses resíduos, quando em contato conosco, podem aumentar as chances de desenvolver doenças e infecções. Afinal, esses materiais hospitalares são descartáveis justamente para que não haja a contaminação de um paciente para outro.

Com isso, hospitais, clínicas e outros estabelecimentos que oferecem serviços de saúde têm a obrigação social e ambiental de tratarem seus resíduos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece, em suas Boas Práticas de Gerenciamento de Resíduos de Saúde, penalidades quando há o descarte inadequado. Com isso, a resolução RDC nº222/2018, estabelece um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde, definindo para esses serviços que seja realizado o monitoramento e forma de tratamento para essa tipologia de resíduos.

A infração sanitária, nos termos dessa resolução, configura penas, advertências e multas, que variam de 2 mil a 1 milhão e 500 mil reais, dependendo da gravidade da infração e do porte econômico do agente responsável.

Como descartar os resíduos perigosos?

Para além dos riscos à saúde, o descarte incorreto de resíduos perigosos é prejudicial para a economia. Ao ser despejado em rios, mares e oceanos, esses resíduos prejudicam, por exemplo, a pesca, a agricultura e o turismo, tornando-se locais inapropriados para o desenvolvimento social e ambiental, prejudicando toda a cadeia produtiva e a vida de pessoas, animais e vegetações que fazem parte daquele ecossistema. Portanto, é uma responsabilidade de todos nós, enquanto consumidores e produtores, o cuidado para o manejo desses resíduos.

Além de ser de responsabilidade das empresas e instituições, o descarte apropriado de resíduos perigosos é compartilhado com os cidadãos consumidores. Dessa forma, além do tratamento da matéria-prima de forma a ser economicamente sustentável, é nosso dever, enquanto comunidade, a consciência socioambiental, mantendo o equilíbrio no consumo, e “jogar fora” da maneira certa.

Os resíduos perigosos produzidos em meios industriais possuem, obrigatoriamente, sistemas de gestão e cuidados específicos, conforme o regimento da lei. Assim, o gerador é sempre responsável. No entanto, resíduos considerados perigosos gerados em resíduos são responsabilidade do consumidor, promovendo o destino correto em locais específicos, definidos por fabricantes e distribuidores, seguindo a logística reversa. 

Por exemplo, lâmpadas fluorescentes (que liberam mercúrio, um metal pesado extremamente tóxico) podem ser descartadas em locais especializados, assim como pilhas, baterias, restos de tintas e remédios. Dessa forma, evita-se o descarte incorreto no lixo comum, que pode colocar em risco a saúde de coletores e de trabalhadores de limpeza urbana.

O que pode ser feito para evitar a contaminação do meio ambiente com metais pesados?

Como evitar a contaminação por metais pesados?.
não usar recipientes com tinta com chumbo na fabricação de produtos ou mesmo como matéria-prima;.
fazer a ventilação da sala de baterias;.
fazer o descarte adequado de pilhas e baterias..

Qual seria a melhor forma de descarte dos metais pesados?

Segundo esta resolução, os resíduos que contêm os metais pesados devem ser encaminhados a um aterro sanitário industrial para resíduos perigosos ou submetidos a tratamento de acordo com as orientações do órgão local de meio ambiente.

O que é a poluição por metais pesados?

Bilhões de toneladas de metais pesados são emitidos anualmente por chaminés e esgotos das indústrias. Tais elementos são nocivos aos seres vivos e atingem a hidrosfera, poluindo rios, lagos e mares. É difícil encontrar nos oceanos um lugar livre dessa poluição, não importa quão remoto ele esteja.

Quais as formas de evitar a contaminação pelos metais presentes nas pilhas?

Sendo assim, pilhas e baterias são consideradas como resíduos domésticos perigosos, existem programas de coleta seletiva e o descarte deste lixo tóxico deve ser feito em aterros sanitários (especiais para substâncias perigosas).