De onde vem o potássio

Publicado em 25/01/2021 15h21 Atualizado em 31/10/2022 15h41

Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o potencial no país de minerais usados na agricultura, o Serviço Geológico do Brasil, empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia, identificou na Bacia do Amazonas novas ocorrências e ampliou em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio, ou silvinita, como é denominado o mineral cloreto de potássio, do qual se extrai o potássio (K).

Essencial para qualquer tipo de cultivo, o potássio é um dos minérios mais importantes para a indústria de fertilizantes. O mineral é largamente utilizado para aumentar a produtividade no campo e, juntamente com o nitrogênio e o fósforo, forma a tríade presente nas formulações NPK.

Atualmente, o Brasil importa 96,5% do cloreto de potássio que utiliza para fertilização do solo. Também ostenta o título de maior importador mundial de potássio, com 10,45 milhões de toneladas adquiridas em 2019, de acordo com dados do Ministério da Economia.

De acordo com o Informe Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil - Área Bacia do Amazonas, setor Centro ­Oeste, Estado do Amazonas e Pará, até o momento, pode-se afirmar a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Faro, Nhamundá e Juruti. Na região de Autazes, o minério pode ser encontrado a profundidades entre 650m a 850m, com teor de 30,7% KCl. Em Nova Olinda, a profundidade varia em torno de 980m e até 1200m, com teor médio de 32,59% KCl.

Impacto para o setor agrícola

De acordo com o diretor de Geologia e Recursos Minerais, do Serviço Geológico do Brasil, Marcio Remédio, caso esses depósitos já identificados entrem em produção, o impacto para o setor agrícola e para produção de fertilizantes no Brasil pode ser imediato. “A expectativa é que, ao reduzir a importação de fertilizantes, o insumo torne-se mais barato e acessível, eliminando custos de transporte e logística”, explicou.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ressaltou a importância do trabalho que o Serviço Geológico do Brasil tem prestado para viabilizar insumos tão necessários para o desenvolvimento do país. “O Brasil é conhecido mundialmente por ser uma potência agroambiental, atendendo parte significativa da demanda mundial e crescente de alimentos. A pesquisa voltada a minimizar a dependência de agrominerais importados é uma ação estratégica e uma meta do Programa Mineração e Desenvolvimento, recentemente lançado.”

Outro ponto importante é a questão da soberania nacional. Neste ano, o mercado do potássio entrou em alerta devido à crise política em Belarus, maior fornecedor mundial da commodity, levando à elevação de preços e preocupação com o fornecimento do insumo. “Uma das nossas linhas de atuação é fomentar o descobrimento de novas jazidas para commodities estratégicas como o fosfato e o potássio, por meio de diversos projetos de prospecção, principalmente diante da preocupação em atender à projeção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de aumento de cerca de 27% da nossa produção de grãos na próxima década”, ressaltou o diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil, Esteves Pedro Colnago.

O secretário de Geologia e Transformação Mineral, Alexandre Vidigal, lembrou dos benefícios, além do agronegócio e da economia do país, que a atividade mineral pode gerar em âmbito regional, como a criação de novos empregos, melhoria na renda da comunidade local e mais arrecadação nos municípios produtores, que passam a receber a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).

Acesse o estudo


Com informações do Ministério de Minas e Energia

O Brasil chega a importar mais de 95% do potássio necessário para a adubação das lavouras. Vale ressaltar que ele é um dos nutrientes mais demandados para expressão da produtividade e qualidade dos produtos agrícolas. Mas, de onde vem todo esse potássio? Como essa relação impacta o agronegócio brasileiro? Conheça mais sobre os maiores produtores de potássio no mundo e o potencial de produção brasileira nesse contexto internacional!

O papel dos fertilizantes potássicos e os maiores produtores de potássio no mundo

O grande papel estratégico e comercial que os fertilizantes potássicos desempenham na agricultura faz com que eles sejam uma importante commodity agrícola comercializada nas bolsas de valores do mundo todo.

Esse termo da língua inglesa, commodity, pode ser traduzido como “mercadoria”. Dentro do âmbito do comércio internacional, uma commodity abrange todos os produtos que são ofertados no mercado sem qualquer tipo de diferenciação significativa.

Uma das fontes de potássio mais comercializadas nessas transações internacionais é o Cloreto de Potássio (KCl), um fertilizante potássico obtido através da extração de minerais como a silvita e a carnalita, ou ainda, como um subproduto da produção de ácido nítrico.

Os maiores produtores de potássio no mundo estão concentrados em países como a Rússia, a Bielorrússia e o Canadá, que juntos, controlam 80% da produção e distribuição mundial de KCl.

De onde vem o potássio

O panorama mundial dos maiores produtores de potássio (em azul) e as suas principais minas (marcadores). (Fonte: ORRIS et al., – 2014)

Mas, como o Brasil fica diante dessa dinâmica do mercado mundial de fertilizantes potássicos?

A dinâmica do mercado mundial de fertilizantes potássicos e o Brasil

No caso do Brasil, essa concentração internacional das fontes de potássio nem sempre torna muito favorável a relação de troca para muitos agricultores.

Em alguns momentos desse ano (2021), por exemplo, foi possível perceber um aumento no valor do preço do Cloreto de Potássio de mais de 200%. Parte desse aumento pode ser atribuído a um conjunto de fatores internacionais, como:

  • A Índia ter negociado um preço mais caro para o contrato anual de fornecimento da commodity para 2021 através da Belarus Potash Company (BPC), a empresa de potássio estatal da Bielorrússia;
  • O encerramento das operações de duas minas da Mosaic no Canadá;
  • Instabilidade política na Bielorrúsia;
  • A passagem do furacão Ida pelos Estados Unidos em setembro, o que desestabilizou a logística de distribuição mundial.

Segundo Magnus Berge, fundador e diretor executivo da Acerto Limited, a tendência é de que os preços de grande parte dos fertilizantes continuem altos e estáveis até o final do ano (2021), fato que tem gerado certa resistência no mercado agrícola brasileiro:

“A relação de troca não está tão favorável quanto antes, com a subida enorme do preço dos nutrientes. Com isso, há uma resistência muito grande a esses novos patamares e tem levado muitos agricultores a esperar o máximo possível até tomar as posições de mercado para a safrinha. Porém, sempre há um risco com essa espera, já que a elevada demanda pode levar ao aumento dos preços novamente no caso do Brasil.”

Essa alta no preço dos fertilizantes potássicos também tem levado a diversos impactos na agricultura brasileira.

A influência do preço do potássio na agricultura brasileira

Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), mais de 70% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira são importados, com destaque para alta dependência externa do KCl, que chega a atingir mais de 95%.

Somente no primeiro semestre de 2021, o Brasil importou mais de 13 milhões de toneladas de fertilizantes, um novo recorde dentro da série histórica de dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Uma das consequências dessa grande dependência de importações de fertilizantes é que o preço deles acaba atrelado às flutuações da principal moeda de câmbio: o dólar.

Desde março de 2020, a cotação do dólar vem fechando acima de R$5 e influenciando o valor final dos fertilizantes para o agricultor, como menciona Magnus Berge:

“A incerteza política no Brasil pode levar a um câmbio ainda mais alto, com o real se desvalorizando em relação ao dólar. E, uma vez que haja uma desvalorização muito grande, a importação irá custar mais para os agricultores, sendo que já estamos vendo um preço até 3 vezes maior na logística.”

Mas será que só o cenário externo tem influência nos preços dos fertilizantes no país? Não, outro fator responsável pela alta do preço dos fertilizantes no Brasil foi o tabelamento feito após a greve dos caminhoneiros que ocorreu em meados de 2018.

De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o valor do transporte rodoviário ficou 12% mais caro com a medida e levou ao aumento do preço dos fretes.

As cotações dos fertilizantes em patamares historicamente elevados, tem levado a constante deterioração das relações de troca dos três principais macronutrientes (NPK) utilizados nas lavouras do país. Vale lembrar que, segundo a consultoria COGO, elas estão nos piores níveis dos últimos 10 anos.

Uma das formas de reverter esse cenário, está no incentivo e investimento na exploração de reservas nacionais de nutrientes para produção de fertilizantes, como já acontece com o potássio.

O potencial do Brasil para se tornar um dos maiores produtores de potássio no mundo

As mudanças de paradigma trazidas pela Nova Revolução Verde vêm jogando luz sobre fontes de potássio que podem mudar a dinâmica do mercado de potássio mundial.

Essas mudanças incluem o uso de novas fontes de potássio além do Cloreto de Potássio, das quais o Brasil tem reservas. O Dr. Alysson Paolinelli, conhecido como Pai da Agricultura Tropical, chama a atenção para isso:

“Usamos há muitos anos o Cloreto de Potássio, sem buscar novas alternativas. Temos o nosso potássio aqui e ele vai proporcionar muitos benefícios para o solo.”

Isso ajuda, inclusive, a reduzir a dependência internacional dos maiores produtores de fertilizantes potássicos mundiais.

O Siltito Glauconítico é um exemplo de fonte de potássio que pode servir de matéria-prima para o potássio nacional.

Assim, ao usar fontes de potássio nacionais eficientes os agricultores vão poder contar com relações de troca cada vez mais favoráveis e fortalecer a agricultura do Brasil!

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Onde o potássio e encontrado na natureza?

Podemos encontrar Potássio em abundância na natureza, as fontes principais são águas salgadas e minerais.

Como se extrai o potássio?

Na maioria das minas, o sal de potássio é minerado a partir de depósitos “subhorizontais”. Geralmente as câmaras são criadas pela remoção do sal e pilares permanecem entre elas para sustentação (Bauer, 1993). Em Colonsay-SK, Canadá, a extração de minério de potássio realiza-se pelo processo de “câmaras e pilares”.

Qual e a origem do potássio?

História do potássio O potássio foi isolado, em 1807, por Sir Humphry Davy, por meio da eletrólise ígnea do hidróxido de potássio fundido. Essa, inclusive, foi a primeira vez na história da humanidade que um metal foi isolado por meio da eletrólise.

Onde produz potássio no Brasil?

As reservas oficiais de sais de potássio no Brasil são da ordem de 13,03 bilhões de toneladas (silvinita e carnalita), das quais 64,9% medidas, 24,6% indicadas e 10,5% inferidas. Essas reservas estão lo- calizadas nos Estados de Sergipe (Bacia Sedimentar de Sergipe) e Amazonas (Bacia Sedimentar do Amazonas-Solimões).