Explique por que o trabalho mecanizado nas fábricas alterou a relação dos trabalhadores com o tempo

Tópicos deste artigo

  • 1 - O que foi a Revolução Industrial?
  • 2 - Por que a Inglaterra foi a pioneira no desenvolvimento industrial?

O que foi a Revolução Industrial?

A Revolução Industrial foi considerada pelos historiadores como um período de grande avanço tecnológico, que ocorreu na segunda metade do século XVIII e que permitiu o desenvolvimento da indústria moderna. Esse desenvolvimento ocasionou severas transformações no processo produtivo (a maquinofatura substituiu a manufatura) e nas relações de trabalho, alteradas com a proletarização do trabalhador.

O processo de Revolução Industrial aconteceu de maneira pioneira na Inglaterra. De sua primeira fase, destaca-se o uso da máquina a vapor, construída inicialmente por Thomas Newcomen em 1698 e aperfeiçoada por James Watt em 1765. Watt conseguiu fazer com que o desperdício de energia da máquina fosse reduzido, e isso melhorou o desempenho do maquinário.

Além disso, nesse período, houve o desenvolvimento de máquinas voltadas para as indústrias têxteis. O grande destaque foi a water frame, criada por Richard Arkwright, máquina que tecia fios de algodão utilizando-se da força motriz da água. Essa criação de Arkwright permitiu que fossem produzidos tecidos em uma velocidade muito superior em comparação com a manufatura.

Por fim, o desenvolvimento da máquina a vapor possibilitou o crescimento das ferrovias, que foram construídas em enorme velocidade pela Inglaterra, a partir das décadas de 1830 e 1840. Além de encurtarem as distâncias, as ferrovias também permitiram que as mercadorias fossem transportadas em maior quantidade e maior velocidade.

A Revolução Industrial gerou ainda transformações profundas na produção de mercadorias com a substituição do modo de produção manufatureiro pelo da maquinofatura. Antes da industrialização, a produção de vestuário, por exemplo, era realizada em oficinas de artesãos conhecidas como manufaturas. Essas oficinas agrupavam trabalhadores especializados que conheciam todo o processo de produção e que o realizavam manualmente.

Esse processo, no entanto, era lento, pois estava sujeito às limitações do trabalho humano e também demandava uma melhor remuneração, uma vez que o trabalhador deveria ser especializado nessa atividade. Com o desenvolvimento das máquinas, o grosso da produção passou a ser realizado por elas, ou seja, não se fez mais necessário o trabalhador especializado, pois a máquina poderia ser manejada por uma mão de obra menos qualificada.

Isso gerou um aumento na produção, pois as máquinas produziam muito mais, e a grande disponibilidade de mão de obra – uma vez que qualquer um poderia realizar esse trabalho – resultou na desvalorização do trabalhador (o resultado prático disso foi a diminuição salarial). O historiador Hobsbawm exemplifica isso ao afirmar que o salário médio de um tecelão na cidade de Bolton, em 1795, era 33 xelins e, entre 1829 e 1834, esse salário foi reduzido para aproximadamente 5 e 6 xelins|1|.

Além disso, esse trabalhador foi obrigado a aceitar uma jornada de trabalho extenuante que, em muitos casos, estendia-se por 16 horas por dia, com uma pausa de 30 minutos para o almoço. Não havia nenhum tipo de segurança no trabalho e, por isso, os acidentes eram comuns. Os trabalhadores que se acidentavam não recebiam pagamento dos patrões durante o tempo em que estivessem afastados.

Essa precarização – ou proletarização – contribuiu para o fortalecimento das organizações de trabalhadores, conhecidas no inglês como trade union. A precariedade do trabalho fez com que os trabalhadores, ao longo do século XIX, exigissem melhores condições de trabalho, como jornada reduzida e melhores salários.

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Os dois grandes movimentos trabalhistas existentes na Inglaterra durante o século XIX foram o ludista e o cartista. Os ludistas atuaram no período de 1811-1816, e sua ação consistia em invadir fábricas para destruir o maquinário industrial. Os trabalhadores desse movimento afirmavam que as máquinas estavam roubando o emprego dos homens e, por isso, deveriam ser destruídas. Como seus integrantes foram intensamente perseguidos pelas autoridades britânicas, o movimento dos ludistas acabou enfraquecendo-se.

Além de melhores condições para os trabalhadores, o movimento cartista, surgido na década de 1830, exigia direitos políticos, até então negados ao proletário. Os cartistas reivindicavam, por exemplo, o direito ao sufrágio universal masculino, ou seja, que todos os homens a partir de certa idade tivessem direito ao voto. Eles também demandavam representação para sua classe no parlamento inglês.

A pressão dos movimentos trabalhistas, principalmente a partir da greve, possibilitou que os trabalhadores tivessem acesso a melhorias, como a limitação da carga de trabalho a 10 horas por dia. Eric Hobsbawm aponta, no entanto, que o fortalecimento dos movimentos trabalhistas não foi apenas uma reação natural dos trabalhadores contra a exploração, pois esses movimentos já existiam na Inglaterra desde antes da Revolução Industrial e ganharam impulso com a inspiração dada pela mobilização popular da Revolução Francesa|2|.

Por que a Inglaterra foi a pioneira no desenvolvimento industrial?

A Revolução Industrial, isto é, o boom de desenvolvimento tecnológico e o surgimento da indústria moderna, aconteceu de maneira pioneira na Inglaterra, e depois espalhou-se por outras partes do mundo, por causa, em parte, do acaso (riqueza em carvão mineral) e dos eventos políticos que criaram as suas condições ideais (estabelecimento da burguesia inglesa).

O primeiro fator levantado pelos historiadores para explicar o pioneirismo da Inglaterra na industrialização foi o estabelecimento da burguesia, ocorrido nesse país no final do século XVII. Em 1688, aconteceu a Revolução Gloriosa que marcou o fim definitivo do absolutismo monárquico na Inglaterra. Com isso, os poderes do rei foram limitados, e o parlamento – composto em grande parte por burgueses – fortaleceu-se, o que possibilitou que medidas em benefício dessa burguesia pudessem ser tomadas.

O segundo fator foram os cercamentos que se tornaram muito comuns na Inglaterra a partir do século XVI. Eles resultaram na expulsão dos camponeses das terras comuns – locais nos quais viviam da produção de subsistência – para transformá-las em pasto para a criação de ovelhas. Essa expulsão dos trabalhadores criou uma grande disponibilidade de mão de obra barata para as indústrias dos burgueses.

Além disso, o desenvolvimento tecnológico somente foi possível graças à existência de uma intensa troca de ideias que existia na Inglaterra. Esse forte intelectualismo criou o clima para que houvesse inovações – a grande consequência disso foi a invenção das máquinas. Os historiadores também apontam que a existência de capital acumulado permitiu aos burgueses investirem no desenvolvimento dessas máquinas e na construção das indústrias.

Por fim, o desenvolvimento industrial deveu-se também à existência de carvão mineral em grande quantidade na Inglaterra. As reservas de carvão eram extremamente importantes, uma vez que a grande invenção da época – a máquina a vapor – funcionava utilizando essa matéria-prima como combustível.

|1| HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 79.
|2| Idem, p. 326-327.

Por Daniel Neves
Graduado em História

Porque o trabalho mecanizado nas fábricas alterou a relação dos trabalhadores com o tempo?

Os operários, dentro da lógica de montagem fordista, exerceriam trabalhos cada vez mais mecanizados, não necessitariam de tanta qualificação para desempenhar os serviços nas fábricas, e, consequentemente, teriam seus salários reduzidos em relação a sua menor qualificação.

Como os operários passaram a se comportar em relação ao controle do tempo?

Os operários passaram a se organizar e também a disputar as horas do dia, seja em forma de descanso ou em forma de pagamento extra pelas horas trabalhadas além da jorna- da convencional. Como diz o autor, os operários “haviam aprendido bem a sua lição, a de que tempo é dinheiro”.

Porque o trabalho mecanizado?

Resposta. Conforme as maquinas foram sendo aperfeiçoadas, a produção foi aumentando, usando-se um tempo cada vez menor para se produzir a mesma quantidade.

Como era o cotidiano dos trabalhadores nas fábricas durante a Revolução Industrial?

Eram precárias as condições de vida e trabalho dos artesãos no início da primeira revolução industrial: as fábricas tinham um ambiente insalubre; o tempo de trabalho chegava a 80 horas semanais; os salários eram bem abaixo do nível de subsistência.