O que é didática e qual é a importância dessa disciplina na educação?

Introduzindo a investiga��o

    Atualmente, a forma��o de professores ocupa uma posi��o de destaque em discuss�es acad�micas, profissionais e pol�ticas na busca de uma melhoria da qualidade do ensino na escola. Ainda podemos destacar que o contexto da forma��o de professores e as diversas peculiaridades que comp�em os cursos de Licenciatura nos permitem e nos instigam a desenvolver in�meros estudos e pesquisas a fim de contribuir com a nossa pr�pria forma��o, assim como de fomentar questionamentos e trocas com os demais profissionais da educa��o.

    Assim, nesse amplo quadro de peculiaridades e tamb�m de possibilidades, um dos mais importantes componentes curriculares de relev�ncia para a forma��o dos futuros professores � a Did�tica, pois esta � uma disciplina integradora de conhecimentos porque re�ne �o que ensinar�, �como ensinar�, �porque ensinar�, �para quem ensinar� e, �quando ensinar�.

    Dessa forma, considerando essas coloca��es, deslocamos o nosso interesse investigativo da disciplina de Did�tica das Licenciaturas em geral, para mais especificamente, a disciplina de Did�tica da Licenciatura em Educa��o F�sica, e, mais particularmente, para a Licenciatura do Centro de Educa��o F�sica e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pois essa realizou uma reforma curricular em 2005, fundamentada nas Resolu��es N� 01 e N� 02 do Conselho Nacional de Educa��o / Conselho Pleno (CNE/CE) de 2002.

    Diante desse cen�rio, destacamos que o atual Projeto Pol�tico Pedag�gico do Curso de Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD/UFSM (CEFD, 2005) coloca que o profissional egresso desse curso estar� habilitado para atuar na educa��o b�sica, secretarias municipais, estaduais e nacionais voltadas � �rea da Educa��o F�sica.

    Portanto, a partir dessas premissas originou-se a seguinte quest�o problem�tica norteadora dessa investiga��o: qual � a import�ncia da disciplina de Did�tica para a forma��o inicial na percep��o dos acad�micos da Licenciatura em Educa��o F�sica (Curr�culo 2005) do CEFD/UFSM?

    Dessa forma, essa investiga��o teve como objetivo geral analisar a import�ncia da disciplina de Did�tica para a forma��o inicial na percep��o dos acad�micos da Licenciatura em Educa��o F�sica (Curr�culo 2005) do CEFD/UFSM. Justificou-se a realiza��o dessa investiga��o embasando-nos em Krug (2005) que destaca que estudos dessa natureza podem oferecer subs�dios para modifica��es no contexto da forma��o de professores de Educa��o F�sica, mais particularmente na compreens�o do fen�meno da disciplina de Did�tica, auxiliando assim na melhoria da qualidade da forma��o de inicial.

A metodologia da investiga��o

    A metodologia empregada nessa investiga��o caracterizou-se pelo enfoque fenomenol�gico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa.

    Conforme Trivi�os (1987, p.125) �a pesquisa qualitativa de natureza fenomenol�gica surge como forte rea��o contr�ria ao enfoque positivista, privilegiando a consci�ncia do sujeito e entendendo a relatividade social como uma constru��o humana�. O autor explica que na concep��o fenomenol�gica da pesquisa qualitativa, a preocupa��o fundamental � com a caracteriza��o do fen�meno, com as formas que se apresenta e com as varia��es, j� que o seu principal objetivo � a descri��o.

    Para Joel Martins (apud FAZENDA, 1989, p.58) �a descri��o n�o se fundamenta em idealiza��es, imagina��es, desejos e nem num trabalho que se realiza na subestrutura dos objetos descritos; �, sim, um trabalho descritivo de situa��es, pessoas ou acontecimentos em que todos os aspectos da realidade s�o considerados importantes�.

    J� segundo L�dke e Andr� (1986) o estudo de caso enfatiza interpreta��o em contexto. Godoy (1995) coloca que o estudo de caso tem se tornado na estrat�gia preferida quando os pesquisadores procuram responder �s quest�es �como� e �por que� certos fen�menos ocorrem, quando h� pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse � sobre fen�menos atuais, que s� poder�o ser analisados dentro de um contexto de vida real.

    De acordo com Goode e Hatt (1968, p.17): �o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo�. O interesse incide naquilo que ele tem de �nico, de particular, mesmo que posteriormente fiquem evidentes estas semelhan�as com outros casos ou situa��es.

    O instrumento utilizado para coletar as informa��es foi um question�rio com uma pergunta aberta, que foi respondido por vinte e tr�s (23) acad�micos do 3� semestre do curso de Licenciatura em Educa��o F�sica (Curr�culo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Did�tica, no 1� semestre letivo de 2010. A escolha dos participantes aconteceu de forma espont�nea, em que a disponibilidade dos mesmos foi o fator determinante. A fim de preservar as identidades dos participantes, esses receberam uma numera��o (1 a 23).

    A cerca do question�rio Trivi�os (1987, p.137) afirma que �sem d�vida alguma, o question�rio (...), de emprego usual no trabalho positivista, tamb�m o podemos utilizar na pesquisa qualitativa�. J� Cervo e Bervian (1996) relatam que o question�rio representa a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita buscar de forma mais objetiva o que realmente se deseja atingir. Consideram ainda o question�rio um meio de obter respostas por uma f�rmula que o pr�prio informante preenche. Para eles, pergunta aberta destina-se a obter uma resposta livre.

    A quest�o norteadora que comp�s o question�rio foi a seguinte: 1) Qual � a import�ncia da disciplina de Did�tica para a sua forma��o inicial?

    A interpreta��o das informa��es coletadas pelo question�rio foi realizada atrav�s da an�lise de conte�do, que � definida por Bardin (1977) como um conjunto de t�cnicas de an�lise das comunica��es visando obter, por procedimentos sistem�ticos e objetivos de descri��o do conte�do das mensagens, indicadores (quantitativos ou n�o) que permitam a infer�ncia de conhecimentos relativos �s condi��es de produ��o/recep��o (vari�veis inferidas) destas mensagens.

    Godoy (1995, p.23) diz que a pesquisa que opta pela an�lise de conte�do tem como meta �entender o sentido da comunica��o, como se fosse um receptor normal e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significa��o, outra mensagem, pass�vel de se enxergar por meio ou ao lado da primeira�.

    Para Bardin (1977) a utiliza��o da an�lise de conte�do prev� tr�s etapas principais: 1�) A pr�-an�lise � que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de an�lise, a formula��o de objetivos, a defini��o dos procedimentos a serem seguidos e a prepara��o formal do material; 2�) A explora��o do material � que corresponde ao cumprimento das decis�es anteriormente tomadas, isto �, a leitura de documentos, a caracteriza��o, entre outros; e, 3�) O tratamento dos resultados � onde os dados s�o lapidados, tornando-os significativos, sendo que a interpreta��o deve ir al�m dos conte�dos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que est� por tr�s do imediatamente aprendido.

Os resultados e as discuss�es da investiga��o

    Identificamos e analisamos os seguintes indicadores da import�ncia da disciplina de Did�tica para forma��o inicial na percep��o dos acad�micos estudados:

  1. Mostrou que devemos ter intencionalidade na pr�tica pedag�gica docente (Seis acad�micos: 4; 10; 11; 19; 21 e 22) � Relativamente a esse indicador citamos Freire (1996) que afirma que ensinar exige reconhecer que a educa��o � ideol�gica;

  2. Mostrou a compreens�o do que � ser professor (Quatro acad�micos: 1; 13; 20 e 23) � A respeito desse indicador nos reportamos a Moita (1995) que diz que ningu�m se forma no vazio e que formar-se sup�e troca, experi�ncia, intera��es sociais, aprendizagens, um sem fim de rela��es e que por isso o processo de forma��o � din�mico, onde, segundo Garcia (1999), a tomada de consci�ncia das concep��es e modelos ou significados do ser professor devem ser revistos porque pode haver uma disson�ncia cognitiva entre o que pensam os futuros professores e o que o curso de forma��o preconiza;

  3. Constituiu a base da atua��o profissional (Quatro acad�micos: 2; 5; 6 e 14) � Em rela��o a esse indicador citamos Matos (1994) que coloca que os conhecimentos pedag�gicos s�o a base da atividade docente;

  4. Mostrou como realizar um bom planejamento de acordo com as abordagens pedag�gicas (Tr�s acad�micos: 7; 8 e 17) � Sobre esse indicador citamos Marques (2009) que salienta que no dia-a-dia de sua pr�tica docente o professor de Educa��o F�sica escolar, mesmo que de forma pouco consciente, ap�ia-se em determinada concep��o de aluno, de ensino e aprendizagem e a partir dessa concep��o constr�i o seu papel, o papel do aluno, bem como a metodologia, a fun��o social da escola e os conte�dos a serem trabalhados e, para isso um bom planejamento de ensino � muito importante;

  5. Forneceu embasamento para uma melhor qualidade do ensino (Dois acad�micos: 12 e 15) � Esse indicador pode ser fundamentado por Matos (1994) que tem a convic��o de que apesar da efic�cia da interven��o do professor seja dependente de m�ltiplos fatores, sem d�vida alguma, o seu conhecimento pedag�gico � fundamental para a melhoria da qualidade do seu ensino;

  6. Mostrou o perfil da identidade profissional (Dois acad�micos: 3 e 9) � Relativamente a esse indicador citamos Pimenta e Lima (2004) que dizem que a identidade do professor � constru�da ao longo de sua trajet�ria como profissional do magist�rio, mas, no entanto, ressaltam que � no processo de sua forma��o que s�o consolidadas as op��es e inten��es da profiss�o que o curso se prop�e a legitimar. As autoras ainda afirmam que todas as disciplinas, experi�ncias e viv�ncias de um curso de Licenciatura ajudam a construir a identidade docente;

  7. Contribuiu na forma��o da criticidade (Um acad�mico: 15) � A respeito desse indicador nos reportamos a Freire (1996) que afirma que ensinar exige criticidade;

  8. Ensinou a refletir sobre a nossa pr�tica (Um acad�mico: 18) � Em rela��o a esse indicador citamos Furter (1985) que destaca que a reflex�o � uma qualidade muito necess�ria ao professor, sobretudo quando adota uma atitude de busca, sempre mais rigorosa, de pesquisa e de avalia��o, de aperfei�oamento permanente, pois a reflex�o �, ao mesmo tempo, cr�tica, dial�tica e renovadora; e,

  9. Mostrou o trato pedag�gico com os alunos (Um acad�mico: 16) � Sobre esse indicador citamos Matos (1994) que diz que o professor deve possuir conhecimento pedag�gico do conte�do para poder realizar um trabalho docente eficaz.

    Dessa forma, considerando todos os indicadores citados pelos acad�micos estudados, podemos constatar que essa investiga��o chegou a resultados semelhantes ao estudo de Krug (2005) no qual foram identificados onze (11) indicadores de contribui��es da disciplina de Did�tica para a forma��o inicial na percep��o dos acad�micos da Licenciatura em Educa��o F�sica (Curr�culo 1990) do CEFD/UFSM, o que nos mostra que essa disciplina tem cumprido com o seu papel na forma��o profissional.

Conclus�o: uma poss�vel interpreta��o sobre a investiga��o

    Pela an�lise das informa��es obtidas conclu�mos que foi poss�vel identificar diversos (9) indicadores da import�ncia da disciplina de Did�tica para a forma��o inicial na percep��o dos acad�micos da Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD/UFSM. Foram eles: 1) Mostrou que devemos ter intencionalidade na pr�tica pedag�gica docente; 2) Mostrou a compreens�o do que � ser professor; 3) Constituiu a base da atua��o profissional; 4) Mostrou como realizar um bom planejamento de acordo com as abordagens pedag�gicas; 5) Forneceu embasamento para uma melhor qualidade do ensino; 6) Mostrou o perfil da identidade profissional; 7) Contribuiu na forma��o da criticidade; 8) Ensinou a refletir sobre a nossa pr�tica; e, 9) Mostrou o trato pedag�gico com os alunos.

    O que mais chamou � aten��o nos resultados dessa investiga��o foi que o n�mero de indicadores da import�ncia da disciplina de Did�tica para a forma��o inicial na percep��o dos acad�micos estudados coincide com os objetivos propostos na ementa da disciplina. Essa constata��o pode ser interpretada como extremamente positiva, pois, de fato, realmente, a disciplina de Did�tica, no curr�culo da Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD/UFSM, cumpre com a sua finalidade tornando-se, portanto, importante na forma��o desses acad�micos. Essa constata��o da nossa investiga��o pode ser corroborada pelo estudo de Krug (2005) no qual foram encontrados resultados semelhantes.

    Aqui cabe ressaltar, � guisa de conclus�o, que n�o queremos insinuar que a disciplina de Did�tica na Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD/UFSM seja linda e maravilhosa, mas sim que, como qualquer outra atividade humana, podemos destacar aspectos positivos e negativos. Entretanto, podemos inferir com os resultados dessa investiga��o que os indicadores enumerados pelos acad�micos estudados evidenciam a import�ncia dessa disciplina em sua forma��o inicial.

Refer�ncias

  • BARDIN, L. An�lise de conte�do. Lisboa: Edi��o 70, 1977.

  • CEFD. Projeto Pol�tico-Pedag�gico do Curso de Licenciatura em Educa��o F�sica. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2005.

  • CERVO, A.; BERVIAN, P. Metodologia cientifica. S�o Paulo: Makron Books, 1996.

  • FAZENDA, I. Metodologia da pesquisa educacional. S�o Paulo: Cortez, 1989.

  • FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necess�rios � pr�tica educativa. S�o Paulo: Paz e Terra, 1996.

  • FURTER, P. Educa��o e reflex�o. Petr�polis: Vozes, 1985.

  • GARCIA, C.M. Forma��o de professores � para uma mudan�a educativa. Porto: Porto Editora, 1999.

  • GODOY, A.S. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administra��o de Empresas, S�o Paulo, v.35, p.20-29, mai./jun., 1995.

  • GOODE, L.; HATT, K. M�todos em pesquisa social. S�o Paulo: Cia. Editora Nacional, 1968.

  • KRUG, H.N. As contribui��es da disciplina de Did�tica para a forma��o do licenciado em Educa��o F�sica da UFSM: um estudo de caso fenomenol�gico. In: SEMIN�RIO INTERNACIONAL DE EDUCA��O NO MERCOSUL, IX, 2005, Cruz Alta. Anais � Resumos... Cruz Alta: UNICRUZ, 2005. p.35.

  • L�DKE, M.; ANDR�, M.D.A. Pesquisa em educa��o: abordagens qualitativas. S�o Paulo: EPU, 1986.

  • MARQUES, M.N. Reflex�es acerca de algumas abordagens pedag�gicas da Educa��o F�sica Escolar. Revista P@rtes, S�o Paulo, p.1-5, 2009.

  • MATOS, Z.A. Avalia��o da forma��o de professores. Boletim da Sociedade Portuguesa de Educa��o F�sica, Lisboa, a.10, n.11, p.53-70, 1994.

  • MOITA, M. de C. Percursos de forma��o e trans-forma��o. In: N�VOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, 1995.

  • PIMENTA, S.G.; LIMA, M.S.L. Est�gio e doc�ncia. S�o Paulo: Cortez, 2004.

  • TRIVI�OS, A.N.S. Introduzindo a pesquisa em ci�ncias sociais � pesquisa qualitativa em educa��o. S�o Paulo: Atlas, 1987.

Outros artigos em Portugu�s

 
O que é didática e qual é a importância dessa disciplina na educação?

O que é didática e qual é a importância dessa disciplina na educação?

Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 16 � N� 158 | Buenos Aires,Julio de 2011  
© 1997-2011 Derechos reservados

Qual a importância da didática na educação?

A Didática é de suma importância para a formação do professor, pois deve proporcionar o desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva, possibilitando que o professor faça uma análise de forma clara sobre a realidade do ensino, proporcionando situações em que o aluno construa seu próprio saber.

O que é didática e qual a sua importância?

A Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia. Ela investiga os fundamentos, as condições e os modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos.

O que é a didática na educação?

Classicamente, a Didática é um campo de estudo, uma disciplina de natureza pedagógica aplicada, orientada para as finalidades educativas e comprometida com as questões concretas da docência, com as expectativas e os interesses dos alunos.

O que é didática e sua importância pedagógica no ensino e aprendizagem?

Para Libâneo (1992): A Didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, as condições e os modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos.