O que é uma cena performance esquete improvisação teatral

By Nat Towsen

Tradução: Claudio Amado

Matt Besser respira fundo e faz uma longa pausa antes de responder à minha pergunta. Como co-fundador do Upright Citizens Brigade Theatre, que lançou recentemente o tão esperado livro Upright Citizens Brigade Comedy Improvisation Manual, ele passou boa parte da última década "codificando a linguagem da improvisação" e quer falar com clareza.

A arte da improvisação teatral percorreu um longo caminho desde sua origem em exercícios de aquecimento para atores e jogos de palavras para socialites bêbadas. Nas últimas décadas, surgiu um novo estilo conhecido como "Formato Longo” (Long Form), que abandona os chavões do antigo "Formato Curto” (Short Form) e permite uma performance teatral muito mais diversificada e inventiva (não deve ser confundido com "um formato longo", cuja definição está no glossário abaixo).

Besser foi aluno do lendário guru da improvisação Del Close, que fez várias experiências cênicas com o formato longo, nunca teve um currículo fixo e raramente escrevia algo. "A maior coisa que sabemos desde Chicago", explica ele, "é que existem certos termos que diferentes professores e escolas usam para significar coisas diferentes. É por isso que aprender improvisação é mais difícil do que deveria ser.”

Besser reservou um tempo para falar sobre as dificuldades impostas pela normatização do vocabulário de uma forma de arte emergente e elucidou alguns termos importantes com a maior brevidade possível.

GLOSSÁRIO DE TERMOS

Formato Curto: Um espetáculo/show de improvisação teatral baseado em jogos teatrais com regras pré-determinadas, igual ao programa de TV “Whose Line Is It Anyway”

Formato Longo: Um espetáculo/show de improvisação teatral onde o jogo da/de cena não é predeterminado. Existem dois tipos diferentes de formato longo: com premissa e orgânica.

Improvisação com Premissa (Premise Improv): Um tipo de formato longo que parte de uma sugestão da plateia (uma palavra, um tema, um local, etc) seguida de uma cena de abertura que gera outros temas. Uma ideia é como uma premissa para a cena, com a qual eu posso entrar em cena após a abertura e, em uma frase, dizer ao meu parceiro quem somos, onde estamos, o que estamos fazendo. E ainda apresento uma coisa incomum, se nossa abertura foi bem-sucedida. Você não está mais na fase do “Yes And”. Você pulou isso. Você não precisa criar um Quem/O Quê/Onde porque você já disse tudo na sua primeira fala.

Improvisação Orgânica: Um tipo de formato longo no qual você recebe uma palavra e começa a fazer Yes And. Você constrói uma realidade base. Em algum momento, um detalhe incomum geralmente levanta sua cabeça. Depois de ver a coisa incomum, você faz “If Then” e descobre um jogo.

Formato longo: Um espetáculo de improvisação de formato longo: qualquer estrutura dramatúrgica que incorpore duas ou mais cenas em uma performance originada de uma única sugestão.

Sugestão: Qualquer informação fornecida pelo público para inspirar uma improvisação teatral.

Abertura: Cena de grupo usada para gerar novas ideias a partir da sugestão inicial, antes de iniciar as cenas da peça. A abertura mais fácil é uma história pessoal. O público dá uma sugestão (uma tema/palavra qualquer) e depois alguém conta uma história pessoal sobre esse tema. Toda história engraçada tem pelo menos uma coisa incomum.

Primeira Fala: A primeira fala de diálogo de uma cena de improviso.

Sim E (Yes And): Aceitar o que é proposto em cena imediatamente. Você não precisa obrigatoriamente dizer "sim", mas você aceita o que o outro improvisador lhe propõe. Se alguém diz "Eu vou pular do telhado do prédio", você não diz "Sim, e eu vou ver a novela”. Não, você não quer que ele pule do prédio. Então ele quer que você diga: "Não, não pule do prédio!" Esse é a "aceitação" que ele quer de você.

Aceitação: Concordar com a proposta do outro improvisador, não necessariamente com o seu personagem.

Bloquear: Contrário de Aceitar.

Status: Relações de poder entre personagens de uma cena. A maneira como você reage a um estímulo é moderada pelo seu status em reação ao status de outras pessoas e ao local onde está.

Deboche: Um tipo de bloqueio, onde um improvisador nega a realidade base para fazer piada.

Realidade base: Em uma cena de improvisação: Quem somos? Onde estamos? O que estamos fazendo? Chamamos isso de "realidade base" para mostrar que estamos na plataforma da história, uma base sólida na qual podemos construir uma casa.

Jogo de Cena: O que tem de engraçado, o detalhe incomum. Se você assiste um esquete de humor - SNL, Monty Python - você pode resumir cada esquete em uma coisa incomum que acontece ali.

Se, Então (If Then): Se algo incomum acontece, então o que mais pode acontecer? Uma técnica usada para jogar o jogo de cena.

Premissa: O ponto de partida do jogo de cena.

Meia-proposta: Um conceito parcialmente formado apresentado por um improvisador, basicamente dizendo: "Não tenho certeza de que posso explicar por que essa parte do monólogo ou da abertura é engraçada, mas eu sei que é, pois todos nós rimos. Então, vamos começar por aí e aposto que descobriremos muito rapidamente o que há de engraçado nisso.

Harold: A primeira estrutura de formato longo que Del Close criou, consistindo em três rodadas de três cenas com os mesmos três conjuntos de parceiros de cena, intercaladas por duas "cenas de grupo" com o elenco inteiro. A terceira rodada de cenas deve conectar as 3 histórias. O que é essencialmente engraçado nesse personagem/cena que se encaixa com esse outro personagem/cena? Não force as conexões, elas estarão lá organicamente. Quase nunca acontece de forma perfeita. Mas é por isso que buscamos o Harold perfeito.

Mente de grupo: Como uma equipe consegue pensar junto, criar uma mente grupal apesar de várias mentes individuais, verdadeiramente ouvindo e aceitando um ao outro.

Escuta: Não apenas ouvir as palavras ditas pelos outros, mas ouvir a intenção e o humor por trás delas, e ajudar a construir juntos a graça da cena.

Jogando no alto de sua inteligência: Atuar da forma mais realista possível dentro da realidade base. Fazer um personagem em cena de forma real, com a mesma inteligência e as mesmas reações que você teria se fosse na vida.

PARA LEVAR PARA A VIDA:

Qualquer pessoa que começa a fazer aula de introdução ao improviso diz que começou a ver a vida inteira através dos parâmetros de uma cena de improvisação. Preste atenção e você perceberá que as pessoas boas de papo frequentemente fazem Yes And, enquanto os ruins bloqueiam. As pessoas que fazem Deboche estão interessadas apenas em si mesmas e provavelmente não valem a pena conversar. Preste atenção nos Jogos de Cena e começará a percebê-los em qualquer lugar: comédia, comerciais de TV, filmes de ficção científica, mesmo em conversas. Depois de começar a pensar em Status, não será mais possível parar de avaliar o status de cada pessoa em todas as interações. E enquanto você estiver ouvindo os outros, será que você está realmente ouvindo?

LEITURA ADICIONAL

Para uma explicação muito mais completa desses termos e de muitos outros, leia o livro Upright Citizens Brigade Comedy Improvisation Manual . Para ver essas técnicas em ação, assista a um show do Upright Citizens Brigade Theatre (ou ouça o podcast de Besser, Improv4Humans).

LINK: https://www.vice.com/en_us/article/4w78dp/the-hidden-language-of-long-form-improvisers-112?fbclid=IwAR3UfXy7D6y80omPh_S2OtHgE8f-pS_aL2YigFe1Uj3joEzNpOJpTj48EZw

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