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Pré-visualização | Página 37 de 50o visitante estrangeiro, principalmente como um país rico, e cuja riqueza se devia basicamente ao comércio e à iniciativa; como um país poderoso e cujo poderio repousava naquela arma mais ligada ao comércio, mais voltada para as operações mercantis, a Marinha como um Estado de liberdade e tolerâncias raras, relacionadas estreitamente também com o comércio e com a classe média. Ainda que talvez Inglaterra, uma realidade singular no cenário europeu Em meados do século XV, a Inglaterra era um dos reinos mais pobres da Europa. Sua economia era agrária e voltada principalmente para a subsis- tência, com um pequeno comércio interno. Entretanto, na segunda metade do século XVIII, o país se consolidou como a principal potência econômica mundial. Mas como foi possível uma mudança tão significativa em tão curto espaço de tempo? Com a reforma religiosa promulgada em 1534 por Henrique VIII, da dinastia Tudor, a Coroa passou a confiscar as terras da Igreja Católica e a vendê-las aos integrantes da gentry, que ampliaram suas posses e sua influên- cia na política. Essa nova situação agrária, aliada às necessidades financeiras da Coroa, impulsionou o processo de cercamentos das terras comunais. Elizabeth I (1533-1603), filha de Henrique VIII, seguiu as linhas gerais do governo do pai ao assumir a Coroa. Ela conservou a política de concessão de monopólios para a burguesia e favoreceu o crescimento do comércio marítimo. Com o desenvolvimento do mercado ultramarino, os tecidos ingleses passaram a ser comercializados na América, na Índia e na Rússia. A rainha governou com habilidade, manteve-se próxima ao Parlamento e controlou as disputas religiosas. Com o tempo, a condução política e econômica era cada vez mais in- fluenciada pelo Parlamento. O órgão era dividido em duas câmaras, a dos Lordes, membros da alta nobreza laica e autoridades da Igreja Anglicana nomeados pelo rei, e a dos Comuns, formada por membros eleitos entre a gentry, pequenos e médios comerciantes, donos de manufatura e artesãos bem-sucedidos das cidades inglesas. O conjunto dessas transformações fez da Inglaterra uma nação de realidade única no cenário europeu. Gentry: pequena nobreza geralmente proprietária de terras. Esse grupo social é diferente da nobreza propriamente dos lordes: duques, condes, marqueses, viscondes e barões. Os membros da gentry não possuíam títulos nobiliárquicos, porém tinham renda suficiente para ter uma vida isenta de trabalho manual. Vista de Londres, gravura do holandês Claes Jansz Visscher, 1616. T H E G R A N G E R C O LL E C T IO N /F O TO A R E N A - C O LE Ç Ã O P A R T IC U LA R 14 15 BNCC Ao abordar as particulari- dades do cenário inglês no século XVII com atenção às questões políticas e socioe- conômicas, contemplou-se parcialmente a habilidade EF08HI02. Recapitulando 1. Os acontecimentos que singularizaram a realidade inglesa em relação aos de- mais integrantes do cenário europeu são: a valorização da lã e dos tecidos ingleses no mercado internacional; a transformação da terra em mercadoria, ou o uso capita- lista da terra; a política de cer- camentos; e o poder político conquistado pelo Parlamento. Esses elementos romperam com o feudalismo e com o absolutismo europeu. 2. As terras comunais eram terras que, apesar de estarem sob o domínio de algum se- nhor (o rei, algum nobre ou qualquer outro proprietário), podiam ser usadas por todos. Passaram a deixar de existir à medida que os cercamen- tos foram se expandindo – a gentry exigiu o cercamento dessas terras para uso próprio, deixando muitos camponeses sem terra para cultivar. deficiente nas graças aristocráticas da vida, em humor [...], e dada a excentricidades religiosas e de outras natu- rezas, a Grã-Bretanha era, sem nenhuma dúvida, o mais florescente e próspero dos países, e um país que podia gabar-se ainda de excelente ciência e literatura, para não se falar em tecnologia.” HOBSBAWM, Eric J. Da Revolução Industrial inglesa ao imperialismo. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000. p. 26. O senhor e a senhora Andrews, pintura de Thomas Gainsborough, 1748-1749. Galeria Nacional, Londres, Reino Unido. A pintura representa um casal da camada social da gentry. Os cercamentos das terras comunais Até o século XV, os campos ingleses eram mal delimitados e serviam basicamente para a produção de alimentos, o pastoreio de animais e a ob- tenção de lenha. Os camponeses eram donos das terras que cultivavam ou arrendatários das terras de outros proprietários. Havia algumas terras que, embora sob o domínio do rei, de um nobre ou de um simples proprietário, eram usadas por todos. Eram as chamadas terras comunais. No entanto, com o lucro crescente do comércio de lã nos séculos seguin- tes, os proprietários rurais enriquecidos (a gentry) passaram a solicitar ao rei as chamadas cartas de cercamento. Com essas cartas, eles obtinham autorização para cercar as terras comunais e usá-las para a criação de ovelhas. Os campos agricultáveis foram substituídos por pastagens. Muitos camponeses foram expulsos de suas terras. A partir de meados do século XVII, a maior parte desses trabalhadores deslocou-se para as cidades ou migrou para as colônias inglesas da América do Norte. O Parlamento e a sociedade As mudanças na agricultura inglesa levaram à ampliação e à reformulação da classe social da gentry. Muitos homens de posses das cidades passaram a comprar terras e a investir na criação de ovelhas. Esses novos proprietários, voltados para a obtenção de lucros, passaram a adquirir alguns assentos no Parlamento. Além da gentry, comerciantes e donos de manufaturas, todos interessados em ter liberdade comercial e impostos mais baixos, também conquistaram assentos no Parlamento. Na prática, a Coroa não podia modificar as leis ou aumentar os impostos sem obter aprovação conjunta da Câmara dos Lordes e da Câmara dos Comuns. Recapitulando 1. Quais acontecimen- tos fizeram da Ingla- terra uma realida- de única no cenário europeu? 2. O que foram as terras comunais e como se relacionam com os cercamentos? Responda em seu caderno T H O M A S G A IN S B O R O U G H - G A LE R IA N A C IO N A L, L O N D R E S R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt . 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 16 Finalidade dos impostos As contínuas propostas de aumento de impostos apresen- tadas pelo rei ao Parlamento tinham como objetivo cobrir o déficit público do reino inglês, gerado pelos gastos excessivos com guerras travadas na Euro- pa. Uma delas eclodiu depois que o rei Carlos I tentou im- plantar uma nova organização religiosa na Escócia, em 1637, de maioria presbiteriana. Os escoceses se rebelaram contra o rei, e este recorreu ao Parla- mento visando obter recursos para custear a guerra. O reinado de Carlos I Durante o reinado de Carlos I (1625-1649) houve uma rea- proximação entre a Igreja An- glicana e a Católica, exempli- ficada por meio do casamento do rei com a princesa católica Henriqueta Maria de França. Essa reaproximação causou a perseguição aos protestantes que eram tolerados duran- te os reinados de Elizabeth I (1558-1603) e Jaime I (1603- -1625). Sugerimos retomar o conteúdo do capítulo 5 do volume do 7o ano, lembrando que esses protestantes perse- guidos acabaram por formar a maioria da população das colônias inglesas na América. Gravura representando reunião na Câmara dos Comuns com a presença do rei Jaime Stuart em 1624. Museu Britânico, Londres. A dinastia Stuart Durante a dinastia Tudor, a monarquia e as duas Câmaras do Parlamento mantiveram muitos interesses em comum que se manifestavam na luta contra a Espanha e na manutenção da ordem interna do reino. Essa si- tuação declinou com a morte da rainha Elizabeth I em 1603. Ela morreu sem deixar herdeiros diretos e o poder foi assumido O que foram as terras comunais e como se relacionam com os cercamentos Brainly?As terras comunais inseriam-se em uma tradição econômica de utilização comunitária que remontava à Idade Média, e sua privatização representava a ruptura das relações capitalistas com o antigo mundo feudal. O senhor feudal deixava, assim, de ser o detentor da posse de terras para se tornar o seu proprietário.
O que foram as terras comunais e como se relacionam?No período feudal as Terras comunais correspondiam as terras "comuns", eram as florestas, bosques e pastos e lá os servos podiam levar seus animais para pastar além de pegar lenha. As terras comunais eram o local de acesso para todos os habitantes do feudo.
O que eram as terras comunais?As terras comunais, que na verdade integravam parte das terras do manso senhorial, eram formadas por pastos e florestas ou bosques.
O que foram os cercamentos das terras?Por meio dos cercamentos foi o fenômeno pelo qual as terras de uso coletivo na Grã-Bretanha começaram a ser cercadas para que passassem a ser terras de uso individual. Esse fenômeno se intensificou durante a época da Dinastia Tudor no Século XVI. O cercamento teve início ainda no século XII.
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