Por que a Igreja Ortodoxa se considera a verdadeira Igreja de Cristo?

Igreja Ortodoxa, ou Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, é a Igreja cristã que surgiu após uma cisão no cristianismo, ocorrida em 1054 (Grande Cisma do Oriente). Nesse episódio, os líderes da Igreja de Constantinopla e da Igreja de Roma excomungaram-se mutuamente. Desde então, a Igreja Católica se dividiu entre Igreja Católica Apostólica Romana e Igreja Católica Apostólica Ortodoxa. Os seguidores dessa vertente da religião católica são chamados de cristãos ortodoxos.

O que é Igreja Ortodoxa?

A palavra ortodoxa vem do grego: “órthos”, cujos significados podem ser traduzidos como “reto” ou “correto” e “dóxa”, opinião, glória. Portanto, o nome Igreja Ortodoxa pode ter seus significados traduzidos como: “Igreja da opinião correta”, ou “igreja da glória verdadeira”.

Embora ambas sejam católicas (universais) e apostólicas (são herdeiras das comunidades cristãs fundadas pelos apóstolos de Jesus Cristo), existem diferenças quanto à doutrina em cada uma. Considera-se que a Igreja Ortodoxa tem uma doutrina mais reta e rígida.

Há um longo processo histórico que desemboca no Grande Cisma do Oriente. O distanciamento entre as duas vertentes do Catolicismo tem significados culturais e políticos muito profundos para a religião cristã, desenvolvidos ao longo de séculos. Pode-se localizar a origem do processo que resultou na separação da religião cristã entre Igreja Católica Romana e Igreja Católica Ortodoxa na divisão do Império Romano entre Oriental e Ocidental (286 d.C.), e na transferência da capital (do Império) para Constantinopla (330 d.C.).

Existem pelo menos 14 Igrejas Ortodoxas Autocéfalas. As mais antigas são: Igreja Ortodoxa de Constantinopla, de Alexandria, Igreja Ortodoxa Antioquia e de Jerusalém, sendo que todas constituem patriarcados; e as demais 10 Igrejas Ortodoxas: Igreja Ortodoxa Russa, Sérvia, Romena, Búlgara, da Geórgia (estas também patriarcados), do Chipre, Grega, Albanesa e da República Tcheca (conduzidas por um arcebispo ou um Metropolita).

Atualmente, as Igrejas ortodoxas mais importantes são a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Ortodoxa Russa.

A história da Igreja Ortodoxa no Brasil começou com os imigrantes árabes. A primeira instituição foi edificada em São Paulo, em 1904.

Vale lembrar que a religião cristã possui três vertentes principais: Catolicismo Romano, Igreja Ortodoxa e Protestantismo.

Principais Diferenças entre Igreja Católica Romana e Ortodoxa:

  • Deus; para os cristãos católicos romanos, é um Deus trinitário e o Espírito Santo procede do Pai (Deus) e do Filho (Jesus). Já os cristãos ortodoxos acreditam que o Espírito Santo vem somente do Pai.
  • Virgem Maria; os católicos romanos creem que a Virgem nasceu sem pecado original e teve seu corpo elevado ao céu após sua morte na Terra. Os cristãos ortodoxos não reconhecem esses dois fatos.
  • Purgatório; os ortodoxos negam a existência do purgatório. Já os católicos romanos acreditam ser esse o lugar para onde vão as almas que, por seus pecados, necessitam de uma purificação antes de ir para o céu.
  • Pecado Original; a Igreja Católica defende que todos os seres humanos chegam ao mundo com o pecado original, herdado de Adão e Eva. A Igreja Ortodoxa não crê que o Homem seja herdeiro dos significados dos pecados cometidos por Adão e Eva, embora tenha uma inclinação para o mal.
  • Imagens; nos templos da Igreja Católica são permitidas as imagens e as estátuas. Os ortodoxos admitem imagens (pinturas, desenhos), mas não estátuas.
  • Celibato; na Igreja Ortodoxa o celibato é obrigatório somente para o alto clero, como os bispos, mas não para os sacerdotes. Já na Igreja Católica Apostólica Romana, o celibato é obrigatório para todo o clero.
  • Hierarquia; a autoridade máxima para os católicos romanos é o Papa de Roma, que é considerado por eles “infalível” em questões de doutrina. Para os ortodoxos, Jesus Cristo é o chefe único da Igreja, sem representantes. A autoridade superior na Igreja Ortodoxa é o Santo Sínodo, composto por todos os pontífices líderes das igrejas autocéfalas, e pelos arcebispos primazes das igrejas autônomas, que se agrupam pela convocação do Patriarca Ecumênico de Constantinopla.
  • Os crucifixos utilizados pelas Igrejas Ortodoxa e Romana são diferentes, embora remetam aos mesmos significados.
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ORTODOXIA E TRADIÇÃO


Pergunta:

 

Qual o significado de Ortodoxia? E de Igreja Ortodoxa?

 

Resposta:
 

Chamamos Ortodoxia à verdadeira doutrina – neste caso, a verdadeira doutrina de Cristo.

Ortodoxia é uma palavra grega que significa, à letra, glória (doxa) recta, direita, justa, verdadeira (orto).

Assim, chama-se Ortodoxa à Igreja que se manteve fiel à Verdade, transmitida pela Tradição, desde os Apóstolos até aos nossos dias.

Igreja Ortodoxa é, portanto, a Igreja de Cristo, a que permaneceu sempre una e indivisa, fiel à Verdade da doutrina cristã.

Erradamente, há quem pense que a Igreja Ortodoxa é apenas a Igreja Grega ou a Igreja Russa, ou, ainda, as Igrejas dos Países Eslavos.

Ortodoxia não é uma questão de geografia – é uma questão de Verdade, de Fidelidade ao Dogma e à Tradição da Igreja de Cristo.

Além disso, a Igreja Ortodoxa encontra-se hoje espalhada por todo o Mundo: Europa (de Portugal até à Rússia), Ásia (Médio e Extremo Oriente), Américas (do Brasil ao Canadá), África (Uganda, Quénia) e Oceania (Austrália), num total de mais de 650.000.000 (seiscentos e cinquenta milhões) de fiéis. Mas, como dizia um importante Teólogo ortodoxo russo, Khomiakov, “a Igreja não existe pela quantidade, maior ou menor, dos seus membros, mas pelo laço espiritual que os une”.

Logo, é também errado dizer-se que a Igreja Ortodoxa é uma Igreja “Oriental” – oriental é o espírito do cristianismo na sua origem, porque é do Oriente que vem a Luz, e para Oriente nos viramos, quando oramos, sozinhos ou em comunidade.

No entanto, é verdade que na Idade Média se verificou a separação entre Ocidente e Oriente, resultante da própria divisão do Império Romano entre Império do Ocidente e Império do Oriente, tendo como centro Bizâncio (Constantinopla). E também é verdade que pouco a pouco se criou uma distinção nítida entre um “catolicismo romano”, tipicamente ocidental, e um Cristianismo “oriental”, ortodoxo. Mas hoje a Igreja ortodoxa encontra-se espalhada por todo o Mundo – um Mundo em que distinções como a de Oriente-Ocidente, outrora bem nítida, cada vez fazem menos sentido.

 
Pergunta:
  Quais foram as causas que levaram à separação da Igreja Romana e da Igreja Ortodoxa?
 
Resposta:
 

O seu cisma não pode ser identificado com nenhum acontecimento particular da História, nem se lhe pode atribuir uma data precisa ainda que a data de 1054 se tenha tornado uma referência, sobretudo um marco, a partir do qual cessaram a Comunhão com Roma da parte das Igrejas Ortodoxas; todavia, o mal era antigo e já se arrastava havia muito tempo, de forma mais intensa e visível em algumas partes do Ocidente do que noutras.

Para essa separação progressiva terão contribuído diversos factores, entre os quais a oposição política entre Constantinopla e o “Império” de Carlos Magno, o afastamento da Tradição por desvios sucessivos do pensamento e da prática da Igreja Romana, divergências no campo teológico e no da vida da Igreja.

No entanto, talvez tenha sido este último aspecto – o de Roma criar um conceito diferente do que é a vida e a missão da Igreja – que acabou por ser o factor determinante ou, pelo menos, a gota de água que fez transbordar o vaso já cheio de erros e faltas.

De facto a Igreja de Roma, graças a factores essencialmente políticos, de ambição do poder temporal, desenvolveu a partir da Idade Média, a doutrina da primazia do Papa (título, aliás, que havia sido dado ao Patriarcado de Alexandria, em primeiro lugar) como último e, depois, como único recurso em matéria de Fé. Ora isto era, é e será, completamente estranho à Tradição da Igreja dos Apóstolos, dos Mártires, dos Santos e dos Sete Concílios Ecuménicos.

Para a Igreja Ortodoxa, a autoridade em questões de Fé repousa nos Concílios – no acordo entre todos os Bispos, Sucessores dos Apóstolos – e no Povo Real, Hierarquia e Fiéis.

Havendo, portanto, divergências entre Oriente e Ocidente acerca da noção de autoridade na Igreja, não podia existir acordo quanto à maneira de resolver os problemas entretanto surgidos no seio da IGREJA UNA: a questão do “Filioque”, a diferença dos ritos, a existência de presbíteros casados, a utilização do latim ou das línguas indígenas, o uso da barba ou da cara rapada entre clero, etc.

Para a Igreja de Roma, o seu Bispo é o “chefe” da Igreja universal porque se considera o sucessor de São Pedro. E interpreta como fundação da Igreja e proclamação dessa chefia universal a célebre passagem do Evangelho de São Mateus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela” (16,18).

Esta frase bem conhecida, “Tu és Pedro”, tomou um lugar considerável na apologética latina, que dela fez um ponto de apoio para justificar dois postulados: a Pedro fôra dado o poder de governar a Igreja; ao Papa o direito de suceder a Pedro e consequentemente o direito de governar igualmente a Igreja.

Embora inúmeros teólogos actuais não encontrem nesta frase um significado de forma alguma tão absoluto, parece-nos interessante recordar a interpretação que os Padres da Igreja deram a esta passagem de São Mateus (XVI, 16-20): “ E vós, disse-lhes Ele, quem dizeis que Eu sou? Simão Pedro respondendo disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus respondendo disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão filho de Jonas, porque não to revelou a carne e o sangue, mas Meu Pai que está no Céus. Pois também Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus”.

O Bem-Aventurado Agostinho, Bispo de Hipona (Retractações, cap.21) afirma: “Eu digo num lugar, do Apóstolo Pedro, que a Igreja havia sido fundada sobre ele como sobre uma pedra. Este sentido é cantado pela boca de grande número de Padres da Igreja, entre os quais Santo Ambrósio de Milão, em versos, diz a respeito do galo: quando ele cantou, a pedra da Igreja lamentou o seu erro.

Mas eu sei que em seguida expus, muito frequentemente, as palavras de Nosso Senhor: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja”, da forma seguinte: que a Igreja seria edificada sobre Aquele que Pedro confessou (ou seja, seria edificada sobre o próprio Cristo e não sobre Pedro), dizendo: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo”. Assim, Pedro (Petrus) que teria tomado o seu nome desta pedra (Petra), simbolizaria a Igreja que é construída sobre esta Pedra (Cristo) e que recebeu as chaves do Reino dos Céus. Com efeito, não lhe foi dito: “Tu és a pedra (Petra), mas: Tu és Pedro (Petrus) pois a Pedra era o próprio Filho de Deus, Cristo.

Simão Pedro, ao confessar Cristo como a Igreja inteira O confessa, foi chamado Petrus (Pedro)”.

A sucessão de Pedro existe onde a Fé justa (ortodoxa) é preservada e não pode, então, ser localizada geograficamente, nem monopolizada por uma só Igreja nem por uma só pessoa.

Levando a teoria da primazia de Roma às últimas consequências, seríamos obrigados a concluir que somente Roma possui essa Fé de Pedro – e, nesse caso, teríamos o fim da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica que proclamamos no Credo: atributos dados por Deus a todas as Comunidades Sacramentais centradas sobre a Eucaristia, possuindo um verdadeiro Episcopado, uma verdadeira Eucaristia e, portanto, uma Presença autêntica de Cristo.

Afirma, depois, a Igreja de Roma que é ela a Igreja fundada por Pedro e que essa fundação apostólica especial lhe dá direito a um lugar soberano sobre todo o universo.

Ora a verdade é que, para além do facto de não sabermos realmente se São Pedro foi fundador dessa Igreja Local, sabemos, com garantia absoluta que nunca foi Bispo de Roma, pelo simples facto de jamais Apóstolo algum ter sido Bispo de lugar algum; os Apóstolos eram detentores de uma Jurisdição Universal que uma cidade (e ainda que de Roma se tratasse) não poderia circunscrever ou abarcar.

Diferentemente, a Jurisdição do Bispo é Local e com fronteiras geográficas assaz bem definidas pela Igreja Local que integra.

Repescando a questão acima referida quanto à suposta fundação de Roma por Pedro, apraz-nos realçar que certeza alguma nos assiste para, com fundamento e critério justos, podermos – sem margem para crasso erro – afirmar peremptoriamente que Pedro esteve em Roma.

Em várias Epistolas o Apóstolo São Paulo dirige-se aos cristãos de Roma, ora admoestando-os contra perigos variegados, ora saudando-os e, estranhamente de forma desconcertante, misteriosa e inesperada, nunca saúda Pedro; sobre Pedro em Roma o Apóstolo Paulo é de um silêncio inexplicável, intrincado, obscuro e singularmente misterioso.

Será possível conceber que o Apóstolo Paulo, se Pedro, Apóstolo do Senhor e seu Irmão no Apostolado, estivesse em Roma, não o saudaria? – Será que não o faria em primeiro lugar, até por simples e proveitosa pedagogia e caridade para com a nascente Comunidade de fiéis de Roma? – Será que é legítimo sequer supor ou imaginar que São Paulo seria mal-educado ou falho de memória ao extremo de esquecer a existência de um seu Irmão Apóstolo, em Roma, numa Saudação Apostólica enviada aos fiéis da mesma cidade?

De facto não nos parece que tal fosse possível.

Ou Pedro nunca passou por Roma ou, se passou, ao tempo em que São Paulo está em Roma – ou do estrangeiro se dirige à comunidade romana – Pedro já lá se não encontra.

Mas mesmo que Pedro houvesse estado em Roma isso não daria a Roma nenhum “privilégio” especial ou primazia alguma na Igreja, nem faria dos Bispos de Roma Antístetes superiores aos demais Primazes de outra qualquer Igreja Local.

A não se entender desta forma, que dizer então da passagem de Pedro por Antioquia? – É que dúvidas não subsistem relativamente ao facto de Pedro ter estado em Antioquia.

Incertezas não há que Pedro esteve em Antioquia antes de ter ido a Roma (caso lá tivesse ido).

Confrontando esta realidade verídica com aquela que Roma invoca - quanto à estada de Pedro em Roma – que dizer então de Antioquia? –

Fora verdade o que Roma afirma e sobre o qual lança os alicerces da sua Primazia universal e seríamos coagidos – em justiça e em verdade – a entregar (por direito histórico - cronológico) esses supostos atributos que Roma reclama para si própria, a Antioquia – indubitavelmente – e em primeiro lugar.

E, ainda que fosse verdade Pedro haver sido Bispo de Roma, antes, tê-lo-ia sido necessariamente de Antioquia; Roma, seria sempre, no máximo, e por excepção, a segunda Sé e não a Primeira de toda a Igreja Universal.

Além disto é do conhecimento geral universal que outros Apóstolos como Paulo, João, André, Bartolomeu, etc., estiveram noutras cidades fundando aí comunidades Cristãs que, ao mesmo nível que Roma, e com igual direito, podiam atribuir a si mesmas essa “distinção” tão cara a Roma.

Donde, o Cânone 6º do Concílio de Niceia reconhece um prestígio excepcional às Igrejas de Alexandria, Antioquia e Roma, não pelo facto de terem sido fundadas por Apóstolos, mas porque eram na altura as cidades mais importantes do Império Romano (diríamos hoje, Metrópoles) e, sendo assim, deram origem a importantes Igrejas Locais.

Toda esta divergência de “pontos de vista” (segundo Roma), considerando-se única detentora da verdade e da autoridade; de discrepância legítima alicerçada na veracidade histórica, factual, Conciliar e Disciplinar, por parte de todas as restantes Igrejas Ortodoxas, que desejavam manter-se fiéis ao espírito da Tradição herdada dos Apóstolos, acabou por resultar nos trágicos acontecimentos de 1054 (dia 16 de Julho) e de 1204 – os legados do Papa de Roma entraram na Catedral de Santa Sófia (em Constantinopla - actual Istambul – Turquia – Capital do Império), um pouco antes de começar a Sagrada Liturgia, e depositaram em cima do Altar uma bula que excomungava o Patriarca de Constantinopla e todos os seus fiéis.

Por seu lado o Patriarca de Constantinopla agindo à sombra do mesmo direito e com a mesma legitimidade, excomunga o Papa de Roma e todos os que estão sob a sua Jurisdição na Igreja de Roma.

Esta separação oficial, decidida pela Igreja de Roma, unilateralmente, teria a sua confirmação em 1204, quando os cruzados, que se intitulavam cristãos, assaltaram Constantinopla, saquearam e pilharam, fizeram entrar prostitutas que traziam consigo para dentro do Santuário de Santa Sófia, sentaram uma delas no Trono do Patriarca e destruíram a Iconostase e o Altar.

O mesmo aconteceu em todas as Igrejas de Constantinopla.

Pergunta:

A Igreja Ortodoxa é uma Igreja nova em Portugal?

 
Resposta:
 

Ao contrário do que pode parecer, por falta de informação, a Igreja Ortodoxa não é “uma Igreja nova em Portugal”, como tantos outros movimentos religiosos que se instalaram no nosso País nos últimos anos, beneficiando do clima de liberdade religiosa.

De facto, a Igreja Ortodoxa regressou a Portugal séculos depois (em 1968) de aqui ter estado implantada como Igreja Una e Indivisa.

São Paulo, cujas idoneidade, seriedade a acção pastoral dispensam considerações, na sua Epístola aos Romanos diz: “Quando eu me dirigir à Hispânia, espero ver-vos de passagem e ser até lá encaminhado por vós, depois de gozar por algum tempo da vossa companhia” (Rm, XV 24-28).

Esta viagem do Santo Apóstolo, embora tenha sido programada por volta do ano 61 da nossa era, só fora concretizada entre os anos 64 e 66.

Os Judeus (que haviam morto São Tiago, Irmão de Cristo, no ano 42), perseguem São Paulo, conseguindo este salvar-se por milagre: salvo pelos Romanos, é por estes conduzido à prisão em Cesareia, onde fica dois anos. Sendo processado pelo Procurador Pórcio Festo, apela para Roma na qualidade de cidadão Romano.

A apelação foi aceite, tendo o Santo Apóstolo ido para a Capital do Império, à qual chega após uma viagem atribulada que termina com um naufrágio diante da ilha de Malta.

Depois da sua Libertação, empreende a viagem às Espanhas, no fim da qual regressa ao Oriente, tendo sofrido o martírio em Roma, segundo a Tradição.

São Clemente, Papa de Roma (88-97), ao escrever aos fiéis de Corinto, menciona (no ano 96) os exemplos dos Apóstolos Pedro e Paulo, enaltecendo o trabalho deste último, dizendo que ele se fez “ pregador do Evangelho em todo o mundo e TENDO VINDO ATÉ AO TERMO DO OCIDENTE e dado testemunho na presença dos chefes, assim saiu do mundo e foi elevado até ao lugar Santo” (Conradus Kirch, Enchiridon Fontium Historiae Antiquae, ed. 5ª, pág. 10).

O Santo Bispo de Roma, Clemente, foi um homem que havia privado com São Paulo, testemunhando inequivocamente a sua viagem Apostólica às Espanhas, razão pela qual ele afirma lapidarmente, sem hesitações, a efectuação da mesma.

Quando são Clemente diz que o Apóstolo veio ATÉ AO TERMO DO OCIDENTE, está implícita e claramente a referir-se às praias Lusitanas do nosso actual Portugal; a única cidade verdadeiramente importante e conhecida era a cidade Consular (Bracara Augusta), que São Paulo ao vir à Península Ibérica não deixaria de visitar em primeiro lugar.

Os Bispos Sagrados por São Paulo nas Espanhas exerceram uma profícua acção pastoral e, volvido pouco mais de um século sob a estada do Santo Apóstolo nestes territórios, o crescimento da Igreja era de tal forma perceptível que Santo Ireneu de Leão, por volta do ano 180, invocava o exemplo da Igreja das Espanhas contra os hereges,

Algum tempo depois, pelos anos de 200 – 206, Tertuliano, no seu livro Adversus Iudaeos, afirma que o Cristianismo se estendera até aos lugares mais recônditos da Hispânia.

O Florescente estado da Igreja da Península Ibérica, que já nos finais do século II se encontrava completamente evangelizada, quando a Igreja da Gália (actual França) ainda nem sequer estava em formação, denota ter recebido um impulso que vislumbramos em todas as Igrejas de Fundação Apostólica.

Somente nos séculos IX e X, altura em que Roma tentou, de uma forma mais visível, conglomerar em torno do seu Pontífice a força política requerida para com êxito poder hegemonizar as restantes Igrejas da Europa Ocidental, é que a Fundação Apostólica da Sé Bracarence, e por conseguinte da Igreja das Espanhas (denominação correspondente aos actuais Países de Portugal e Espanha), fora posta em causa.

Entende-se bem a razão que terá levado Roma a agir neste sentido; reclamando-se a única Sé de Fundação Apostólica Ocidental, pretendia que lhe fosse reconhecida uma particularidade que (segundo Roma) iria conferir-lhe uma Primazia, não de Honra (como até então), mas de Jurisdição efectiva sobre as demais Igrejas, pondo termo à Autocefalia de cada uma.

Roma tentava legitimar, em parte, as suas pretensões hegemónicas, pelo simples facto de se proclamar, em todo o Ocidente, a única Igreja fundada pelos Apóstolos.

Quanto à Igreja da Hispânia, no período que se seguiu à invasão dos Moiros, em 711, ficou assaz debilitada, conseguindo no entanto permanecer fiel à Ortodoxia até ao século XII.

Para nós, a Fundação Apostólica da Igreja de Portugal e das Espanhas é, antes de mais, um motivo de profundo regozijo e sentida alegria, porque esteve há 2.000 anos, no meio deste Povo, um Apóstolo; depois, trata-se de uma Justiça Histórica que não pode nem deve ser escamoteada.

No seguimento do que acabámos de explanar, importa ainda esclarecer alguns pontos menos claros, bem como a narração de alguns testemunhos que, uma vez mais, corroboram a autenticidade da viagem Apostólica de São Paulo às Espanhas.

Uma frase que, em tempos não muito recuados, gerou grande polémica é aquela em que São Clemente Romano, Papa de Roma (88 – 97), na sua carta aos fiéis de Corinto, escreve a cerca do Santo Apóstolo, dizendo: “Paulo, tendo sido o arauto da Verdade no Oriente e no Ocidente, recebeu o prémio da Sua Fé e ensinou a Justiça no Universo inteiro; CHEGADO AO TERMO DO OCIDENTE e tendo padecido o martírio sob os Príncipes, saiu, enfim do mundo e foi para o lugar Santo”.

“CHEGADO AO TERMO DO OCIDENTE” – esta a frase que tantas e tão díspares opiniões motivou durante largos séculos, levando alguns historiadores a afirmar que a partir de tais palavras não se podia inferir que “O TERMO DO OCIDENTE” pretendesse mencionar a Península Ibérica. Felizmente, esta é uma questão com a qual hoje não necessitamos de nos confrontar visto que fora definitivamente esclarecida.

Um sábio escritor, de nome Gams, estudou detalhadamente este problema, demonstrando através do testemunho de autores pagãos e cristãos que em toda a Antiguidade o “TERMO DO OCIDENTE” ou a “DERRADEIRA HISÉRIA”, designa SEMPRE e EXCLUSIVAMENTE A PARTE OCIDENTAL DA IBÉRIA”; como é do conhecimento de todos, esse território é aquele que viu nascer Portugal e onde actualmente nos encontramos.

O Cânone de Muratori é, também – indubitavelmente - um documento importante, uma vez que, exprimindo a opinião da Igreja de Roma no ano 170 (século II), afirma a realidade da viagem de São Paulo às Espanhas.

Não subsistem dúvidas sobre a jubilosa Fundação Apostólica da Igreja Cristã, Una e Indivisa, em Portugal.

Não adiantaremos muito mais, uma vez que, na História da Igreja Una e Indivisa (ortodoxa) de Portugal (e das Espanhas, em Geral), com início no século I – a integrar este site em breve – poderão ser verificados todos os detalhes pertinentes da Sua Gloriosa Vida neste território.

Pergunta:

Quais são as diferenças existentes entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Romana?

 
Resposta:
 

Eis a pergunta clássica, a que nos é feita obrigatoriamente…

À primeira vista, quem está de fora, dir-se-ia que entre a Igreja de Roma e as Igrejas Ortodoxas existem apenas diferenças “de pormenor”. Na prática, as diferenças são profundas e assinalam destinos bem separados desde, pelo menos, o século XI.

Tentando resumir essas diferenças, poderíamos – singelamente - dizer que são duas maneiras distintas de estar no Mundo. E, de facto, só vivendo cada uma dessas espiritualidades se pode reconhecer como são diferentes entre si.

Mas vejamos mais em detalhe quais são algumas dessas divergências que opõem a Igreja Romana à Tradição.

A espiritualidade ocidental - romana tende a colocar a pessoa acima da comunidade, enquanto a espiritualidade ortodoxa age, instintivamente, de forma oposta, sabendo que “ninguém se salva sozinho”.

O Ocidente encara a matéria e o espírito como irremediavelmente separados e opostos entre si, enquanto o Oriente desconhece essa falsa oposição, trazendo a matéria aos mais sagrados actos de comunhão com Deus.

Essas duas diferentes visões do Mundo, do homem, da Igreja e até de Deus reflectem-se, por exemplo, na arquitectura dos Templos; enquanto no Ocidente, a partir de uma certa época (final da Idade Média) se começou a cultivar um estilo exuberante e pesado, profundamente “terrestre” (na nossa época, esse peso das coisas deste mundo atingiu talvez o seu auge, com a construção de templos em cimento armado iguais a qualquer edificação profana – um banco ou cinema…), no Oriente, ontem como hoje, a arquitectura cristã é muito mais “leve”, tendendo para o Alto e obedecendo a um simbolismo imensamente rico.

Por exemplo, as cúpulas em forma de chama que vemos nas Igrejas Russas, com as suas cores brilhantes, em que predomina o dourado, proclamam o poder regenerador da Criação que foi dado à Igreja de Cristo.

Ou seja: a própria arquitectura Cristã Ortodoxa anuncia a futura transfiguração do Universo e afirma que mesmo agora a Terra se transforma em Paraíso, sempre que a Liturgia se celebra e a Graça Divina desce sobre a comunidade Cristã celebrante.

A decoração do interior dos templos é também eloquente em relação a essas duas vivências diferentes do Cristianismo: os Templos Ortodoxos representam a união gloriosa do Céu e da Terra, embora a santidade e o mistério persistam representados pela Iconostase que separa o Santuário do resto do Templo; por seu turno, os Templos da Igreja Romana, pela sua própria mistura de estilos e arquitectura, reflectem a constante necessidade de mudança de quem perdeu o sentido da Tradição e da eternidade.

Também são significativas as diferenças verificadas nas Liturgias – a Igreja Ortodoxa celebra uma Liturgia com mais de 1500 anos de existência; a Igreja Romana celebra cerimónias sucessivamente sujeitas a alterações, quer no texto, quer na forma.

Outra das diferenças reside na importância desmedida que a Igreja Romana dá às funções e à figura do Papa de Roma, considerando-o “chefe universal” da Igreja.

É uma visão centralizadora da Igreja, completamente estranha à Tradição Cristã, que resultou em parte das circunstâncias históricas e políticas vividas no Ocidente, o Bispo de Roma actua como senhor todo poderoso de uma Igreja que não lhe pertence e as suas ordens, em princípio, são rigorosamente executadas como se se tratasse das decisões de um chefe temporal. Do ponto de vista da Igreja Romana, o centro do Mundo está de facto em Roma e o Papa é o seu líder supremo.

Para a Igreja Ortodoxa, que procura cumprir escrupulosamente a Tradição, Roma até ao século XI era apenas o primeiro dos Patriarcados tradicionais e o seu Bispo era o Patriarca do Ocidente, “primeiro entre os iguais” – o que não lhe dava direito a qualquer função de chefia da “IGREJA UNIVERSAL” (outra ideia estranha à tradição): o único Chefe da Igreja é Cristo, e não o Papa de Roma ou o Patriarca de Constantinopla…

Outras diferenças consistem na questão do casamento dos Presbíteros e Diáconos, na maneira como os Cristãos são ensinados a benzer-se ou a rezar, ou na administração dos próprios Sacramentos – por exemplo, o Baptismo romano é feito por aspersão da água, enquanto o Baptismo ortodoxo é feito por Tripla imersão completa do corpo na água; a Eucaristia na Igreja Ortodoxa é ministrada, desde sempre, segundo as duas espécies, pão e vinho, etc…

Também os textos das orações diferem no Ocidente e no Oriente – isso acontece, por exemplo, com o Pai Nosso, a Ave Maria e, principalmente com o Credo de Niceia – Constantinopla.

Aliás, no caso do Credo, a Igreja romana introduziu no texto original um elemento, o “Filioque”, que deu origem ao seu próprio cisma – ao contrário do que alguns historiadores afirmam, o cisma é realmente “do Ocidente”, visto que foi a Igreja Romana quem se separou da comunhão de Fé das Igrejas Irmãs Ortodoxas.

Até mesmo em relação à música sacra diferem as duas espiritualidades: enquanto na Igreja Ortodoxa continua a ser utilizada apenas a voz humana no louvor a Deus (tal como manda a Tradição), na Igreja romana, depois de se ter abandonado o canto gregoriano, foi adoptada toda a espécie de instrumentos musicais, cedendo às modas de cada época.

Além do Credo, outras diferenças dogmáticas existem que separam a Igreja Romana da grande fonte da Tradição – é o caso, por exemplo, da “Imaculada Conceição” de Maria, ou do “Purgatório”, ambos conceitos e “dogmas” estranhos à Tradição da Igreja, inventados pura e simplesmente pelos teólogos de Roma; ou da falsa oposição entre Graça e Liberdade; ou a própria concepção do pecado original – Roma acredita e ensina que o pecado de Adão e Eva é “hereditário”, é um pecado de “natureza”, enquanto para a Igreja UNA o pecado é sempre um acto pessoal, de pessoa livre e responsável: nós não herdámos”naturalmente” o pecado dos nossos primeiros Pais; seremos culpados como eles se pecarmos como eles pecaram.

A Tradição Patrística define a herança da Queda como a da mortalidade e não a do pecado: por isso também o sentido do Baptismo que se administra aos recém-nascidos; não se lhes administra o Sacramento da Penitencia (ou perdão dos pecados), que não existem ainda, mas o de lhes dar uma vida nova e imortal que seus Pais, mortais, não lhes puderam transmitir.

   
 

Em que a Igreja Ortodoxa acredita?

A Igreja Ortodoxa é uma igreja cristã, considerada, com uma doutrina semelhante à da Igreja Católica, mas que possui uma doutrina mais reta, mais rígida. A ortodoxia é a corrente doutrinal que declara que representa a visão correta, fundada em princípios sistemáticos (metafísicos) e científicos.

Como a Igreja Ortodoxa se reconhece diante de Deus?

A Igreja Ortodoxa é uma das principais Igrejas cristãs. Ela se reconhece como a verdadeira Igreja instituída por Jesus Cristo, e a seus líderes, como sucessores dos apóstolos.

Qual a diferença entre cristãos e ortodoxos?

A Igreja Católica Romana acredita na primazia de um dos bispos, o Bispo de Roma, que é o papa e este é a autoridade máxima nessa igreja. Por sua vez, os ortodoxos não creem na supremacia de nenhum bispo, sendo todos eles iguais.

O que a Igreja Católica diz sobre a Igreja Ortodoxa?

A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa foi fruto de um desmembramento da Igreja Católica Apostólica Romana surgida após o Cisma do Oriente em 1054. Trata-se da segunda maior comunidade cristã, reunindo cerca de 250 milhões de fiéis em todo mundo, especialmente no Oriente.