Por que a influência das línguas africanas no português do Brasil ficou mais restrita ao campo da oralidade?

A influência das línguas africanas no português do Brasil

por Julia T. Yoshino; Luciana Soga; Marília Reis; Raquel Nakasche"IntroduçãoA língua de um povo é o reflexo dele mesmo, mas vertido em sons e palavras. Através dela nos expressamos e manifestamos nossa própria existência. E a nossa língua portuguesa é resultado de muitas e diversas existências, dentre elas, a do negro africano. Ainda que uma existência difícil – esta que veio carregada pelos braços hostis da escravidão –, é rica e forte, poderosa de incutir na cultura do colonizador, dar-se com ela e sintetizar o que hoje conhecemos como genuinamente brasileiro.Tão corriqueiro, mas um verdadeiro pilar da nossa identidade, a língua e seus contornos nos passam despercebidos e sua importância pode equivocadamente parecer pouca. Merecem então um olhar mais atento as raízes da nossa língua. Detivemo-nos às africanas, partindo da sua origem até suas aplicações, ressaltando palavras que delas herdamos e observando as peculiaridades de sua construção. Tanta riqueza não deve manter-se escondida, é preciso tê-la sabida e passá-la o prestígio que merece.MetodologiaEste trabalho tem como eixo principal a pesquisa da influência das línguas africanas no português do Brasil. Para uma coleta de dados mais completa e diversificada, pesquisamos diferentes livros de diversos autores além do dossiê fornecido pela docente.Objetivos ♦ GeraisNeste trabalho pretendemos fazer uma pesquisa lingüística que demonstre e esclareça a raiz africana da Língua Portuguesa do Brasil♦ Específicos- Situar o contexto histórico do africano no Brasil;- Identificar o histórico do recurso dos empréstimos das línguas africanas no Brasil;- Identificar as origens africanas específicas;- Localizar as interferências no vocábulo, morfologia, sintaxe e pronúncia ocorridas na Língua Portuguesa do Brasil devido à influência africana;- Listar parte das palavras de origem africana encontradasDesenvolvimentoContexto HistóricoA vinda do negro para o Brasil está diretamente relacionada com a questão da mão-de-obra empregada pelos portugueses na colônia. Para tirar o máximo de lucro e contornar sua escassez populacional, a Coroa portuguesa precisou recorrer ao trabalho escravo. Diante da falta de mão-de-obra para a exploração econômica de um território imenso como o Brasil, a primeira saída encontrada pelos colonizadores foi a escravização dos indígenas. Mas esse modelo teve curta duração. A partir de 1550, a mão-de-obra indígena foi substituída pela do negro africano. Economicamente mais interessante, o negro permitia lucros muito maiores aos portugueses, que ganhavam com tráfico de escravos da África. No século XV, os portugueses também conquistaram a costa africana. Com o apoio de alguns chefes tribais, deram início à captura de homens e mulheres para o trabalho escravo. Esse comércio era feito na forma de escambo – pessoas em troca de armas, pólvora, tecidos, espelhos, aguardente e fumo. A boa experiência com o trabalho africano na produção de açúcar em São Tomé e na Ilha da Madeira, outros domínios portugueses, fez com que se tornasse ainda mais interessante essa opção. As longas viagens, a mistura de tribos e o temor de constantes maus-tratos contribuíram para subjugar os negros ao trabalho forçado. Ao longo dos séculos XVI ao XIX foram trazidos cerca de quatro a cinco milhões de africanos.Histórico do recurso aos empréstimos de línguas africanas no português do BrasilDurante o estabelecimento da população africana no Brasil, foram constituídas duas “línguas gerais” dos negros: o nagô ou iorubá na Bahia e o quimbundo nas outras regiões. O quimbundo foi muito mais empregado, por maior número de indivíduos, numa área geográfica maior, e por isso, tem um vocabulário mais expressivo.Uma característica em comum entre as duas línguas é a falta de flexão. Na língua quimbundo, a concordância é feita por meio de prefixos especiais repetidos junto ao termo subordinado.Os escravos africanos utilizavam o português como segunda língua, portanto imprimiam nela antigos hábitos lingüísticos, executando-a com sotaque peculiar e deformador, e simplificando sua morfologia até reduzir-lhe a reflexões.Dada a permanência do negro e sua intromissão profunda na família e na sociedade brasileira, os afro-descendentes constituíram força de resistência à ação niveladora das ondas lingüísticas do português, nas camadas populares, explicando-se assim a redução de flexões que se nota no linguajar de pessoas mais simples.Origem dos empréstimos ♦ O Banto no BrasilNo Brasil, o povo banto ficou conhecido por denominações muito amplas, principalmente congos e angolas, sendo que nos países do Congo e da Angola existem inúmeras etnias e línguas, o que dificulta para a precisão de suas origens.Entre os bantos, destacaram-se pela superioridade numérica, duração e continuidade no tempo de contato direto com o colonizador português, três povos litorâneos: os bacongo, os ambundo e os ovimbundo. (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); BACONGO, falantes de quicongo, língua que engloba vários falares regionais de territórios correspondentes a “grosso modo” com os limites do antigo Reino do Congo. Desse local, foram levados para Lisboa os primeiros negros bantos escravizados.AMBUNDO, falantes de quimbundo, concentrados na região central da Angola.Para essa região o tráfico se voltou, no século XVII, após a decadência do Reino do Congo, e Luanda foi tão importante para o Brasil nesse processo, que é invocada, em versos, por diferentes manifestações do folclore brasileiro.OVIMBUNDO, falantes de umbundo, localizados nas províncias de Bié, Huambo e Benguela, ao sul da Angola. A presença ovimbundo no Brasil exerceu mais importância nos estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.♦ Línguas e povos oeste-africanos na BrasilA África Ocidental se caracteriza por um grande número de línguas tipologicamente muito diferenciadas e faladas em uma região geográfica menor, porém mais densamente povoada do que aquela onde o tráfico se estabeleceu no domínio banto. Seus territórios compreendem os seguintes países: Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiná-Conacri, Serra Leoa, Libéria, Burquina-Fasso, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim e Nigéria.Dentre os povos trazidos dessa região, destacam-se, pela superioridade numérica em relação aos demais oeste-africanos, os da família lingüística kwa. As línguas que se mostraram mais significativas no Brasil foram as do grupo ewe-fon, principalmente a iorubá.Iorubá é uma língua constituída de vários falares regionais, pouco diferenciados. Chamados de “ànàgó” pelos seus vizinhos, termo por que ficaram genericamente conhecidos no Brasil como nagô. Em 1830, foram trazidos em grandes contingentes para a Bahia, já na última fase do tráfico, e empregados em sua maioria, em trabalhos urbanos e domésticos na cidade de Salvador.

atividade principal/século de introdução maciça

XVI

XVII

XVIII

XIX

agricultura

B

B/J

B/J/N

B/J/N

mineração

B/J/N

serv. públicos

B/J/N/H

Show

Como se determinou a influência de línguas africanas no português do Brasil?

A influência africana no português do Brasil veio principalmente do iorubá, falado pelos negros vindos da Nigéria, que contribuiu com vocabulário ligado à religião e à cozinha afro-brasileira e, o quimbundo angolano, de onde vieram palavras como caçula, moleque e samba.

Por que as línguas africanas fazem parte da herança do português brasileiro?

A influência das línguas africanas na língua portuguesa possui motivos históricos, e tem a sua origem na época da escravidão, quando milhões de escravos africanos foram trazidos ao Brasil, e com eles trouxeram uma imensa riqueza cultural e uma influência na nossa maneira de falar que permanece conosco até os dias de ...

Como as línguas Bantas influenciaram o português no Brasil?

A contribuição lexical dessas línguas ao português brasileiro é notável: utilizamos diariamente uma grande quantidade de palavras de origem banta sem nos darmos conta disso. Além das línguas da família banta, os escravos também trouxeram para o Brasil línguas do grupo oeste-africano, entre as quais o iorubá.

Quais as influências africanas na culinária e na língua portuguesa?

Hoje, encontramos palavras de origem africana em meio a divindades (Ogum, Iemanjá), práticas religiosas (Umbanda e Candomblé), comidas (vatapá, acarajé, farofa, quindim, jiló, quiabo), nomes de lugares (Caxambu, Bangu, Muzambinho), instrumentos musicais (macumba, berimbau), animais (Camundongo, marimbondo), entre ...