Quais as principais relações entre a África e à América portuguesa?

O continente africano e o asiático foram os últimos a serem colonizados pelos europeus. Nas Américas, o processo de colonização teve início ainda no século XVI. Três séculos mais tarde o continente americano já havia sido descolonizado e a Primeira Revolução Industrial se encontrava em plena expansão. Diante disso, os europeus buscaram novas fontes de recursos para abastecer as suas indústrias.

No século XIX, as nações europeias, como Inglaterra, França, Bélgica, Holanda e Alemanha, começaram a explorar de maneira efetiva o continente africano e o asiático. A Revolução Industrial motivou esses países a explorar matérias-primas, especialmente minérios, dentre os quais podemos destacar o ferro, cobre, chumbo, além de produtos de origem agrícola, como algodão e borracha; todos fundamentais para a produção industrial.

As nações americanas que foram descolonizadas se tornaram um mercado promissor para os produtos industrializados europeus, tendo em vista que a procura na Europa por tais mercadorias estava em queda.

As potências europeias, para garantir matéria-prima, ocuparam os territórios contidos no continente africano. Logo depois, promoveram a partilha do continente entre os principais países europeus da época, dando direito de explorar a parte que coube a cada nação.

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A divisão do continente africano foi consolidada através de um acordo realizado em 1885. Esse evento contou com a participação da Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha. Esse acordo foi executado na Conferência de Berlim.

Porém, o processo de exploração da África aconteceu antes mesmo de haver a partilha do território, isso porque diversos países enviaram delegações de cientistas para o continente. Segundo eles, os cientistas tinham o propósito de realizar pesquisas de caráter científico, mas na verdade esses coletavam dados acerca do potencial mineral, ou seja, as riquezas do subsolo.

Anos depois, grande parte do território africano estava colonizada. Os europeus introduziram culturas que não faziam parte da dieta do povo nativo. Os colonizadores rapidamente promoveram as plantations, com destaque para a produção de café, chá, cana-de-açúcar e cacau.

Outra atividade desenvolvida foi o extrativismo mineral, com destaque para a extração de ouro, ferro, chumbo, diamante, entre outros. Assim, os europeus conseguiram garantir por um bom tempo o fornecimento de matéria-prima para abastecer as indústrias existentes nos países europeus industrializados.

Graduada em História (Udesc, 2010)
Mestre em História (Udesc, 2013)
Doutora em História (USP, 2018)

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A colonização portuguesa na África está relacionada às suas primeiras incursões no século XV durante as grandes navegações, conhecido como o antigo sistema colonial e depois com o imperialismo do século XIX até a metade do século XX.

Cabo Verde, Canárias, Madeira e São Tomé e Príncipe

O primeiro lugar que os portugueses chegam no continente africano foi em Ceuta, no Norte, em 1415. Em princípio estabeleceram comércio com os povos da região. Os interesses portugueses nesse momento eram principalmente encontrar uma nova rota para as Índias e produtos rentáveis para o mercado europeu. Em 1460 os portugueses ocuparam as ilhas de Cabo Verde, que posteriormente foi dividida em duas capitanias entre portugueses, genoveses e castelhanos e até meados do século XVII foi um entreposto comercial com o intuito de comercializar escravos. Os portugueses chegam na ilha de São Tomé em 1470, que logo tornou-se um entreposto comercial para estabelecer relações com o Reino do Congo. Somente o terceiro donatário fundou uma colônia, que contava com degradados, voluntários e crianças judias que foram deportadas da Espanha e separadas de suas famílias, após 1492 com a expulsão dos mouros da Espanha. Em 1502 chegaram a ilha de Príncipe tendo como donatário Antonio Carneiro. Para as ilhas de São Tomé e Príncipe foram levadas técnicas agrícolas, gados e plantas que já haviam dado certo nas ilhas Canárias, ilha da Madeira e no Arquipélago de Cabo Verde, também levaram a cana-de-açúcar e o sistema de capitanias hereditárias. Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, tornam-se territórios portugueses até a sua independência no século XX.

Angola

Em 1482, os portugueses capitaneados por Diogo Cão, aportaram em Angola com a intenção de buscar metais preciosos e escravos, também buscavam um caminho para as Índias. Em 1492 os portugueses - a partir de Angola - fizeram contratos com o Rei do Congo, Nzinga a Nkuvu, que viu nos portugueses uma grande chance de estabelecer novos comércios, e tratou logo de se converter ao catolicismo, pensando politicamente, para agradar aqueles que chegavam, tornando-se João I do Congo.

Moçambique

Os portugueses chegaram a Moçambique durante a primeira viagem de Vasco da Gama para a Índia, entre 1497 e 1499, as várias cidades daquela região eram dominadas por mercadores árabes de Omã, que trocavam ouro e ferro por algodão. Somente em 1505 os portugueses fundaram uma feitoria em Sofala, para extrair o ouro da região.

Durante o século XIX, Portugal passa por algumas crises e decide voltar-se ao continente africano. Algumas conjunturas foram necessárias para esse interesse. Dois eventos dão início a uma contração comercial em Portugal: em 1825 com o reconhecimento da independência do Brasil e 1850 com o tráfico de escravos tornando-se ilegal. Esses eventos fizeram o Estado português perder muitas relações mercantis com o oriente. Ao longo do século XX, os portugueses vão perdendo cada vez mais espaços para os outros países europeus. Em 1890 a Inglaterra retira o projeto do “mapa cor-de-rosa” que daria a Portugal uma extensão, quase do tamanho do Brasil, no continente Africano, juntando os dois oceanos.

A Conferência de Berlim “formalizou” a conquista de Portugal em várias regiões africanas: Angola, Moçambique e Guiné Bissau. Entre 1891 e 1914 os portugueses fizeram várias campanhas a fim de “domesticar” e “pacificar” os territórios ocupados. Em 1911 Portugal cria o Ministério das Colônias, dando aos territórios uma instituição responsável pela sua administração.

Ao longo do século XX os portugueses exploraram esses territórios com violência e etnocentrismo, em contrapartida, vários grupos desses países se organizaram em movimentos pró direitos civis dos grupos africanos e pela independência. Após pressões internas (dentro dos países africanos e em Portugal) e externas (outras nações), Portugal reconhece a independência das ex-colônias entre 1974-1975.

Referência:

HERNANDEZ, Leila M. G. A África na sala de aula: visita à história contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/colonizacao-portuguesa-na-africa/

Qual a relação entre a África e América?

Ainda que distantes fisicamente, a história de ocupação do continente americano pelos europeus passa pela exploração de pessoas escravizadas e de origem africana, que resultou na miscigenação e contribuiu para formação populacional e cultural da América.

Qual o principal interesse dos portugueses na África?

Em princípio estabeleceram comércio com os povos da região. Os interesses portugueses nesse momento eram principalmente encontrar uma nova rota para as Índias e produtos rentáveis para o mercado europeu.

Qual a característica marcante do continente africano no período colonial da América portuguesa?

Os africanos têm uma forte ligação com os brasileiros, pois no período colonial os escravos vieram ao Brasil para trabalhar na produção do açúcar e mais tarde no café, contribuindo assim para a consolidação da cultura no Brasil.

Quais são as principais semelhanças da América e da África?

África e América Com relação às características físicas dos continentes, ambos possuem terras nos dois hemisférios e possuem uma grande diversidade de climas. Alguns climas e formações vegetais que estão presentes nos dois continentes são: os desertos, áreas de savana e florestas equatoriais.