Quais são as etapas de ensino que o professor de educação física (licenciado) pode atuar?

Quais são as etapas de ensino que o professor de educação física (licenciado) pode atuar?
Quais são as etapas de ensino que o professor de educação física (licenciado) pode atuar?

O Est�gio Curricular Supervisionado e a forma��o

do futuro professor de Educa��o F�sica

Quais são as etapas de ensino que o professor de educação física (licenciado) pode atuar?

 

*Licenciada em Educa��o F�sica � UFSM

Especialista em Educa��o F�sica Escolar- UFSM

Mestranda em Educa��o - UFPel

**Doutor em Educa��o e em Ci�ncia do Movimento � UFSM/UNICAMP

Professor Adjunto - UFSM

Andressa Aita Ivo*

Hugo Norberto Krug**

(Brasil)

 

Resumo

          A disciplina de Est�gio Curricular Supervisionado nos cursos de Licenciatura proporciona aos acad�micos o acesso � escola atuando como professores, al�m destes poderem vivenciar o cotidiano escolar. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo analisar as contribui��es do Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino M�dio para a realiza��o do Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino Fundamental. A abordagem de pesquisa utilizada foi a qualitativa, com as informa��es coletadas atrav�s de question�rio e entrevista semi-estruturada, seguida de an�lise de conte�do. Os participantes do estudo foram vinte (20) acad�micos do 6� semestre do primeiro semestre letivo de 2008 da Nova Licenciatura em Educa��o F�sica da Universidade Federal de Santa Maria, integrantes da disciplina de Est�gio Curricular Supervisionado II � S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental. Assim, constatou-se que as mudan�as ocorridas no Est�gio Curricular Supervisionado visam uma melhora na forma��o inicial dos futuros professores de Educa��o F�sica, apesar de os acad�micos ainda n�o conseguirem estabelecer muitas rela��es entre os dois n�veis de est�gio, percebe-se um amadurecimento na pr�tica pedag�gica dos mesmos. Entretanto ainda muitas reflex�es devem ser realizadas sobre como tal momento est� acontecendo, portanto este estudo em momento algum buscou esgotar tal tem�tica, nem mesmo fechar as quest�es ou propor respostas certas e definitivas, mas estimular novas perguntas, novas pr�ticas, novas leituras, novas rela��es e novas possibilidades.

          Unitermos

: Educa��o F�sica. Educa��o F�sica Escolar. Pr�tica pedag�gica. Forma��o de professores. Forma��o inicial. Est�gio Curricular Supervisionado.

Abstract

          The subject Supervised Curricular Traineeship in Licensing Academic courses provides the undergraduates with access to schools acting as teachers, besides giving them the opportunity to experience the everyday school. In this way, this study had as its objective to analyse the contributions of the Supervised Curricular Traineeship in High Schools in order to apply Supervised Curricular Traineeship in Elementary and Middle Schools. The researching method used was the qualitative one, with information collected through semi-structured interview, followed by subject analysis. The participants of the study were the 12 undergraduates from 6th semester of the New Licensing in Physical Education at the Federal University of Santa Maria, belonging them to the subject of Supervised Curricular Traineeship II. Therefore, it was verified that changes happened in the Supervised Curricular Traineeship aim at improving the initial development of the future P.E. teachers. Even though the undergraduates still cannot establish many relations between the two levels of traineeship, it is possible to see an improvement in their pedagogical practice. Many reflections, however, need to be made about how such moment is happening, then this study never attempted to exhaust this thematic, nor close the questions or propose right and definitive answers, but to stimulate new questions, new practices, new readings, new relations and new possibilities.

          Keywords:

Physical Education. School Physical Education. Pedagogical practice. Teachers� development. Initial development. Supervised Curricular Traineeship.  
Quais são as etapas de ensino que o professor de educação física (licenciado) pode atuar?
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 13 - N� 127 - Diciembre de 2008

Quais são as etapas de ensino que o professor de educação física (licenciado) pode atuar?

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Contextualiza��o da investiga��o

    A pr�tica pedag�gica do professor de Educa��o F�sica tem proporcionado inquieta��es, que resultam em in�meras investiga��es e estudos que procuram esclarecer como o professor constr�i a sua pr�tica desde sua forma��o inicial, sua atua��o docente e sua forma��o continuada.

    Dentre as disciplinas que constam do curr�culo da nova Licenciatura em Educa��o F�sica do Centro de Educa��o F�sica e Desportos (CEFD), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), destaca-se o Est�gio Curricular Supervisionado (neste estudo as palavras Est�gio Curricular Supervisionado e Pr�tica de Ensino ser�o utilizadas como sin�nimos, visto que estas se diferem apenas como nomenclaturas curriculares) por sua relev�ncia na forma��o do futuro professor, visto que esta propicia ao acad�mico a imers�o e atua��o com a realidade escolar.

    O curr�culo da nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM (CEFD/UFSM Resolu��es CNE/CP 01 e 02/2002 � Vers�o 2005) proporciona o Est�gio Curricular Supervisionado I, II e III no 5�, 6� e 7� semestres, realizados respectivamente no Ensino M�dio, S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental e S�ries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental, com uma carga hor�ria de 120 horas destinadas a cada est�gio. Dentre as mudan�as curriculares, entre a Licenciatura Plena (Vers�o 1990) e a Licenciatura (Vers�o 2005), esta � apenas uma delas. Ressaltamos que n�o consideramos a mais ou menos importante mudan�a, mas a que nos motivou a realiza��o deste estudo, pois na Vers�o 1990, o Est�gio, ou melhor, a Pr�tica de Ensino era ofertada, somente, no 7� semestre, com carga hor�ria de 60 horas, caracterizando assim, como o modelo 3+1 (tr�s anos de teoria mais um ano de pr�tica) na forma��o de professores.

    Neste contexto de forma��o profissional, entendemos que o professor de Educa��o F�sica � tamb�m um educador, e desta forma sua pr�tica pedag�gica se constr�i de forma cont�nua e deve estar relacionada com a realidade escolar. Assim, o Est�gio Curricular Supervisionado � um dos momentos durante a gradua��o que oportuniza tal experi�ncia aos futuros educadores.

    Ao escolhermos o Est�gio Curricular Supervisionado II � S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental, o qual � desenvolvido no 6� semestre, pretendemos perceber a sua import�ncia e como o mesmo ocorre na forma��o inicial da nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM.

    Consideramos que estudar o que e quem envolve esta disciplina � tarefa daqueles que se preocupam com uma forma��o de qualidade para os futuros docentes.

    Neste sentido, � necess�rio estudar as facilidades e dificuldades de desenvolvimento do Est�gio Curricular Supervisionado, pois para uma melhora na qualidade de ensino � preciso ocorrer um confronto entre a realidade desejada e a que temos, al�m de enfrentar as situa��es problem�ticas e a resolu��o destas.

    Sendo assim surgiu a quest�o problem�tica norteadora deste estudo: Qual � a contribui��o do Est�gio Curricular Supervisionado na forma��o do acad�mico da Nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM?

    A partir deste, estruturou-se o objetivo geral do estudo como sendo: analisar as contribui��es do Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino M�dio realizado pelos acad�micos do CEFD da UFSM para o desenvolvimento do Est�gio Curricular Supervisionado nas S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental.

    Do objetivo geral elaboramos alguns objetivos espec�ficos para que se compreendesse melhor o intuito deste estudo: a) identificar as contribui��es do Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino M�dio para o planejamento das aulas desenvolvidas no Est�gio Curricular Supervisionado nas S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental; b) identificar as contribui��es do Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino M�dio para a solu��o dos problemas das aulas desenvolvidas no Est�gio Curricular Supervisionado nas S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental.

    A argumenta��o sobre a import�ncia do desenvolvimento deste estudo justificou-se pela necessidade de se realizar uma investiga��o sobre a forma��o dos futuros professores de Educa��o F�sica, analisando a relev�ncia do Est�gio Curricular Supervisionado desenvolvido durante a gradua��o.

    Assim, pretendemos com este estudo contribuir para a forma��o inicial de professores de Educa��o F�sica, pois a pr�tica pedag�gica destes, muitas vezes, � o reflexo de sua forma��o. Portanto, � necess�rio que cada vez mais se investigue sobre como os futuros educadores v�m se constituindo e percebendo professores para ap�s a conclus�o do curso se inserirem na realidade escolar.

Referencial te�rico

O professor e sua pr�tica pedag�gica

    Os processos educativos s�o muito complexos, e n�o se definem por uma �nica vari�vel, pois o �mbito educacional se faz repleto de condicionantes. Neste sentido, a pr�tica pedag�gica se configura na intera��o de todos os elementos que nela interv�m (ZABALA, 1998).

    No processo educacional, o professor � aquele que faz a media��o das rela��es educativas, e, desta forma, pode transformar a realidade escolar e/ou social. Nesta perspectiva, Freire (2007) destaca que ensinar n�o � transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produ��o ou a sua constru��o, e nas condi��es de verdadeira aprendizagem os educandos v�o se transformando em reais sujeitos da constru��o e da reconstru��o do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo.

    A pr�tica pedag�gica do professor passa, portanto a ser constru�da e reconstru�da concomitantemente com as necessidades que se fazem presentes nos processos de ensino-aprendizagem, pois, como relata Zabala (1998), educar quer dizer formar cidad�os e cidad�s, que n�o est�o parcelados em compartimentos estanques, em capacidades isoladas.

    O aluno, nesta vis�o de Educa��o, � integrante do processo de ensino, o que possibilita a forma��o integral do mesmo, de maneira que este deixa de ser um espectador na sala de aula e passa a modificar e transformar o conhecimento que lhe � transmitido pelo professor, ocorrendo assim uma troca m�tua de informa��es entre professor e aluno.

    Assim, a pr�tica pedag�gica do professor necessita estar sempre em cont�nua transforma��o, e este deve entender que antes de professor � um educador, e portanto, a pr�tica pedag�gica n�o se d� apenas no curso de gradua��o, mas como afirma Carreiro da Costa (1994), � um continuum que come�a antes da forma��o inicial e se prolonga por toda a vida.

Est�gio Curricular Supervisionado

    A forma��o profissional de professores � o objetivo dos cursos superiores de licenciatura. Para tal, estes necessitam proporcionar aos acad�micos, experi�ncias profissionais que os coloquem em contato com a realidade na qual futuramente estar�o inseridos. Na maioria das vezes, este momento caracteriza-se como sendo a oportunidade do acad�mico colocar em pr�tica o conhecimento te�rico recebido at� ent�o pelas disciplinas ditas te�ricas.

    A disciplina de Est�gio Curricular Supervisionado � o momento em que o acad�mico confronta-se com a escola, e com sua futura profiss�o, ser professor. Agora este passa de aluno, que at� ent�o � o que fora para a posi��o de professor, devendo, portanto assumir uma nova postura no processo de ensino.

    Na Nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM, o Est�gio Curricular Supervisionado ocorre no 5o, 6o e 7o semestres, respectivamente no Ensino M�dio (I), S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental (II) e S�ries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental (III). Cada Est�gio (I-II-III) possui carga hor�ria de 120 horas, sendo dividido em encontros com o professor respons�vel pela disciplina (orienta��o) e as aulas ministradas na escola pelos acad�micos (doc�ncia).

    Nos cursos de licenciatura em Educa��o F�sica, a disciplina de Est�gio Curricular Supervisionado, proporciona aos acad�micos o acesso � escola, possibilitando que estes vivenciem o papel de professores. Visto que, estes ser�o respons�veis por uma turma, desenvolvendo os conte�dos que ser�o trabalhados durante as aulas. Para isso, dever�o ter autonomia para gerir as aulas, adotando concep��es de ensino, metodologias e t�cnicas did�ticas que guiem o processo de ensino e aprendizagem.

    Neste caso, segundo Teixeira (apud KRUG, 2001), o Est�gio Curricular Supervisionado/Pr�tica de Ensino � uma disciplina integradora de conhecimentos por que re�ne �o que ensinar�, �como ensinar�, e, �porque ensinar�, estabelecendo uma rela��o quanto � finalidade, conte�do e formas do ensino envolvendo desta forma uma vincula��o �s outras ci�ncias que servir�o de base, como por exemplo, a Psicologia da Educa��o, Filosofia da Educa��o, Sociologia da Educa��o, Hist�ria da Educa��o e as Metodologias Espec�ficas de cada uma das disciplinas que o futuro professor ir� atuar.

    Segundo Pimenta; Lima (2004), o Est�gio Curricular Supervisionado/Pr�tica de Ensino passa a ser um retrato vivo da pr�tica docente e o professor-aluno ter� muito a dizer, a ensinar, a expressar sua realidade e a de seus colegas de profiss�o, de seus alunos, que nesse mesmo tempo hist�rico vivenciam os mesmos desafios e as mesmas crises na escola e na realidade.

    � neste momento, que surgem as mais variadas inquietudes na pr�tica pedag�gica do acad�mico, pois aqui ocorre o confronto direto entre a teoria e a pr�tica. Segundo Krug (2001, p.41), �� importante o professor �refletir na� e �sobre a sua a��o�, porque desta forma estar� supervalorizando o �saber�, o �fazer� e o �porqu� fazer�, que s�o fontes do processo de produ��o de conhecimento�.

O Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino M�dio

    Na Nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM, o Est�gio Curricular Supervisionado I � Ensino M�dio � realizado durante o 5� semestre.

    Segundo Krug; Kr�ger (2007) a disciplina de Educa��o F�sica no Ensino M�dio nas escolas com Est�gio Curricular Supervisionado do CEFD/UFSM caracteriza-se pela presen�a de duas formas de estrutura��o organizacional diferentes, podendo assim, ser realizada no formato de clubes, ou no formato de disciplina curricular. Os clubes s�o divididos de acordo com as categorias esportivas, podendo o aluno optar pelo esporte de sua prefer�ncia, al�m de serem separados por g�nero.

    Quando as aulas de Educa��o F�sica ocorrem no formato de disciplina curricular, a proposta de ensino � estipulada pelo professor da mesma, como: separa��o de g�neros ou turmas mistas, os conte�dos, a metodologia, enfim todo o desencadeamento das aulas.

    Conforme os Par�metros Curriculares Nacionais (PCNs), os alunos das aulas de Educa��o F�sica no Ensino M�dio n�o s�o apenas jovens, eles agregam sua faixa et�ria a um conjunto de marcas simb�licas que s�o extremamente importantes para a sua constitui��o (BRASIL, 2000).

    Assim, as aulas de Educa��o F�sica n�o acontecem em um local abstrato, elas acontecem e s�o realizadas por sujeitos concretos, reais, possuidores de hist�rias de vida e, sobretudo, de um corpo. � nessa vida real e concreta de alunos e alunas que est�o �s marcas que constituem suas identidades pessoais e coletivas.

O Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino Fundamental

    Na Nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM, o Est�gio Curricular Supervisionado II � S�ries/Anos do Ensino Fundamental � realizado durante o 6� semestre.

    A disciplina de Educa��o F�sica no Ensino Fundamental � ofertada de 5a a 8a s�ries, com turmas mistas, ou seja, meninos e meninas juntos, ou ainda turmas separadas por g�nero.

    De acordo com os Par�metros Curriculares Nacionais (PCNs), ressaltam-se alguns dos objetivos do ensino fundamental, tais como: promover uma educa��o de modo que os alunos sejam capazes de compreender a cidadania como participa��o social e pol�tica, posicionando-se de maneira cr�tica e respons�vel nas diferentes situa��es sociais, al�m de conhecer as caracter�sticas fundamentais do Brasil nas dimens�es sociais, materiais e culturais, e assim conhecer e valorizar a pluralidade do patrim�nio s�cio-cultural. Ainda, � necess�rio que o aluno conhe�a seu pr�prio corpo e dele cuide, adotando h�bitos saud�veis, que favore�am sua qualidade de vida (BRASIL, 2000).

    Desta forma os PCNs, esclarecem que o trabalho de Educa��o F�sica nas S�ries Finais do Ensino Fundamental � muito importante na medida em que possibilita aos alunos uma amplia��o da vis�o sobre a cultura corporal de movimento, e, assim, viabiliza a autonomia para o desenvolvimento de uma pr�tica pessoal e a capacidade para interferir na comunidade, seja na manuten��o ou na constru��o de espa�os de participa��o em atividades culturais, como jogos, esportes, lutas gin�sticas e dan�as, com finalidades de lazer, express�o de sentimentos, afetos e emo��es. Ressignificar esses elementos da cultura e constru�-los coletivamente � uma proposta de participa��o constante e respons�vel na sociedade (BRASIL, 2000).

Caminhos metodol�gicos

    Este estudo caracteriza-se como sendo qualitativo, o qual surge como alternativa metodol�gica para estudos voltados a Educa��o, tendo em vista que at� ent�o a concep��o quantitativa nas ci�ncias humanas predominava. Segundo Trivi�os (1987), a pesquisa qualitativa n�o estabelece separa��es r�gidas entre a coleta de informa��es e as interpreta��es das mesmas, o estudo desenvolve-se como um todo, pois todas as partes est�o relacionadas.

    Os participantes do estudo foram os acad�micos do 6� semestre do primeiro semestre letivo de 2008 da nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM, que realizaram o Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino M�dio (I) e ap�s realizaram o Est�gio Curricular Supervisionado nas S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental (II). Foram entrevistados doze (12) acad�micos, sendo seis (6) do sexo feminino e seis (6) do sexo masculino.

    Todos acad�micos participaram de maneira volunt�ria na realiza��o do estudo, e para manter o anonimato destes, os mesmos foram identificados atrav�s de n�meros aleat�rios.

    Para a coleta de informa��es foram utilizados um question�rio com quest�es fechadas sobre o Est�gio Curricular Supervisionado e uma entrevista semi-estruturada. Segundo Trivi�os (1987) a entrevista semi-estruturada � um instrumento que parte de quest�es b�sicas que interessaram � pesquisa fornecendo amplo campo de interrogativas que v�o surgindo � medida que o entrevistado as responde.

    O question�rio foi respondido por 20 acad�micos e a partir deste foram selecionados os 12 participantes para a realiza��o das entrevistas. Para tal criaram-se alguns crit�rios, tais como: 

  1. n�mero de aulas ministradas, levando em considera��o a varia��o da quantidade de aulas ministradas pelo acad�mico, ou seja, acad�micos com poucas horas aula durante um est�gio e um maior n�mero de horas aulas no outro est�gio; 

  2. realiza��o do Est�gio Curricular Supervisionado no Ensino M�dio na forma de clubes e posteriormente no Est�gio Curricular Supervisionado nas S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental na forma curricular curriculares; e, 

  3. acad�micos de ambos os sexos na mesma quantidade.

    As informa��es sofreram uma an�lise de conte�do, atrav�s da retirada de indicadores das entrevistas, ap�s a transcri��o destas. Bardin (1977) ressalta que este tipo de an�lise pode ser aplicada a discursos extremamente diversificados.

    Para o autor a utiliza��o da an�lise de conte�do prev� tr�s etapas principais: 1�) a pr�-an�lise � etapa que trata do esquema de trabalho, envolve os primeiros contatos com os documentos de an�lise, a formula��o de objetivos, defini��o dos procedimentos a serem seguidos e a prepara��o formal do material; 2�) a explora��o do material � etapa que corresponde ao cumprimento das decis�es anteriormente tomadas, isto �, leitura de documentos, categoriza��o, entre outros; e, 3�) tratamento dos resultados � etapa onde os dados s�o lapidados, tornando-os significativos, sendo que esta etapa de interpreta��o deve ir al�m dos conte�dos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que est� por tr�s do imediatamente apreendido.

An�lise interpretativa

O Est�gio Curricular Supervisionado e suas contribui��es

    As entrevistas realizadas com os acad�micos constitu�ram-se de quest�es abertas, como: as influ�ncias do Est�gio Curricular Supervisionado realizado no Ensino M�dio na pr�tica pedag�gica dos mesmos, posteriormente no Ensino Fundamental e no planejamento de suas aulas. A partir, destas quest�es foram desmembrando-se as demais de acordo com as inquieta��es dos acad�micos.

    Desta forma, v�rias rela��es s�o estabelecidas entre os dois n�veis do Est�gio Curricular Supervisionado, promovendo uma s�rie de indaga��es acerca do mesmo.

Organiza��o das aulas de Educa��o F�sica

a.     Plano de ensino

    Todos acad�micos elaboram um plano de ensino durante os dois est�gios, entretanto este foi constru�do para poucas aulas, visto que a quantidade de aulas ministradas pelos mesmos no Est�gio variou de acad�mico para acad�mico, apresentando um m�nimo de tr�s (3) aulas e no m�ximo trinta (30) aulas. Neste sentido, a Acad�mica 8 relata em sua fala: �eu sempre planejo as aulas, eu fiz um planejamento no in�cio das aulas e depois fui adequando conforme as necessidades deles�.

    De acordo com Piletti (1995), v�rios s�o os motivos que embasam a import�ncia do planejamento, tais como: a) evita a rotina e o improviso; b) contribui para o alcance dos objetivos visados; c) promove a efici�ncia do ensino; d) garante maior seguran�a na gest�o da classe; e) economiza tempo e energia.

b.     Planos de aula

    Com rela��o ao plano de aula percebemos que todos acad�micos o possu�am durante os dois est�gios, por�m para alguns o plano de aula em muitos momentos n�o foi seguido, estando presente apenas teoricamente. O que pode ser notado na fala da Acad�mica 12: �(...) no Ensino Fundamental trabalhei os quatro esportes, dependia da quadra livre naquele dia e nem sempre a quadra que me avisaram que seria a minha era no dia da aula, portanto muitas vezes a aula que eu havia planejado eu n�o poderia trabalhar, ent�o eu adequava o planejamento de acordo com a quadra que estava livre naquele dia�.

    Para Turra et al. (1975) o plano de aula possibilita o professor a pensar reflexivamente e sistematizar o que vai ensinar e trabalhar com seus alunos, eliminando a improvisa��o t�o prejudicial � pr�tica pedag�gica.

c.     G�nero das aulas

    Quanto ao g�nero das aulas, percebemos algumas vari�veis influenciam no mesmo, como: a s�rie, a escola e o professor de Educa��o F�sica, pois � de acordo com o Projeto Pol�tico-Pedag�gico (PPP) e o pr�prio professor da escola que ocorre a estrutura��o das aulas de Educa��o F�sica. Sendo assim, durante o Est�gio Curricular Supervisionado (I) e (II), os alunos tiveram experi�ncias tanto com turmas mistas, como separadas por g�nero. Como se percebeu nas seguintes falas:

    �No Ensino M�dio eu trabalhei com clube de futsal e eu dava aula no futsal masculino para o 1�, 2� e 3� ano e treinava as equipes de infantil e juvenil masculino, participava de campeonatos, e no Ensino Fundamental, com a 5� s�rie meninos e meninas juntos�

(Acad�mica 4).

    �No Ensino M�dio eu trabalhei gin�stica apenas com o sexo feminino e no Fundamental eram turmas mistas�

(Acad�mica 8).

    A partir das falas dos acad�micos, percebemos que na sua maioria as aulas de Educa��o F�sica no Ensino M�dio, s�o separadas por g�nero, enquanto que no Ensino Fundamental as aulas s�o mistas. Fen�meno este que pode ser explicado, devido ao fato da modalidade de clubes nas aulas de Educa��o F�sica no Ensino M�dio se fazerem muito presentes nas grades curriculares escolares e tal modalidade n�o permite clubes mistos.

    De acordo com os Par�metros Curriculares Nacionais (PCNs), as aulas mistas de Educa��o F�sica podem dar oportunidade para que meninos e meninas convivam, observem-se, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes, a n�o discriminar e compreender as diferen�as. S�o, portanto, uma tentativa de colaborar para a constru��o de uma pedagogia e de uma escola que n�o produza e/ou reproduza �s desigualdades baseados no crit�rio sexual (BRASIL, 2000).

d.     Objetivo das aulas

    Conforme Piletti (1995), os objetivos s�o um dos componentes b�sicos do planejamento do ensino, e nesta perspectiva todos os acad�micos estabeleceram objetivos para suas aulas, de acordo com a s�rie. Vejamos os seguintes fragmentos das falas dos acad�micos:

    �(...) no Ensino M�dio o objetivo das aulas era trabalhar coordena��o motora, ritmo e resist�ncia, no Ensino Fundamental o objetivo era entender o jogo� (Acad�mico 1).

    �(...) no Ensino M�dio s� trabalhei futsal o objetivo da aula se limitava a t�cnica do esporte e eu tentava da uma melhorada nas quest�es de respeito entre os alunos, e no Ensino Fundamental eu tentava fazer intera��o entre os dois sexos, j� que as gurias n�o queriam trabalhar com os guris�

(Acad�mico 2).

    �(...) no Ensino M�dio o objetivo das aulas era direcionado para os campeonatos, j� no Fundamental eu tentava dar uma pincelada nos esportes, uma inicia��o, mas que na verdade n�o acontecia porque eles queriam jogar bola� (Acad�mico 4).

    De acordo com as respostas dos acad�micos notamos que estes v�em a Educa��o F�sica do Ensino M�dio relacionada com o ensino dos esportes, com uma preocupa��o t�cnica, enquanto que no Ensino Fundamental os acad�micos preocupam-se com a pr�tica de jogos. Ou ainda, necessitam dar continuidade ao que j� esta sendo trabalhado pelo pr�prio professor de Educa��o F�sica da turma, mantendo desta forma os objetivos j� previstos por este.

    Assim, notamos que os objetivos s�o essenciais ao processo de ensino-aprendizagem, como relata Lib�neo (1994), os objetivos s�o o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedag�gico.

e.     Escolha dos conte�dos

    A escolha dos conte�dos de ensinos que ser�o trabalhados, dentre os componentes curriculares constitui um elemento fundamental na educa��o. Neste sentido, Lib�neo (1994) entende que os conte�dos s�o organizados em mat�rias de ensino e dinamizados pela articula��o objetivos-conte�dos-m�todos e formas de organiza��o do ensino, nas condi��es reais em que ocorre o processo de ensino � meio social e escolar, alunos, fam�lia, etc.

    No Est�gio Curricular Supervisionado, os acad�micos desenvolvem os conte�dos de acordo com o que j� vem sendo trabalhado pelos professores de Educa��o F�sica da escola. Portanto, a escolha dos conte�dos n�o � realizada pelos acad�micos, estes d�o continuidade ao que est� sendo trabalhado. Algumas falas dos acad�micos caracterizam os conte�dos por estes trabalhados:

    �No Ensino M�dio era gin�stica localizada, no Fundamental como a professora s� desenvolvia atividades recreativas, eu achei melhor, com base no que eu j� havia estudado levar um pouco de cada esporte no sentido l�dico, os fundamentos mas com brincadeiras� (Acad�mico7).

    �No Ensino M�dio era gin�stica e no Fundamental eu trabalhei atletismo,e na sala de aula express�o corporal e jogos cooperativos, alguns fundamentos do futsal, e alguns jogos pr�-desportivos dos quatro esportes� (Acad�mico 9).

    �No Ensino M�dio com clube de futsal e no Ensino Fundamental eu segui o que a professor vinha trabalhando, eu trabalhei v�lei e handebol� (Acad�mico 3).

    �No Ensino Fundamental era magist�rio e a professora pediu pr� n�s ensinar atividades que elas iriam desenvolver com os alunos dos anos iniciais quando se formassem, e no Ensino M�dio a professora disse que era pr� mim trabalhar v�lei�

(Acad�mico 5).

    �No Ensino Fundamental futebol e vol�i e no Ensino M�dio v�lei� (Acad�mico 11).

    De acordo com as falas dos acad�micos, fica evidente a prefer�ncia dos professores pelos principais esportes (v�lei, futsal e handebol), e a presen�a da Gin�stica como conte�do para o Ensino M�dio. Entretanto, existem v�rios outros conte�dos que contemplam as aulas de Educa��o F�sica, como prop�e o Coletivo de Autores (1992) para que a Educa��o F�sica seja configurada com temas ou formas de atividades particularmente corporais, tais como: jogo, esporte, gin�stica, dan�a ou outras. Assim, o estudo desse conhecimento objetiva apreender a express�o corporal como linguagem.

f.     Metodologia de ensino

    A escolha adequada dos m�todos � uma etapa importante do planejamento de ensino, para Piletti (1995) os m�todos e t�cnicas s�o ve�culos usados pelo professor para criar situa��es e abordar conte�dos que permitam ao aluno viver as experi�ncias necess�rias para alcan�ar os objetivos. Assim, podemos observar as falas de alguns acad�micos:

    �(...) eu defendo a cr�tico-superadora, eu chegava no meio do jogo se elas erravam eu parava e perguntava o que est� errado, o que t�m que mudar� (Acad�mica 1).

    �Eu me acho mais pr�ximo do ensino tradicional eu utilizo o desmembramento do jogo, fazer aulas com regras diferentes, mas n�o aquela aula tradicional com repeti��o�� (Acad�mico 4).

    �(...) as minhas aulas n�o s�o bem tradicionais, mas em alguns momentos sim, mas eu tento utilizar as experi�ncias que os alunos j� t�m, propor desafios (...)� (Acad�mico 5).

    �Eu uso de todas as metodologias, eu questiono os meus alunos para eles constru�rem um pr�ximo passo, �s vezes eu me imponho. � uma mistura� (Acad�mico 6).

    O ensino tradicional ainda � muito forte no �mbito educacional, e se faz presente na maioria das falas dos acad�micos, assim percebeu-se que estes n�o conseguem definir um �nico m�todo de ensino para suas aulas, por�m tomam como base o m�todo tradicional de ensino e a partir deste buscam construir sua pr�tica pedag�gica.

A pr�tica pedag�gica e os dois n�veis do Est�gio Curricular Supervisionado

    Como j� foi relatado anteriormente o Est�gio Curricular Supervisionado ocorre em tr�s n�veis diferentes, iniciando pelo Ensino M�dio (I), S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental (II) e S�ries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental (III).

    De acordo com Pimenta; Lima (2004), o Est�gio Curricular Supervisionado deve possibilitar aos acad�micos um espa�o de converg�ncia das experi�ncias pedag�gicas vivenciadas no decorrer do curso com a pr�tica docente.

    Nesta perspectiva, a realiza��o dos Est�gios em toda a Educa��o B�sica ir� promover diferentes experi�ncias aos futuros educadores. Entretanto, estabelecer rela��es entre os est�gios e a pr�tica pedag�gica dos acad�micos � um desafio, al�m de demonstrar a forma como estes percebem sua pr�tica nos diferentes n�veis de ensino.

    Assim, algumas falas dos acad�micos demonstram o significado desta distribui��o dos est�gios na sua pr�tica pedag�gica, tais como:

    �N�o teve contribui��o do Ensino M�dio para o Fundamental, porque tudo depende da escola, tu tem que te adaptar a realidade da escola� (Acad�mico 1).

    �Os est�gios s�o separados, � um outro mundo, cada um � um� (Acad�mico 2).

    As falas destes acad�micos remetem para o fato dos mesmos n�o conseguirem perceber as rela��es existentes entre os est�gios, visto que, tentam estabelecer apenas rela��es entre conte�dos, m�todos, entretanto � necess�rio que consigam promover rela��es entre a complexidade da pr�tica. Nesta perspectiva, os acad�micos devem levar em conta a constru��o dos saberes docentes e as realidades espec�ficas de seu trabalho cotidiano, estabelecendo articula��es entre estes.
    �O p�blico do est�gio foi bem diferente, por isso eu acho que n�o teve muita liga��o entre um est�gio e outro, ent�o ficou distante um do outro. Mas sempre se aprende de um com o outro como o controle de turma� (Acad�mico12).

    �As contribui��es do Ensino M�dio para o Fundamental teve para controlar a turma� (Acad�mico 4).

    �A partir do Ensino M�dio eu me senti mais segura para trabalhar com o Fundamental��

(Acad�mico 8).

    A partir destas falas, podemos estabelecer rela��es com os saberes experenciais trazidos por Tardif (2002), j� que os acad�micos apontam para o fato de as experi�ncias anteriores lhes darem maior seguran�a para suas a��es futuras. De acordo com o autor, os saberes experenciais s�o saberes pr�ticos, ou seja, s�o saberes atualizados, adquiridos e necess�rios no �mbito da pr�tica da profiss�o docente, e que n�o prov�m das institui��es de forma��o nem dos curr�culos.

    �Eu acho que tem rela��o entre os est�gios porque os erros que eu cometi no Ensino M�dio eu tentei n�o cometer no Fundamental, e muita coisa que eu fiz no Fundamental eu vi que poderia ter feito no M�dio�

(Acad�mico 6).

    A fala deste acad�mico nos remete ao professor reflexivo. De acordo com P�rez G�mez (1992), o profissional competente atua refletindo na a��o, criando uma nova realidade, experimentando, corrigindo e inventando atrav�s do di�logo que estabelece com essa realidade.

    Contudo, podemos perceber a partir das falas dos acad�micos, que para a maioria a principal proximidade entre os est�gios, esta relacionada ao controle de turma, pois, estes relatam que a partir das experi�ncias anteriores sentiram-se mais seguros e com maior dom�nio das turmas.

    Segundo Siedentop (1983), a compet�ncia pedag�gica � o dom�nio da atividade do professor no processo pedag�gico, entendido como uma rela��o de reciprocidade entre alunos e professor, sob a dire��o deste.

    Entretanto, para um acad�mico a principal rela��o entre os est�gios n�o ocorreu na sua pratica pedag�gica, mas sim no fato de poder ter tido mais uma oportunidade para ministrar aulas, como podemos perceber na fala do acad�mico 3: �No Ensino M�dio com clube de futsal, o est�gio um foi traumatizante, porque eu n�o consegui d� aula em todo o est�gio, nunca, eu s� observei as aulas, imagina se fosse s� um semestre e tivesse sido no Ensino M�dio, n�o teria acontecido. Mas a� eu tive a oportunidade de fazer outro no Ensino Fundamental�.

    Desta forma, realizar o Est�gio Curricular Supervisionado em todos os n�veis da Educa��o B�sica, certamente � importante para os futuros educadores, por�m deve se ter claro o que almejamos com esta experi�ncia acad�mica.

A seq��ncia proposta para o Est�gio Curricular Supervisionado

    O Est�gio Curricular Supervisionado tem como seq��ncia o Ensino M�dio (I), S�ries/Anos Finais do Ensino Fundamental (II) e S�ries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental (III), respectivamente, estando de acordo com a grade curricular da nova Licenciatura em Educa��o F�sica do CEFD da UFSM.

    Para a maioria dos acad�micos, de acordo com suas falas esta seq��ncia n�o � a mais ideal, como podemos observar:

    ��(...) pela nossa grade como ela ta montada � complicado come�ar pelo Ensino M�dio, porque eu s� tive futsal agora e quando eu dei aula ainda n�o tinha tido essa mat�ria. Pr� t� de acordo com a grade curricular tinha que come�ar pelas s�ries iniciais�

(Acad�mico 3).

    Neste sentido, Zabalza(2004) alerta que � importante desfrutar cada disciplina aproveitando suas potencialidades para decodificar e entender melhor o que nos rodeia.

    �(...) o est�gio deveria iniciar pelas S�ries Iniciais, S�ries Finais e Ensino M�dio, porque desde cedo no curso � gente tem experi�ncia com S�ries Iniciais�(Acad�mico 5).

    �(...) eu acho que deveria ser ao contr�rio porque no in�cio do curso a gente t� mais preparado para trabalhar com S�ries Iniciais, e no M�dio a gente tava tendo as disciplinas de esporte junto com o est�gio, tinha conte�do que a gente ainda n�o sabia�

(Acad�mico 7).

    A partir das falas dos acad�micos pode-se perceber, que iniciar o Est�gio Curricular Supervisionado pelo Ensino M�dio para muitos foi complicado, tendo em vista que muitos conte�dos trabalhados nos Ensino M�dio, ainda n�o haviam sido trabalhados na gradua��o. Enquanto que, as disciplinas l�dicas j� foram trabalhadas, al�m de outras disciplinas que d�o suporte te�rico para os acad�micos ministrarem aulas para as S�ries/Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

    Contudo, alguns acad�micos acreditam que esta seq��ncia � a mais correta, como percebemos na fala do Acad�mico 6: �(...) eu concordo com esta seq��ncia, apesar de ainda

n�o ter tido alguns conte�dos na gradua��o, porque assim obriga o aluno a ir atr�s, e faz a gente aprender mais sobre a mat�ria�.

    De acordo com a ATA n� 22 a comiss�o em reuni�o no dia 09/01/2004 justificou a seq��ncia do Est�gio Curricular Supervisionado da seguinte forma: �o Infantil foi colocado como �ltima fase do est�gio porque � a fase do ser humano que mais exige conhecimento do profissional�. Atrav�s da ATA n� 25 da reuni�o ocorrida em 19/01/2004 novamente a seq��ncia do Est�gio Curricular Supervisionado foi questionada, e neste momento um dos professores integrante da Comiss�o respondeu ao questionamento da seguinte forma: �n�o � a ordem que vai mudar a Educa��o F�sica no ensino m�dio, mas que deva haver uma preocupa��o pedag�gica em formar professores mais qualificados para atuar em escola�.

    A partir destas justificativas, evidencia-se mais uma vez a desintegra��o do Est�gio Curricular Supervisionado com o restante da grade curricular deste curso de gradua��o. Dando continuidade ao que j� acontecia na vers�o do curr�culo de 1990, como relatam Ivo; Krug (2007) em um estudo, no qual apontam o distanciamento e a falta de di�logo profissional entre os docentes das demais disciplinas do curr�culo com a disciplina de Est�gio Curricular Supervisionado.

    Nesta mesma perspectiva, de acordo com Piconez (apud CONCEI��O; BERNARDI; KRUG, 2007) n�o pode o Est�gio Curricular Supervisionado e a disciplina de Did�tica serem as �nicas respons�veis pela forma��o de professores, devendo existir a articula��o destas com os demais componentes do curso.

Reflex�es e considera��es a cerca do Est�gio Curricular Supervisionado

    Como pode ser observado anteriormente, as respostas dos acad�micos promovem uma s�rie de reflex�es a cerca do Est�gio Curricular Supervisionado, destacando as diferentes facetas deste, al�m de promoverem novas indaga��es e perspectivas para a forma��o inicial de professores de Educa��o F�sica.

    Chamamos a aten��o para as contribui��es do Est�gio Curricular Supervisionado na forma��o dos acad�micos, visto que, independente das problem�ticas que cercam o mesmo, este momento � de fundamental import�ncia durante a gradua��o, pois certamente as experi�ncias aqui vivenciadas ser�o complementares na futura pr�tica pedag�gica dos mesmos. Apesar de os acad�micos ainda n�o conseguirem estabelecer muitas rela��es entre os dois n�veis de est�gio, a partir dos seus relatos nas entrevistas percebemos um amadurecimento na pr�tica pedag�gica dos mesmos.

    Julgamos que as reflex�es que apresentamos neste estudo ressaltam a import�ncia para os acad�micos em estarem inseridos no contexto educacional percebendo a complexidade da pr�tica pedag�gica e os elementos que a permeiam. Contudo, � necess�rio que se fa�am algumas ressalvas a cerca da disciplina do Est�gio Curricular Supervisionado, pois, para que se promovam novas mudan�as na forma��o inicial de professores de Educa��o F�sica devemos refletir constantemente sobre as disciplinas que comp�em a grade curricular deste curso.

    Desta forma, resgato Piconez (apud CONCEI��O; BERNARDI; KRUG, 2007) na qual estabelecem alguns elementos para promoverem esta mudan�a na atual conjuntura da forma��o inicial de professores, tais como: o compromisso das demais disciplinas com a forma��o de professores, n�o recaindo tal responsabilidade somente nas disciplinas de Est�gio Curricular Supervisionado e a Did�tica; para que o Est�gio Curricular Supervisionado tenha significado para o aluno, o projeto pedag�gico do curso, em seu plano de ensino, precisa propor o envolvimento com os demais elementos envolvidos na institui��o escolar; e o Est�gio Curricular Supervisionado precisa envolver na sua totalidade as a��es do curr�culo do curso.

    Acredito ainda, que deve haver um maior di�logo entre as escolas que recebem os estagi�rios com estes, de maneira que exista uma maior articula��o dos estagi�rios com toda comunidade escolar e o cotidiano da mesma, n�o estando estes apenas presentes na escola como professores estagi�rios da disciplina de Educa��o F�sica, mas como membros participantes do contexto escolar e, portanto conhecedores deste.

    J� ao que se refere ao professor de Educa��o F�sica da escola, � necess�rio que este n�o veja o Est�gio Curricular Supervisionado como uma possibilidade de n�o dar aula, ou seja, remeter esta responsabilidade ao acad�mico estagi�rio de dar aula pelo professor.

    Por fim, penso ser poss�vel afirmar que as mudan�as ocorridas no Est�gio Curricular Supervisionado visam uma melhora na forma��o inicial de professores, entretanto ainda muitas reflex�es devem ser realizadas sobre como tal momento esta acontecendo. Assim, este estudo em momento algum buscou esgotar tal tem�tica, nem mesmo fechar as quest�es ou propor respostas certas e definitivas, mas estimular novas perguntas, novas pr�ticas, novas leituras, novas rela��es e novas possibilidades.

    Ciente das dificuldades que se fazem presentes no Est�gio Curricular Supervisionado e na forma��o inicial de professores, sugerimos que se fa�am novas discuss�es a respeito deste, levando em considera��o as ang�stias dos acad�micos e as reflex�es que trouxemos neste estudo.

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