Quais são os motivos de migração de retorno registrada na Região Sudeste?

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A migração de retorno é, como aduz o nome, o retorno do migrante para sua terra natal, de onde saiu originalmente. Normalmente, o motivo do êxodo é econômico, pois o indivíduo vai em busca de melhores oportunidades. Já o retorno é causado por equívoco na decisão de ida, ao não satisfazer as expectativas e a consequente decepção.

No Brasil, o fenômeno da migração de retorno tem ocorrido principalmente desde a década de 1980. O maior desenvolvimento das regiões Nordeste e o norte de Minas Gerais, melhores oportunidades de emprego, saneamento básico e condições de vida são alguns dos indicadores da migração de retorno da região sudeste.

Migração consiste no ato da população deslocar-se espacialmente, ou seja, pode se referir à troca de país, estado, região, município ou até de domicílio. As migrações podem ser desencadeadas por fatores religiosos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos e ambientais.

A migração interna corresponde ao deslocamento de pessoas dentro de um mesmo território, dessa forma pode ser entre regiões, estados e municípios. Tal deslocamento não provoca modificações no número total de habitantes de um país, porém, altera as regiões envolvidas nesse processo.

No Brasil, um dos fatores que exercem maior influência nos fluxos migratórios é o de ordem econômica, uma vez que o modelo de produção capitalista cria espaços privilegiados para instalação de indústrias, forçando indivíduos a se deslocarem de um lugar para outro em busca de melhores condições de vida e à procura de emprego para suprir suas necessidades básicas de sobrevivência.

Um modelo de migração muito comum no Brasil, que se intensificou nas últimas cinco décadas, é o êxodo rural, ou seja, a migração do campo para a cidade. O modelo econômico que favorece os grandes latifundiários e a intensa mecanização das atividades agrícolas têm como consequência a expulsão da população rural.

A região Sudeste do Brasil, até o final do século XX, recebeu a maior quantidade de fluxos migratórios do país, principalmente o estado de São Paulo, pelo fato de fornecer maiores oportunidades de emprego em razão do processo de industrialização desenvolvido.

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No entanto, nas últimas décadas, as regiões Centro-Oeste e Norte têm sido bastante atrativas para os migrantes, pois após a década de 1970, a estagnação econômica que atingiu e ainda atinge a indústria brasileira afetou negativamente o nível de emprego nas grandes cidades do Sudeste, gerando pouca procura de mão de obra, ocasionando a retração desses fluxos migratórios. Assim, as regiões Norte e Centro-Oeste, que já captavam alguma parcela desse movimento, tornaram-se destinos da migração interna do Brasil.

As políticas públicas para a ocupação do oeste brasileiro foram determinantes para esse redirecionamento dos fluxos migratórios no Brasil. A construção de Brasília, os investimentos em infraestrutura, novas fronteiras agrícolas, entre outros fatores, contribuíram para essa nova distribuição.

O Sudeste continua captando boa parte dos migrantes brasileiros. A região recebe muito mais gente do que perde. O Centro-Oeste também recebe mais migrantes do que perde, sendo, atualmente, o principal destino dos fluxos migratórios no Brasil. O Sul e o Norte são regiões onde o volume de entrada e saída de migrantes é mais equilibrado. A Região Nordeste tem recebido cada vez mais migrantes, sendo a maioria proveniente do Sudeste (retorno), porém, continua sendo a região que mais perde população para as demais.

Por Wagner de Cerqueira e Francisco
Graduado em Geografia
Equipe Brasil Escola

A migração corresponde aos deslocamentos de pessoas e populações na superfície terrestre. Esse movimento pode ocorrer de forma espontânea ou forçada, dentro dos limites de um mesmo território ou não, e, ainda, ter caráter sazonal ou permanente. As razões que levam as pessoas a migrarem são muito variadas, estando associadas a fatores econômicos, culturais, políticos, sociais e, até mesmo, naturais.

Observa-se, no Brasil atual, um grande fluxo de entrada de migrantes vindos de países latino-americanos e africanos, ao passo que os emigrantes vão em direção também a países vizinhos e nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, seguindo a tendência global. Internamente, houve a intensificação da migração de retorno e crescimento das cidades médias, sobretudo próximas dos grandes centros urbanos.

Leia também: Causas e consequências das imigrações atuais no Brasil

Tópicos deste artigo

  • 1 - O que é migração?
  • 2 - Quais os tipos de migração?
  • 3 - Quais as causas da migração?
  • 4 - Migração no Brasil
  • 5 - Quais as diferenças entre migração, imigração e emigração?
  • 6 - Exercícios resolvidos

O que é migração?

Migração é o movimento ou deslocamento de pessoas e populações pela superfície terrestre. A definição fornecida pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), hoje um órgão das Nações Unidas, aproxima-se bastante dessa concepção.

O conceito abrange todos os tipos de deslocamento que acontecem de um local a outro, independentemente da escala espacial ou temporal, e são muito mais parte do nosso dia a dia do que pode parecer à primeira vista. Abordaremos em mais detalhes essa questão quando tratarmos dos tipos de migração.

A migração acontece em diversas espécies animais, e a utilização do termo vai além da ciência demográfica. Outras áreas do conhecimento, como a biologia, utilizam o termo para descrever o deslocamento sazonal de populações de aves, peixes, mamíferos e insetos.

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Quais os tipos de migração?

As migrações podem ser categorizadas em diferentes tipos de acordo com critérios diversos, como a área de partida e de chegada, as distâncias percorridas, o tempo decorrido e até mesmo as motivações que estão por trás desses movimentos. Essa qualificação nos auxilia no estudo e na elaboração de análises a respeito do fenômeno. Veja na sequência quais são os principais tipos de migração.

  • Migração espontânea ou voluntária: acontece de acordo com a vontade do indivíduo.

  • Migração forçada:denomina-se migração de refúgioem alguns casos. Está atrelada a fatores externos à pessoa e ocorre contra a sua vontade. Associa-se à conjuntura política, social e econômica e também a desastres naturais e climáticos.

  • Migração externa ou internacional: deslocamentos entre países, chamada também de imigração.

  • Migração interna: aquela que acontece dentro das fronteiras de um mesmo país.

  • Migração inter-regional: fluxo que se dá entre diferentes regiões dentro de um mesmo país.

  • Migração intrarregional: ocorre entre dois lugares distintos dentro de uma mesma região.

  • Êxodo rural: caracteriza a ida de populações dos campos (zona rural) para as áreas urbanas.

  • Êxodo urbano: trata-se do processo inverso do êxodo rural, isto é, o êxodo urbano acontece quando os moradores das cidades deixam o ambiente urbano e vão para o campo.

  • Migração intraurbana: tipo de migração que acontece quando o indivíduo se desloca dentro dos limites de um mesmo município ou área urbana.

  • Migração pendular ou diária: categoria de migração mais comum e presente na nossa vida cotidiana. Ocorre quando uma pessoa se desloca de um local a outro em direção ao trabalho, à faculdade, à escola ou com qualquer outro propósito e retorna para seu lugar de origem no mesmo dia.

  • Transumância: tipo de migração sazonal. Trata-se do deslocamento de trabalhadores que vão atuar como mão de obra em lavouras temporárias, como a de cana-de-açúcar, ou em outras atividades sazonais, como a pesca. Ao final do período de trabalho (semanal, mensal ou anual), o indivíduo retorna para o seu local de origem.

  • Migração sazonal: é um tipo de migração temporária, como a transumância, mas abrange outras motivações além do trabalho, como longos períodos de seca e outras condições ligadas às estações do ano. Depois de um determinado intervalo de tempo, o migrante retorna de onde partiu.

  • Migração de retorno: pode ser descrita como uma segunda migração. Ocorre quando uma pessoa que havia se mudado para outra região, cidade ou país faz o processo inverso e retorna para a sua localidade de origem.

  • Nomadismo: realizado por pessoas que não possuem uma residência fixa e estão constantemente se deslocando de um local a outro.

  • Diáspora: definida como a dispersão de uma população inteira de uma área de forma forçada ou voluntária. Um exemplo é a diáspora africana, que se deu quando africanos foram retiradas à força de seus países e deslocados para outras regiões, como os subcontinentes americanos, para serem vendidos e escravizados.

Leia também: Causas e consequências da crise dos refugiados

Quais são os motivos de migração de retorno registrada na Região Sudeste?
As migrações podem ser categorizadas de acordo com diferentes aspectos.

Quais as causas da migração?

Sejam elas espontâneas, sejam forçadas, nacionais ou internacionais, as migrações sempre estão associadas a uma ou mais motivações. Elencamos algumas delas a seguir.

  • Econômicas: derivadas da vontade do indivíduo de melhorar as condições de vida em que se encontra, indo em busca de oportunidades de emprego com melhores salários. Pode ser suscitada igualmente por uma conjuntura de crise no lugar de origem.

  • Trabalho: a pessoa se desloca para o seu local de trabalho todos os dias, como na migração pendular, ou aqueles que migram temporariamente para exercer uma atividade específica, como a transumância.

  • Políticas: acontecem em contextos de crise, conflitos políticos e regimes ditatoriais, que podem gerar condições insustentáveis para pessoas ou grupos, que acabam migrando para garantir sua liberdade e segurança.

  • Perseguições étnicas e religiosas: trata-se da migração de refúgio. Em função da constante ameaça em seu lugar de origem, grupos perseguidos pela etnia a que pertencem ou pela sua fé fogem para outros locais, muitas vezes sem perspectiva de retorno.

  • Culturais: acontecem quando há identificação cultural com o local para onde se vai, ou ainda quando há o propósito de intercâmbio cultural com outros grupos sociais. Podem ter também cunho religioso.

  • Naturais: causadas por fenômenos naturais destrutivos, como furacões, tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas ou condições climáticas extremas.

Quais são os motivos de migração de retorno registrada na Região Sudeste?
A migração pode acontecer por razões muito diversas, que vão desde a prática do turismo até perseguições políticas e étnicas no local de origem.

Migração no Brasil

Os fluxos migratórios se fazem presentes no território brasileiro desde o princípio de sua formação. O século XVI representou a chegada de correntes migratórias europeias no país, vindas em sua maioria de Portugal. Esse mesmo período foi marcado pela chegada de grandes contingentes de populações africanas, trazidas à força de seus países, com o intuito de serem vendidas e escravizadas para trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar.

A partir de meados do século XIX, após a proibição do tráfico negreiro, a migração internacional para o Brasil se transformou em deslocamentos voluntários de novas correntes derivadas da Itália, Alemanha e Japão, que chegaram no país para exercer atividades remuneradas nas fazendas de café. Em meados do século XX, o contexto de guerra mundial suscitou a nova entrada de imigrantes europeus, judeus e asiáticos.

Uma nova tendência migratória se instalou a partir das décadas finais do século XX, caracterizada pela entrada de pessoas vindas de países vizinhos e também de países africanos falantes de português. Mais recentemente, o Brasil recebeu muitos imigrantes haitianos e refugiados venezuelanos. No sentido contrário, as emigrações de brasileiros seguem o padrão global atual, que tem como foco os países desenvolvidos, como os Estados Unidos, e nações fronteiriças, como Argentina, Peru e Paraguai.

Quais são os motivos de migração de retorno registrada na Região Sudeste?
As migrações sempre fizeram parte da história do Brasil.

Os deslocamentos internos possuem igual importância para o processo de composição do território nacional. Ciclos econômicos, como o do ouro, do café e da borracha, nos séculos XVIII, XIX e início do XX, desencadearam processos de migração inter-regionais voltados ao trabalho e à fixação nas respectivas áreas onde se desenvolveram.

A década de 1950 marcou os deslocamentos derivados principalmente do Nordeste em direção ao Centro-Oeste do país para a construção da nova capital, Brasília. Nos anos seguintes, observou-se a intensificação da industrialização nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para São Paulo, o que atraiu muitas pessoas em busca de trabalho. Ademais, a expansão das fronteiras agrícolas nos anos 1970 também deu origem a fluxos migratórios do Sul com destino às regiões Centro-Oeste e uma parcela do Nordeste.

A dinâmica migratória atual do Brasil é caracterizada pelo crescimento das migrações de retorno, notadamente para a Região Nordeste, e também da saída de pessoas dos grandes centros urbanos em direção às cidades médias nos seus arredores ou região metropolitana.

Quais as diferenças entre migração, imigração e emigração?

Migração é um termo bastante amplo e que faz referência a todos os tipos de deslocamentos que acontecem no espaço. Quando nos referimos aos processos de imigração e emigração, damos ênfase na direção em que esse movimento ocorre. A imigração corresponde à chegada de uma pessoa ou um grupo de pessoas em um determinado lugar. O ato de saída, por sua vez, é chamado de emigração.

Exercícios resolvidos

Questão 1 - (UEA) Examine o mapa.

Quais são os motivos de migração de retorno registrada na Região Sudeste?

(Maria Elena R. Simielli. Geoatlas, 2013.)

Diferentemente do padrão registrado desde a década de 1950, um novo e importante fluxo migratório se estabeleceu no Brasil. Esse novo padrão de deslocamento da população, com maior vigor a partir dos anos 2000, corresponde à:

A) migração de retorno ao Nordeste.

B) migração forçada no Sudeste.

C) migração de fronteira inter-regional.

D) migração pendular interestadual.

E) migração sazonal ao Norte.

Resolução

Alternativa A. O mapa nos mostra, entre outros movimentos, o elevado fluxo que corresponde às migrações de retorno em direção à Região Nordeste, partindo principalmente do estado de São Paulo.

Questão 2 - (Enem) “Foi lento o processo de transferência da população para as cidades, pois durante séculos o Brasil foi um país agrário. Foi necessário mais de um século (século XVIII a século XIX) para que a urbanização brasileira atingisse a maturidade; e mais um século para que assumisse as características atuais.”

ENDLICH, A. M. Perspectivas sobre o urbano e o rural. In: SPOSITO, M. E. B.; WHITACKER, A. M. (Orgs.). Cidade e campo: relações e contradições entre o urbano e o rural. São Paulo: Expressão Popular, 2006 adaptado).

A dinâmica populacional descrita indica a ocorrência do seguinte processo:

A) migração intrarregional.

B) migração pendular.

C) transumância.

D) êxodo rural.

E) nomadismo.

Resolução

Alternativa D. O texto do enunciado está se referindo ao processo de êxodo rural, ou seja, a saída da população do campo para a cidade.

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Quais os motivos da migração de retorno registradas na Região Sudeste?

Fatores nos locais de destino, como a violência (como é o caso dos grandes centros urbanos da Região Sudeste), bem como o desemprego nos grandes centros, consequência do acelerado processo de urbanização observado nas últimas décadas – marcado por um grande contingente populacional de baixa escolaridade, e num cenário ...

Quais são os motivos da migração de retorno registrada?

Migração de retorno consiste no movimento de regresso de emigrantes para sua terra de origem. Este processo pode também ser chamado de repatriação. Este tipo de migração pode apresentar diversos fatores. Pode ocorrer uma frustração após a busca por uma vida melhor em outro território, ocasionando o retorno.

Quais são os movimentos migratórios de retorno ao Brasil?

– migração de retorno: é o deslocamento de pessoas para sua região de origem, após ter migrado. É o que ocorreu na região Nordeste a partir dos anos 1980, com a melhora da economia local. Na Região Metropolitana de São Paulo, 60% dos que deixaram a região entre 2000 e 2010, eram migrantes de retorno.

O que é a migração de retorno?

Entende-se por migrante de retorno aquela pessoa que deixou o seu local de origem, residiu algum tempo em outra região e depois regressou ao seu lugar de nascimento.