Qual nome da estratégia de divisões de terras adotada por Portugal?

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Quando os portugueses, liderados por Pedro Álvares Cabral, chegaram aqui no Brasil no ano de 1500, o primeiro produto de exploração foi o pau-brasil. Ocorreram muitas expedições de reconhecimento de território. Mas a colonização só teve início, de fato, uns trinta anos após a chegada dos portugueses, em torno de 1530, tento durado da primeira metade do século XVI até a primeira metade do século XIX. Vale ressaltar que os termos “Brasil Colônia”, “colônia” são denominações criadas pelos historiadores séculos depois. Na época, durante a colonização, o Brasil era somente chamado de “Estado do Brasil” e “Reino do Brasil”.

O projeto de colonizar o Brasil efetivamente surge por conta das invasões estrangeiras que estavam ocorrendo no território. Havia também o fato de que era preciso encontrar outro meio de obter receitas que não fosse somente o comércio de especiarias no Oriente, pois este já não gerava tanto lucro como anteriormente. E não pode esquecer-se da necessidade de encontrar ouro e prata, a exemplo da Espanha na América Espanhola.

As capitanias hereditárias foram a primeira tentativa real de colonização. Elas foram estabelecidas por Dom João III no ano de 1534, e já era antiga conhecida dos portugueses que a utilizaram no continente africano, sendo bem sucedidas. Eram 15 faixas de terras doadas aos chamados donatários que eram funcionários militares ou civis e fidalgos. Esses donatários recebiam uma Carta de Doação onde havia o foral que continha os deveres e os direitos de quem recebeu a terra. Um desses direitos era o de passar as terras de pai para filho, ou seja, era hereditário; ele também ganhava o direito de administrar as terras, cuidar dos impostos, da agricultura. Mas era tudo por conta do donatário. Portugal não tinha dinheiro para investir nas terras do Brasil. Assim, foram motivados a utilizarem a forma administrativa das capitanias hereditárias. Mas elas acabaram fracassando por alguns motivos, como o desinteresse por parte de alguns donatários que nem haviam vindo ver as terras; o alto custo de investimento por parte dos donatários em terras que não eram de todo deles. Importante ressaltar que a propriedade não era privada, era do governo. Somente o que era hereditário era o poder administrativo que o donatário possuía. Houve mais motivos do fracasso: grande quantidade de terras improdutivas em algumas capitanias, sucessivos ataques de grupos indígenas, grande distância entre metrópole e colônia.

Com o fim desse sistema, Portugal estabeleceu o Governo Geral no ano de 1548 cujo objetivo era centralizar a administração, tendo mais controle da Coroa. Tomé de Souza foi o primeiro governador geral que teve como objetivo combater os índios, defender territórios e aumentar a produção agrícola. Assim, surgem as câmaras municipais que eram compostos por vereadores que eram os “homens-bons”, homens ricos, proprietários de terras e que definiam o rumo político e econômico das vilas. Eram compostas também por juízes ordinários, funcionários de confiança (almotacés). Somente em 1720 os governantes passaram a ser chamados de vice-rei.

Esse sistema só terminou no ano de 1808 com a vinda da família real para o Brasil.

Referências Bibliográficas:

COSTA, Marcos. A História do Brasil para quem tem pressa. Rio de Janeiro: Valentina, 2016.

DEL PRIORE, Mary, VENANCIO, Renato. Uma Breve História do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2010.

FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996.

SANTOS, Júnio Rodrigues dos. A Administração Colonial: Historiografia e Ensino.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/administracao-colonial-brasileira/

As Capitanias Hereditárias foram um sistema administrativo implementado pela Coroa Portuguesa no Brasil em 1534.

O território do Brasil, pertencente a Portugal, foi dividido em faixas de terras e concedidas aos nobres de confiança do rei D. João III (1502-1557). Essas poderiam ser passadas de pai pra filho e por isso, foram chamadas de hereditárias.

Os principais objetivos eram povoar a colônia e dividir a administração colonial. As Capitanias Hereditárias, porém, tiveram vida curta e foram abolidas dezesseis anos após sua criação.

Resumo sobre as Capitanias Hereditárias

Após a descoberta das terras a leste do Tratado de Tordesilhas, em 1500, por Pedro Álvares Cabral, o foco da Coroa portuguesa na sua colônia da América Portuguesa era a extração dos recursos da terra, como o pau-brasil.

Isso se devia ao fato de não terem sido encontrados metais preciosos como foi o caso dos espanhóis nas suas possessões.

O sistema de capitanias hereditárias foi implantado a partir da expedição de Martim Afonso de Sousa, em 1530. Os portugueses tiveram receio de perderem suas terras conquistadas para outros europeus que já estavam negociando com os indígenas e buscavam se fixar ali.

Para tanto, a Coroa Portuguesa imediatamente adotou medidas para povoar a colônia, evitando, dessa maneira, possíveis ataques e invasões.

O sistema de capitanias havia sido implementado pelos portugueses na Ilha da Madeira, nos Arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde.

Assim, ficou estabelecido a criação de 15 capitanias e seus 12 donatários, uma vez que uns receberam mais que uma porção de terra e as Capitanias do Maranhão e São Vicente foram divididas em duas porções.

Leia mais:

  • Tratado de Tordesilhas
  • Ciclo do Pau-Brasil
  • Brasil Colônia

Mapa das Capitanias Hereditárias

Qual nome da estratégia de divisões de terras adotada por Portugal?
Mapa das Capitanias Hereditárias (1534-1536)

Segue abaixo o nome de cada e de seus respectivos donatários:

  • Capitania do Maranhão: João de Barros e Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade
  • Capitania do Ceará: Antônio Cardoso de Barros
  • Capitania do Rio Grande: João de Barros e Aires da Cunha
  • Capitania de Itamaracá: Pero Lopes de Sousa
  • Capitania de Pernambuco: Duarte Coelho Pereira
  • Capitania da Baía de Todos os Santos: Francisco Pereira Coutinho
  • Capitania de Ilhéus: Jorge de Figueiredo Correia
  • Capitania de Porto Seguro: Pero do Campo Tourinho
  • Capitania do Espírito Santo: Vasco Fernandes Coutinho
  • Capitania de São Tomé: Pero de Góis da Silveira
  • Capitania de São Vicente: Martim Afonso de Sousa
  • Capitania de Santo Amaro: Pero Lopes de Sousa
  • Capitania de Santana: Pero Lopes de Sousa

Direitos e Obrigações do Donatário

O rei Dom João III concedeu as terras para nobres de sua confiança. Cada Capitão Donatário era considerado a autoridade máxima, ficando responsável por povoar, administrar, proteger o território, fundar vilas e desenvolver a economia local. Por sua parte, a Coroa Portuguesa não dava nenhuma ajuda financeira aos donatários para esse empreendimento.

Os donatários, por outro lado, possuíam alguns privilégios jurídicos e fiscais como:

  • escravizar indígenas;
  • cobrar tributos e doar lotes de terra não cultivados (sesmarias);
  • explorar a região e usufruir de todos seus recursos naturais (donde uma porcentagem pertencia à coroa), desde animais, madeira e minérios.

A despeito de possuírem grande poder, as capitanias não pertenciam aos donatários e sim à Coroa Portuguesa que cobrava um imposto denominado “dízimo”, ou seja, 10% da produção da capitania.

No entanto, o sistema de capitanias sofreu com a falta de recursos, algumas foram abandonadas e em outras jamais seus donatários estiveram ali. Igualmente sofreram ataques indígenas, os quais lutavam contra a invasão de suas terras.

Desta maneira, o empreendimento das capitanias hereditárias fracassou. Somente duas foram bem-sucedidas:

  • Capitania de Pernambuco, comandada por Duarte Coelho, responsável por introduzir o cultivo da cana de açúcar;
  • Capitania de São Vicente, comandada por Martim Afonso de Sousa, graças ao tráfico de indígenas que realizavam naquelas terras.

Após a inviabilidade das Capitanias Hereditárias, a colônia passou por uma reforma administrativa e foi instituído o Governo Geral.

Curiosidades sobre as Capitanias Hereditárias

  • As capitanias hereditárias impulsionaram o crescimento das vilas, que aos poucos se transformaram em províncias, e, mais tarde constituíram alguns estados brasileiros.
  • A herança dos sistema de capitanias hereditárias pode ser sentido até hoje através do coronelismo e das famílias que seguem mantendo o poder em certos estados.
  • Martim Afonso de Sousa permaneceu pouco tempo em sua capitania, pois foi deslocado para ocupar um posto nas Índias. Quem administrou a terra foi sua esposa, Ana Pimentel.

Temos mais textos sobre o assunto para você:

  • História de Pernambuco
  • Ciclo da Cana-de-Açúcar
  • Primeira capital do Brasil - Salvador
  • Exercícios Brasil colonial
  • Duarte da Costa
  • Engenhos de Açúcar no Brasil colonial

Qual nome da estratégia de divisões de terras adotada por Portugal?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Que nome recebeu a divisão das terras da colônia portuguesa?

As capitanias hereditárias foram a primeira divisão administrativa e territorial implantada pelos portugueses durante a colonização da América Portuguesa.

Como o Governo português dividiu o território para sua exploração?

Para garantir o poder sobre as terras ocupadas, explora-las e protege-las da invasão de outros povos, como franceses, holandeses e espanhóis, em 1534 a Coroa portuguesa dividiu o território em capitanias hereditárias, lotes de terras entregues pelo rei de Portugal à administração de nobres ou funcionários de sua ...

O que e o sistema de sesmarias?

Sesmaria era um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens. Originada como medida administrativa nos períodos finais da Idade Média em Portugal, a concessão de sesmarias foi largamente utilizada no período colonial brasileiro.

Qual era o objetivo das sesmarias?

O objetivo era garantir o cultivo das áreas, que eram denominadas sesmo porque correspondiam à sexta parte do valor de cada terreno. Cada sesmaria tinha cerca de 6,5 mil metros quadrados. A mesma medida adotada em Portugal também foi aplicada, posteriormente, no Brasil.