Que grande projeto do governo está sendo discutido em relação ao Rio São Francisco?

PONTOS DE VISTA, COMENT�RIOS E R�PLICAS


PROJETO DE TRANSPOSI��O DE �GUAS DO RIO S�O FRANCISCO

  • O projeto no site do MIN: http://www.mi.gov.br/saofrancisco/
  • TRANSPOSI��O DE �GUAS DO RIO S�O FRANCISCO: planejar � preciso.. - Jo�o Suassuna - Funda��o Joaquim Nabuco

  • OS DESAFIOS DA TRANSPOSI��O- Jos� El�i Guimar�es Campos

  • Email circular a geocientistas - Manfredo Winge
  • TRANSPOSI��O DE CIDADANIA - Pedro Angelo Almeida Abreu
  • R�plica - Manfredo Winge
  • Email - Prof. Ant�nio Carlos Fernandes
  • ALGUMAS FORMAS DE SE AMPLIAR A OFERTA D��GUA NO SEMI-�RIDO - Jos� El�i Guimar�es Campos
  • A TRANSPOSI��O DE �GUAS DO S�O FRANCISCO - Jos� do Patroc�nio Tomaz Albuquerque
  • Email - Paulo de Tarso Amorim Castro - Semin�rio: Rio S�o Francisco - O Desafio da Verdade:
  • Colet�nea de apresenta��es do semin�rio "Rio S�o Francisco - O Desafio da Verdade"
    http://www.degeo.ufop.br/terraCiencias/bibliotecaVirtual/saofran/fran.php no Portal Portal Terra & Ci�ncias - Degeo-EM-UFOP
  • Transposi��o pol�mica - Revista FAPESP - 15/6/2005
  • O sert�o vai virar mar? (Not�cias FAPESP) e observ��es
  • A QUEM SERVE A TRANSPOSI��O?  - Aziz Ab'S�ber

  • Ao Povo do Nordeste  - Dom Frei Luiz Fl�vio Cappio

  • TRANSPOSI��O DO ATRASO - Jo�o Abner Guimar�es Jr

  • Transposi��o do Velho Chico: uma an�lise de controv�rsias - Theophilo Ottoni Filho

  • Email Circular convocando posicionamentos a A FAVOR DA TRANSPOSI��O

  • Vida para todos: por isso fiz a greve de fome - Dom frei Luiz Fl�vio Cappio

  • S�o Francisco para a transposi��o e S�o Pedro para o resto do Sert�o - Oriana Rey Tanaka Santos

  • TRANSPOSI��O SEM CINISMO - Pedro Angelo Almeida Abreu

  • Email de resposta - Manfredo Winge

  • Prof. Fernando Fl�vio Marques de Almeida - Sugest�o de encaminhamento a pol�ticos

  • O MIN promove debates sobre o projeto junto �s universidades:

    • Site do I Debate Acad�mico sobre a Transposi��o do Rio S�o Francisco � Se��o UnB

      • Muita �gua ainda deve rolar

  • Paulo Afonso da Mata Machado "A favor da transposi��o": Uma Disputa Emocional

  • Prof. Ab'Saber alerta para a influ�ncia das a��es antr�picas na erodibilidade do Paleodeserto de Xique Xique com vistas � revitaliza��o do S�o Francisco.

  • Revista FAPESP: Respeito ao Velho Chico - "Aziz Ab'S�ber, professor em�rito da USP, critica o projeto de transposi��o das �guas do rio S�o Francisco. "Deveriam conhecer melhor de planejamento e da climatologia din�mica das regi�es envolvidas":
    Ver http://www.agencia.fapesp.br/materia/9143/60-sbpc/respeito-ao-velho-chico.htm

  • Folha de S�o Paulo - 25/10-09 - R�quiem para a transposi��o do S�o Francisco

  • SUGEST�O de Reformula��o do Projeto de Transposi��o de �guas do Rio S�o Francisco

  • �GUAS NO NORDESTE: Um debate - Manoel Bomfim Ribeiro

  • Transposi��o racha de novo e 'estoura' em Cust�dia -11/6/2017

  • O sonho de D. Pedro pelas m�os de Lula, o condenado pela justi�a brasileira - E-mail Bley

  • R�plica ao e-mail anterior - Pondera��es sobre o Projeto de Transposi��o - E-mail de Patroc�nio

  • R�plica 2 - Transposi��o do Rio S�o Francisco - AVALIA��ES - E-mail de Manfredo

  • R�plica 3 - Transposi��o - E-mail de Aiquel

  • R�plica 4 - Transposi��o - E-mail de Danni

  • T�CNICAS ISRAELENSES PARA �REAS DES�RTICAS -Manfredo Winge

  •     COMENT�RIOS E R�PLICAS

  • Coment/R�plicas  - Jo�o Wagner Alencar Castro

  • Coment/R�plicas  - Manfredo Winge

  • Coment/R�plicas  - Luiz Jos� Homem D'el-Rey Silva

  • Coment/R�plicas  - Manfredo Winge

  •     C�pia do anexo enviado: PARA REFORMA DA ADMINISTRA��O P�BLICA

  • Coment/R�plicas  - Ant�nio Juarez Milmann Martins

  • Coment/R�plicas - Manfredo Winge  

  • Coment/R�plicas - Luiz Jos� Homem D'el-Rey Silva

  • Coment/R�plicas - �lvaro Rodrigues dos Santos

  • Coment/R�plicas - Manfredo Winge 

  • Coment/R�plicas - Wilson Scarpelli

  • Coment/R�plicas - Manfredo Winge

  • Coment�rio/Depoimento de Jos� do Patroc�nio Tomaz e entrevista � Patr�cia Fachin

  • SITUA��O DO PROJETO RETRATADA POR REVISTA VEJA COM COMENT�RIOS E SUGEST�ES


Os desafios da transposi��o

Jos� El�i Guimar�es Campos (*)

    Em geral, as discuss�es a respeito da transposi��o das �guas do Rio S�o Francisco em dire��o ao nordeste setentrional do Brasil envolvem argumentos ambientais, sociais e pol�ticos e terminam com a cl�ssica pergunta: voc� � a favor ou contra o projeto de transposi��o?
    Como forma de contribuir com o debate, pretende-se aqui abordar o problema a partir de uma vis�o pouco considerada pelos v�rios analistas, mas n�o menos importe. Ser�o consideradas a avalia��o da produ��o e a regulariza��o h�drica da bacia do rio, al�m da potencial produ��o agr�cola decorrente da implanta��o do projeto.
    Na verdade, o projeto tem por objetivo o desvio das �guas do rio em seu subm�dio curso � desde a barragem de Sobradinho at� o remanso do Lago de Paulo Afonso. Mas, infelizmente, n�o se conhece de forma satisfat�ria o regime h�drico dessa bacia. Um projeto de transposi��o deve ter objetivos de longo prazo e, portanto, � fundamental conhecer quais as formas de regulariza��o h�drica da bacia. Assim, ser� poss�vel prever eventuais modifica��es do regime de produ��o h�drica da bacia como um todo.
    Os interlocutores mais favor�veis ao projeto de transposi��o argumentam que apenas 2 a 3,5 % da vaz�o do rio seriam captados. A pergunta que se faz � 2 a 3,5% de �gua origin�ria de onde?
    As �guas que alimentam o S�o Francisco s�o oriundas de dois sistemas de renova��o. A renova��o anual se d� pelo escoamento superficial das �guas das chuvas e a de longo prazo, pela descarga dos reservat�rios subterr�neos (aq��feros). O primeiro sistema apresenta um controle de curto per�odo, controlado pela sazonalidade clim�tica. O segundo representa controle de longo e m�dio prazos e � controlado pela efici�ncia e qualidade dos aq��feros.
    A distribui��o temporal das chuvas � um fator c�clico e, como o per�odo de recess�o das chuvas se d� de forma simult�nea em toda a �rea da bacia, um per�odo de alguns anos de baixa m�dia pluviom�trica � suficiente para causar escassez e d�ficit h�drico intensivos. O decl�nio das chuvas em anos recentes resultou em grande exaust�o nos n�veis dos reservat�rios das hidrel�tricas que operam no Rio S�o Francisco e mostrou o risco efetivo da escassez do recurso que se pretende desviar.
    A avalia��o da geologia, do relevo e dos solos da bacia indica que o principal manancial respons�vel pela regulariza��o das vaz�es do rio no per�odo seco do ano � o Sistema Aq��fero Urucuia, cuja descarga de base representa quase metade da vaz�o do rio S�o Francisco a partir de rios como o Rio Grande, Corrente, Gatos, Formoso e outros. Eles tendem a ter vaz�es regulares mesmo nos per�odos secos do ano ou em per�odos de alguns anos com baixa precipita��o m�dia. Esse fen�meno � relacionado � fun��o reguladora do aq��fero, que funciona como um grande �pulm�o h�drico� para a bacia do S�o Francisco.
    Entretanto, mesmo com o m�nimo conhecimento sobre esse importante reservat�rio subterr�neo, sua explora��o j� come�a a comprometer o regime h�drico das bacias que alimentam o rio S�o Francisco. A atividade agr�cola intensificada nos �ltimos 15 anos utiliza em grandes volumes �guas dos rios e do aq��fero para irriga��o com uso de piv�s centrais. Grande parte do chapad�o do oeste da Bahia j� est� ocupada pela cultura de gr�os de sequeiro e pelo cultivo de frutas e caf� irrigados. Com a natural amplia��o desse quadro, as vaz�es dos principais rios da regi�o e conseq�entemente a regularidade das vaz�es do S�o Francisco no per�odo seco do ano dever�o sofrer diminui��es significativas nos pr�ximos 10 ou 20 anos.
    Antes de se pensar em investir recursos nas obras de transposi��o do rio, seria fundamental aplicar recursos para o efetivo conhecimento do Sistema Aq��fero Urucuia e para o controle de sua explora��o.
    Outro argumento comumente utilizado pelos favor�veis ao projeto � a produ��o potencial de alimentos nas terras f�rteis situadas ao longo dos canais de deriva��o. O argumento seria v�lido e aceit�vel se todos os solos potencialmente agricult�veis situados desde Sobradinho at� a foz do rio j� estivessem integralmente aproveitados. Na pr�tica, a ampla maioria das terras com potencial agr�cola n�o est� plantada e ainda existem projetos de irriga��o abandonados, al�m de �reas utilizadas para reforma agr�ria onde os ocupantes n�o t�m condi��o de produzir por falta de recursos para pagar o consumo de energia el�trica.
    � muito prov�vel que, no futuro, a demanda de �gua para a amplia��o da �rea irrigada ao longo do vale do rio seja um fator causador de grande conflito de usu�rios. Por outro lado, investimentos relativamente restritos poderiam elevar a produ��o agr�cola irrigada de produtos de maior valor agregado � principalmente frutas, na �rea onde j� existem condi��es de infra-estrutura m�nima (estradas, aeroporto e log�stica) para escoamento da produ��o.
    Se questionado se sou a favor ou contra esse projeto responderia prontamente que ainda n�o tenho uma resposta definitiva. Mas, da mesma forma, responderia prontamente que esse n�o � o momento mais adequado para iniciar sua execu��o. Uma quest�o deve ser considerada na an�lise de viabilidade do projeto: o futuro da produ��o h�drica da bacia, cuja garantia passa necessariamente pela gest�o adequada do Sistema Aq��fero Urucuia.


Artigo da UnB Not�cias de 22/ 03/ 2005 : Os desafios da transposi��o - Jos� El�i Guimar�es Campos

(*) Jos� Eloi Guimar�es Campos � professor do Instituto de Geoci�ncias (IG) da Universidade de Bras�lia (UnB). Estuda a geologia da regi�o oeste do Estado da Bahia h� mais de 10 anos e atualmente orienta teses e disserta��es na regi�o com objetivo espec�fico de ampliar o conhecimento sobre o Sistema Aq��fero Urucuia, al�m de mostrar a import�ncia desse manancial para a Bacia do S�o Francisco como um todo.


Email circular a geocientistas do Brasil:

Sent: Wednesday, March 23, 2005 9:55 AM

Subject: Transposi��o do Rio S�o Francisco


De: pedro angelo [mailto:]
Enviada em: quarta-feira, 23 de mar�o de 2005 18:24
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Transposi��o do Rio S�o Francisco

C�pia do anexo:

TRANSPOSI��O  DE  CIDADANIA

Muito se tem falado e escrito sobre a transposi��o de �guas do Rio S�o Francisco para atender a demanda de popula��es de estados do Nordeste brasileiro, especialmente aspectos t�cnicos, financeiros, ambientais e pol�ticos.

� certo que, rigorosamente, uma grande parte (talvez a maior parte) da popula��o brasileira n�o conhe�a a realidade do sert�o nordestino, onde vivem milh�es de brasileiros � merc� de um regime pluviom�trico naturalmente irregular e de uma pol�tica nacional historicamente perversa.

Qualquer an�lise profunda dos aspectos t�cnicos, financeiros e ambientais envolvidos nessa quest�o ser�o motivo de pol�micas, ressaltando, sempre, embasamento que evidencia pontos positivos e negativos. A an�lise pol�tica, no entanto, n�o � pass�vel de disputa quando temos de considerar o sentido de na��o, de nacionalidade e, sobretudo, de cidadania.

Ora, desde a chegada dos portugueses ao Brasil que o clima do nordeste brasileiro � semi-�rido (na realidade o clima � semi-�rido desde o fim da �ltima era glacial, i. e., h� cerca de 8 mil anos) e assim fica impl�cito que a regi�o sempre sofreu de defici�ncia h�drica.

Tratando a quest�o da �gua sob o ponto de vista social e de economia global, n�o podemos esquecer que se trata de um recurso natural indispens�vel � vida humana e sua escassez compromete a vida s�cio-econ�mica dos indiv�duos. O maior desafio da civiliza��o no S�culo XXI ser� a gest�o das �guas e sua rela��o com a produ��o de alimentos. As �guas subterr�neas da China, �ndia e Estados Unidos est�o diminuindo substancialmente (at� 1,5 metros/ano) e estes pa�ses juntos produzem metade dos alimentos consumidos no mundo.

Proje��es realistas estimam que a car�ncia de �gua que atingiu 467 milh�es de habitantes no mundo em 1995 alcan�ar� mais de 3 bilh�es em 2025, considerando o d�ficit anual de 160 bilh�es de toneladas entre a �gua bombeada e a recarga natural dos aq��feros e isto representar�, segundo estimativas da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), cerca de um ter�o dos pa�ses do mundo com escassez permanente de �gua, com perspectivas, inclusive, de que metade dos conflitos gerados at� o fim do s�culo sejam para a obten��o de �gua.

Neste contexto, analistas pol�ticos e econ�micos vislumbram que a competi��o por �gua ter� como palco o mercado internacional de gr�os e de outros alimentos, quando os pa�ses financeiramente mais fortes n�o ser�o aqueles com maior poderio militar e sim os que detiverem uma grande produ��o de gr�os e para isto precisar�o dispor de �gua para essa produ��o.

O Brasil det�m quase 20% de toda a �gua doce do planeta quando inclu�do os mananciais subterr�neos. Considerando apenas a �gua doce superficial da Terra, 8% encontra-se em territ�rio brasileiro, sendo que a maior parte (cerca de 80%) est� localizada na regi�o da Bacia Amaz�nica. Os 20% restantes est�o distribu�dos desigualmente pelo pa�s, atendendo a 95% da popula��o.

A defici�ncia h�drica do nordeste brasileiro n�o recai apenas na adversidade determinada pelo seu clima semi-�rido, que � marcado por per�odos sazonais e ciclos anuais epis�dicos de baix�ssimas taxas pluviom�tricas, mas tamb�m nas caracter�sticas das rochas predominantes na regi�o, ou seja, rochas cristalinas que inibem ou dificultam a acumula��o de �guas subterr�neas.

Esse quadro determina uma rede de drenagem dominada amplamente por fluxos intermitentes e de vaz�es relacionadas exclusivamente �s taxas pluviom�tricas. Portanto, pode-se visualizar como solu��o definitiva para essa defici�ncia h�drica o represamento de �guas superficiais ou a transposi��o de �guas de rios caudalosos que fluem � margem da regi�o para bacias hidrogr�ficas do territ�rio nordestino.

O represamento de �guas superficiais implicaria na necessidade de constru��o de muitas centenas de reservat�rios de m�dio e grande porte, que, a despeito dos fara�nicos investimentos de recursos, provocaria impactos ambientais inimagin�veis. Ademais, determinaria a inunda��o de grandes parcelas de terras nobres, ou seja, agricult�veis e habitadas, e provocaria a remo��o de centenas de milhares de cidad�os de suas propriedades e cidades.

A transposi��o de �guas de outras bacias hidrogr�ficas tem tamb�m seu pre�o pecuni�rio e ambiental, mas no conjunto, um e outro, ser� efetivamente menor do que naquele caso.

N�o se trata de nenhum apelo emotivo afirmar que o grave problema da superpopula��o de favelas (e suas nefastas conseq��ncias) nos grandes centros urbanos � decorr�ncia, em grande parte, do �xodo de nordestinos que fugiram e fogem da seca e de toda ordem de precariedades impostas �quela regi�o. N�o se trata tamb�m de nenhum exagero afirmar que os investimentos financeiros paliativos efetuados nos momentos cr�ticos de seca ao longo dos �ltimos dois s�culos seriam suficientes para resolver, definitivamente, de uma forma ou de outra, a problem�tica da defici�ncia h�drica da regi�o.

Naturalmente que a transposi��o de �guas, em si, n�o promover� a reden��o da popula��o do sert�o, ora escravizada por precariedades que brotam do analfabetismo e se fortalecem nas condi��es sanit�rias e de outras defici�ncias de infra-estrutura como transporte e moradia e sem mencionar o lazer que � fabricado apenas com o repente da viola e com os gracejos que t�m como fundo hilariante a sua pr�pria sorte.

A pereniza��o de bacias hidrogr�ficas do nordeste brasileiro implicar� em investimentos ainda maiores para o suporte de agricultura irrigada (familiar ou n�o), de projetos de aquicultura (para peixes, camar�o, etc.), e de tantos outros projetos poss�veis, incluindo fontes de gera��o de energia atrav�s de biodiesel e �lcool.

Resolvida a defici�ncia h�drica, o nordeste brasileiro tornar-se-� uma regi�o de certa forma privilegiada e estrat�gica para o Brasil, considerando a quantidade e qualidade das terras agricult�veis e sem restri��es de foto-per�odo, a disponibilidade de m�o de obra e a maior proximidade dos grandes centros consumidores do hemisf�rio norte. Al�m de tudo isso, pode-se considerar como o mais importante, o direito inalien�vel do sertanejo se fixar no seu pr�prio territ�rio.

O Brasil sempre foi muitos brasis e ultimamente esse conceito parece descambar para o ego�smo regional arrefecendo o conceito de na��o e o exemplo n�o est� apenas na �guerra� deflagrada com subs�dios para atrair ind�strias. Fala-se em royalties pelo uso de �guas que �j� moveram moinhos� e flui a milhares de quil�metros a jusante. Mais hoje mais amanh�, falar-se-� nos royalties da �d�diva de S�o Pedro�, desde que as frentes frias que nos trazem chuva v�m com freq��ncia da Argentina, ter�amos de pagar por isso ao governo portenho.

A transposi��o de �guas para o nordeste brasileiro � uma necessidade inadi�vel e sendo as do S�o Francisco inapropriadas por raz�es econ�micas ou de outra ordem, que se transponha �guas do Tocantins ou de outro rio, a despeito dos custos financeiros e ambientais ainda maiores. Nesses mais de 180 anos de Brasil, outras regi�es brasileiras capitalizaram a grande maioria dos investimentos do pa�s, seja em infra-estrutura, seja em aspectos sociais e s�cio-econ�micos e por esta raz�o, n�o podemos mais agir com tamanho ego�smo.

A transposi��o de �guas para o nordeste brasileiro �, sobretudo, a transposi��o de uma cidadania que tem sido muito mais destes do que daqueles. Do contr�rio, os nordestinos ter�o que devotar Calabar, afinal ele lutou para que territ�rios nordestinos continuassem sob a tutela dos holandeses. Em um extremo, se realmente o nordeste n�o interessa ao povo brasileiro, poder�amos vend�-lo ou do�-lo para outra na��o, acompanhado de um sonoro pedido de desculpas aos nordestinos e aos holandeses.

Pedro Angelo Almeida Abreu

Professor Titular da Faculdade de Ci�ncias Agr�rias/FAFEID

Doutor em Ci�ncias Naturais pela Universidade de Freiburg - Alemanha


De: Manfredo Winge [mailto:]
Enviada em: sexta-feira, 25 de mar�o de 2005 19:38
Para: Pedro Angelo Almeida Abreu ()
Assunto: R�plica - ENC: Transposi��o do Rio S�o Francisco

Prezado Pedro �ngelo,

sou obrigado a discordar do colega e apoiar o ponto de vista do Prof. El�i que recomenda cautela e mais estudos, hidrol�gicos, hidrogeol�gicos e outros, antes de se partir para um investimento de tal monta e que pode vir a ter resultados p�fios e at� desastrosos face ao que se espera dele. S�o U$ 4 bilh�es ??  - http://nordesteunido.vilabol.uol.com.br/chicao4.htm - para a implanta��o e mais quanto para a manuten��o anual?

N�o tenho detalhes do projeto, mas do que li depreendo que a transposi��o se dar�, obviamente, em �pocas de seca, �pocas em que o Rio S. Francisco apresenta as menores vaz�es e com valores, eventualmente, no limiar de seguran�a para os sistemas hidrel�tricos e de irriga��o j� implantados e programados.

A explora��o intensiva e progressiva, direta (po�os de capta��o) e indireta (nascentes), de aqu�feros como o Urucuia, quest�o aventada pelo colega El�i, e que s�o os fornecedores de �gua essenciais da �poca de seca, compromete mais ainda este quadro de desvio de �guas do Velho Chico durante o per�odo de S�ca. 

Outra coisa:  a �gua dever� ser bombeada para atravessar como um (ou dois?) canal a vasta regi�o �rida ao norte do rio que tem cerca de 750.000 km2. Quanto desta �rea ser� beneficiada com a �gua da transposi��o que somente poder� escorrer via um canal estreito, lembrando tambem que toda a regi�o Nordeste tem mais de 1.500.000 km2? A propaganda de que a rede de drenagem ser� perenizada na regi�o � inconceb�vel pois a �gua n�o poder� SUBIR os m�ltiplos afluentes a partir desse canal artificial; nem ter�amos �gua para tanto, alem de que, distribuida em pequenas quantidades para abastecer m�ltiplas nascentes, teria uma taxa de evapora��o fant�stica o que propiciaria grande perda de �gua e a saliniza��o dos aluvi�es, esterilizando-os. Certamente que teremos, tambem, uma supervaloriza��o local de terras e da �gua por onde passa o canal e que, assim, somente poder�o ser compradas/destinadas para sistemas de alta produ��o localizados e dirigidos para monoculturas de alta rentabilidade por empresas globalizadas, ficando o resto do sert�o com a sede de sempre.

Trabalhei por v�rios anos em mapeamento geol�gico regional do Nordeste (nos bons tempos do in�cio da SUDENE) e sei a falta que a �gua faz na �rea da caatinga durante os per�odos de estiagem prolongada. Compartilho de sua ang�stia com a quest�o social ("Transposi��o da Cidadania") e concordo que devemos ter projetos que minorem o sofrimento do sertanejo, mas que estes programas sejam  realistas,  n�o tenham os ran�os de politicagem de marqueteiros e aproveitadores como se v� tanto neste Pa�s, e que busquem melhorar as condi��es sociais e de trabalho do povo sofrido, transformando a regi�o como um todo e n�o localizadamente. 

Ser� que com menos recursos n�o se poder�o tocar pequenos e bem idealizados projetos mas com milhares de frentes, auto financi�veis na medida do poss�vel, como: a constru��o de cisternas (caseiras, p�blicas e industriais) com capta��o da �gua da chuva; a constru��o de pequenas represas (bem constru�das e em pontos bem selecionados social e economicamente), e de barragens subterr�neas segurando o manancial hidrogeol�gico nos aluvi�es; a execu��o de po�os artesianos em falhas/fraturas do cristalino e, principalmente, nos espetaculares aquiferos do Urucuia, da Bacia do Piau�-Maranh�o e tantas outras �reas menores hidrogeologicamente j� definidas ou a definir? Isto sem falar em v�rios outros projetos associados a esses e que v�o ao encontro das afinidades regionais como: implanta��o de polos de ensino e desenvolvimento de lapida��o de gemas de pegmatitos e outras; a identifica��o e aproveitamento intensivo das manchas de terras e aluvi�es f�rteis onde mais de uma safra por ano com alta produtividade podem vir a ocorrer abaixo de pequenas barragens, gerando polos produtivos agroindustriais espalhados por todo o Nordeste; e acompanhando esse crescimento, a instala��o (sem dinheiro p�blico de prefer�ncia) de sistemas de aproveitamento da energia solar e dos ventos, de mini-usinas de biog�s e adubo org�nico associado,.....

Megaprojetos como esse da transposi��o, com altos custos e quest�es b�sicas pendentes, que, muitas vezes, come�am em uma administra��o e n�o s�o nem finalizados nas pr�ximas (nossa "p"ol�tica), devem ser bem amadurecidos, cient�fica, t�cnica, economica e socialmente, alem de serem bem avaliados face a outras alternativas de menor agress�o ambiental e de maior envolvimento social e areal. Se conclu�do que s�o bons, devem ser divulgados adequadamente com pr�s e contras para receber o aval do povo (sem marketing da m�dia das empresas consultoras e construtoras !!, e com a situa��o e a oposi��o pol�ticas traduzindo esse aval em compromisso de execu��o em or�amento plurianual), para poderem ser deslanchados com seguran�a de irem at� o fim e trazerem os resultados esperados.

Para tudo isto urge tambem que o(s) gov�rnos fa�am seu dever de casa e GOVERNEM, gastando adequadamente os recursos de nossos impostos (hoje esterilizados para pagar a ciranda financeira mundial) em quest�es primordiais como educa��o, sa�de e saneamento b�sico, seguran�a, levantamentos b�sicos do Pa�s (geologia, pedologia, hidrogeologia, hidrologia, vegeta��o, fauna, apropria��o do solo, infraestrutura..) que s�o indispens�veis a qualquer tomada de decis�o e desenvolvimento de projetos s�rios.

Acho que precisamos mais conhecimentos b�sicos e estudos criteriosos antes de investirmos na transposi��o do S�o Francisco. Fazendo analogia com o falecido projeto da Transamaz�nica: esta decis�o n�o pode ser somente de cunho pol�tico; ela deve estar lastreada em bases cient�ficas.

Sauda��es

Manfredo

c/co colegas geocientistas


De: [mailto:]
Enviada em: s�bado, 26 de mar�o de 2005 08:41
Para:
Assunto: Re: R�plica - ENC: Transposi��o do Rio S�o Francisco

Prezado Manfredo,

quero parabeniz�-lo pela excelente esposi��o sobre as dificuldades e as verdadeiras medidas que certamente teriam que ser tomadas quanto � esse "projeto" de transposi��o do S�o Francisco. Politicagem e id�ias sonhadoras certamente n�o resolver�o a situa��o do Nordeste, sem um estudo s�rio de suas conseq��ncias por geocientistas. N�o devemos esquecer, e sim tomarmos como exemplo, o ocorrido com o mar Aral em decorr�ncia dos processos de retirada das �guas de seus afluentes para a irriga��o indiscriminada pelo antigo governo sovi�tico. Suas conseq��ncias s�o hoje bem evidentes.
Um grande abra�o,
Antonio Carlos S. Fernandes


Veja o anexo  .. . Acho que � um ponto de vista que deve levantar a poeira para que outras pessoas opinem.

C�pia do anexo: 

ALGUMAS FORMAS DE SE AMPLIAR A OFERTA D��GUA NO SEMI-�RIDO

Um dos principais argumentos considerado pelos defensores do projeto de transposi��o � a amplia��o da disponibilidade de �gua para consumo humano ao longo dos principais trechos dos canais de deriva��o e dos eventuais sub-canais. Nesse caso, deve-se considerar que o aumento da oferta h�drica na regi�o do semi-�rido pode ser alcan�ado com investimento em tecnologia e desenvolvimento de pesquisa com objetivo de solu��es locais as quais s�o, via de regra, mais eficientes e baratas que as solu��es de grande porte e integradas.

Dentre as t�cnicas que podem ser consideradas com o objetivo de maximizar a disponibilidade de �gua destacam-se: implanta��o de cisternas, constru��o de po�os tubulares, uso de dessalinizadores, implementa��o de processos para recarga artificial dos aq��feros, constru��o de reservat�rios superficiais, constru��o de barragens subterr�neas, etc. As solu��es locais de gest�o dos recursos h�dricos s�o respons�veis pela fixa��o de popula��es em regi�es com �ndices pluviom�tricos t�o reduzidos quanto os observados na regi�o do nordeste do Brasil como � o caso do Chaco Paraguaio, de certas regi�es da �frica, do extremo sul da Pen�nsula Ib�rica, entre outras.

Para a implementa��o das t�cnicas anteriormente enumeradas alguns preceitos devem ser considerados:

- dimensionamento adequado das cisternas de forma a se construir um reservat�rio imperme�vel com capacidade de armazenar �gua de chuva para consumo no per�odo m�dio da �poca das secas.

- os po�os tubulares devem ser localizados em zonas potencialmente produtoras e sua loca��o deve ser precedida de estudos t�cnicos, de forma a se alcan�ar as m�ximas vaz�es.

- a implanta��o de dessalinizadores deve representar um processo integrado com previs�o de recursos para substitui��o das membranas filtrantes e com sistema adequado para disposi��o final do sal acumulado (implanta��o de ind�strias para processamento do sal produzido).

- os projetos de recarga artificial dos aq��feros devem considerar o excedente das �guas de precipita��o nos restritos per�odos de super�vit. A natureza da maioria dos aq��feros do semi-�rido dificulta a implanta��o dessa t�cnica, assim � necess�rio investimento em pesquisa b�sica para sua viabiliza��o.

- os a�udes eventualmente constru�dos devem ser eficientes, no sentido de manter um balan�o h�drico positivo, ou seja, a�udes com a m�xima profundidade e m�nima �rea, de forma que as perdas por evapora��o direta sejam reduzidas e n�o ocorram problemas de saliniza��o ou demasiada deple��o dos n�veis em �pocas secas prolongadas.

- as barragens subterr�neas t�m se mostrado como importante forma de reserva��o de �guas e de gest�o dos recursos h�dricos nas regi�es onde ocorrem rios de aluvi�o. Esse tipo de t�cnica apresenta um balan�o custo-benef�cio bastante favor�vel.

OUTRO PONTO DE VISTA PARA ALIMENTAR O DEBATE

A quest�o da transposi��o tamb�m deve ser analisada do ponto de vista econ�mico. Ser� que um pa�s que n�o tem infra-estrutura b�sica:

-         de estradas, as quais se encontram extremamente depreciadas,

-         de portos obsoletos (que atrasam e inviabilizam a amplia��o das exporta��es),

-         falta de saneamento na maioria das cidades,

-         falta de pontes (o pr�prio Rio S�o Francisco tem v�rias travessias importantes feitas por balsas prec�rias � na bacia do Tocantins-Araguaia esse fato � ainda mais comum), etc,

pode pensar em dispor de recursos financeiros t�o elevados para um projeto que gera tanta controv�rsia e apresenta resultados duvidosos?

Parece aquele exemplo do morador da favela que n�o consegue pagar as contas do m�s mas tem um carro zero na frente de sua modesta casa! � uma quest�o de prioridade. Se os problemas nacionais j� estivessem solucionados tenho certeza que n�o existiria tanta press�o contr�ria ao projeto de transposi��o.


De: Patrocinio Tomaz [mailto:]
Enviada em: ter�a-feira, 29 de mar�o de 2005 17:31
Para:
Assunto: Transposi��o do S�o Francisco

Prezado Manfredo

Tenho me colocado contra este projeto (e os que lhe deram origem) de transposi��o por raz�es de �rdens hidrol�gica, hidrogeol�gica, hidr�ulica, socioecon�mica e de gest�o de bacias hidrogr�ficas. Encaminho, em anexo, trecho de um relat�rio que fiz sobre seca e transposi��o para a Assembl�ia Legislativa do Estado em 1998, tendo atualizado alguns n�meros, bem como uma mensagem (transcrita abaixo) de participa��o em debate sobre o tema, no site da ABRH-Gest�o. Esperando que o ilustre colega tenha sido atendido em sua solicita��o por e-mail, subscrevo-me,
Atenciosamente,
Patroc�nio

A mensagem:

Prezado S�rgio e demais participantes da Lista ABRH-Gest�o.
O outro lado a que me referi � dos que defendem, incondicionalmente, sem base em argumentos t�cnicos, a transposi��o, achando que os que divulgam opini�es contr�rias est�o abusando de suas preciosas paci�ncias. Voc�, realmente, me conhece e sabe que as minhas posi��es, sobre este e sobre qualquer outro problema de recursos h�dricos, s�o, eminentemente t�ecnicas.
N�o s�o opini�es pessoais desprovidas de embasamento t�cnico e cient�fico. Sabemos que este projeto de transposi��o n�o resolve o problema de abastecimento h�drico do meio rural que tem duas vertentes: o abastecimento da popula��o humana e e o suprimento h�drico das produ��o agr�cola de subsist�ncia. Isto � inconteste.
Porisso e por outras tantas raz�es (que podem ser conhecidas em trabalhos, discuss�es, mesas redondas etc.), me posiciono contra este projeto. Ele n�o � a favor do homem, do micro ou do pequeno produtor rural. N�o, n�o h�, embutido ou explicitado, qualquer projeto de valoriza��o da esta��o �mida do semi-�rido, quando todos plantam e a grande maioria perde. E � este o grande problema do semi-�rido nordestino, n�o o abastecimento de cidades e distritos da regi�o. Para isto, as bacias e, mesmo, os reservat�rios com capacidade de regulariza��o, t�m disponibilidade. O que se pretende fazer (isto � gest�o) com as �guas do S�o Francisco, poderia ser feito com as �guas end�genas. Com sobras. As bacias do Jaguaribe, Piranhas-A�u e, at�, a bacia do Alto Para�ba t�m reservat�rios com esta condi��o. Se v�o ou pretendem fazer com as �guas do Velho Chico, porque n�o o fazem com os recursos h�dricos locais? O tempo de resposta destas a��es de gest�o � o mesmo, ou menor, que a gest�o resultante da implanta��o deste projeto de transposi��o do S�o Francisco.
E tenho sim, alternativa concreta e consistente para este problema da regi�o semi-�rida do Nordeste. Ele consta de v�rios trabalhos meus, inclusive, do relat�rio que elaborei (e foi publicado) para a Assembl�ia Legislativa do Estado da Para�ba. Com base no Plano de Aproveitamento Integrado dos Recursos H�dricos do Nordeste-PLIRHINE- (SUDENE, 1980), no Projeto �RIDAS (SEPLAN, 1994), Planos Estaduais de Recursos H�dricos dos governos de Cear�, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Para�ba e em v�rios planos diretores de bacias, verifica-se que as as bacias que est�o ou estar�o em estado de exaust�o s�o as ituadas na regi�o costeira do Nordeste. A� estar�o as grandes demandas para abastecimento urbano e irriga��o (estamos entrando em um novo ciclo da cana-de-a�ucar, inevit�vel com o fim dos combust�veis f�sseis) de culturas diversas (al�m da cana-de-a�ucar, temos fruticulturas diversas e o bambu como fonte de celulose). E de onde vir�o os recursos h�dricos? A minha alternativa � um projeto de adu��o das �guas do S�o Francisco, ap�s Xing�, que conduziria a �gua para atender as demandas projetadas das grandes metr�poles nordestinas (desde Aracaju at� Fortaleza, passando por Macei�, Recife, Jo�o Pessoa e Natal, com seus munic�pios vizinhos, atendendendo, tamb�m, cidades mais interioranas como Campina Grande, Caruaru, Mossor� e Crate�s, entre outras). Isto, liberaria os recursos h�dricos das bacias situadas no semi-�rido para serem aproveitados no pr�prio dom�nio do pol�gono das secas. Seja para pabastecimento humano, seja para outros usos, inclusive, irriga��o, desde que dentro de modelos e crit�rios bem resolvidos. No projeto atual de transposi��o, o semi-arido � exportador de �gua para regi�es menos semi-�ridas e, mesmo, �midas. � o caso de Fortaleza, abastecida pelo a�ude Or�s via canal do trabalhador. � o caso de Campina Grande, situada no m�dio Para�ba (menos �rido e comdisponibilidade suficiente para, pelo menos complementar a demanda de Campina Grande via reservat�rio de Acau�, com quase 2 m�/s de capacidade de regulariza��o plurianual) e que tem seu sistema de abastecimento realizado a partir da bacia do Alto Para�ba, a bacia mais semi-�rida do Nordeste (mesmo assim, ha disponibilidade suficiente para ga rantir este suprimento, j� que o racionamento que enfrentou resultou, justamente da falta de gest�o). Seria o caso de Recife e de outras metr�poles. Liberar�amos, portanto, Or�s, Epit�cio Pessoa, Armando Ribeiro Gon��lves para atender as demandas atuais e futuras (a perder de vista) do semi-�rido daquelas bacias onde estes reservat�rios ( e muitos outros) se inserem. Tenho, portanto, alternativa a este projeto de transposi��o. Que se complementa com programas e projetos de aproveitamento de pequenos a�udes. de aqu�feros aluviais (po�os e barragens subterr�neas), etc., etc. Ali�s, a sua secretaria tem trabalhado neste sentido dos projetos e programas complementares. E como o projeto de transposi��o em apre�o nada disso alcan�a, mas utiliza estes argumentos, eu reafirmo, s�o argumentos falaciosos. E quem viver ver� que, com este projeto, os problemas de seca com suas conseq��ncias continuar�o. Um abra�o respeitoso do seu colega e amigo.

Patroc�nio.

Em tempo: n�o sou xiita nestes assunto de desenvolvimento com base em recursos h�dricos. Sou favor�vel � constru��o de reservat�rio para gera��o de energia (qual a alternativa com a mesma escala? se tiverem, porque n�o substituem a gera��o hidrel�trica e liberam, n�o 26 m�/s, mas uma parcela muito maior da vaz�o regularizada por Sobradinho).

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A TRANSPOSI��O DE �GUAS DO S�O FRANCISCO.

Por: Jos� do Patroc�nio Tomaz Albuquerque

         Ge�logo com Mestrado em Eng� Civil, �rea de Recursos H�dricos.

Generalidades.

Para que se possa elaborar um projeto de transposi��o, duas condi��es b�sicas devem ser satisfeitas, conforme preceitos de economia dos recursos h�dricos, e que s�o: a exaust�o total do potencial da bacia receptora e a exist�ncia de excedente h�drico na bacia cedente, entendido o excedente como o saldo de recursos h�dricos que esta bacia apresente em horizonte de tempo suficientemente longo, de modo a n�o provocar preju�zo ao seu desenvolvimento.

            A primeira condi��o n�o � satisfeita por nenhuma das bacias hidrogr�ficas nordestinas, pretensamente receptoras, as quais apresentam, todas, super�vit de disponibilidades de recursos h�dricos em rela��o �s demandas atuais e futuras de cada bacia, a unidade de avalia��o, planejamento e gest�o natural de recursos h�dricos. O problema de atendimento de demandas est� ligado a novas ativa��es do potencial, onde eles n�o est�o totalmente ativados (caso das bacias do m�dio e baixo Para�ba, por exemplo) ou ao gerenciamento correto do potencial e das disponibilidades atuais, existentes em reservat�rios superficiais, em po�os tubulares ou outras estruturas de capta��o j� constru�das. A raiz do problema de desabastecimento � a inexist�ncia de uma gest�o integrada, racional e harmoniosa dos recursos h�dricos, superficiais e subterr�neos de cada bacia hidrogr�fica que contemple as caracter�sticas naturais ou ambientais das mesmas, a tipologia adequada das demandas e os atributos s�cio-culturais de sua popula��o.

Para o caso das bacias pretensamente receptoras do Nordeste, o confronto entre disponibilidades, atuais e m�ximas, e demandas das popula��es humanas, urbana e rural, da pecu�ria, da ind�stria (inclusive, agroind�stria), aq�icultura e irriga��o, a situa��o � a seguinte:

Bacia

Pot. Total*

Disp. M�xima*

Disp. Atual*

Demanda 2000*

Demanda 2020*

Jaguaribe

4.150

2.490

2.080

1.200

1.392

Apod�

820

492

218

180

223

Piranhas-A�u

2.380

1.428

1.428

554

650

Oriental Para�ba**

2.897

1.714

364

531

649

 Fonte: Projeto �RIDAS (Relat�rio Consolidado), SEPLAN, Bras�lia, 1994.

*Em milh�es de m�/ano.

]** Inclui as bacias hidrogr�ficas dos rios Para�ba, Mamanguape, Gramame e demais unidades hidrogr�ficas costeiras do Estado.

            Como se pode verificar, todas as bacias benefici�rias t�m super�vit at�, pelo menos, o ano 2020, mesmo com a implanta��o de projetos de irriga��o dentro do modelo atualmente adotado (55.624 h� na bacia do Jaguaribe, 7.209 h� no Apodi, 22.538 na bacia do Piranhas-A�u e 13.457 h� na bacia Oriental da Para�ba).

Este modelo de irriga��o � consumista, concentrador e perdul�rio dos recursos h�dricos em qualquer bacia hidrogr�fica nordestina. Por isto e por sua incompatibilidade com os par�metros f�sicos, hidrol�gicos, ambientais e s�cio-culturais da regi�o e de seu povo, discordo de sua implanta��o. Defendo um outro modelo que contemple m�todos de maior efici�ncia h�drica, per�odo e cultivos compat�veis com as caracter�sticas f�sicas e hidroclim�ticas do semi-�rido e com os atributos educacionais e culturais de seu povo.

            A segunda condi��o, de exist�ncia de excedente h�drico, precisa ser analisada em rela��o � poss�vel bacia cedente, a do rio S�o Francisco.

A transposi��o das �guas do rio S�o Francisco.

Duas s�o as alternativas de tomada d��gua nesta bacia: aquela situada no trecho entre as barragens de Sobradinho (jusante) e Xing� (montante), com seus projetos alternativos de Cabrob� e de Itaparica, e aquela localizada � jusante do reservat�rio de Xing�.

        Alternativa Sobradinho-Xing�.

Nesta alternativa, o obst�culo � transposi��o reside na gera��o de energia que � produzida pelo sistema de barragens existente neste trecho. Sobradinho, Oroc�, Ib�, Itaparica, complexo de Paulo Afonso e Xing� foram constru�das para assegurar uma vaz�o regularizada de 2.060 m3/s ao longo de toda a extens�o do trecho, com garantia de 95%. Isto significa dizer que esta vaz�o pode n�o ocorrer com 100% de freq��ncia, prevendo-se falha na gera��o de energia em 5% dos meses. Esta vaz�o de regulariza��o � dada pelo produto da energia potencial (fun��o da queda d��gua) com a vaz�o regularizada.

A energia firme produzida por cada usina hidrel�trica no trecho Sobradinho-Xing�, conforme a Companhia Hidro El�trica do S�o Francisco (CHESF), est� exposta no Quadro 8, a seguir:

Quadro 8 -  Energia Firme Produzida pela CHESf

Usina

Energia Potencial x Vaz�o (em m3/s)

Energia Firme Produzida (MW)

Sobradinho

0,216 x 2.060

   445

Itaparica

0,455 x 2.060

   938

Complexo Paulo Afonso

1,010 x 2.060

2.080

Xing�

1,050 x 2.060

2.163

Total

2,731 x 2.060

5.628

Fonte: CHESF- A CHESF e o Uso M�ltiplo das �guas do S�o Francisco, II Simp�sio de Recursos H�dricos do Nordeste, Fortaleza-CE, 1994. 

  Conforme pode-se verificar deste quadro, a redu��o da vaz�o resultar� em uma diminui��o da produ��o de energia. Para cada 1 m3/s retirado em qualquer ponto deste trecho (h� uma rea��o em cadeia) deixar�o de ser produzidos 2,731 MW de energia. Esta � a chamada �produtividade de gera��o de energia� do rio S�o Francisco no trecho considerado. Um projeto qualquer que retire 50, 60, 100 m3/sacarretar� uma redu��o de 50, 60, 100 vezes 2,731 MW de energia firme. No projeto com tomada d��gua em Cabrob�, onde se previa a transposi��o de 60 m3/s, deixariam de ser gerados exatos 163, 68 MW de energia. Considerando que para recalcar a diferen�a de cota de cerca de 160m, cada 1m3/s consumiria 1,6 MW (dados da CHESF), ter-se-ia, para os 60 m3/s, um gasto adicional de 96 MW, totalizando um consumo de 259,68 MW. Como a oferta de energia estar� totalmente comprometida at� o ano de 2002, esta energia teria que ser compensada por uma outra fonte de gera��o de energia el�trica tal como: t�rmica, e�lica, solar, at�mica, etc., cujos custos (US$ 45,00, na alternativa mais barata) s�o 2,5 a 3 vezes superiores ao custo m�dio da energia hidrel�trica, da ordem de US$ 17,10 o MW/hora. Este pre�o teria que ser subsidiado pelo poder p�blico ou ser repassado aos consumidores, o que inviabilizaria, por exemplo, a instala��o ou, at� a manuten��o do atual parque industrial, j� que perderia condi��es de concorr�ncia com produtos cong�neres de outras regi�es. Isto, sem levar em considera��o outros fatores negativos de algumas dessas fontes alternativas de energia como, por exemplo, vida �til menor, polui��o do meio ambiente, etc.

Al�m de prejudicar a gera��o de energia, a retirada de �gua neste trecho j� � objeto de um conflito de uso dentro da pr�pria bacia hidrogr�fica do S�o Francisco que disp�e de cerca de 1.300.000 hectares de terras irrig�veis de classes 1 e 2 (quase sem restri��es � irriga��o), dos quais 770.000 hectares j� projetados, esperando, portanto, por �gua. Por isso, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do S�o Francisco (CODEVASF) e a CHESF pleiteiam a importa��o das �guas e da energia do rio Tocantins, de vez que o potencial e as disponibilidades de recursos h�dricos est�o totalmente comprometidos com os abastecimentos humanos (urbano e rural), do gado, industrial, irriga��o, gera��o de energia, navega��o e lazer. Argumentos como o do Professor Caio L�ssio Botelho de que a Lagoa do Varad�o, localizada sobre uma falha geol�gica tem sua vaz�o de 110 m3/s drenada para o S�o Francisco, o que compensaria a transposi��o de 70 m3/s, n�o encontra guarida nas ci�ncias hidrol�gica e geol�gica. Na ci�ncia hidrol�gica porque estas contribui��es j� participam do potencial h�drico da bacia do S�o Francisco, avaliado por uma s�rie de dados fluviom�tricos de, pelo menos, 60 anos. Ora, esta contribui��o n�o se efetivou depois dessa avalia��o. Ao contr�rio, ela se verifica desde o estabelecimento da bacia hidrogr�fica, ocorrida a partir do per�odo Terci�rio que terminou h� 2,6 milh�es de anos atr�s. A partir da� e at� os dias atuais a Terra vive o per�odo Quatern�rio. A falha geol�gica que viabilizaria a drenagem, por sua posi��o sob a lagoa, deve, logicamente, ter se originado antes da lagoa, talvez no per�odo Cret�ceo ou, mesmo, no fim do Terci�rio, que � o per�odo das falhas geol�gicas mais recentes.

Verifica-se, portanto, que n�o existe excedente de h�drico na bacia do S�o Francisco no trecho considerado e que a transposi��o de suas �guas somente sair� por uma decis�o pol�tica e para abastecimento humano, �nica justificativa legal para a tomada desta decis�o, por sua prioridade consagrada na Lei N.�  9.433 de 08/01/97 que instituiu a Pol�tica Nacional de Recursos H�dricos. Mesmo a�, fica dif�cil fazer essa op��o, de vez que as demandas h�dricas do Estado, excluindo irriga��o, previstas para o ano de 2020, representam, apenas, 36,15% de suas disponibilidades m�ximas e 76,16% de suas disponibilidades atuais, o que significa que n�o se necessita construir novos reservat�rios, mas, apenas, novas adutoras, a partir de a�udes existentes, desde que tenham capacidade regulariza��o pluri-anual (vaz�o regularizada com 100% de garantia, qualquer que seja o evento hidrometeorol�gico vindouro). E estes reservat�rios existem, �s dezenas, sem o devido aproveitamento, em todas as bacias pretensamente receptoras.

        A alternativa de tomada d��gua a jusante de Xing�.

Nesta alternativa n�o existe qualquer obst�culo energ�tico � transposi��o, de vez que n�o h� mais moinhos geradores de energia entre Xing� e o Oceano Atl�ntico. Por outro lado a vaz�o regularizada do rio (2.060 m�/s) � acrescida da contribui��o da drenagem de jusante (110 m�/s), de modo que, no baixo curso, a vaz�o do rio S�o Francisco passa a ser de cerca de 2.170 m3/s (a vaz�o m�dia do rio neste curso, antes das interven��es de montante, atingia os 3.000 m3/s). Retira-se do baixo S�o Francisco 13,821 m�/s para atendimento das diversas demandas atuais (2003), inclusive, irriga��o. A demanda futura, para o ano de 2020, nesta parte da bacia do S�o Francisco, mesmo irrigando toda a �rea apta a esta atividade, ascenderia a cerca de 100 m�/s. As demandas ecol�gicas naturais, dadas pela m�dia das vaz�es m�nimas, de origem, predominantemente subterr�nea s�o dadas por esta descarga ocorrente no baixo curso (cerca de 30 m�/s) mais a contribui��o deste fluxo natural, proveniente de montante, algo como 1.280 m�/s. Esta demanda n�o crece nos horizontes de tempo vindouros, por raz�es �bvias. A demanda total para 2020 ascende a 1.310 m�/s. Haver�, portanto um excedente h�drico, mesmo ap�s 2020, de cerca de 870 m�/s, neste trecho, do qual uma pequena parcela (200 m3/s, por exemplo) poderia ser aduzida para abastecimento da popula��o urbana das grandes metr�poles situadas no litoral do Nordeste (Salvador, Aracaju, Macei�, Recife, Jo�o Pessoa, Natal e Fortaleza) e, at� de cidades do interior como Campina Grande-PB, Caruaru-PE, Mossor�-RN e Crate�s-CE que, provavelmente, n�o poder�o ser totalmente supridas, ap�s 2020, com os recursos h�dricos de suas pr�prias bacias hidrogr�ficas, necessitando importar �gua. A demanda urbana de todas as cidades dos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Para�ba, Rio Grande do Norte e Cear�, prevista para o ano 2020 � de, aproximadamente, 141,22 m3/s e a dos distritos industriais a elas agregados, 35,31 m3/s, perfazendo um total de 176,53 m3/s (Projeto �RIDAS, idem). O suprimento destas demandas por �guas do S�o Francisco transpostas do trecho em apre�o permitiria liberar as disponibilidades de recursos h�dricos dos reservat�rios atualmente existentes e os que venham a ser acumulados em reservat�rios situados na regi�o semi-�rida destes Estados para solucionar os seus problemas de abastecimento. No caso da Para�ba, seria derivada uma vaz�o que atenderia, pelo menos, as demandas da Grande Jo�o Pessoa e das cidades polarizadas por Campina Grande e de seus distritos industriais de, aproximadamente 10 m3/s (dados estimados a partir das demandas calculadas pelo �Plano e Gerenciamento Integrado dos Recursos H�dricos do Estado da Para�ba, GOV. ESTADO/SUPLAN � UFPB/ATECEL, 1994).

Para viabilizar esta adu��o, um projeto com tal finalidade deveria ser elaborado. Alguns elementos, no entanto, mostram a exeq�ibilidade do mesmo, tanto em rela��o ao Nordeste como um todo, quanto em rela��o � Para�ba, em particular.

Relativamente ao Nordeste, ter�amos uma ou v�rias tomadas d��gua situada logo ap�s Xing�, talvez em P�o de A��car, onde o n�vel do rio S�o Francisco est� a cerca de 9 metros acima do n�vel do mar, podendo a �gua ser recalcada para cima dos tabuleiros vizinhos da forma��o Barreiras (que ocorrem desde o estado do Esp�rito Santo at� o Maranh�o, em cotas de cerca de 40 metros), seguindo uma trajet�ria paralela � costa em dois ramos, um no sentido norte para as cidades dos estados situados ao norte e outro, no sentido sul para abastecimento de Aracaju e Salvador. Todas estas cidades est�o situadas em altitudes compat�veis com a altura manom�trica do n�vel do rio � jusante de Xing�.

No caso da Para�ba, o maior problema seria transportar a vaz�o necess�ria para abastecer Campina Grande e cidades vizinhas. Mas, com a constru��o de Acau�, o caminho para esta transposi��o est� delineado, havendo que percorrer o trecho situado entre Jo�o Pessoa (cota de mais ou menos 40 metros na parte situada sobre os tabuleiros da forma��o Barreiras) e a barragem de Acau�, de cota de opera��o situada em torno dos 135 metros. H�, portanto, que se vencer um desn�vel de cerca de 100 metros e uma dist�ncia, em linha reta, de cerca de 75 km, o que d� um aclive m�dio de 1m a cada 750m percorridos (0,133%, aproximadamente). De Acau� para a esta��o de tratamento de Gravat�, a adu��o far-se-ia segundo o projeto j� elaborado, apenas redimensionado para a vaz�o importada, o que poderia ser feito por etapas, at� o ano 2020.

O principal benef�cio desse ante-projeto seria liberar as disponibilidades dos a�udes Epit�cio Pessoa e Acau� e de outros reservat�rios de m�dio e pequeno porte para atender, com seguran�a e em horizonte de tempo bastante longo, todas as demandas projetadas desta bacia, inclusive uma n�o considerada no projeto de transposi��o em apre�o, que � a da corre��o da irregularidade pluviom�trica instalada pela ocorr�ncia dos chamados �veranicos�, o que viabilizaria (pelo menos em grande parcela da �rea plantada) a colheita de subsist�ncia, realizada na esta��o chuvosa do semi-�rido nordestino.  Tamb�m, libera as �guas do sistema de reservat�rios Gramame-Mamuaba para suprir todas as demandas das bacias do baixo curso do rio Para�ba e do rio Gramame, inclusive a irriga��o de cana de a��car para produ��o de �lcool combust�vel (substituto da gasolina, pela exaust�o futura, mas inexor�vel, do petr�leo, da fruticultura irrigada, entre outros consumos.

Por outro lado, os entraves t�cnicos, econ�micos e, at�, pol�ticos estariam superados, na medida em que n�o haveria preju�zos � gera��o de energia (que n�o teria que ser substitu�da), nem �s outras demandas, a� inclu�das, a irriga��o e, provavelmente, a navega��o, que disporia de uma vaz�o m�nima de cerca de 1.850 m3/s para assegurar a navegabilidade do baixo curso do rio S�o Francisco.

Outra vantagem dessa alternativa � que os custos desse projeto seriam repartidos entre o governo federal e os governos dos 7 estados da federa��o envolvidos na referida obra, ao inv�s de, apenas, 3 ou 4.

Em termos de projeto de engenharia propriamente dito, este � mais simples que o anterior, de vez que se restringe, praticamente, � constru��o de um sistema de adu��o, onde as maiores obras seriam a constru��o de sif�es, dispensando a execu��o de t�neis, canais abertos, e grandes recalques de n�o menores vaz�es, o que favorece perdas de condu��o.

Uma fal�cia relacionada com o projeto anterior diz respeito, exatamente, �s perdas de condu��o da vaz�o retirada do S�o Francisco que, no caso, seriam nulas. N�o s�o. A vaz�o que chega � menor que a que sai, qualquer que seja o tipo de condu��o. Mas, as perdas s�o significativamente maiores em projetos com canais, t�neis e grandes recalques, sendo bem menores quando a �gua � conduzida por tubos fechados, sob press�o. Os investimentos deste �ltimo processo s�o, provavelmente, maiores que os primeiros. Por�m os custos finais, tomados em rela��o � vida do projeto s�o bastante menores, j� que os gastos com a opera��o e a manuten��o de adutoras s�o muito inferiores que o de canais, t�neis etc.

            A abrang�ncia da solu��o Transposi��o e a Seca.

  Tem-se apregoado aos 4 ventos que a transposi��o seria a solu��o definitiva  do problema da seca. Esta � uma afirma��o equivocada e perigosa. Equivocada porque quem faz uma afirma��o desta desconhece a verdadeira e grande dimens�o do problema seca e o real alcance da importa��o de �gua. E perigosa porque, executada a transposi��o, esta obra poderia servir como argumento que desobrigaria o governo federal dos socorros emergenciais. A seca � um fen�meno temporal que atinge qualquer regi�o do mundo, inclusive as de clima temperado. Mas, ela se manifesta de forma cruenta nas �reas de clima semi-�rido. E, dentro destas, as que s�o extensivamente povoadas e ocupadas por agricultura de subsist�ncia, como o Nordeste semi-�rido. Para suprir as demandas populacionais humanas, urbana e rural, do gado e de ind�strias, as vaz�es regularizadas por a�udes resolveriam o problema com grandes folgas, mesmo em per�odos de secas prolongadas, j� que, conforme foi visto, a vaz�o de regulariza��o de a�udes, que leva em considera��o a ocorr�ncia de eventos pluviom�tricos extremos, m�nimos (secas) e m�ximos (cheias), � muito superior � totalidade dessas demandas.

J� para atender as necessidades da agricultura, a situa��o se complica. Isto porque a �rea em que se pratica a agricultura (a� inclu�da a �rea de pastagens plantadas) no Estado da Para�ba ascende a cerca de 834 mil hectares (j� foi de mais de 1.400,000 hectares em meados da d�cada de 80), conforme dados do IBGE, Censo Agropecu�rio, 1985 - 1996. Se n�o chove ou se chove irregularmente a demanda da agricultura neste per�odo n�o � suprida. A solu��o que tem sido adotada � a irriga��o, praticada em modelo j� comentado neste relat�rio. Por este modelo, poder-se-ia irrigar, com os recursos h�dricos das bacias paraibanas, entre 40.000 e 50.000 hectares de terras, ou seja, algo como 0,85% do territ�rio paraibano ou 6% da �rea onde se pratica a atividade agr�cola. As disponibilidades s�o, portanto, insuficientes para atender esta demanda com este modelo de irriga��o. Para atend�-la em sua totalidade, seria necess�rio importar, s� para a Para�ba, cerca de 500 m3/s e n�o, apenas, os 10 m3/s destinados ao abastecimento abordado neste cap�tulo. Isto, evidentemente, � irrealiz�vel pelo impacto que uma transposi��o desse porte provocaria nas disponibilidades h�dricas do rio S�o Francisco.

Ao n�vel de regi�o Nordeste, a situa��o n�o � diferente. Sobre o Nordeste, precipitam-se, em m�dia, anualmente, cerca de 1 trilh�o e 700 bilh�es de metros c�bicos anuais, 87% dos quais s�o perdidos por evapotranspira��o real. Portanto, 13% desse total, ou seja, aproximadamente 220 bilh�es de metros c�bicos � que sobram para formar os escoamentos dos rios e aq��feros da regi�o. Este potencial, se totalmente captado atrav�s da constru��o de barragens (o que j� acontece em quase todas as bacias hidrogr�ficas que drenam a sua parte semi-�rida) e de po�os, etc. n�o fica totalmente dispon�vel, pois sobre ele incidem novas perdas, da ordem de 40% (idealmente) ou mais. As disponibilidades m�ximas atingiriam, portanto, 132 bilh�es de metros c�bicos. Descontadas as demandas outras que n�o a irriga��o, para o ano de 2020, restaria um saldo de cerca de 100 bilh�es de metros c�bicos anuais que, se utilizadas na irriga��o atualmente praticada, beneficiaria uma �rea de, no m�ximo, 5 milh�es de hectares. A �rea do Nordeste � de cerca de 160 milh�es de hectares, 80 milh�es dos quais inseridos no pol�gono das secas. Por a� se v� que este modelo de irriga��o n�o resolve o problema da seca, pelo menos na parte de socorro � agricultura que, s� no semi-�rido, ocupa uma superf�cie de cerca de 40 milh�es de hectares.

A abrang�ncia da solu��o transposi��o �, portanto, limitada. Ela resolve problemas espec�ficos como os aqui abordados, de abastecimento de cidades ou de per�metros de irriga��o de �rea delimitada, nunca o problema da seca. Por isso, os problemas emergenciais, embora possam ser minimizados pela gest�o correta dos recursos h�dricos, sempre ocorrer�o e os socorros (frentes de trabalho, cestas b�sicas, etc.) dever�o ser sempre providenciados, para isso contando com recursos financeiros a serem previstos em or�amentos da Uni�o e dos Estados.


De: [mailto:]
Enviada em: sexta-feira, 1 de abril de 2005 11:16
Assunto: a transposi��o do S�o Francisco

Caro Manfredo,
em meados de mar�o foi realizado o Semin�rio: Rio S�o Francisco - O  Desafio da Verdade, patrocianado pela SEMAD MG e os org�os do sistema ambiental mineiro. Constou de v�rais palestras de hidr�logos, engenheiros el�tricos, ge�logos etc. Esas palestras est�o disponibilizdas no Portal Terra & Ci�ncias, gerenciado pelo Degeo-EM-UFOP.Estas palestras foram inclu�das na Biblioteca Virtual do portal. Para ter acesso aos textos, por favor, entre no portal Terra &  Ci�ncias (http://www.degeo.ufop.br/terraCiencias/index.php  ), e clique na op��o biblioteca virtual na janela "canais" .

Um abra�o

Paulo de Tarso
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Paulo de Tarso Amorim Castro
Centro de Pesquisa em Geologia Automatizada - CPGA
Departamento de Geologia - Escola de Minas UFOP


  

Not�cias
O sert�o vai virar mar?
 

Que grande projeto do governo está sendo discutido em relação ao Rio São Francisco?

Em debate acalorado na reuni�o da SBPC, o ministro da Integra��o Nacional, Ciro Gomes, diz que o projeto de transposi��o do rio S�o Francisco n�o resolve o problema da seca no Nordeste, mas acaba com o desperd�cio nos a�udes

 Frase do MINISTRO DA INTEGRA��O, citada em Not�cias FAPESP (acima):
"
� importante deixar claro que a interliga��o das bacias n�o acaba com a seca, mas evita perdas. A inseguran�a h�drica gera o desperd�cio nas barragens. A �gua acumulada e n�o utilizada transborda e vai embora�

Observa��o de Manfredo Winge: Analisando essa frase, podemos dizer que ela peca por falta de l�gica, pois a �gua transbordada de a�udes (1) n�o � desperdi�ada pois vai servir rio abaixo para beber e para as lavouras de "inverno" e (2) nesta �poca de muita chuva n�o se carece de um bilion�rio canal de desvio do S�o Francisco, pois �gua se ter� a vontade nesses "invernos" chuvosos.


A QUEM SERVE A TRANSPOSI��O?

AZIZ AB'S�BER
Folha de S�o Paulo - Tend�ncias e Debates -
20/02/2005

    � compreens�vel que em um pa�s de dimens�es t�o grandiosas, no contexto  da tropicalidade, surjam muitas id�ias e propostas incompletas para atenuar ou procurar resolver problemas de regi�es cr�ticas. Entretanto, � imposs�vel tolerar propostas demag�gicas de pseudot�cnicos n�o preparados para prever os m�ltiplos impactos sociais, econ�micos e ecol�gicos de projetos teimosamente enfatizados. Tem faltado a eventuais membros do primeiro escal�o dos governos qualquer compromisso com planifica��o met�dica e integrativa, baseada em bons conhecimentos sobre o mundo real de uma sociedade prenhe de desigualdades. Nesse sentido, bons projetos s�o todos aqueles que possam atender �s expectativas  de todas as classes sociais regionais, de modo equilibrado e justo, longe de favorecer apenas alguns especuladores contumazes. Pessoalmente, estou cansado de ouvir propostas ocasionais, mal pensadas, dirigidas a altas lideran�as governamentais.
    Nas discuss�es que ora se travam sobre a quest�o da transposi��o  de �guas do S�o Francisco para o setor norte do Nordeste Seco, existem alguns argumentos t�o fantasiosos e mentirosos que merecem ser corrigidos em primeiro lugar. Referimo-nos ao fato de que a transposi��o das �guas resolveria os grandes problemas sociais existentes na regi�o semi-�rida do Brasil. Trata-se de um argumento completamente infeliz lan�ado por algu�m que sabe de antem�o que os brasileiros extra-nordestinos desconhecem a realidade dos espa�os f�sicos, sociais, ecol�gicos e pol�ticos do grande Nordeste do pa�s, onde se encontra a regi�o semi-�rida mais povoada do mundo.
    O Nordeste Seco, delimitado pelo espa�o at� onde se estendem as caatingas e os rios intermitentes, sazon�rios e exoreicos (que chegam ao mar), abrange um espa�o fisiogr�fico socioambiental da ordem de 750.000 quil�metros quadrados, enquanto a �rea que pretensamente receber� grandes benef�cios abrange dois projetos lineares que somam apenas alguns milhares de quil�metros nas bacias do rio Jaguaribe (Cear�) e Piranhas/A�u, no Rio Grande do Norte. Portanto, dizer que o projeto de transposi��o de �guas do S�o Francisco para al�m Araripe vai resolver  problemas do espa�o total do semi-�rido brasileiro n�o passa de uma distor��o falaciosa.
    Um problema essencial na discuss�o das quest�es envolvidas no projeto de transposi��o de �guas do S�o Francisco para os rios do Cear� e Rio Grande do Norte diz respeito ao equil�brio que deveria ser mantido entre as �guas que seriam obrigat�rias para as important�ssimas hidrel�tricas  j� implantadas no m�dio/baixo vale do rio -Paulo Afonso, Itaparica,Xing�. Devendo ser registrado que as barragens ali implantadas s�o fatos pontuais, mas a energia ali produzida, e transmitida para todo o Nordeste, constitui um tipo de planejamento da mais alta relev�ncia para o espa�o total da regi�o. De forma que o novo projeto n�o pode, em hip�tese alguma, prejudicar o mais antigo, que reconhecidamente � de uma import�ncia areolar. Mas parece que ningu�m no Brasil se preocupa em saber nada de planejamentos pontuais, lineares e areolares. Nem tampouco em saber quanto o projeto de interesse macrorregional vai interessar para os projetos lineares em pauta.
    Segue-se na ordem dos tratamentos exigidos pela id�ia de transpor �guas do S�o Francisco para al�m Araripe a quest�o essencial a ser feita para pol�ticos, t�cnicos acoplados e demagogos: a quem vai servir a transposi��o das �guas? Uma interroga��o indispens�vel em qualquer projeto que envolve grandes recursos, sensibilidade social e honestas aplica��es dos m�todos dispon�veis para previs�o de impactos.
    Os "vazanteiros" que fazem horticultura no leito dos rios que "cortam" -que perdem fluxo durante o ano- ser�o os primeiros a ser totalmente prejudicados. Mas os t�cnicos insens�veis dir�o com enfado: "A cultura de vazante j� era". Sem ao menos dar qualquer prioridade para a realoca��o dos her�is que abastecem as feiras dos sert�es. A eles se deve conceder a prioridade maior em rela��o aos espa�os irrig�veis que viessem a ser identificados e implantados. De imediato, por�m, ser�o os fazendeiros pecuaristas da beira alta e colinas sertanejas que ter�o �gua dispon�vel para o gado, nos cinco ou seis meses que os rios da regi�o n�o correm. � poss�vel termos �gua dispon�vel para o gado e continuarmos com pouca �gua para o homem habitante do sert�o. Nesse sentido, os maiores benefici�rios ser�o os propriet�rios de terra, residentes longe, em apartamentos luxuosos em grandes centros urbanos.
    Sobre a viabilidade ambiental pouca coisa se pode adiantar, a n�o ser a falta de conhecimentos sobre a din�mica clim�tica e a periodicidade do rio que vai perder �gua e dos rios intermitentes-sazon�rios que v�o receber filetes das �guas transpostas. Um projeto inteligente e vi�vel sobre transposi��o de �guas, capta��o e utiliza��o de �guas da esta��o chuvosa e multiplica��o de po�os ou cisternas tem que envolver obrigatoriamente conhecimento sobre a din�mica clim�tica regional do Nordeste. No caso de projetos de transposi��o de �guas, h� de ter consci�ncia que o per�odo de maior necessidade ser� aquele que os rios sertanejos intermitentes perdem correnteza por cinco a sete meses. Trata-se por�m do mesmo per�odo que o rio S�o Francisco torna-se menos volumoso e mais esqu�lido. Entretanto, � nesta �poca do ano que haver� maior necessidade de reservas do mesmo para hidrel�tricas regionais. Trata-se de um impasse paradoxal, do qual, at� agora, n�o se falou.
Por outro lado, se esta �gua tiver que ser elevada ao chegar a regi�o final de seu uso, para desde um ponto mais alto descer e promover alguma irriga��o por gravidade, o processo todo aumentar� ainda mais a demanda regional por energia. E, ainda noutra dire��o, como se evitar� uma grande evapora��o desta �gua que atravessar� o dom�nio da caatinga, onde o �ndice de evapora��o � o maior de todos? Eis outro ponto obscuro, n�o tratado pelos arautos da transposi��o.
    A afoiteza com que se est� pressionando o governo para se conceder grandes verbas para in�cio das obras de transposi��o das �guas do S�o Francisco ter� conseq��ncias imediatas para os especuladores de todos os naipes. Existindo dinheiro - em uma �poca de escassez generalizada para projetos necess�rios e de valor certo -, todos julgam que deve ser democr�tica a oferta de servi�os, se poss�vel bem rentosos. Ser� assim, repetindo fatos do passado, que acontecer�  a disputa pelos R$ 2 bilh�es pretendidos para o come�o das obras.
    O risco final � que, atravessando acidentes geogr�ficos consider�veis, como a eleva��o da escarpa sul da chapada do Araripe -com grande  gasto de energia!-, a transposi��o acabe por significar apenas um canal t�mido de �gua, de duvidosa validade econ�mica e interesse social, de grande custo, e que acabaria, sobretudo, por movimentar o mercado especulativo, da terra e da pol�tica. No fim, tudo apareceria como o movimento geral de transformar todo o espa�o em mercadoria.

Aziz Ab'S�ber, 80, � ge�grafo, professor-em�rito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ci�ncias Humanas da USP e professor convidado do Instituto de Estudos Avan�ados da USP

ADUnB 30/09/05


Ao Povo do Nordeste

Dom Frei Luiz Fl�vio Cappio

Queridos irm�os e irm�s nordestinos,
do Cear�, da Para�ba, do Rio Grande do Norte e do Pernambuco,

    Estou desde o dia 26 de setembro de 2005, dia do anivers�rio de S�o Francisco, em jejum e ora��o permanente. Estou em Cabrob�, Pernambuco, �s margens do Rio S�o Francisco, numa capela dedicada a S�o Sebasti�o. Minha disposi��o, amadurecida e l�cida, � de dar a minha vida pela vida do Rio S�o Francisco e de seu Povo, contra o projeto de transposi��o e em favor de solu��es verdadeiras e sustent�veis para a regi�o semi-�rida.
    H� mais de 30 anos, buscando ser fiel a Jesus Cristo e a meu pai S�o Francisco, identifiquei minha vida sacerdotal com o Rio S�o Francisco e seu Povo. Neste momento, apenas procuro manter-me coerente com esta op��o. N�o quero morrer, mas quero a vida verdadeira para o Rio S�o Francisco e para o todo o Povo Sanfranciscano e do Nordeste!
    Meu gesto � o �ltimo recurso que me resta para fazer o Governo Federal desistir desta obra insana e mentirosa, que � a transposi��o. Minha luta � tamb�m pelo sagrado direito de voc�s a ter �gua boa e vida digna. N�o � de maneira nenhuma um gesto contra voc�s.
    H� muito tempo os poderosos querem fazer voc�s acreditarem que s� a �gua do Rio S�o Francisco pode resolver os problemas que vos afligem todos os anos no per�odo da seca. N�o � verdade. Estes mesmos problemas s�o vividos a pouca dist�ncia do Rio S�o Francisco. Ter �gua passando pr�xima n�o � a solu��o, se n�o houver a justa distribui��o da �gua dispon�vel. E temos, perto e longe do rio, muitas fontes de �gua: da chuva, dos rios e riachos tempor�rios, do solo e do subsolo. O que est� faltando � o aproveitamento e a administra��o competente e democr�tica dessas �guas, de modo a torn�-las acess�veis a todos, com prioridade para os pobres.
    N�o lhes contam toda a verdade sobre este projeto da transposi��o. Ele n�o vai levar �gua a quem mais precisa, pois ela vai em dire��o aos a�udes e barragens existentes e a maior parte, mais de 70%, � para irriga��o, produ��o de camar�o e ind�stria. Isso consta no projeto escrito. Al�m disso, vai encarecer o custo da �gua dispon�vel e estabelecer a cobran�a pela �gua al�m do que j� pagam. Voc�s n�o s�o os reais benefici�rios deste projeto. Pior, voc�s v�o pagar pelo seu alto custo e pelo benef�cio dos privilegiados de sempre.
    N�o estivesse o Rio S�o Francisco � beira da morte e suas �guas fossem a melhor solu��o para a sede de voc�s, eu n�o me oporia e lutaria com voc�s por isso. Tenho certeza que o generoso povo do S�o Francisco faria o mesmo.

Pe�o-lhes encarecidamente que me compreendam, busquem mais informa��es corretas de pessoas honestas, se organizam e lutem pela conviv�ncia com o semi-�rido, que � a �nica e verdadeira sa�da para todos n�s do Nordeste.

Senhor, Deus da Vida, ajude-nos! "Louvado sejas, pela Irm� �gua, preciosa e casta, humilde e boa!"

Recebam meu abra�o e minha ben��o,

Dom Frei Luiz Fl�vio Cappio
Bispo Diocesano da Barra - BA
Cabrob�, 30 de setembro de 2005

ADUnB 30/09/05 


De: Thomas Campos [mailto:]
Enviada em: quinta-feira, 6 de outubro de 2005 18:00
Assunto: Sobre o S�o Francisco por Jo�o Abner

Eis um dos textos escrito pelo nosso colega Eng. Jo�o Abner da UFRN

Data: 10/05/05 15:39:20

Assunto: Re: [ciranda] culpado por futuro do bispo

Segunda Feira, 10/10, estarei em S�o Paulo debatendo a transposi��o do rio S�o Francisco no programa Roda Viva da TV Cultura/SP.

Desde j�, antecipo os argumentos que usarei no Programa.

Jo�o Abner

TRANSPOSI��O DO ATRASO

Jo�o Abner Guimar�es Jr.

Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Esperan�a de in�meras gera��es de nordestino alimentada por muitos anos de badala��o da propaganda oficial, a Transposi��o do Rio S�o Francisco encontra-se em vias de ser viabilizada, pelo menos o in�cio da sua constru��o, ap�s uma grande batalha travada entre o Governo e os opositores da Bacia do Rio S�o Francisco, que se intensificou no �ltimo ano.

Lobby da Transposi��o

A experi�ncia recente no acompanhamento da condu��o por parte do Governo do Projeto de Transposi��o no Brasil, a recorr�ncia do tema com for�a crescente, mesmo num ambiente de avan�os democr�ticos, mostra a fragilidade do estado brasileiro e de suas institui��es frente aos interesses coorporativos dos lobbies do poder econ�mico incrustados no meio pol�tico e na infra-estrutura do Estado.

A defesa do projeto � capitaneada por uma forte articula��o pol�tico-empresarial, envolvendo os governos e as bancadas dos estados do nordeste setentrional (CE, PE, PB e RN) que, como um v�rus cuja cepa mais recente, contaminou o Estado Brasileiro no governo Itamar Franco e, cada vez mais forte, replicou no Governo FHC e, por �ltimo, no Governo Lula envolvendo, agora, diretamente o pr�prio Presidente na defesa enf�tica do projeto.

Discurso Demag�gico

No in�cio do m�s de setembro, em Angicos (RN), o presidente Lula acusou os cr�ticos da transposi��o do rio S�o Francisco - principal e um dos poucos projeto de destaque do seu governo - de ego�smo e insensibilidade com a problem�tica da secas na Regi�o Nordeste. Disse o Presidente: "s� pode ser contra quem tem �gua Perrier � cara �gua mineral francesa - na sua geladeira, s� pode ser contra quem nunca carregou uma lata de �gua de 20 litros na cabe�a por seis ou oito l�guas�.

Em rela��o ao tema, o Presidente reproduz a estrat�gia de que a melhor defesa � o ataque, fugindo, dessa forma, de responder aos questionamentos que associam o projeto com a velha ind�stria das secas na regi�o.

Presente de Grego

Para os cr�ticos, o projeto de R$ 4,5 bilh�es, que dever� comprometer grande parte dos recursos p�blicos em muitos anos no NE, no m�nimo n�o deve ser considerado priorit�rio porque vai manter o quadro da seca inalterado. As �guas desviadas v�o passar distante da grande maioria da popula��o rural do sert�o atingida pela seca, e, em contrapartida, v�o irrigar em condi��es economicamente desfavor�veis regi�es onde j� se encontram os maiores reservat�rios.

Hoje, no Nordeste, n�o se cobra pela �gua bruta. A realidade atual � que os custos da �gua para os usu�rios dizem respeito apenas ao bombeamento da fonte de suprimento at� a �rea agr�cola.

Com a transposi��o, ao contr�rio, vai se pagar muito caro pelo uso da �gua transposta. O custo da �gua ser�, no m�nimo, 5 a 6 vezes maior do que os valores atualmente praticados na Regi�o. Esse fato dever� restringir bastante a inser��o dos produtos hidro-agr�colas das bacias receptoras no mercado globalizado, atual e futuro, extremamente competitivo. Nesse sentido, � um projeto economicamente invi�vel, um verdadeiro �presente de grego� para a popula��o dos estados receptores.

Conta da Transposi��o

Para viabiliz�-lo, os estudos econ�micos contratados pelo Governo sugerem a pr�tica de um subs�dio cruzado, politicamente insustent�vel. Est� previsto que 85% da receita do projeto dever�o ser gerados pelos consumidores de �gua situados no meio urbano das grandes cidades da Regi�o Nordeste Setentrional, que na atualidade n�o precisam e j� subsidiam o abastecimento h�drico humano do interior.

O modelo de gest�o do sistema proposto prev� que a opera��o seja executada por uma concession�ria que entregar� �gua para os estados. Os governos, por seu turno, pagar�o por essa �gua no m�nimo R$ 100 milh�es, mesmo que n�o seja necess�rio aumentar a oferta local desse insumo com vistas a atender prov�veis necessidades.

Contram�o da Hist�ria

A transposi��o, por ser uma obra muito atrasada vai � contram�o das pol�ticas p�blicas que vinham sendo desenvolvidas na Regi�o nos �ltimos anos, estimuladas por organismos internacionais, tendo como alvo o desenvolvimento sustent�vel, a partir da  democratiza��o do acesso � �gua e da gest�o participativa dos recursos h�dricos. Ao  contr�rio, com o Projeto cria-se uma depend�ncia da regi�o com a �gua do Rio S�o  Francisco, um recursos natural escasso, caro e conflitante.

O semi-�rido nordestino vai pagar um alto pre�o por essa obra. Durante muitos anos a obra vai consumir boa parte dos recursos p�blicos que viriam para a regi�o e paralisar a a��o do Estado, reproduzindo, dessa forma em maior escala, a nefasta  ind�stria das secas no NE.

Transposi��o para o RN

A quest�o do Rio Grande do Norte � emblem�tica. O projeto - uma unanimidade da classe pol�tica do Estado � teve recentemente o seu rateio de �gua contratada ao Governo Federal pelo Governo do Estado, no qual consta uma vaz�o disponibilizada em car�ter permanente inicialmente de apenas   1,85 m�/s at� 2010,  sendo reduzido para 1,60 m�/s em 2025.

A �gua ter� que ser repartida entre as bacias do Piranhas-A�u e Apod�-Mossor� e ser� de quantidade inexpressiva levando-se em considera��o a disponibilidade local, 15 vezes maior.

Vale salientar que o rio Piranhas-A�u, no seu trecho do RN, encontra-se perenizado h� v�rias d�cadas a partir da barragem de Coremas-M�e d��gua na Para�ba e recentemente um acordo de integra��o celebrado pela ANA e os estados do RN e PB assegurou uma vaz�o m�nima de 1,5 m�/s na entrada do RN, equivalente a vaz�o transposta.

Portanto, a transposi��o para o nosso estado dever� se constituir num grande fiasco, depois de tanta expectativa. Tal como na f�bula de Esopo, a montanha rugiu, rugiu, tremeu, tremeu e pariu um rato.

RATEIO DA �GUA DO PROJETO DE INTEGRA��O DO RIO S�O FRANCISCO

ESTADOS

Vaz�es (m�/s)

Acr�scimo de vaz�o dispon�vel

Bombeadas

Disponibilizadas

2010

2025

2010

2025

2025/2010

CE

6,20

11,30

4,40

8,83

50,2%

PB

5,50

5,50

4,34

4,80

9,6%

PE

5,10

7,30

4,21

6,37

33,9%

RN

2,60

2,30

1,85

1,60

-15,6%

TOTAL PTSF

19,40

26,40

14,80

21,80

32,1%

SUSTENTABILIDADE ECON�MICO-FINANCEIRA DO PISF

Mecanismos do sistema de gest�o econ�mico-financeiro do PISF:

  • Tarifa��o dos servi�os de adu��o de �gua bruta pela Operadora Federal aos Estados Receptores;
  • Garantia de ressarcimento pelos Estados receptores � operadora Federal dos custos de opera��o , manuten��o e administra��o do projeto de integra��o; e
  • Cobran�a pelo uso da �gua bruta nos Estados receptores.

CUSTO POR ESTADO

Estado

2010

2015

R$

%

R$

%

CE

16.509.315,00

25,44

33.626.162,00

33,34

PB

21.199.715,00

32,66

23.706.030,00

23,50

PE

20.437.173,00

31,49

35.931.433,00

35,62

RN

6.757.484,00

10,41

7.599.424,00

7,53

TOTAL

64.903.687,00

100.863.049,00

CUSTO UNIT�RIO M�DIO EM 2015

            Custo total da �gua .=  100.863.049,00 R$/ano

            Volume total dispon�vel =  21,886.400365 =  687.484.800,00 m�/ano

            Custo m�dio da �gua......................................= R$ 0,1467 por m�


De: Celso_Dal_Re_Carneiro [mailto:]
Enviada em: sexta-feira, 7 de outubro de 2005 08:33
Re: TRANSPOSI��O DO S�O FRANCISCO

Sugiro que se coloque nesse sitio a analise abaixo, recente, disponivel em ambientebrasil:

Transposi��o do Velho Chico: uma an�lise de controv�rsias
06/10/2005 Theophilo Ottoni Filho
http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=21150 

Prof. Dr. Celso Dal Re Carneiro
Departamento de Geociencias Aplicadas ao Ensino
Instituto de Geociencias - Unicamp

06/10/2005
Transposi��o do Velho Chico: uma an�lise de controv�rsias

Theophilo Ottoni Filho (*)

O projeto do Governo Federal de transposi��o do Rio S�o Francisco para bacias hidrogr�ficas da Para�ba, Pernambuco, Cear� e Rio Grande do Norte n�o � a melhor solu��o atual para o problema da seca no nordeste. O projeto, que deve custar R$ 2 bilh�es, consiste na transfer�ncia de �guas do rio para abastecer cursos d��gua e a�udes da regi�o.

O desvio de 60 m�/s de �gua do fluxo do S�o Francisco para outras bacias dever� trazer pouco impacto negativo para a ecologia ou economia da bacia do S�o Francisco, j� que a vaz�o m�dia do rio supera 2.000 m�/s e o desvio representa apenas 3% desse total. Assim, o Projeto de Revitaliza��o H�drica da bacia do S�o Francisco n�o deve ser usado como instrumento compensat�rio do Projeto de Transposi��o. Foram os moradores do vale que impactaram a regi�o e s�o eles, e n�o a totalidade da popula��o brasileira, que devem arcar com os custos da revitaliza��o, conforme prev�, inclusive, a legisla��o brasileira.

O principal argumento usado por aqueles que defendem a transposi��o � que as bacias nordestinas n�o pertencentes ao Vale do S�o Francisco s�o irremediavelmente carentes de �gua e que, por isso, como salvadora op��o, todos deveriam concordar com a transposi��o. A falha desse argumento est� na premissa de que n�o existe no Nordeste outras fontes de �gua significativas e confi�veis, sen�o o Rio S�o Francisco. Esse � um mito que foi criado e que precisa ser abolido. Na verdade, o mais volumoso manancial dos continentes (excluindo-se as geleiras) s�o as �guas subterr�neas. Estima-se que no Planeta tal reserva exceda o volume dos rios na ordem de milhares de vezes.

Portanto, considerando a extens�o continental do Pol�gono das Secas (um milh�o de km�), deve existir mais fluxo de �gua subterr�nea desperdi�ando-se no mar do Nordeste do que a soma de todos os fluxos dos rios nordestinos, incluindo o S�o Francisco. Al�m de ser mais volumosa, a disponibilidade h�drica subterr�nea, em geral, � mais regular e confi�vel do que a dos mananciais de superf�cie. Esse � o principal motivo pelo qual  �reas �ridas e semi-�ridas, como o Oeste dos Estados Unidos, Austr�lia e Israel, baseiam sua pol�tica h�drica na utiliza��o das �guas de po�os.

Sem d�vida, os nordestinos no contexto atual n�o precisam da transposi��o do Rio S�o Francisco. O Nordeste precisa combater os desperd�cios h�dricos, reutilizar os esgotos sanit�rios (em Israel, 70 % das �guas servidas s�o reusadas), investir em prospec��o e explora��o dos aq��feros subterr�neos, incluindo os materiais portadores de �gua dos leitos  fluviais, melhor utilizar os mananciais de superf�cie e explorar mais amplamente as capta��es de chuva (pela utiliza��o de cisternas e reservat�rios protegidos). Os recursos financeiros utilizados na transposi��o deveriam ser direcionados para todos os estados nordestinos visando a consolida��o de uma pol�tica h�drica sustent�vel regional, mais espacializada e democr�tica,  abrangendo uma popula��o maior, e mais independente do Velho Chico.

* Professor do Departamento de Recursos H�dricos e Meio Ambiente da Escola Polit�cnica da UFRJ.

AmbienteBrasil de 06/10/2005  http://www.ambientebrasil.com.br/


De: Manfredo Winge [mailto:]
Enviada em: domingo, 9 de outubro de 2005 20:09
Assunto: A FAVOR DA TRANSPOSI��O

Prezado colega geocientista,
caso voc� tenha posicionamento favor�vel ao Projeto de Transposi��o do S�o Francisco (n�o confundir com revitaliza��o do Rio que � outro projeto), gostar�amos de receber seus ARGUMENTOS T�CNICO-CIENT�FICOS para serem divulgados, j� que a grande maioria dos coment�rios recebidos/coligidos vem caracterizando o PROJETO COMO NEGATIVO e isto pode dar a impress�o que a nossa p�gina de comments & replies � tendenciosa.

Conferir mais algumas an�lises e coment�rios:
A QUEM SERVE A TRANSPOSI��O? - Aziz Ab'S�ber
Ao Povo do Nordeste - Dom Frei Luiz Fl�vio Cappio
TRANSPOSI��O DO ATRASO - Jo�o Abner Guimar�es Jr
Transposi��o do Velho Chico: uma an�lise de controv�rsias - Theophilo Ottoni Filho

Obrigado
Manfredo Winge


Vida para todos: por isso fiz a greve de fome

Artigo de Dom frei Luiz Fl�vio Cappio

Folha de S.Paulo

Foi em favor da vida que fiquei 11 dias em jejum e ora��o na t�o querida capelinha de S�o Sebasti�o, em Cabrob� (PE). Motivou-me o compromisso, baseado no Evangelho, que tenho com os pobres, os do rio S�o Francisco em primeiro lugar, porque me s�o mais pr�ximos, h� mais de 30 anos, por op��o de franciscano, sacerdote e bispo desde 1997. Compromisso com a vida do pr�prio rio S�o Francisco, t�o degradado.
"Rio vivo, povo vivo. Rio morto, povo morto", gritamos milhares de vezes na peregrina��o da nascente � foz do S�o Francisco, entre outubro de 1993 e outubro de 1994. Vida amea�ada pelo atual projeto de transposi��o. Mas meu compromisso � tamb�m com a vida de toda a popula��o do semi-�rido, principalmente a dos mais pobres, enganados com tal projeto.
Era essa minha inten��o, bastante clara na declara��o "que todos tenham vida", que fiz depois de longo debate, no acordo que me levou a suspender o jejum e que celebrei com o ministro Jaques Wagner, em nome e com o assentimento do presidente Lula: "permitir uma ampla discuss�o, participativa, verdadeira e transparente para que se chegue a um plano de desenvolvimento sustent�vel, baseado na conviv�ncia com todo o semi-�rido, para o bem de sua popula��o, priorizando os mais pobres. (...) que, atrav�s desse amplo debate, cheguemos a solu��es que promovam a uni�o e a conc�rdia para o povo brasileiro, especialmente para os irm�os e irm�s do semi-�rido".
Portanto n�o basta dizer "n�o" � transposi��o. N�o basta s� a revitaliza��o do rio. � preciso um plano de desenvolvimento verdadeiramente sustent�vel, que beneficie toda a popula��o do semi-�rido, tanto os que est�o pr�ximos do rio como os que est�o longe dele. Um bom plano exige que se pense o semi-�rido em toda sua extens�o, do norte de Minas ao Cear�, do agreste pernambucano ao Maranh�o, com toda sua diversidade geogr�fica, social e ambiental. S�o aproximadamente um milh�o de km2 e 30 milh�es de pessoas.
Os mais pobres est�o nas cidades, mas formam quase toda popula��o rural, espalhada por todo o territ�rio. S�o os que quase n�o t�m terra, bebem �guas podres de barreiros e de a�udes, n�o t�m a m�nima infra-estrutura para enfrentar o clima do semi-�rido e estariam fora do projeto de transposi��o. Pobres que est�o n�o muito distantes do pr�prio rio S�o Francisco. Estes devem ser priorit�rios para o investimento p�blico no semi-�rido. Portanto � n�o s� uma quest�o t�cnica mas �tica.
A transposi��o se colocou como um "fantasma" que n�o permite uma vis�o ampla do semi-�rido, pois absorve mentes, energias e recursos, como se abrangesse o todo e fosse a salva��o para todos. Ela abrangeria apenas 5% do semi-�rido brasileiro e beneficiaria 0,23% da popula��o do Nordeste, segundo cr�ticos.
Ser�, na verdade, mais problema para a popula��o do campo e da cidade, uma vez que elevar� o custo da �gua dispon�vel e estabelecer� o mercado da �gua. N�o vai redimir o Nordeste, como apregoam seus promotores. Tenta-se justificar, equivocadamente, um Nordeste setentrional separado do todo.
Pensando o semi-�rido como um todo, poderemos conferir exatamente qual poderia ser ou n�o a utilidade e a necessidade de uma obra de tamanho gasto p�blico, para um pa�s endividado como o nosso, e de tanto risco social e ambiental.
� preciso pensar tamb�m o rio. Cortado por barragens, desmatado por carvoarias, polu�do por esgotos e agrot�xicos, assoreado em toda a sua extens�o, o S�o Francisco pede alento, um pouco de paz e um pouco de sossego para recuperar a vitalidade. Pede investimento. E suspens�o dos projetos degradantes. N�o h� verdadeira revitaliza��o se continuar a degrada��o dos solos, da vegeta��o e das �guas da bacia, como nos cerrados do oeste baiano.
� preciso respeitar tamb�m sua popula��o, que suporta o �nus de todos os projetos impostos � grande bacia. Aqui tamb�m mora gente que merece considera��o e respeito.
Busquemos um plano que una novamente a na��o nordestina. A transposi��o nos divide. A revitaliza��o do S�o Francisco e do semi-�rido nos une.
Quando iniciei o jejum, declarei que, "quando a raz�o se extingue, a loucura � o caminho". Fico feliz que meu gesto, suas raz�es e sua "loucura" tenham sido compreendidos e apoiados por tanta gente. Agrade�o sinceramente. Tenho rezado por todos. N�o me canso de louvar a Deus por tanta gra�a recebida.
"Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abund�ncia" (Jo�o, 10, 10).
Fiz dessas palavras centrais do Evangelho meu lema de bispo. S� quis ser fiel a ela, com a radicalidade que a quest�o exigia. E voltarei ao jejum e a ora��o, com mais determina��o ainda, se o acordo firmado, em confian�a, com o governo n�o for cumprido. E sei que n�o estarei sozinho.

ADUnB 10/10/05 


Not�cia:

S�o Francisco para a transposi��o e S�o Pedro para o resto do Sert�o
Uma carta �s autoridades nacionais

Estudante tra�a um panorama da cidade de Remanso, inundada pelo lago da barragem de Sobradinho, e diz que, sendo as autoridades de Bras�lia desinformadas quanto ao que acontece no Congresso Nacional, imagine em rela��o ao sert�o brasileiro.

Leia a not�cia na �ntegra!

Coment�rio de Francisco Oliveira:

Parece nao haver argumentos pro sustentaveis - mas, a falta de informacao � grande.


Prezados(as) Colegas,

Envio o texto em anexo para conhecimento e divulga��o.

Pedro Angelo

TRANSPOSI��O SEM CINISMO

Os saques dos flagelados da seca, no primeiro semestre deste ano, refletem a realidade clim�tica hist�rica do nordeste brasileiro, ou seja, as taxas pluviom�tricas relativamente baixas, concentradas em quatro meses do ano e o que � pior, episodicamente a quadra chuvosa � bastante irregular ou virtualmente sem chuvas. Refletem tamb�m o descaso, igualmente hist�rico � na respectiva dimens�o -, dos pol�ticos e gestores p�blicos para com a popula��o nordestina.
O Brasil � um pa�s privilegiado na medida em que eventos catastr�ficos e imprevis�veis (ou pouco previs�veis) como terremotos, furac�es, tornados e vulc�es n�o ocorrem no seu territ�rio. De causar inveja a qualquer outra na��o, nossa cat�strofe epis�dica � previs�vel, assim como as suas conseq��ncias de flagelo e, diferente dos vulc�es e terremotos, suas causas podem ser erradicadas ou efetivamente minimizadas.
Para a solu��o do problema � necess�rio disponibilizar �gua na regi�o no per�odo da quadra chuvosa e, porque n�o, durante o resto do ano, afinal a busca por uma situa��o s�cio-econ�mica plena � tamb�m um direito dos nordestinos e dever do Estado. O plano de efetuar a transposi��o do Rio S�o Francisco vem do Imp�rio, mas a inefici�ncia, o ego�smo e os interesses pessoais dos pol�ticos relegaram, sistematicamente, o projeto a n�veis secund�rios. N�o se pode dizer que foi por falta de recursos ou riquezas do pa�s, pois, a exemplo, durante o �Milagre Brasileiro� foram despendidos �rios de dinheiro� em obras fara�nicas, v�rias delas sem sentido e que jamais foram conclu�das (por ex: Usinas At�micas de Angra, Ferrovia do A�o, Rodovia Transamaz�nica); sem esquecermos dos �rios de dinheiro� desviados nas privatiza��es e no �programa� do Proer; assim como nas fraudes do Sivam/Sipam; de emendas de reelei��o ou prorroga��o de mandato do Presidente da Rep�blica e nos �mensal�es�, entre tantos outros descalabros que t�m assolado a pol�tica deste pa�s.
Uma pequena parcela desses recursos �jogados no ralo� teria sido suficiente para efetuar a transposi��o do S�o Francisco, incluindo a redistribui��o da �gua atrav�s de canais secund�rios para a integra��o de bacias hidrogr�ficas do nordeste semi-�rido, conectando os diversos reservat�rios do territ�rio nordestino, o que propiciaria o acesso democr�tico � �gua, que � um bem essencial para a vida e muito mais para uma vida com dignidade.
Se esse projeto tivesse sido realizado 30 anos atr�s, hoje estaria sua amplia��o sendo discutida, talvez para captar mais 1% ou 2% das �guas do �Velho Chico� no sentido de fomentar o desenvolvimento do imenso p�lo econ�mico que seria o nordeste brasileiro e n�o estar�amos discutindo a revitaliza��o do S�o Francisco, pois isso, por necessidade e responsabilidade, teria sido feito nesses trinta anos.
Falar em paliativos ou a��es pontuais como solu��o para o problema da seca do nordeste � agredir a intelig�ncia desses cidad�os, pois visa apenas a perpetuar o status quo do pa�s, servindo o nordeste unicamente para enviar m�o-de-obra barata para os centros industrializados e disponibilizar seu belo litoral para comensais e turistas das regi�es ricas do pa�s.
Tomando como exemplo o programa de cisternas, faz-se necess�rio lembrar que esses pequenos reservat�rios s�o utilizados por habitantes (fazendeiros) do sert�o desde que o cimento tornou-se acess�vel e sempre assumiu um papel sanit�rio importante, considerando a qualidade da �gua armazenada diretamente da chuva, que � preservada do processo de evapora��o e de contamina��o externa. Devido ao volume do reservat�rio, a �gua armazenada serve exclusivamente para uso dom�stico e de acordo com o n�mero de usu�rios e com o regime de chuvas da temporada, a reserva � esgotada em menos de um ano. Portanto, as cisternas n�o servem nem nunca servir�o para aliviar as conseq��ncias da seca como, por exemplo, a sede de rebanhos.
Propor a capta��o de �guas subterr�neas como solu��o para a regi�o � tentar, mais uma vez, desviar a aten��o do problema. As rochas cristalinas que predominam na regi�o do nordeste s�o p�ssimas armazenadoras de �gua, por isso as tentativas nesse sentido alcan�aram po�os de vaz�o, em m�dia, inferiores a 3 mil litros/hora, vaz�o insuficiente mesmo para pequenos projetos agro-pecu�rios. Ademais, por raz�es clim�ticas e geol�gicas, as �guas obtidas s�o, com freq��ncia, salobras e para a dessaliniza��o dessa �gua, al�m do custo elevado, depara-se com a quest�o ambiental sobre onde despejar o sal residual.
Como os dep�sitos das plan�cies fluviais s�o rasos e estreitos, assentados sobre o cristalino imperme�vel, os len��is fre�ticos desses dom�nios s�o modestos.
Por outro lado, a Bacia do S�o Francisco, em vastas regi�es de Minas Gerais e Bahia, espalha-se sobre espessos dep�sitos de rochas sedimentares (aq��feros) que produzem po�os artesianos com vaz�es acima de 25 mil litros/hora e em locais, com vaz�es superiores a 100 mil litros/hora chegando, pontualmente, a vaz�es em torno de 500 mil litros/hora. Essa regi�o sofre ou sofrer� de defici�ncia h�drica? Ser� necess�ria a �gua do Rio S�o Francisco para servir a esses territ�rios?
O nordeste precisa das �guas do Rio S�o Francisco e se isso limita, ent�o, o uso das �guas desse rio nos dois principais estados fornecedores, qualquer necessidade nesses estados poder� vir a ser suprida atrav�s da capta��o de �guas subterr�neas. Esses dois estados precisariam de �compensa��o� por isso? Todos esses estados e territ�rios n�o integram a mesma na��o?
Na��es como a China, a �ndia e os Estados Unidos que t�m rios extensos e caudalosos atravessando diferentes prov�ncias e estados de seus territ�rios compartilham harmonicamente suas �guas e numa explora��o tamanha que alguns desses rios chegam � foz com vaz�o de pequenos c�rregos. No tocante a retirada das �guas em excesso, o que compromete os ecossistemas da bacia hidrogr�fica, trata-se de um procedimento equivocado e ecologicamente incorreto, e n�o � isso que � visualizado para o Rio S�o Francisco.
A capta��o de pouco mais de 1% das �guas do S�o Francisco vem sendo tratada, tamb�m, como uma amea�a � matriz energ�tica do pa�s, quando, na verdade, superamos apenas um pouco mais de 40% do potencial hidrel�trico do territ�rio brasileiro e o que � ainda mais dram�tico, n�o utilizamos muito do g�s natural comprado a peso de ouro da Bol�via que pode ser convertido facilmente em energia atrav�s de termoel�tricas, sem esquecer do g�s natural dispon�vel na Bacia Potiguar.
Na quest�o da transposi��o do Rio S�o Francisco, os poss�veis impactos e a defesa do meio ambiente t�m servido de escudo para o cinismo de pol�ticos, de parte da imprensa e de outras pessoas que defendem seus pr�prios interesses - pol�ticos ou n�o - ou os interesses de outrem.
O homem sempre foi e sempre ser� o maior agressor da natureza, seja por necessidade de sobreviv�ncia, seja por cobi�a. O desmatamento e o aniquilamento da fauna � como ca�a ou como objeto de com�rcio � imp�e-se, essencialmente, onde n�o � oferecida outra op��o para os habitantes. No Nordeste brasileiro n�o � diferente, sendo a ca�a, o com�rcio de aves e de outros animais silvestres, al�m do desmatamento indiscriminado, reflexo da falta de op��o econ�mica da popula��o do sert�o.
O maior impacto ambiental da transposi��o ser� a felicidade de cerca de 12 milh�es de cidad�os e todas as conseq��ncias positivas para a preserva��o do meio ambiente no �mbito de seus territ�rios.
A greve de fome contra a transposi��o n�o � uma greve pela vida, uma vez que, na verdade, agride milh�es de nordestinos que fazem uma �greve de fome compuls�ria� por toda sua curta exist�ncia.
Se religiosos querem contrariar os dogmas da sua igreja e atentar contra sua pr�pria vida atrav�s de greve de fome, que fa�am quando deputados legislam em causa pr�pria e aumentam os seus exorbitantes sal�rios, ou quando legislam para conceder aumento para seus funcion�rios que recebem, em m�dia, sete mil reais, enquanto nordestinos em tarefas di�rias que exigem maior intelectualidade e for�a f�sica percebem como proventos a honrosa bolsa-fam�lia.
O Brasil h� muito, vem sofrendo uma forte agress�o ao seu meio ambiente que emana sempre, na sua maior grandeza, da Pra�a dos Tr�s Poderes atrav�s das suas decis�es e procedimentos cotidianos.

Pedro Angelo Almeida Abreu
Professor Titular da Faculdade de Ci�ncias Agr�rias/UFVJM
Doutor em Ci�ncias Naturais pela Universidade de Freiburg - Alemanha

Sent: Monday, November 14, 2005 5:59 PM

Subject: RES: Transposi��o do S�o Francisco

Pedro �ngelo,

as suas considera��es foram inseridas na p�gina de coment�rios e r�plicas sobre o:

Ser� que o colega n�o teria par�metros t�cnicos (e econ�micos), alem de seu posicionamento ideol�gico, que contestassem par�mentros apresentados por colegas que s�o contr�rios ao projeto ou que consideram que n�o se tem dados suficientes ainda para nos arriscarmos nessa empreitada que pode durar e custar muito mais do que o propalado?
 

Se tiver, acrescentarei como adendo ao fim de suas considera��es, certo??

Abra�o

Manfredo

Prezado Manfredo,

Os dois textos que preparei sobre a transposi��o do S�o Francisco n�o s�o apenas ideol�gicos - ambos trazem dados e informa��es gerais (n�o detalhadas) t�cnicas, como o substrato rochoso da maior parte do territ�rio nordestino, vaz�o m�dia de po�os artesianos de l� e da plan�cie onde acha-se assentada a bacia do S�o Francisco, caracter�sticas f�sicas das cisternas, caracter�sticas dos aqu�feros dos aluvi�es e plan�cies dos vales; caracter�sticas das �reas ribeirinhas de sistemas fluviais, consequ�ncias de inunda��es para essas �reas, etc.

A transposi��o do S�o Francisco h� muito deixou de ser uma quest�o t�cnica e passou a ser uma disputa de interesses pol�ticos e econ�micos, pois como dito pelo Secret�rio do Governo de Minas Gerais, Sr. Jos� Carlos Carvalho, "por que devemos deixar de priorizar um polo econ�mico j� existente para criar outro no nordeste?".

Ora, ora, partes do territ�rio nordestino j� t�m sua malha fluvial integrada e para o estabelecimento de um boom de desenvolvimento a partir de fruticultura irrigada e da cria��o de peixes e de crust�ceos (entre outras atividades como a produ��o de combust�veis renov�veis e a implanta��o de parques industriais) depende apenas de �gua em quantidade, qualidade e "perenidade".

Ideol�gicos s�o argumentos do tipo que a retirada de 1,5% das �guas do Rio S�o Francisco ir� comprometer o seu curso, o meio-ambiente ou que poder� afetar a nossa matriz energ�tica. Ideol�gico � dizer que uma obra que consumir� na sua primeira etapa apenas alguns 4 bilh�es de reais e ir� servir a mais de 12 milh�es de nordestinos representa uma soma vultuosa. Esses argumentos s�o ideol�gicos e conservadores no pior sentido do termo, pois visa perpetuar um status que vem das Capitanias Heredit�rias e da pr�pria coloniza��o do nosso pa�s, que tem sido gerenciado por uma elite que pensa exclusivamente no seu pr�prio conforto e bem estar, para n�o lembrarmos de procedimentos "rotineiros" muito piores.

Finalizando, e como n�o poderia deixar de ser, me coloco ao dispor para participar de qualquer debate p�blico sobre o assunto.

Atenciosamente,

Pedro Angelo Almeida Abreu


Prezado Pedro �ngelo,

De acordo com o seu ponto de vista:  

"O maior impacto ambiental da transposi��o ser� a felicidade de cerca de 12 milh�es de cidad�os e todas as conseq��ncias positivas para a preserva��o do meio ambiente no �mbito de seus territ�rios."


O colega acredita que esse projeto vai levar a �gua para toda a popula��o do NE setentrional espraiada por in�meros pequenos lugarejos e milhares de fazendinhas em cerca de 750.000 km2? Acredita que os rios da regi�o v�o ser perenizados como propalado?

Solicitei ao MIN - via formul�rio internet na p�gina do projeto - informa��es sobre os detalhes da distribui��o de �gua a partir dos dois estreitos canais programados.. ainda n�o recebi resposta !!

Trabalhei na d�cada de 60 em mapeamento geol�gico no norte bahiano, de Chorroch�, Barra do Tarrachil a Cura��; ao nos afastarmos 1 km ou pouco mais da margem do rio, em �poca de seca n�o se tem �gua.. � a caatinga seca imperando. Pode estar certo que a mesma coisa ir� se verificar junto aos canais do projeto. Como � que vai se distribuir a car�ssima �gua dos canais artificiais para todas as �reas povoadas? Ser� por aquedutos fechados sob press�o?? ser� jogando �gua para algumas nascentes de outras bacias ou sub-bacias?? e neste caso, ter�amos �gua suficiente?? e ela n�o salinizaria as aluvi�es?? N�o consigo imaginar um sistema de manuten��o t�o oneroso atendendo a toda a popula��o como divulgado. Dever� ser um projeto de extrema complexidade com centenas de ramifica��es em aquedutos e/ou canais menores, n�o? E deve ser lembrado que durante o "inverno" de 4 ou 5 meses, todo o sistema ficar� anualmente ocioso com m�quinas de bombeamento car�ssimas paradas, pois quando a chuva vem ("inverno") no NE, ela pode vir para valer.

Tamb�m n�o entendo como os canais artificiais v�o preservar o meio ambiente. Talvez, localmente, ao irrigarem �reas de projetos de planta��es de frut�feras ou criadouros de peixe/camar�o, se ter� �reas verdes que consumir�o �gua de alt�ssimo custo para beneficiar algumas poucas e grandes empresas agropastoris.

Trabalhei tamb�m na regi�o do vale do Paje�, que "banha" Afogados da Ingazeira, com aluvi�es fant�sticos que ser�o cortados, ao que me consta, (e inutilizados??) pelo canal setentrional do projeto. Aluvi�es deste tipo s�o o manancial hidrogeol�gico mais importante das �reas de cristalino e que ocorrem em boas extens�es por, praticamente, todas as bacias e sub-bacias h�dricas da regi�o com os 12.000.000 de habitantes. Esses tratos de aluvi�es f�rteis poderiam represar muita �gua para a �poca de seca, visando as popula��es, vilas e cidades ribeirinhas e as culturas de "vazantes" a partir de v�rias barragens subterr�neas estrategicamente locadas com a �gua sendo puxada por po�os tubulares com filtros e catavento, por exemplo; investimento "definitivo" com custo de manuten��o m�nimo. Alem disto, deve ser lembrado que existem muitas �reas com explorabilidade hidrogeol�gica em pequenas bacias e chapadas sedimentares (Ex.gr. Tucano-Jatob�, Chapada do Araripe, Chapada do Apodi, bacia de Souza, molassas do Jaibaras, do Cococi,..), isto sem falar nos fant�sticos aqu�feros da Bacia sedimentar Piau�-Maranh�o que abrange quase totalmente os dois estados e, parcialmente junto �s divisas, W do Cear�, W de Pernambuco e NW da Bah�a.

Adicionalmente, barragens estrategica e tecnicamente locadas, principalmente nas regi�es elevadas (Serra da Borborema e outras), como j� existem muitas, poderiam reter �gua do "inverno" (sem "puxar" de longe) para ser escoada no pr�prio canal fluvial a jusante e/ou levada por aquedutos para  cidades e �reas agr�colas e agroindustriais importantes em cotas mais baixas (sem ou com m�nimo custo de bombeamentos).

Conforme demonstra o nosso colega Patroc�nio (ver DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#8_Patroc�nio ), o projeto � perdul�rio,  existindo outras alternativas menos onerosas e mais eficazes para abastecimento de agua para v�rias cidades da regi�o e de outros estados al�m dos previstos no projeto. Alem disso, dever� se ter deficit h�drico nas pontas do projeto (ver DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#13_Joao_Abner ).

O bombeamento em aquedutos sob press�o para �reas, estrategicamente selecionadas, de reservat�rios de coleta e distribui��o (por gravidade sempre que poss�vel) para cidades e vilas, buscando atender locais demogr�ficamente importantes (da pr�pria bacia do S�o Francisco de prefer�ncia), e em cotas altim�tricas razo�veis, imp�e-se como uma alternativa menos onerosa e mais realista ao mirabolante projeto para atender uma parte, pelo menos, dos 12.000.000 de habitantes.

Fundamental tambem � evitar a CONFUS�O DE DUAS METAS no denominado projeto de transposi��o:

1- restaura��o da bacia h�drica do Rio S�o Francisco:  - � uma meta imprescind�vel (na verdade deveria ser um programa continuado de todos os nossos mananciais h�dricos), com dragagem de canais assoreados, plantio de mata ciliar nativa, controle do uso excessivo do potencial hidrogeol�gico e hidr�ulico, controle dos res�duos de agrot�xicos e fertilizantes, etc.. e que atacar� problemas que resultam do "laissez faire" de v�rios governos ab�licos que se sucedem no Brasil e n�o cumprem sua obriga��o de executar (adminstrar!!) e fiscalizar  (s� querem legislar e, muitas vezes, mal);

2- constru��o dos mirabolantes canais, t�neis(?) reservat�rios, esta��es de recalque,..: - esta meta deveria ser postergada, decidindo-se por ela somente ap�s se ter muito mais estudos, pois o custo de execu��o � alt�ssimo: R$ 4.500.000.000,00 que, certamente, n�o ficar�o s� nisto segundo o que se verifica em tais tipos de projetos governamentais  (5 vezes mais??); al�m disso, se ter� uma taxa anual de gastos enorme (bombeamento e manuten��o de canais abertos; dragagens de assoreamentos, rachaduras nos concretos, t�neis e etc..), lembrando-se que cerca de 5 meses do ano o sistema ficar� ocioso com as chuvas de "inverno".

Cordiais sauda��es geol�gicas

Manfredo

c/c geocientistas


Caro colega Manfredo

Acuso recebimento de seu e-mail relativo � transposi��o do S�o Francisco, que muito me agradou. Procure faz�-lo chegar ao conhecimento de nossas autoridades, que se prop�em a executar  custoso projeto puramente eleitoreiro sobre tema t�o importante que bem poucas entre elas possuem conhecimentos t�cnicos adequados para avali�-lo.

Sauda��es

Fernando F. M. de Almeida


Prezado Professor Fernando Fl�vio,

com muita satisfa��o recebi suas elogiosas palavras..obrigado pela for�a.

Lutar contra o obscurantismo e as decis�es prepotentes � uma batalha dificil, mas devemos persistir..

Acatando a sugest�o, encaminharei as considera��es .. sobre a transposi��o a senadores como o Prof. Crist�v�o Buarque com vistas a, espero, arejarmos a discuss�o sobre o projeto quando este chegar ao Senado.

Cordial abra�o
Manfredo


De: Paulo Afonso da Mata Machado [mailto:]
Enviada em: quinta-feira, 15 de mar�o de 2007 10:47
Assunto: A favor da transposi��o

Atendendo a seu pedido, estou enviando em primeira m�o artigo que repassarei ao Minist�rio da Integra��o Nacional.
Pode public�-lo.
Abra�os.
Paulo Afonso da Mata Machado
<<Uma Disputa Emocional em PDF>>
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De: Manfredo Winge [mailto:]
Enviada em: sexta-feira, 16 de mar�o de 2007 12:22
Assunto: RES: A favor da transposi��o

Prezado Paulo Afonso,
as suas considera��es A FAVOR DO PROJETO DE TRANSPOSI��O est�o sendo publicadas em PDF com link na p�gina de coment�rios e r�plicas:
DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm .
Conforme destaquei em email anterior:
"Gostaria de ressaltar que nessa p�gina s�o apresentados pontos de vista variados com argumentos a favor e contra o projeto de transposi��o por t�cnicos e profissionais diversos. As suas contundentes assertivas de que quem tem restri��es ao projeto est� com posicionamento essencialmente emocional, desmerece a qualidade de v�rios colegas da �rea de geologia, hidrogeologia e hidrologia e de suas argumenta��es lastreadas em dados e conhecimentos da regi�o."
Oportunamente nos deteremos em uma an�lise cuidadosa de suas considera��es e certamente outros colegas tamb�m o far�o.
Cordiais sauda��es
Manfredo Winge
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De: Paulo Afonso da Mata Machado [mailto:]
Enviada em: s�bado, 17 de mar�o de 2007 17:44
Assunto: RES: A favor da transposi��o
...........
Gostaria de acrescentar outros coment�rios, desta vez em rela��o ao texto de D. Luiz Fl�vio Cappio, publicado no dia 10/10/2005.
O bispo cita estat�sticas que me parecem equivocadas: o projeto somente beneficiaria 5% do semi-�rido brasileiro e apenas 0,23% da popula��o de nordestinos, que ele estima em 30 milh�es de habitantes, ou seja, beneficiaria apenas 69.000 habitantes. Deve haver um erro nessa avalia��o, j� que o projeto de transposi��o levar� �gua para Pernambuco, Cear�, Rio Grande do Norte, Para�ba e Piau�.
H� uma outra observa��o que me parece equivocada. Segundo o bispo, o custo da �gua dispon�vel ser� elevado em rela��o ao custo atual.
Existe uma lei em economia que resistiu a choques ortodoxos ou heterodoxos, a sistemas capitalista ou comunista. Trata-se da lei da oferta e da demanda. Maior oferta do produto implica menor custo, a menos que haja aumento significativo da demanda.
No caso da transposi��o, a maior oferta de �gua provocar�, sim, um aumento na demanda. O projeto ir� transformar os rios de intermitentes em perenes, fixando o homem no campo e aumentando rebanhos e produ��o agr�cola, o que, evidentemente, acarretar� demanda por �gua. Por outro lado, o simples fato de perenizar os rios da regi�o, vai fazer voltar o verde aos campos e provocar a recarga dos len��is subterr�neos, aumentando ainda mais a oferta de �gua.
Assim, haver� um desequil�brio na oferta-demanda em favor da oferta, o que indica que o pre�o b�sico da �gua atualmente fornecida n�o tender� a subir.
Um abra�o.
Paulo Afonso da Mata Machado


Folha de S�o Paulo - 25/10-09:
R�quiem para a transposi��o do S�o Francisco

                                                
TOM�S BALDUINO

O dobre dos sinos e o jejum t�m o peso de uma profecia. Esses s�mbolos querem dizer que a transposi��o do S�o Francisco n�o se concluir�

� NATURAL que chefes de Estado tenham o sonho de vincular sua mem�ria a uma grande obra perene. Bras�lia � o monumento que imortalizou Juscelino Kubitschek.
Imagino que Lula, nordestino que passou sede no semi�rido, carregou pote d'�gua na cabe�a, possa estar sonhando em se ligar pessoalmente com o nordestino rio S�o Francisco, s�mbolo da integra��o nacional, transformando o grande sert�o da seca num aben�oado o�sis gra�as a um gigantesco projeto de transposi��o de suas �guas. O projeto nada deveria � Transamaz�nica nem a Itaipu.
Isso explica, quem sabe, sua apaixonada tenacidade em querer levar adiante essa obra apesar das in�meras rea��es contr�rias de parte do Judici�rio, do Minist�rio P�blico, da m�dia, dos cientistas, do episcopado cat�lico, das organiza��es sociais, dos atingidos pelas obras: camponeses, quilombolas, grupos ind�genas.
Na sua excurs�o ao longo do projetado canal, levando aos palanques Ciro Gomes, al�m da candidata Dilma Rousseff, n�o faltou, da parte do presidente, o irado recado para os que ele considera obst�culos � transposi��o.
Enquanto isso, chamou a aten��o de muitos o gesto do bispo da Barra, dom Luiz Cappio, ordenando o dobre de finados na catedral enquanto Lula perambulava por aquela cidade.
Os sinos s�o a secular e inconfund�vel marca da cultura crist� nos templos das grandes metr�poles e nas pequeninas capelas do interior. Acompanham alegrias e esperan�as, tristezas e ang�stias da comunidade nos eventos maiores do lugar ou marcam, com seu toque l�gubre, a morte dos entes queridos e o Dia de Finados.
Conhecendo pessoalmente os sentimentos desse homem, que n�o hesitou em colocar a sua vida pelo povo ribeirinho, bem como pela revitaliza��o do rio, posso dizer que esse gesto, o do dobre dos sinos, bem como o do jejum, tem o peso de uma profecia.
Esses s�mbolos querem dizer que a transposi��o do S�o Francisco n�o se concluir�. Morrer�. Descansar� em paz. R�quiem , ent�o, para ela!
Muita gente est� convencida da inviabilidade desse megaprojeto. Eis as raz�es. A transposi��o pretende guindar continuamente, em um desn�vel de 300 metros , 2,1 bilh�es de m3 da �gua mais cara do mundo para o Nordeste, que, por sua vez, j� acumula 37 bilh�es de m3 a custo zero. Se o problema da seca do Nordeste n�o se resolve com esses 37 bilh�es de m3 armazenados, ir� ser resolvido com 2,1 bilh�es de m3 da transposi��o?
Uma certeza muitos t�m: os 70 mil a�udes do Nordeste constru�dos nesses cem anos demonstram que l� n�o falta �gua. O que falta � a distribui��o dessa �gua. Basta implantar um vigoroso sistema de adutoras, como o proposto pela Ag�ncia Nacional de �guas, por meio do "Atlas do Nordeste", que foi abafado pelo governo.
Trata-se de levar �gua por meio de uma malha de tubos e adutoras a toda a popula��o difusa do semi�rido para o abastecimento humano, sem a transposi��o. Enquanto a transposi��o atenderia 12 milh�es de pessoas em quatro Estados , segundo dados oficiais, o projeto alternativo atenderia 44 milh�es em dez Estados. Custo : metade do pre�o da transposi��o.
Nesse emaranhado de conflitos, existe um esperan�oso toque de sino.
Enquanto, de um lado, ainda prevalece a ind�stria da seca (a transposi��o a� se inscreve), que rende uma fortuna para os pol�ticos e empres�rios e mant�m o povo na situa��o do flagelado retirante, segundo a express�o l�rica de Luiz Gonzaga, de Portinari, de Graciliano Ramos, de Jo�o Cabral de Melo Neto etc., do outro lado est� surgindo uma nova consci�ncia nas comunidades populares carregada de esperan�a libertadora.
Trata-se da conviv�ncia com o semi�rido. Como os povos do gelo, das ilhas e do deserto vivem bem na conviv�ncia com seu habitat, assim esse povo come�a a descobrir a extraordin�ria riqueza de vida do Nordeste. A quest�o n�o � "acabar com a seca", mas de se adaptar ao ambiente de forma inteligente.
Nessa linha, um pedreiro sergipano inventou a tecnologia revolucion�ria das chamadas cisternas familiares de capta��o da �gua de chuva para o consumo humano.
Est� chegando, pois, a transfigura��o do povo e da terra constru�da de baixo para cima, no respeito e na conviv�ncia, libertando-se dos projetos fara�nicos devastadores, impostos autoritariamente de cima para baixo.
Esse humilde toque de sino, alegre e festivo, j� se pode ouvir com nitidez, pois essa mudan�a, cheia de vida e esperan�a, � um fato no grande sert�o nordestino.
-------------------
DOM TOM�S BALDUINO , 86, mestre em teologia e p�s-graduado em antropologia e lingu�stica, � bispo em�rito de Goi�s e ex-presidente da Comiss�o da Pastoral da Terra.


De: Luiza Teles [mailto:]
Enviada em: s�bado, 1 de maio de 2010 15:20
Para:
Assunto: "Reformula��o do Projeto de Transposi��o de �guas do Rio S�o Francisco".

Estamos enviando, em anexo, proposta de "Reformula��o do Projeto de Transposi��o de �guas do Rio S�o Francisco", esperando contar com sua atua��o em benef�cio do "Velho Chico",  do semi-�rido nordestino e sua gente.

Atenciosamente,
Luiza Teles
(71)9601-0860 - (71)3379-3241

Ver anexo Reformula��o do Projeto de Transposi��o de �guas do Rio S�o Francisco

De: Manfredo Winge [mailto:]
Enviada em: ter�a-feira, 4 de maio de 2010 09:20
Para: 'Luiza Teles'
Assunto: ENC: "Reformula��o do Projeto de Transposi��o de �guas do Rio S�o Francisco".

Prezada Luiza,
n�o sou engenheiro hidr�ulico, mas n�o � preciso ser um especialista para ver que a sugest�o de voc�s de distribui��o de �gua em dutos fechados, por adutoras, e preserva��o de mananciais dep�sitos subterr�neos (em aluvi�es?) � mais pertinente do que o que est� sendo feito. Sou professor de geologia aposentado da UnB e n�o tenho poder de atuar no projeto da transposi��o do Minist�rio da Integra��o, mas divulgarei a sugest�o de voc�s no site do IG/UnB sobre Pontos de Vista, Coment�rios e R�plicas na parte referente � transposi��o: DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm .
Achei interessante a sugest�o de voc�s de uma comiss�o revisora do projeto com as linhas b�sicas que formularam.
Sugiro encaminharem a proposta aos pol�ticos que est�o para concorrer � Presid�ncia da Rep�blica e a outros candidatos  (confi�veis) ao senado e � c�mara de deputados, visando sensibiliz�-los no sentido da revis�o desse projeto o que viria em boa hora, antes de que se d�em a��es irrevers�veis do ponto de vista ambiental e econ�mico no atual �super-projeto�.
Sauda��es geol�gicas
Manfredo
c/co colegas

Manfredo Winge
Representante da SBG na SIGEP
Clique abaixo e visite:
SIGEP_Comiss�o Brasileira de S�tios Geol�gicos e Paleobiol�gicos
Instituto de Geoci�ncias/UnB
 
Gloss�rio Geol�gico Ilustrado
Teses em Geoci�ncias no Brasil


De: Manfredo Winge
Enviada em: sexta-feira, 6 de abril de 2012 11:44
Para: Manoel Bomfim Ribeiro
Cc: Alfeu Levi da Silva Caldasso
Assunto: Transposi��o do S�o Francisco

 Prezado colega,
recebi o texto abaixo do colega Alfeu Caldasso. Parab�ns.
Infelizmente n�o tenho mais senha da UnB para atualizar o site:
http://www.unb.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm para incluir esta sua irrefut�vel cr�tica a esse projeto que, certamente, foi bem nego$$iado com empreiteiras; se n�o houver posi��o contr�ria do colega enviarei o seu texto para v�rios colegas e amigos, alguns inclusive defensores desse projeto estapaf�rdio/in�cuo.

Sds
Manfredo
Manfredo Winge
Representante da SBG na SIGEP

�GUAS NO NORDESTE: Um debate 

30 de mar�o de 2012,

Prezados Apolo, Patroc�nio e C�ssio,

Estava viajando pelo interior do estado da Bahia e n�o pude acompanhar as discuss�es de voc�s.

Vou agora emitir o meu pensamento.

O foco � o problema dos recursos h�drico do Nordeste, embutido nele a Transposi��o, ou como usa o Governo o nome pomposo de Integra��o das Bacias do Nordeste.

A preocupa��o b�sica do colega e amigo C�ssio � mostrar erudi��o t�cnica com n�meros cheios de decimais falando da exatid�o da matem�tica. A trama atmosf�rica, entretanto, � muita complexa, n�o usa decimal e costuma pregar pe�as nos t�cnico, nos cientistas e em todos os arautos do conhecimento.

Estou lendo na discuss�o o preciosismo de dados de vaz�es, o rendimento hidrol�gico, vaz�o regularizada, vaz�o �til, vaz�o dispon�vel, vaz�o social e por a� vai, mas sempre bordejando a Transposi��o pelos arrabaldes sem enfrentar a quest�o pelo topo, tentando justificar com numerologias a loucura do Governo que teima na constru��o desta famigerada obra. O tema � a Transposi��o � sobre elas que temos de falar, sem dados surrealistas que nada convencem. O Nordeste precisa ou n�o da Transposi��o? O C�ssio diz que precisa.

O or�amento inicial era 3,6 bilh�es de reais para toda a obra, hoje est� em 8,2 bilh�es. Sabemos que o or�amento dever� alcan�ar os 16 bilh�es se a obra chegar ao fim. O c�lculo � meu sem medo de errar.

Um grupo de pol�ticos, �vidos para salvar o Nordeste, apregoa abertamente o fim das secas e a salva��o do povo com a Transposi��o. S�o verdadeiros patriopan�as e ladri�tas. Os t�cnicos vivem a fundamentar com �dados irrefut�veis� a vontade pardacenta dessa turma.

Carlos Lacerda j� dizia: �O t�cnico � um profissional fundamental para o desenvolvimento de um pa�s, mas se torna de alta periculosidade quando, a servi�o do Governo, deixa de defender solu��es para aplaudir posi��es�. � o caso do corpo t�cnico do Minist�rio da Integra��o, n�o � o caso de C�ssio que apenas faz elucubra��es hidrol�gicas tentando, como bom cearense, justificar o injustific�vel.

O C�ssio diz textualmente: �O A�ude Or�s acumula cerca de dois bilh�es de metros c�bicos e sua vaz�o regularizada � de 12 metros c�bicos por segundo. Quer dizer que de dois bilh�es s� se aproveitam, incrivelmente,  372 milh�es de metros c�bicos. � como se o a�ude Or�s tivesse  apenas 372 milh�es de metros c�bicos�.

Nos c�lculos do Projeto considera-se oficialmente a evapora��o de 30% no Nordeste. N�s sabemos demais que o Or�s chega a evaporar 60% ao ano. Vamos dividir ao meio, considerar para efeito de c�lculo 45% porque a evapora��o � vari�vel, sem a exatid�o da matem�tica, s�o dados estat�sticos e � com eles que todos n�s trabalhamos.

A Transposi��o com a vaz�o de 26 m�/s, levar� 360.000.000 de m�/ano (ou os 372 do Or�s) para os oito a�udes escolhidos como bacias receptoras, mas estes j� estocam 13 bilh�es nos seus vasilhames. A evapora��o do Castanh�o, incrivelmente, um dos receptores da Transposi��o, � de 6 milh�es de m� por dia. Isto mesmo, 6 milh�es/dia. O C�ssio sabe disto, mas n�o declara. Todo o volume de �gua da Transposi��o de um ano vai cobrir apenas 60 dias de evapora��o do Castanh�o. � s� calcular. Inacredit�vel!

Podemos, logicamente, dizer, a� entra a exatid�o da matem�tica, que toda a estrutura da Transposi��o composta de 720 km de canais com 25 m de largura por 5 m de profundidade (90.000.000 de m� escavados em rocha), 1 t�nel escavado tamb�m em rocha com 17 km de extens�o por 7 m de largura (maior do mundo para passagem de �gua), 27 aquedutos, 9 esta��es elevat�rias e o consumo de 520 MW de energia (maior que o consumo do estado de Alagoas), toda esta estrutura cicl�pica, repito, ir� transportar por ano a titica de 360.000.000 de m� de �gua para cobrir a evapora��o de 60 dias daquele monumental a�ude. Esta � a Transposi��o. S� e s�, n�o sobra mais �gua.

A Transposi��o est� desnuda, sen�o vejamos: o Nordeste possui centenas de a�udes que acumulam volumes muito maiores ao volume da Transposi��o tais como: Entremontes (340 milh�es) Pacoti (370milh�es), Pentecostes (420 milh�es), Quixad� (430), Pedras Brancas (440) Po�o da Cruz (504 milh�es), Boqueir�o (536), Santa Cruz do Apodi (600), M�e D��gua (650), Coremas (750 milh�es), Araras (1 bilh�o) e por a� vai.

A cada 10 anos a Transposi��o usar� 4 com o transporte m�ximo de 127 m�/s quando Sobradinho estiver cheio, levando 1,6 bilh�es por ano para os 8 a�udes. A estrutura da obra est� sendo dimensionada para isto. Superior a estes m�seros 1,6 bi existem o Banabuiu (1,7bi), Or�s (2,1bi) e A�u (2,4 bi) al�m do Castanh�o que � um a�ude oce�nico com 6,7 bilh�es (3 vezes a Guanabara).

Como vemos, matematicamente, a transposi��o de 26m�/s n�o enche o a�ude Pentecostes no Cear� e a transposi��o de 127m�/s n�o enche o Banabuiu tamb�m no Cear�. Mais alguma d�vida?

No Nordeste temos estocado nos seus a�udes 40 bilh�es de m� de �gua, volume igual a 16 baias da Guanabara (eles n�o suportam esta compara��o com a Guanabara que � a 2� maior baia do Brasil e a 3� do mundo).

O volume transportado representa 1% a 2% do que j� existe no Nordeste, mas, segundo os s�bios da Corte, � este volume que vai salvar a regi�o da cr�nica escassez de �gua.

Esta � a Transposi��o salvadora que vai suprir as necessidades h�dricas dos nordestinos sequiosos, segundo o Governo brasileiro.

O C�ssio ainda tem a coragem de falar em irriga��o. Levar �gua car�ssima (5 vezes o pre�o da CODEVASF) a mais de 700 km para irrigar litossolos deixando de irrigar os latossolos do bei�o do rio a 0 ou a 1 km da fonte. A �gua que vai irrigar 1 ha l� no Nordeste irriga 3 ha nas barrancas do rio (Alberto Daker).

Jo�o Suassuna � irrepreens�vel quando diz que a Transposi��o � chuva no molhado. E o Governo, despudoradamente, tapeia a sociedade nordestina oferecendo um banho de �gua no Nordeste. S�o pratos de lentilhas que apetecem.

A preocupa��o do colega C�ssio � dizer que o Prof. Aldo Rebou�as errou, s� entendia de �guas subterr�neas como se fosse admiss�vel a um hidr�logo dissociar �guas de superf�cie de �guas de sub superf�cie. � a valoriza��o de contestar um cientista que n�o pode mais se defender. Rebou�as dizia textualmente: �Existe uma abund�ncia de recursos h�dricos superficiais no Nordeste�.  Sobre Aldo Rebou�as quem pode falar com propriedade � o paraibano Jos� do Patroc�nio, o mago da Hidrologia do Nordeste.

Quisera o Brasil que nos tiv�ssemos quatro ou cinco cientistas do n�vel do Aldo.

N�o precisamos polemizar esta � a verdade cartesiana.

 O colega amigo,

Manoel Bomfim Ribeiro

( )


De: Manfredo Winge [mailto:]
Enviada em: ter�a-feira, 13 de junho de 2017 10:34
Para: 'Dep. Ad�o Villaverde ()'; Dep. Beto Albuquerque (); Dep. Margarida Salom�o ; Dep. Onix Lorenzoni (); 'Dep. Osmar Terra ()'; 'Dep. Vieira da Cunha ()'; Sen. Alvaro Dias (); 'Sen. Ana Am�lia ()'; 'Sen. Cristovam Buarque ()'; Sen. Lasier Martins; 'Sen. Paulo Paim ()'; Ver. Adeli Sell ; Ver. Valter Nagelstein
Assunto: Transposi��o racha de novo e 'estoura' em Cust�dia

 Infelizmente, algumas das previs�es (http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm ) est�o come�ando a ser concretizadas.

Manfredo

=-==-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=

Ver mat�ria e v�deo em:

http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2017/06/11/internas_economia,708279/transposicao-racha-de-novo-e-estoura-em-custodia.shtml

Transposi��o racha de novo e 'estoura' em Cust�dia

Depois de apresentar problemas durante a constru��o, a obra rompeu o canal por problemas de engenharia. O vazamento ocorreu em Cust�dia, onde j� havia apresentado rachaduras antes mesmo de a �gua chegar.

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/06/2017 15:46 Atualizado em: 11/06/2017 16:32

A obra da Transposi��o do S�o Francisco apresentou mais um problema no trecho pernambucano. Em Cust�dia, a constru��o do canal rompeu, provocando vazamento de �gua. O relato virou assunto nas redes sociais, com questionamentos em rela��o � qualidade da engenharia. O prefeito da cidade de Sert�nia, �ngelo Ferreira, que fica a 40 quil�metros de Cust�dia, confirmou o vazamento ao Blog do Magno Martins, informando que a empresa respons�vel pelo trecho j� conteve o vazamento para evitar danos maiores. A obra � de responsabilidade do Minist�rio da Integra��o Nacional e j� est� em constru��o h� dez anos. O custo do projeto � de R$ 8,2 bilh�es.
O trecho em quest�o integra o Eixo Leste e foi o primeiro a receber a �gua do Velho Chico, percorrendo Pernambuco com destino � Para�ba. Em Cust�dia, onde ocorreu o incidente deste fim de semana, a �gua chegou em fevereiro deste ano, um percurso de quase 100 quil�metros a partir da capta��o do Rio at� a quarta Esta��o de Bombeamento Vertical (EBV) do trecho, equipamento que leva a �gua a alturas em que o fluxo n�o consegue seguir por gravidade. A terceira EBV do Eixo Leste, por sinal, foi inaugurada com bastante tom pol�tico pelo presidente da Rep�blica, Michel Temer.
V�rios trechos da obra foram constru�dos e, com a falta de continuidade, apresentaram rachaduras, fissuras e at� sinais de abandono (mato crescendo em meio aos canais). H� pouco mais de um ano, os incidentes foram testemunhados pela reportagem do Diario. Na �poca, o Minist�rio afirmou que os reparos s�o de responsabilidade das construtoras, que tem o contrato de entregar a obra em plenas condi��es, sem custo extra ao governo federal.
Prioridade do Governo Federal, a maior obra de infraestrutura h�drica do Pa�s, quando totalmente conclu�da, vai atender mais de 12 milh�es de pessoas em 390 munic�pios nos estados de Pernambuco, Cear�, Para�ba e Rio Grande do Norte. O Eixo Leste j� est� completamente em testes, com �gua em todos os equipamentos. J� o Eixo Norte, ainda tem um trecho com licita��o em andamento e tem previs�o de entrar em testes de opera��o ainda neste ano.
A obra foi iniciada em 2007 no governo Lula e tinha previs�o de entrega em 2010, ao custo de R$ 4,5 bilh�es. A constru��o amargou paralisa��es, contratos interrompidos, precisou ser relicitada em v�rios trechos e viu o valor quase que dobrar. Durante o governo Dilma Roussef, a obra sofreu dois grandes reajustes, quando foi para R$ 6,7 bilh�es e, em seguida, aos R$ 8,2 bilh�es atuais.
Apesar do status de "abastecendo as cidades", como divulga o governo, a �gua que chega pelos canais nos estados de Pernambuco e da Para�ba ainda n�o est� liberada para consumo humano. O Minist�rio da Integra��o Nacional espera a resposta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que aprovou a libera��o da �gua para testes dos equipamentos e vai validar o consumo mediante an�lise das compensa��es ambientais do dano ao ecossistema.
Ainda de acordo com o minist�rio, depois da libera��o, o controle da �gua ser� dado aos estados, que ter�o a responsabilidade de tratar a �gua e fazer a distribui��o para a popula��o. A �gua, por enquanto, pode ser vista, mas n�o utilizada.


O sonho de D. Pedro pelas m�os de
Lula, o condenado pela justi�a brasileira

De: [mailto:]
Enviada em: quarta-feira, 12 de julho de 2017 18:56
Para: patrociniotomaz; Rui Gomes da Silva; Fabio Agra Medeiros; Manfredo Winge; ticiano; Wagner Amaral; Arlindo Pereira de Almeida; Cezar Gouv�a; F. Alkmim; Gorki Mariano; Joaquim Torquato; Bartorelli; Carlos Schobbenhaus Filho; Monica Heilbron; pedrosasoares; Ricardo Pess�a; aroldo misi; Celso Dal Re Carneiro
Assunto: O sonho de D. Pedro pelas m�os de Lula, o condenado pela justi�a brasileira


R�plica ao e-mail anterior - Pondera��es sobre o Projeto de Transposi��o

De: patrociniotomaz [mailto:]
Enviada em: sexta-feira, 14 de julho de 2017 11:44
Para:

Cc: Rui Gomes da Silva; Fabio Agra Medeiros; Manfredo Winge; ticiano; Wagner Amaral; Arlindo Pereira de Almeida; Cezar Gouv�a; F. Alkmim; Gorki Mariano; Joaquim Torquato; Bartorelli; Carlos Schobbenhaus Filho; Monica Heilbron; pedrosasoares; Ricardo Pess�a; aroldo misi; Celso Dal Re Carneiro

Assunto: Re: O sonho de D. Pedro pelas m�os de Lula, o condenado pela jsuti�a brasileira

 Bley

 Voc� sabe qual a minha posi��o sobre a obra da Transposi��o e o abastecimento das popula��es, urbana e rural, do semi�rido paraibano e nordestino. � eminentemente t�cnica e cient�fica. Nada tem de pol�tica, mesmo porque ela n�o exime Lula, nem Dilma, nem Temer, nem os governadores, dos pecados capitais que cometeram. Gostaria que, em vez de se impressionarem com o gigantismo dos canais, vissem que, para abastecer Campina Grande e as demais 18 cidades, se a op��o correta fosse a Transposi��o (� bom ler os Planos Estaduais de Recursos H�dricos dos estados do Nordeste Oriental e o que est� acontecendo com as �guas do rio S�o Francisco, o que p�e em cheque a Transposi��o para este e os anos vindouros), o meio correto seria trazer as �guas por adutoras, onde os custos de opera��o e de manuten��o s�o muito menores. J� houve arrombamento de duas barragens e a quebra do canal nas cercanias de Sert�nia. E isto (a quebra de canais) vai ocorrer por um motivo muito simples: eles foram projetados para a vaz�o transpon�vel m�xima que deveria ocorrer quando o reservat�rio de Sobradinho atingisse o chamado volume de espera (volume adicional constru�do para ser esvaziado e controlar enchentes), ou sangrasse, fen�menos cujos tempo de retorno leva anos. Entretanto, o canal operar�, na grande maioria dos anos, com a vaz�o m�nima. Isto deixa o per�metro do canal seco em suas abas e a espessura da massa d'�gua, m�nima, o que exp�e a estrutura do canal �s contra��es e dilata��es volum�tricas t�rmicas e, consequentemente, a fraturamentos. Os canais devem ter o per�metro molhado quase igual a todo o per�metro do canal. Eles s�o dimensionados em fun��o da vaz�o transportada. Nunca em fun��o da poss�vel vaz�o m�xima. Os canais do S�o Francisco, talvez, sejam os �nicos do mundo a serem dimensionados assim. Coisas da engenharia de empreiteiras que nada fazem para seguir as regras t�cnicas e atendem aos pol�ticos, superfaturando obras. A prop�sito, ela foi or�ada em 4,8 bi de reais e vai custar, algo em torno de 10 bi de reais. Sem contar que o objetivo da obra, cantada em prosa e verso, era o abastecimento humano. Ainda esta semana, a ANA divulgou que a Transposi��o vai servir para irriga��o de pequenos produtores rurais, situados � margens dos canais (na realidade, vai haver a participa��o de empresas). Um m�ximo de 50.000 hectares seriam destinados para tal. E os demais rur�colas (a maioria) ficar�o sujeitos ao deus dar� das chuvas. Para voc� ter uma ideia, s� na Para�ba semi�rida a �rea de plantio atinge os 600.000 hectares. V�o criar duas classes a mais de brasileiros. E olhe que n�o sou socialista, nem, muito menos, comunista. Quanto � bacia do S�o Francisco, e seus reservat�rios, segue em anexo, informa��es da semana passada, sobre a real situa��o da bacia e a situa��o de Sobradinho em Novembro-Dezembro de 2015.

Abra�os,
Patroc�nio

P.S.- Precisamos ter conhecimento do que se passa para que a Transposi��o, em vez de ser solu��o, se constitua num pesadelo. Oba, oba, n�o resolve. P�s no ch�o e devagar com o andor que o Santo � de barro.

 Patroc�nio Tomaz


 


R�plica 2  - Transposi��o do Rio S�o Francisco - AVALIA��ES

De: Manfredo Winge
Enviada em: domingo, 16 de julho de 2017 16:26
Para: 'patrociniotomaz'; ''; 'Rui Gomes da Silva'; 'Fabio Agra Medeiros'; 'ticiano'; 'Wagner Amaral'; 'Arlindo Pereira de Almeida'; 'Cezar Gouv�a'; 'F. Alkmim'; 'Gorki Mariano'; 'Joaquim Torquato'; 'Bartorelli'; 'Carlos Schobbenhaus Filho'; 'Monica Heilbron'; 'pedrosasoares'; 'Ricardo Pess�a'; 'aroldo misi'; 'Celso Dal Re Carneiro'
Cc: 'Dep. Ad�o Villaverde ()'; Dep. Beto Albuquerque (); Dep. Jos� Foga�a ; Dep. Margarida Salom�o ; Dep. Onix Lorenzoni (); 'Dep. Osmar Terra ()'; 'Dep. Vieira da Cunha ()'; Sen. Alvaro Dias (); 'Sen. Ana Am�lia ()'; 'Sen. Cristovam Buarque ()'; Sen. Lasier Martins; 'Sen. Paulo Paim ()'; Ver. Adeli Sell ; Ver. Valter Nagelstein ; Aristides Arthur Soffiati Netto (); Carolina Bahia; Cl�udia Laitano ; David Coimbra (); Luis Fernando Verissimo; Lya Luft ; Martha Medeiros; Percival Puggina ; Rosane Oliveira
Assunto: Transposi��o do Rio S�o Francisco - AVALIA��ES

 Prezado colega Patroc�nio, senhores pol�ticos, jornalistas e demais colegas em c/c ou c/co,

muito boas observa��es e de quem conhece o assunto.

Patroc�nio, esta sua proposta de �entubar�(uso de adutoras) a �transposi��o� para distribui��o mais direta e em ramifica��es otimizadas da �gua pelas cidades maiores at� pequenas vilas e povoados, de forma estrategicamente planejada (o que, certamente, seria feito com avan�os programados, sem correrias das empreiteiras $edenta$),  j� foi postada na antiga discuss�o que organizamos como um ciber f�rum registrado originalmente em provedor da UnB (anteriormente � tumultuada e onerosa constru��o dos canais)  e que, hoje, pode ser vista em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#8_Patroc�nio

Aproveito para informar que incluirei, tamb�m, na mesma p�gina: estas suas observa��es, �s do colega Bley, estas pondera��es minhas e um  link  para o excelente trabalho de 2001 do Engo Agr. Suassuna da Funda��o Joaquim Nabuco (http://mw.eco.br/ig/pvista/Suassuna2001__TRANSPOSICAO.pdf) .

N�o sou especialista em engenharia hidr�ulica, mas me arrisco a tecer alguns coment�rios que penso serem pertinentes e bem a prop�sito do assunto, para que se sigam antes de execu��o de projetos semelhantes,  recomenda��es como �s do colega El�i (http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#1_Eloi)  que alertou, seguidamente, para a necessidade de mais estudos, inclusive na linha cientificamente correta, an�loga � do Eng. Suassuna, de que tem que se cuidar da �galinha� (meio ambiente com revitaliza��o do V�io Chico) para se ter ovos (�gua para a transposi��o).

Entendo que a sua proposta, se tivesse sido seguida, implicaria, ent�o, em:

1) mais seguran�a e muito menores custos de execu��o e manuten��o posto que, com sistemas de registros e bombeamentos inteligentemente organizados e eficientes, praticamente n�o haveria perdas por rachaduras e desmoronamentos dos canais e barragens como v�m acontecendo (1� perda);

2) contida nos dutos, a �gua n�o evaporaria (2�  perda) e, consequentemente, n�o salgaria o que pode vir a acontecer nos canais muito aquecidos pelo sol e em longos percursos;

3) a �gua seria direcionada diretamente para os usu�rios humanos e, secundariamente, para cria��es e cultivos, dentro de uma pol�tica de bom uso da �gua e amplamente distribu�da por ramifica��es a partir de grandes caixas d��gua fechadas (minimizando a evapora��o) por gravidade e/ou por bombas dimensionadas para esses fluxos secund�rios (poderia at�  existir sistema informatizado de  controle com uma contabiliza��o de quantos m3/s deveriam ser direcionados para cada uso com multas por excesso/desperd�cio tudo controlado por hidr�metros com sensores);

4) os dutos poderiam ter sido fixados, preferencialmente, em espig�es ou encostas (seguindo estradas?) de forma a liberar as calhas dos rios, t�o importantes para as culturas das �vazantes�, em grande parte hoje perdidas para os canais da transposi��o, como advertido que iria acontecer pelo saudoso Prof. Aziz Nacib Ab�Saber;

5) n�o ocorreria o tipo de desastres com altos custos financeiros e sociais que podem vir a se tornar frequentes devido a �antiguidade� das paredes (mal?) concretadas (j� houveram rupturas), e, tamb�m, devido �s rachaduras ocasionadas pela expans�o/contra��o diferenciadas de concreto com temperaturas vari�veis de dia e de noite e � exposi��o vari�vel entre a parte molhada e a seca sob o sol inclemente.

Talvez venham a surgir outro problemas como roubo/desvio de �gua dos canais o que seria muito dif�cil de ocorrer com os dutos al�m de com dutos se ter imediata detec��o, desde que as press�es de recalque e as medidas por hidr�metros fossem processadas por uma central de monitoramento.

Como os alertas neste caso j� v�m de longo tempo, talvez coubesse propor auditagem sistem�tica com institui��es n�o envolvidas (com simp�sios, forums, etc.) no detalhamento de todos os projetos t�cnicos, maiormente os onerosos, visando evitar o que v�m acontecendo com frequ�ncia: - pol�ticos determinando a execu��o de projetos sem se exaurir a an�lise de todos os pontos negativos levantados por especialistas experientes das �reas t�cnicas a que se relaciona cada projeto.

Abra�o

Manfredo http://mw.eco.br/zig/hp.htm


R�plica 3  - Aiquel

From: Marcelo Aiquel
Sent: Monday, July 17, 2017 6:39 AM
To: 'Manfredo Winge'
Subject: RES: Transposi��o do Rio S�o Francisco - AVALIA��ES

Manfra, bom dia

N�o simpatizo com o Paulo Maluf, mas tem uma ideia dele que comungo:
O PROBLEMA DA FALTA DE �GUA NO NORDESTE (PELAS SECAS) SERIA FACILMENTE RESOLVIDO COM O DINHEIRO DOS �RABES E A TECNOLOGIA DOS JUDEUS!
Se no deserto funcionou....

  Abra��o
 Marcelo


R�plica 4  - Transposi��o do Rio S�o Francisco - E-mail de Danni

 From: Jose Caruso Danni
Sent: Sunday, July 16, 2017 7:18 PM
To: Manfredo Winge
Subject: Re: Fw: Transposi��o do Rio S�o Francisco - AVALIA��ES

Caro Manfredo,

Muito obrigado por me incluir no seleto grupo que discorre com grande conhecimento e experi�ncia sobre o assunto. Desde abril de  1966 n�o mais me envolvi com este tema, depois de ter atuado como ge�logo no velho DNOCS de Pernambuco. Sei que desde ent�o muita �gua rolou sob a ponte, com o advento de novos conhecimentos e tecnologias no campo da hidrologia e das engenharias.
Alem disso a realidade dos sert�es nordestinos deve ter mudado desde ent�o. Lembro ainda das reflex�es que n�s, ainda  ge�logos novatos, faz�amos sobre as melhores solu��es de como proporcionar o abastecimento d'�gua aos n�cleos populacionais e tamb�m �s propriedades rurais ( necessidade de irriga��o de lavouras e pastagens) sem que fossem solu��es puntuais ou, por outra, como transformar o somat�rio das solu��es puntuais ( po�os, cacimbas, barragens subterr�neas nas aluvi�es em talvegues...etc) numa rede sustent�vel de abastecimento.
Percebo que tal dilema de certa forma se mantem. � obviamente impens�vel disponibilizar a �gua por toda  a extensa �rea dp NE. Sobretudo naquelas desprovidas de um adequado perfil de solos ( e s�o muitas estas �reas) que possam servir de substrato a culturas agr�colas. Desde muito os t�cnicos de diversas �reas falam que se deve concentrar esfor�os e mesmo privilegiar as �reas com maior potencial agr�cola ( v�rzeas, chapad�es, �reas sedimentares com aquiferos profundos, pediplanos com bons solos, etc) . Rasgar com canais ,indiscriminadamente, extensas  �reas com baixo potencial agr�cola � um desperd�cio injustific�vel. � criar falsas  expectativas sobre aproveitamento econ�mico de �reas est�reis, posto que desnudadas da cobertura de solo.
Penso que  a �gua � mais valiosa do que o petr�leo. Ela se diferencia por ser geradora e sustent�culo  da vida.
Se para o petr�leo h� oleodutos, mundo afora, que ha muito cruzam fronteiras diversas ( pa�ses, ideologias, povos...) pergunto: por que n�o se fazer o mesmo aqui, com a �gua,  sem o custo de cruzar tais fronteiras?

  Nada mais simples,n�o �?

Um abra�o, desde Garopaba, em pleno inverno.
Danni.


T�CNICAS ISRAELENSES PARA �REAS DES�RTICAS

De: Manfredo Winge
Enviada em: segunda-feira, 12 de novembro de 2018 20:54
Para: Marcelo Aiquel
Assunto: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Prezado Marcelo,

Vendo mat�rias como �s relacionadas abaixo e o v�deo anexo (foi-me enviado por whattsapp junto com apologias do remetente ao novo presidente eleito), lembrei-me da sua contribui��o em r�plicas sobre a oportunidade de execu��o do sistema de transposi��o de �guas do S�o Francisco; esta r�plica pode ser acessada em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#27_Replica3_Aiquel dentro do ciber f�rum que re�ne pontos de vista, r�plicas e tr�plicas envolvendo v�rios especialistas hidr�logos  e hidroge�logos e interessados na quest�o de Transposi��o do rio S�o Francisco. Pena que sua r�plica n�o foi comentada por ningu�m. Cr�ditos ao amigo por ter apontado este caminho j� desenvolvido pelos israelenses.

Assim, al�m das barragens subterr�neas (aumentando os aqu�feros de aluvi�es que escaparam da escava��o do canal e das bacias de acumula��o), tamb�m o uso criterioso e t�cnico de irriga��o por gotejamento ser� sempre importante no Nordeste �rido e semi�rido, independentemente do sistema de transposi��o em canais j� quase finalizado. Mesmo porque o Nordeste tem muita �rea que pode � bem aproveitada com essas t�cnicas � dar duas a tr�s colheitas por ano.

Mat�rias captadas na internet:

  • Israel e sua agricultura que floresce no desertohttp://www.recicloteca.org.br/noticias/israel-e-sua-agricultura-que-floresce-no-deserto/

  • Primeira floresta plantada no sert�o com novo m�todo de irriga��ohttps://www.youtube.com/watch?v=Rh5s0-q8wJo

  • As li��es de Israel, que sofre com escassez de �gua h� 67 anos, para S�o Paulo - Funcion�rio do governo israelense prop�e alternativas de seu pa�s para Brasil driblar crise h�drica- https://oglobo.globo.com/sociedade/as-licoes-de-israel-que-sofre-com-escassez-de-agua-ha-67-anos-para-sao-paulo-15995107

Abra�os
Manfredo
c/co colegas e amigos

Manfredo Winge - http://mw.eco.br/zig/hp.htm[confraria democr�tica do bom senso]
         Webmaster: 
1o SITE do IG/UnB
                             Gloss�rio Geol�gico Ilustrado
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 "Aqueles preocupados com o custo da educa��o deveriam antes considerar o custo da ignor�ncia".
                   Derek Bok, ex-Reitor da Universidade de Harvard (foi-me enviado por e-mail)


COMENT�RIOS & R�PLICAS

De: Jo�o Castro Castro [mailto:]
Enviada em: ter�a-feira, 13 de novembro de 2018 12:53
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Caro Manfredo,

 Nos n�o precisamos dos israelenses para o desenvolvimento do nordeste e do Brasil. Precisamos de fomento governamental e apoio tecnol�gico. T�cnicos e cientistas na �rea agr�cola temos de sobra. Israel � um estado mal visto pela comunidade internacional.  

Castro

Prof. Dr. Jo�o Wagner Alencar Castro
Laborat�rio de Geologia Costeira, Sedimentologia & Meio Ambiente (Museu Nacional) Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
Quinta da Boa Vista, s/n, S�o Cristov�o, CEP. 20940-040, Rio de Janeiro
Tel +55(21) 25626974 e Cel + 55(21) 88411960
.


 De: Manfredo Winge
Enviada em: sexta-feira, 16 de novembro de 2018 21:30
Para: Jo�o Wagner de Alencar Castro ()
Assunto: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Prezado Castro,
no in�cio dos anos 70 � plena ditadura militar � fiquei, circunstancialmente, envolvido na dire��o daquele que era, ent�o, o �rg�o m�ximo da Geologia do Pa�s (A DGM- Divis�o de Geologia e Mineralogia do DNPM cujas atribui��es estavam sendo passadas para a rec�m-criada CPRM);  substitu�a, ent�o, como interino do colega Horta afastado em um curso. E, nem por isto, eu e colegas como Tosatto, Da Vinha, Derze, Di�genes e v�rios outros que me auxiliaram na dire��o, nos manchamos com qualquer atitude que fosse de apoio pol�tico ao governo que tomou conta de nossa p�tria.

Ah.. isso � coopta��o interesseira ou, Ah.. eram alienados servindo aos ditadores, diriam alguns mais afoitos.

Nada disso, caro colega; �ramos das primeiras turmas de geologia cheios de g�s e altamente motivados que fomos servir ao Estado, � Geologia e n�o ao governo, quanto mais ao que a� se instalou antidemocraticamente, isto porque nossa atividade de geologia, tipicamente de Estado, est� ligada aos interesses de toda a Na��o.

Assim, com este pre�mbulo �filos�fico�, fecho dizendo que, acima do fato de os israelenses terem l� suas feias quizumbas com os palestinos, notadamente do grupo extremista Hamas, o que nos interessa n�o � a briga deles, mas sim a posse das tecnologias e metodologias que os judeus desenvolveram para tornar a p�tria deles a maravilha que �, como o colega deve ter visto nos v�deos que enviei.

Desta maneira, contando com o apoio de cientistas israelenses e de outros pa�ses que sejam tamb�m competentes em desenvolver �reas des�rticas, � que faremos um enorme atalho na implementa��o de nossas �reas de pesquisa-teste, ensino e desenvolvimento de transforma��o ecol�gica da caatinga, objetivando  a forma��o de pessoal multidisciplinar nosso e de adapta��es tecnol�gicas que se fizerem necess�rias, para, enfim, partir para desenvolver projetos sistem�ticos visando recuperar �reas estrat�gicas em todo o Nordeste semi-�rido e levar irriga��o controlada onde tiver maior efeito multiplicador de transfer�ncia de tecnologia para, assim, se criar muitos pomares, planta��es, cria��es, desenvolver matas galerias,...  como um �den para este povo nordestino que sofre eternamente com o problema da seca, visto e sabido que os 2 canais de transposi��o � t�o decantados- n�o v�o suprir sozinhos toda a �gua necess�ria e resolver por si a quest�o de desenvolvimento econ�mico e social de toda esta sofrida regi�o nordestina. Regi�es  que conhe�o por grandes extens�es ao realizar mapeamentos geol�gicos pela SUDENE nos idos da d�cada de 1960 junto com mais uma meia d�zia de ga�chos que se abalou para aquelas plagas logo que formados.

Observo, tamb�m, ao colega que n�o votei no presidente eleito nem no primeiro nem no segundo turno que, ali�s,  votei NULO por n�o acreditar na compet�ncia de nenhum dos dois candidatos (extrema direita e extrema esquerda) que sobraram, o que interpreto que foi devido ao processo de degrada��o pol�tica do Pa�s levando nosso povo a optar j� no primeiro turno por extremistas salvadores da p�tria (com feios progn�sticos para o futuro, segundo ainda penso � tomara que esteja errado). Mas nem por isto, deixarei da apoiar a��es de governo �qualquer governo � a��es que busquem solucionar pragm�tica, social e cientificamente os nossos graves problemas de desigualdade social permeada por uma cada vez maior falta de alteridade/solidariedade e com viol�ncia crescente entre outros pontos tamb�m muito graves.

Abra�os
Manfredo

     OBS � ser� postado em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm

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De: Luiz Jos� HoMem D'el-Rey Silva
Enviada em: quinta-feira, 15 de novembro de 2018 17:59
Para: Manfredo Winge
Cc: Manfredo Winge
Assunto: Re: ENC: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

 Parab�ns, Manfredo!!!

Abra�o.

Luiz D'el-Rey


De: Manfredo Winge
Enviada em: s�bado, 17 de novembro de 2018 16:33
Para: 'Luiz Jos� HoMem D'el-Rey Silva'
Assunto: Coment/R�plicas - Para o NORDESTE - exemplos de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Caro D�el-Rey,
        c/co colegas e amigos/as
   
obrigado pelo constante apoio com excelentes cr�ticas e sugest�es muitas vezes.

Creio que fica evidente que, para resolver a quest�o de falta d��gua no nosso Nordeste, assim como deveria ocorrer com qualquer projeto de interesse p�blico, devemos �dar um pontap� de vez nessa mentalidade atrasada das restri��es �ideol�gico�/pol�ticas, partid�rias ou n�o, e avan�ar com as novas ferramentas cient�ficas e tecnol�gicas j� testadas que se apresentarem (aqui ou em qualquer lugar do mundo) e desenvolver com a nossa criatividade as inova��es e adapta��es �s nossas condi��es, sempre sem a�odamento tipo �projeto transposi��es�, �projeto transamaz�nicas�, ... de custos extraordin�rios, com implanta��o cheia de dificuldades e gastos muito grandes de manuten��o (como j� ocorre nas transamaz�nicas �mais barro que estrada� e nesta transposi��o implantada com rachaduras e solapamentos, evapotranspira��o com saliniza��o, etc.).
Isto n�o implica em abandonar tudo o que j� est� feito e quase conclu�do, para come�armos, idiotamente,  algo novo do come�o sem maiores justificativas como �  vezeiro ocorrer em nossa �pol�tica� de 4 em 4 anos, a cada mudan�a dos �chefes� pol�ticos (coisa de �oposi��o pol�tica� dos nossos tristes tempos). Assim, pode-se, ou melhor: deve-se fazer uma avalia��o cuidadosa para:
(a) ver se existem possibilidades de otimiza��o do sistema de transposi��o implantado (sombreamento dos canais diminuindo evapora��o?, p.ex.) e
(b) avaliar novas alternativas de aproveitamento da �gua dos canais com outras t�cnicas de manejo? e quais (gotejamento em lavouras, grandes cacimbas de reserva��o - para uso humano ou outro - sem evapora��o;..),
e, assim, definir  viabilidades e custos destas interven��es, cotejando quais seriam os retornos sociais e financeiros para se ter auto sustenta��o, etc. (Ou seja: estudar e planejar, planejar, planejar.. e s� ent�o executar! => veja sugest�es a seguir abaixo:
PARA REFORMA DA ADMINISTRA��O P�BLICA)
Vista a import�ncia de regi�es como � do Nordeste que, al�m de enorme potencial de tours de turismo paisag�stico, ecol�gico, geol�gico, mineral�gico, paleontol�gico, antropol�gico, cultural, folclore, gastron�mico, religioso, etc., conta com ~ 9 meses de seca por ano, permitindo 2 a 3 colheitas/ano, seria importante desenvolver, em esfor�o multi universit�rio integrado e multidisciplinar/interministerial,  um bom programa de pesquisas com doutorados e mestrados focando tais regi�es, p.ex., em geot�cnica e urbanismo (incluindo restaura��es est�tico/hist�ricas), hidrologia (!!!), pedologia, reflorestamento, engenharia agron�mica, agropecu�ria, processamento de dados com inova��es inform�ticas de aplicativos de controle e de sistemas gerenciais de grande integra��o, etc.
Um dos projetos deste programa global poderia ser focado em uma reavalia��o cient�fica de erros e resultados positivos do Projeto de Transposi��o do Rio S�o Francisco o que poderia nos indicar solu��es de ordem pr�tica para revis�es em uso imediato ou para corrigir problemas na �rea de influ�ncia dos dois canais de transposi��o e, principalmente, para o planejamento e execu��o com bases cient�ficas e avalia��es financeiras mais consistentes de novos projetos aplic�veis a todo o Nordeste. Entre outros consequ�ncias se criaria know how, para desenvolver desde mini transposi��es fluviais para equaliza��o h�drica  entre bacias e sub-bacias usando, na medida do poss�vel, a for�a da pr�pria correnteza de veredas, cataventos, energia solar,... (autossustent�veis) at� revis�es globais e estrat�gicas de um projeto de melhor apropria��o e desenvolvimento/adequa��o da terra para macro regi�es economicamente distintas.

Abra�o
Manfredo

       
OBS � ser� postado em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm

Manfredo Winge - http://mw.eco.br/zig/hp.htm[confraria democr�tica do bom senso]
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 "Aqueles preocupados com o custo da educa��o deveriam antes considerar o custo da ignor�ncia".
                   Derek Bok, ex-Reitor da Universidade de Harvard (foi-me enviado por e-mail)

 C�pia do anexo enviado
PARA REFORMA DA ADMINISTRA��O P�BLICA:

REORGANIZA��O DO PLANEJAMENTO E DA EXECU��O NA ADMINISTRA��O P�BLICA

Manfredo Winge             
�: http://mw.eco.br/zig/Pequenas_Sugestoes.pdf                   

Pre�mbulo:

Hoje, raramente algu�m � responsabilizado e penalizado pelos maiores absurdos que comumente ocorrem na administra��o p�blica de nosso Pa�s, sendo que as inefici�ncias e incompet�ncias s� v�o aparecer � se aparecerem - como fato consumado, muitas vezes em desastres, s� no fim do projeto, isto quando o projeto n�o � simplesmente abandonado. Cabe lembrar que, diuturnamente, s�o relatados na imprensa casos de abandono de obras important�ssimas para sa�de, educa��o, transporte, ... por conta de projetos e atividades tocados de qualquer jeito sem responsabilidades assumidas e recursos garantidos e cronogramas a serem respeitados.
Assim, � comum que batalhas administrativas e at� judiciais, muitas vezes in�cuas, v�o persistir nestas inefici�ncias e ocupar o Minist�rio P�blico, tribunais de contas, judici�rio sem nem servirem de exemplo para que esses erros praticados n�o venham nunca mais a se repetir. Pois, certamente ser�o repetidos se n�o houver provid�ncias s�rias, principalmente para o caso de projetos relacionados a
propinodutos.
J� projetos bem pensados, planejados, com previsibilidade de recursos dispon�veis dentro das prioridades assumidas pelos governantes e, por isto, realistas, dificilmente poder�o ser, irresponsavelmente, criticados e bloqueados como ocorre atualmente nos nossos parlamentos entre "situa��o" e "oposi��o", via sanha sinistra da atual pol�tica de n�s contra eles.. e os contribuintes e comunidade em geral que se ferrem.
Assim, temos mais � que planejar.. planejar...planejar.... e, ent�o, tudo Ok? Ok, a� � aprovar para s� executar no tempo certo e programado, com recursos e tudo o mais conforme previsto. Sabemos que n�o � isto que vem ocorrendo pelo nosso infeliz Pa�s afora que caiu nas m�os de fac�noras e ladr�es em uma imensa estrutura de poder e corrup��o de bra�os dados com sua prima irm� inefici�ncia. E tudo medrado a partir da sofreguid�o de poder de �pol�ticos� pela possibilidade de reelei��o
ad eternum o que exige miliard�rias (2,7 bilh�e$ a serem torrados em 2018) �propagandas e campanhas eleitorais� que vendem esses �bons� pol�ticos com jingles e historinhas maravilhosas al�m de muitas promessas, logo esquecidas ap�s a elei��o.

Sugest�o:

Carecemos desde sempre (?) de um efetivo e realista Sistema P�blico de Planejamento e Acompanhamento Executivo/Financeiro de projetos e subprojetos - tipo PERT (Program Evaluation and  Revisional Techniques) � estruturados dentro de Programas e Planos de Governo bem como a defini��o (ou revis�o) padronizada de protocolos de rotinas nas atividades continuadas (ou sist�micas), como atendimentos m�dicos, burocr�ticos,.. com previs�es abalizadas de custos financeiros, recursos f�sicos e humanos e prazos como garantia de exequibilidade continuada de toda a a��o governamental. Bem bolado, testado e implementado, pode-se chegar a um Sistema Governamental de Controle que integre, vertical e horizontalmente em estrutura program�tica matricial, os �rg�os setoriais executivos dos n�veis municipal, estadual e federal que estejam envolvidos no planejamento e/ou na execu��o de cada a��o governamental. � evidente que para in�cio dever�o ser preparadas equipes de monitores sobre as t�cnicas de planejamento e avalia��es, controle, etc. para, talvez atrav�s de EAD (Ensino � Dist�ncia por internet) levar esses conhecimentos e exerc�cios de diagrama��o para equipes de todos os munic�pios e estados. Assim, lastreados em sistema inform�tico nacional, de f�cil acesso para o gerenciamento governamental e para consultas comunit�rias, com todas as a��es/eventos e metas planejadas, das mais simples �s mais complexas, codificadas com protocolos de responsabiliza��o em termos de gest�o e de execu��o, apropria��o de custos, atrelando-se os respectivos or�amentos aprovados em centros e sub centros de custo sempre com os CPF's dos respons�veis pela execu��o e gest�o de cada projeto de governo, podese, a qualquer momento, puxar do sistema em que etapa est� um projeto, quem � seu gerente, quanto j� despendeu e em quais setores ou centros de custo, quando est� previsto o seu t�rmino, etc. Ou seja, de forma bem diferente ao que vem ocorrendo no Pa�s sem controle, sem informa��es e indica��o de respons�veis por atividades diretas ou contratadas. Com tal sistema implantado e de f�cil acesso �s informa��es b�sicas, qualquer anomalia em termos de tempos, custos (financeiros, humanos, equipamentos,..) dever� acender uma luz de revis�o em tempo de execu��o com a indica��o das corretas responsabilidades no projeto ou atividade para avalia��o e solu��o imediata ou, at�, de indica��o de solu��es automatizadas, se for o caso, incluindo solu��es extremas como uma revis�o dr�stica ou at� a indica��o de cancelamento total para evitar mais desperd�cios, se assim constatada a necessidade. Esta sugest�o implica em uma total revis�o do sistema atual, notadamente em termos de gest�o e da a��o continuada e eficiente desta gest�o p�blica. Para tanto, no Executivo somente se deveria ter, como chefias, funcion�rios de carreira selecionados por crit�rios de m�ritos bem objetivos e transparentes, r�gidos ao ponto de poderem levar � exonera��o de cargo de chefe, diretor,.. como incompetente, caso o mesmo n�o consiga atingir as metas e objetivos indicados no diagrama de planejamento sem uma  razo�vel justificativa t�cnica. Adicionalmente, um sistema funcional de planejamento e execu��o como o proposto deve ser programado, gerenciado (revisado sempre que necess�rio), e operado (ou fiscalizado em obras licitadas) fundamentalmente por pessoal preparado de carreira. J� para os altos escal�es, de ministros e diretores operacionais e financeiros, a escolha (pelo presidente ou primeiro ministro, governador, prefeito) dos respons�veis deveria ser feita a partir de listas s�xtuplas de candidatos selecionados por vota��o ampla e bem controlada em associa��es profissionais, sociedades cient�ficas, associa��es patronais,... todas com v�nculos direto ou indireto com a(s) �rea(s) do Minist�rio ou Secretaria. E, importante, projetos e rotinas de servi�os b�sicos para a popula��o j� em execu��o, exceto casos extremos e perfeitamente justificados por defesa t�cnica abalizada e aceita, n�o poder�o mais ser descontinuados por uma simples penada de novo �chefe�, diretor, prefeito, ministro, governador, presidente,.. na tentativa de mudar intempestivamente os rumos da programa��o j� consolidada e em andamento.

Resultados esperados:

1 - atingir um perfeito dom�nio inform�tico sobre o planejamento, a execu��o e apropria��o de custos governamental � o que n�o ocorre hoje, com dados confi�veis e de f�cil acesso, projetos bem definidos e controlados em termos de cronologia (todas as etapas de cada projeto) e de investimentos (recursos financeiros, humanos e materiais);

2 � com bom planejamento e controle e revis�es da execu��o e de custos, certamente os custos de projetos cair�o significativamente;

3- concomitantemente as metas ser�o atingidas nos tempos programados;

4 � projetos ter�o de ser bem pensados, evitando-se os atuais a�odamentos com projetos iniciados e n�o conclu�dos devido a falta de avalia��es de exequibilidade financeira ou outras;

5 - a implanta��o deste sistema ir� acabar com o delet�rio modelo do �toma-l�-d�-c�, visto que pol�ticos em atua��o na legislatura e/ou apaniguados sem refer�ncias e compet�ncias adequadas para exercer cargo executivo ficam proibidos de assumir chefias e dire��o p�blicos, pois o que vem ocorrendo � que, de 4 em 4 anos, �aparecem� novas chefias e aspones que �caem de paraquedas�, completamente fora do assunto, para ditar regras onde e como deve ser gasto o dinheiro do or�amento do setor, tumultuando a a��o governamental e podendo levar a preju�zos em projetos j� em andamento.


De: juarez milmann
Enviada em: sexta-feira, 16 de novembro de 2018 22:15
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

 Caro Manfredo :

Achei �tima sua resposta para o Castro .
Al�m da clara diferencia��o que voc� estabeleceu entre trabalhar para um governo e abra�ar atribui��es de Estado, � bom lembrar que dos 192 Estados-Membro filiados a ONU, 161 reconhecem Israel, portanto parece que a grande maioria n�o concorda com o infeliz coment�rio do Castro.

Abra�o, Juarez.


De: Manfredo Winge
Enviada em: s�bado, 17 de novembro de 2018 18:05
Para: 'juarez milmann'
Cc: Jos� do Patroc�nio Tomaz Albuquerque; Benjamin Bley de Brito Neves; Jo�o Wagner de Alencar Castro
Assunto: RES: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Prezado Juarez,
Bem lembrado que dos 192 Estados-Membro da ONU, 161 reconhecem Israel (maioria absoluta). Mas o que nos importa aqui � a capacidade demonstrada por recuperar �reas des�rticas e em tempo recorde. Ou seja, n�o precisamos �inventar a roda� se pudermos contar com acordo Brasil-Israel no sentido de montar uma Miss�o Conjunta para trazer  a metodologia e experi�ncia pr�tica de recupera��o de �reas des�rticas para podermos nos lan�ar na recupera��o do semi�rido nordestino. O colega Bley enviou-me um e-mail (pedi que me re-enviasse para complementar informa��es) lembrando que temos aqui cientistas e t�cnicos muito competentes como Jo�o Manoel Filho, Jos� do Patroc�nio Tom�s, Waldir e Walter Duarte entre outros e que �podem ir ensinar em Israel�. Sabemos da compet�ncia desses ex-colegas da SUDENE com grandes contribui��es desde os saudosos tempos da ent�o Divis�o de Hidrogeologia, irm� da Divis�o de Geologia onde trabalhei (copio o colega Jos� do Patroc�nio do qual tenho e-mail e lembro que ele j� deu v�rias contribui��es no ciber f�rum  sobre a Transposi��o que organizei em p�gina que est� no 1� site do IG/UnB: http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#8_Patroc�nio  ).

Mas ent�o qual � problema em que sejam estes e outros colegas experientes convidados a compor equipe mista que poderia sinergicamente integrar conhecimentos e metodologias para desenvolver t�cnicas de recupera��o e bom uso de �reas degradadas adaptadas � realidade do sert�o nordestino?  At� � melhor que a equipe j� conte com experientes para melhor aproveitamento de uma tal miss�o t�cnico-cient�fica.

 Abra�os
Manfredo
            OBS � ser� postado em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm


De: Luiz Jos� HoMem D'el-Rey Silva
Enviada em: segunda-feira, 19 de novembro de 2018 05:37
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/R�plicas - Para o NORDESTE - exemplos de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Caro Manfredo:
O seu texto � bastante completo e n�o tenho como discordar ou acrescentar algo �s sugest�es ali contidas.
N�o resta d�vidas que a solu��o do problema Nordeste, tanto agora como no futuro, tem que envolver o uso de muita ci�ncia e tecnologia. Este � o caminho.

Abra�o.
Luiz D'el-Rey 


 From: �lvaro Rodrigues dos Santos
Sent: Saturday, November 17, 2018 4:01 PM
To: 'Manfredo Winge'
Subject: RES: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Caro Manfredo,
Tive a oportunidade de conversar com t�cnicos israelenses em trabalhos de que participei no semi-�rido. Realmente s�o bons, mas eles mesmos reconhecem que nosso semi-�rido e as regi�es mais des�rticas do Oriente M�dio tratam-se de realidades fisiogr�ficas e log�sticas muito diferentes. Mas � uma colabora��o que pode nos ajudar muito.
De toda essa experi�ncia ficaram-me as c�lebres palavras e ensinamentos de nosso saudoso grande hidroge�logo Aldo Rebou�as: �O problema do Nordeste n�o � de seca, mas de cerca�. E mais nos ensinava o mestre: o semi-�rido deve cultivar produtos em que pode tirar grande vantagem competitiva de suas condi��es fisiogr�ficas, como frutas e legumes de exporta��o. Alimentos b�sicos, como feij�o, arroz, etc., n�o � coisa para o Nordeste produzir em larga escala, deveriam ser comprados de fora com os lucros advindos da exporta��o de frutas e outros produtos.

Abs
�lvaro


From: Manfredo Winge
Sent: Saturday, November 17, 2018 8:37 PM
To: Alvaro
Subject: Re: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Excelentes dicas do saudoso amigo Aldo. T�o boa-pra�a e ir embora t�o cedo, ainda mais cm tanta coisa para ainda contribuir.
Mais c�est la vie mon ami!!

Abra�os
Manfredo

PS Claro que poderei postar no site, n�o �? Pena que acabei de realizar todo house keeping e vou deixar para amanh�
http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm 


 From: Wilson Scarpelli
Sent: Sunday, November 18, 2018 9:42 AM
To: 'Manfredo Winge'
Subject: RES: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Manfredo,
Absolutamente correta sua posi��o, distinguindo posi��o/oposi��o pol�tica a posi��o/oposi��o funcional perante a Na��o.
Trabalhando em prol da Na��o, o tempo passa, as pol�ticas passam, mas o produto de seu trabalho fica � disposi��o da Popula��o.

Parab�ns,
Scarpelli


 From: Manfredo Winge
Sent: Sunday, November 18, 2018 11:24 AM
To: Wilson Scarpelli
Subject: Re: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Valeu Scarpelli,
obrigado pelo apoio em uma quest�o t�o fundamental � separar vi�s de governo de obriga��es de Estado - cuja interpreta��o distorcida deve ter sido causa de muitos e talvez grandes problemas no nosso Pa�s.

Abra�o
Manfredo
e
PS pelo assunto t�cnico estas nossas considera��es n�o necessitariam ser publicadas, mas vistos os rumos que o Pa�s pode tomar com o acirramento �pol�tico� que ocorre, talvez seja importante a publica��o na p�gina espec�fica sobre a Transposi��o (*). Se estiver de acordo favor informar.
        (*) endere�o:: http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm


De: Benjamim Bley de Brito Neves [mailto:]
Enviada em: sexta-feira, 16 de novembro de 2018 21:55
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

 CARO E COMBATIVO MANFREDO
OS GEOLOGO BRASILIEROS (NORDESTINOS SOBRETUDO) s�o muito bem preparados, bem mais que os israelenses.
A diferen�a � que l� em Israel o n�vel educacional do povo � outro, de modo geral.
Israel tem dinheiro
A economia norte-americana despeja dinheiro em Israel.
Pessoas como Joao Manoel flho, Jpse�do Patrocinio Tom�s, Waldir e Walter Duarte podem ir ensinar em  Israel;
Quando nos trabalh�vamos com intenso amor  e dedica��o - ao mesmo tempo que �amos aprendendo- Delfim Neto - porta voz dos militares- articamente fechou a SUDENE
Nossos sal�rios foram congelados por tr�s anos;
toda ajuda vindo de Israel ser� benvinda.
Mas, n�s estamos mais a par dos nossos problemas de semi arido e pr�-cambriano brabo. Veja o mapa geol�gico do sinai; L� � bem mais f�cil, isto junto com dinheiro e educa��o, vai mais r�pido
forte abra�o


De: Benjamim Bley de Brito Neves [mailto:]
Enviada em: segunda-feira, 19 de novembro de 2018 18:27
Para: Manfredo Winge
Assunto: Re: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

O HOMEM QUE MAIS ENTENDE DO RAMO NO BRASIL � JOSE DO PATROCINIO DE ALBUQUERQUE TOMAZ COLEGA NOSSO NA NOSSA EPOCA DE SUDENE
ENTRE EM CONTATO COM ELE
EU VOU MANDAR ESTE SEU EMAIL PARA ELE

BLEY


De: "Manfredo Winge" <>
Enviada: 2018/11/20 10:51:12
Para:
Cc:
Assunto: RES: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Caro Bley,

o Jos� do Patroc�nio � copiado neste e-mail  - at� j� contribuiu no ciber f�rum sobre a Transposi��o do V�io Chico com sua an�lise e coment�rios muito importantes. Veja em: http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#8_Patroc�nio  

Pelo que a� exp�s, ele � � ou pelo menos foi � contra esse projeto cujos bilh�es de reais que poderiam ser melhor gastos, talvez, (a estudar) com sistema fechado (sem evapora��o) de grandes caixas d��gua  com dutos ramificados  diretos �s �reas priorit�rias (cidades, vilas, terras f�rteis, .. ), ao inv�s de segui por dois canais problem�ticos (�gua evaporando) que requerem constante e cara revis�o juntamente com o maquin�rio pesado de bombeamento; tamb�m n�o se necessitaria de v�rios lagos de acumula��o (com forte evapora��o) cobrindo boas �reas de aluvi�es (culturas das vazantes!!).

Mas agora � alea jacta est � a coisa est� feita e temos que ver como evitar novos problemas e para servir de li��o positiva para novas transposi��es (entre micro bacias, p. ex.?)

Abra�os amigos
Manfredo 

(PS - meu caro Bley, prezo a pol�tica mais objetiva sem grandes her�is salvadores da p�tria pois precisamos mesmo � de mais compet�ncia do Estado Brasil e que o servi�o p�blico executivo  seja organizado em carreiras cujos chefes n�o sejam apaniguados pol�ticos incompetentes. Ver meu e-mail abaixo ou em:  http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#31_Coment_Replicas_Manfredo )


De: patrociniotomaz [mailto:]
Enviada em: quinta-feira, 22 de novembro de 2018 14:31
Para: Manfredo Winge;
Assunto: RE: RES: Coment/R�plicas: Para o NORDESTEs - exemplo de Israel DESENVOLVENDO �reas des�rticas

Prezado Manfredo Winge

O Bley � meu colega de turma, meu compadre e amigo de todas as horas. S� n�o comungo com as ideias pol�ticas dele: abomino o Lulo-petismo e votei em Bolsonaro que vai assumir a presid�ncia numa das piores situa��es j� encontradas por um presidente eleito democraticamente. Mas, deixemos isto de lado e vamos ao que interessa que � discorrer sobre a proposta de um projeto de dessaliniza��o das �guas do mar para, segundo se noticia, resolver o problema da aludida escassez de recursos h�dricos de nosso Semi�rido. Est�o colocando o novo presidente numa fria, na medida em que anunciam uma medida (a dessaliniza��o) como a salva��o de nossos problemas de oferta de recursos h�dricos.

Como disse Bley, as realidades socioecon�micas, geopol�ticas e, principalmente, as naturais s�o muito diversas. Come�a pelas suas �reas: todo o territ�rio israelense ocupa uma �rea de pouco mais de 22.000 Km2 e o nosso Semi�rido se estende por mais de 1.000.000 de Km2, dos quais, mais de 800.000 Km2 (ou 80.000.000 de hectares) s�o ocupados por agricultura familiar. Imagine levar �gua a 50% desses estabelecimentos agr�colas em termos de custos. Acredito que isso � invi�vel financeira e tecnicamente, em raz�o das condi��es econ�micas brasileiras, bem inferiores � de Israel (PIB per capita do Brasil em 2017, segundo o IBGE, R$ 31.587,00 contra US$ 35.344 de Israel em 2015) e de suas caracter�sticas naturais (geol�gicas, morfol�gicas, pedol�gicas, dist�ncia do Oceano, etc., etc), respectivamente. De alguma forma, eu falei sobre isto no meu artigo sobre a Transposi��o (alcance do PISF) que se destinava a irrigar, apenas, 40.000 hectares de terras cont�guas aos eixos da Transposi��o e, hoje, pela situa��o pela qual passa o Rio S�o Francisco e seus reservat�rios, mormente o de Sobradinho, nem mesmo est� �rea dever� ser irrigada.

Mas, n�o vale, apenas, criticar! Qual seria a solu��o para anular ou, ao menos, minimizar os efeitos adversos da hidroclimatologia do semi�rido? Isto tem sido objeto de v�rios trabalhos meus e de meus companheiros de UFCG, inclusive constando dos Planos de Recursos H�dricos regional (o Plano de Aproveitamento Integrado dos Recursos H�dricos do Nordeste �PLIRHINE, SUDENE, 1980) e do Plano Estadual de Recursos H�dricos da Para�ba �PERH/PB, 2.003, dos quais participei. Sucintamente, o que propus e propomos � implantar atividades econ�micas compat�veis com a hidroclimatologia, pedologia e geologia regionais e locais e com a disponibilidade h�drica, 100% garantidas, contidas em reservat�rios superficiais erigidos em rios e captados por po�os perfurados em nossos sistemas aqu�feros, estas correspondentes a um percentual das chamadas reservas ou recursos anualmente renov�veis. Isto atenderia todas as demandas socioecon�micas, inclusive a de irriga��o, desde que praticada em outro modelo que contemple per�odos, cultivos e m�todos adequados, o que n�o se verifica atualmente, nem no Semi�rido e, me arrisco a dizer, em qualquer outra regi�o hidrogr�fica brasileira. E h� disponibilidades para isso, inclusive com saldo que poderia atender demandas priorit�rias (consumo humano, urbano e rural, pecu�ria e industrial) futuras. S� para me tornar mais claro, detalho um pouco mais sobre a irriga��o praticada em nossa regi�o semi�rida: irrigam-se no per�odo de estiagem, cultivos consumistas de �gua e, at�, ex�ticos � regi�o, usando m�todos de baixa efici�ncia h�drica. Em rela��o ao per�odo, ele se contrap�e ao que � natural, aqui e alhures, que � a esta��o das chuvas. Esta � irregular no tempo e no espa�o, mas, esta irregularidade � relegada e, ao inv�s de se usar os recursos h�dricos dispon�veis para corre��o da mesma, n�o o fazem e irrigam na esta��o de estio, onde o consumo �, pelo menos o triplo do que se usaria para corrigir os efeitos adversos da esta��o chuvosa. Em rela��o aos cultivos n�o se obedece ao que a Natureza aconselha na sua condi��o de xerofitismo de sua cobertura vegetal natural que faz com que, na esta��o seca, a vegeta��o anule as perdas por evapora��o, seja atrav�s da queda do sistema de transpira��o, sua folhagem, seja pela elabora��o de uma cera que torna a folhagem imperme�vel. E por a� vai. Talvez, a �nica �rea pass�vel de ter �gua dessalinizada adicional �s suas disponibilidades naturais, seja a do litoral cearense onde est� localizado o chamado cintur�o das �guas, justamente pela �rea usada em irriga��o, a qual padece dos efeitos delet�rios de uma gest�o divorciada das caracter�sticas hidroclim�ticas de suas bacias hidrogr�ficas (Acara�, Corea�, Curu, Jaguaribe � baixo curso, onde se localiza o maior reservat�rio superficial do Nordeste Oriental, o Castanh�o com 6,4 bilh�es de metros c�bicos � e a bacia Metropolitana), conforme se se pode constatar na entrevista anexa que dei, por solicita��o, � jornalista Patr�cia Fachin, publicada na revista do Instituto Humanitas da UNISINOS (Universidade do Vale dos Sinos), a� do seu Rio Grande do Sul. Finalmente, essa id�ia de dessaliniza��o j� havia sido objeto de pretens�es do governo cearense (do PT, reeleito) h� uns dois anos atr�s.
Abra�os, 
Patroc�nio

Patroc�nio Tomaz


83 98780.1158


De: Manfredo Winge
Enviada em: domingo, 18 de agosto de 2019 19:50
Para: ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''; ''
Assunto: SITUA��O do PROJETO TRANSPOSI��O DO RIO S�O FRANSICSCO

Prezados senhores senadores, jornalistas, amigos e colegas,
principalmente os colegas NORDESTINOS e outros que contribu�ram com as discuss�es, iniciadas em 23/3/2005, a favor e contra a viabilidade do PROJETO DE TRANSPOSI��O DO RIO S�O FRANCISCO  e de suas alternativas. Ver esse �f�rum cibern�tico� em: (http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm).

Como podem ver, v�rios debates ocorreram at� os atuais dias, conforme registrados nessa p�gina, mas � com pesar que est� se confirmando (veja-se a mat�ria da Revista VEJA transcrita em  http://mw.eco.br/ig/pvista/19_08_ArtigoVEJA_Transposicao.pdf )  o que foi prognosticado j� em 2005, como, p.ex., em uma r�plica e coment�rios expressos em http://mw.eco.br/ig/pvista/DesafiosTransposicaoSaoFrancisco.htm#4-MWingeReplica.

Al�m dos v�rios pontos, j� parcialmente discutidos, aproveito para postar um link de t�cnicas muito interessantes que foram desenvolvidas em pa�ses da �frica,  na �ndia e EUA, referentes � RECUPERA��O DE �REAS DEGRADADAS E SEMI-�RIDAS.  S�o t�cnicas simples mas, segundo os artigos, efetivas pois buscam as solu��es fazendo a Natureza agir a nosso favor. Ver em:

http://mw.eco.br/zig/emails/AMB171229_Plantar_Chuva.pdf

Cabe salientar que algumas t�cnicas nesta linha (ajudar a Natureza) j� foram at� sugeridas nos debates postados, como � muito conhecida de barragens subterr�neas em forma��es aluvionares para armazenar �gua subterr�nea para uso dom�stico e para as �culturas de vazante�.

Obs. esse e-mail ser� postado na p�gina de debates e coment�rios, cr�ticas e sugest�es, dentro do assunto em pauta, poder�o ser postados.

 Sauda��es geol�gicas e ambientalistas
Manfredo Winge -
http://mw.eco.br/zig/hp.htm [confraria democr�tica do bom senso]
         Webmaster:  1o SITE do IG/UnB
                             Gloss�rio Geol�gico Ilustrado
                              SIGEP S�tios Geol�gicos e Paleobiol�gicos do Brasil

        "Aqueles preocupados com o custo da educa��o deveriam antes considerar o custo da ignor�ncia".
                   Derek Bok, ex-Reitor da Universidade de Harvard (foi-me enviado por e-mail)


IN�CIO
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Que grande projeto do governo está sendo discutido em relação a esse rio?

A transposição das águas do São Francisco é o maior projeto de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), desenvolvido pelo presidente Lula.

Porque o governo quer implantar o projeto do rio São Francisco?

Seu principal objetivo é garantir segurança hídrica, através da integração de bacias hidrográficas a uma região que sofre com a escassez e a irregularidade das chuvas: a região semiárida do Nordeste.

Qual a atual situação do projeto de transposição do rio São Francisco?

Após quase 16 anos do início das obras, os eixos Leste e Norte da Transposição do São Francisco estão concluídos. Foi só após 2019 que as águas do Velho Chico saíram de Pernambuco, estado doador, e chegaram ao Rio Grande do Norte e ao Ceará. O caminho à Paraíba pelo Eixo Norte também só foi possível na atual gestão.

Quais são as principais polêmicas sobre a transposição do rio São Francisco?

A crítica: Águas poluídas serão levadas aos açudes. Além disso, há risco de salinização e erosão dos rios receptores e também de interferência nos ecossistemas aquáticos e terrestres. A maioria dos açudes da região é subutilizada porque a população teme a escassez nos períodos de seca.