Como os imigrantes italianos contribuíram para o desenvolvimento econômico brasileiro?

Como os imigrantes italianos contribuíram para o desenvolvimento econômico brasileiro?
“América América, lá se vive que é uma maravilha, vamos ao Brasil com toda a família, América América, se ouve cantar, vamos ao Brasil, Brasil a povoar”. Canção dos imigrantes (Final do século XIX).

No último dia 21 de fevereiro foi comemorado o “Dia do Imigrante Italiano”. Mas você sabe os detalhes por detrás da grande imigração italiana?

Esta data foi escolhida porque no dia 21 de fevereiro de 1874 a primeira leva de imigrantes italianos desembarcou no Brasil, mais precisamente no Estado do Espírito Santo. Trazidos pela embarcação a vela La Sofia, 386 trentinos e vênetos passaram 1 mês e 18 dias em alto-mar até a chegada a “Mérica”, forma como eles chamavam o desconhecido Brasil.

Sancionado por uma lei em junho de 2008 pelo então ex-presidente da república José de Alencar, o “Dia do Imigrante Italiano” é uma forma de homenagear esse povo que tanto contribuiu para o crescimento econômico e cultural do nosso país. 

“A data é uma homenagem ao povo italiano que, vindo de terras distantes, engajou-se nas nossas lutas, fez prosperar cidades, construiu escolas, igrejas, restaurantes, hospitais e cultivou a terra. Em busca de novos horizontes, famílias inteiras trouxeram seus hábitos, seus costumes, sua religiosidade, a sua formação profissional enriqueceram a nossa cultura” – resumiu muito bem o texto do Itália Oggi.  

Mas o que trouxe os italianos ao Brasil? Entenda o contexto histórico

Primeiramente é preciso entender o contexto histórico da época. A Europa passava por uma grande recessão e as famílias precisavam se recompor financeiramente. Não apenas a população da Itália, mas de toda a Europa no geral, estava mergulhada na miséria no século XIX. A transição entre um modelo de produção feudal para um sistema industrial capitalista afetou diretamente as condições sociais no continente europeu, tornando impossível às famílias conseguir o seu sustento como outrora.

Ao retratar o Vêneto da época, região italiana de onde vieram 30% dos imigrantes italianos, o historiador Emilio Franzina escreveu que “podia-se morrer de inanição e que a única alimentação da classe rural não passava de polenta, uma vez que a carne de vaca era um mito e o pão de farinha de trigo inacessível pelo seu alto preço”. Em outras regiões da Itália e em outros países europeus a situação não era diferente: a fome e a miséria assolavam a Europa. Em contrapartida, o continente americano aparece, nesse contexto, como um destino sonhado por milhões de europeus, que imigravam com a promessa de se tornarem grandes proprietários agrícolas.

O Brasil, por sua vez, apelou para uma migração subvencionada, na qual o próprio governo brasileiro pagava a passagem dos imigrantes, pois precisava suprir a de mão de obra agrícola após a abolição da escravatura, principalmente a então Província de São Paulo, onde as plantações de café prosperavam e necessitavam cada vez mais de mão de obra em quantidade muito superior à existente. E foi assim, juntamente com uma grande campanha de marketing que prometia “mundos e fundos aos italianos” que eles vieram em massa ao Brasil. 

Frases como: “Venham construir os seus sonhos com suas famílias. Um país de oportunidade. Clima tropical e abundância. Riquezas minerais. No Brasil vocês poderão ter o seu castelo. O governo dá terras e utensílios à todos”, fez com que a imigração italiana para o Brasil se tornasse significativa a partir da década de 1870 e transformou-se num fenômeno de massa entre 1887 e 1902, influenciando decisivamente, inclusive, no aumento da população do Brasil. Entre 1880 e 1924, entraram no Brasil mais de 3,6 milhões de imigrantes, dos quais 38% vindos da Itália. Hoje estima-se que cerca de 30 milhões de brasileiros são descendentes de italianos.

 Seis estados brasileiros concentraram a quase totalidade da imigração italiana no Brasil. São eles: São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Paraná. O estado de São Paulo foi, de longe, aquele que mais recebeu imigrantes no Brasil. Dos cerca de 1,5 milhão de italianos que imigraram para o Brasil entre os anos de 1875 e 1935, 1,2 milhão deles foram para São Paulo, totalizando 70% do total.

As viagens de navio

Depois de decidirem imigrar para o Brasil, a próxima etapa era a viagem migratória. O primeiro desafio era chegar até o porto de embarque. No caso do Norte, era o porto de Gênova e, no Sul, o porto de Nápoles. A ida até o porto, que às vezes era feita a pé, inclusive no inverno, envolvia aldeias inteiras. Antes de partir, os italianos vendiam seus poucos bens. Quase sempre era uma viagem só de ida.

Uma vez dentro do navio, os imigrantes tinham que enfrentar uma viagem naval terrível, com duração entre 21 e 30 dias, amontoados como passageiros de terceira classe. Não eram raros os envenenamentos por comida estragada e mortes por epidemias. Os corpos dos que morriam nos navios eram lançados ao mar.
Ao chegarem ao porto brasileiro, se encantavam com o verde intenso da natureza do país mas também sofriam, por incrível que pareça, preconceito e muitas vezes maus tratos daqueles que os recebiam. Encaminhados para as fazendas, muitos imigrantes tiveram que enfrentar uma vida de semiescravidão nas plantações de café, bem diferente dos relatos de paraíso que os persuadiram a abandonar a Itália.

A influência Italiana no Brasil

A imigração italiana para o Brasil foi um dos maiores fenômenos imigratórios já ocorridos na história. À medida que o número de imigrantes e seus descendentes ia crescendo, o Brasil modificava os seus hábitos e costumes, assim como os imigrantes modificam os seus, criando assim uma cultura miscigenada.
Das inúmeras contribuições dos italianos para o Brasil e a sua cultura, destacam-se a religiosidade e o catolicismo de algumas regiões do Brasil, introduzindo a cultura das festas religiosas, santos de devoção e práticas religiosas. A culinária italiana tem enorme influência de norte a sul com diversos pratos que foram incorporados à alimentação brasileira tais como o panetone, nhoque, porpetas, parmegiana, massas em geral e a famosa pizza, além da popular polenta frita. Até o sotaque dos brasileiros, principalmente na cidade de São Paulo, o sotaque paulistano, tem origem no mix com os dialetos falados em massa na cidade, a introdução de novas técnicas agrícolas em Minas Gerais, São Paulo e no Sul.
A criação do time Palestra Itália em 1914 teve o intuito de aproximar e unificar os imigrantes italianos que viviam na cidade de São Paulo.

Fora tudo isso, só quem vem de família sabe o quanto essas são unidas e orgulhosas de suas origens, e o “Dia do Imigrante Italiano” está aí para enaltecermos nossos antepassados, esses verdadeiros guerreiros que enfrentaram a miséria, travessias marítimas penosas, preconceito e superaram cada obstáculo, para reconhecermos o legado cultural, histórico, econômico e social que nos foi deixado, afinal somos a continuação dessa grande história.

Alla prossima e tantissimo auguri a tutti gli immigrati italiani!

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Quais foram as contribuições dos imigrantes italianos?

Diversas receitas italianas foram incorporadas nos hábitos culinários brasileiros, como o panetone no Natal, comer pizza e espaguete (principalmente no Sudeste), além da polenta frita. A introdução de novas técnicas agrícolas (Minas Gerais, São Paulo e no Sul).

Qual a contribuição dos italianos para a economia nacional?

Mão de obra italiana para o café no sudeste Embora tenha sido a região Sul a pioneira na imigração italiana, foi a Região Sudeste aquela que recebeu a maioria dos imigrantes. Isto se deve ao processo de expansão das lavouras de café em São Paulo (e, em menor medida, também em Minas Gerais).

Como os italianos influenciaram o Brasil?

Diversas receitas italianas foram incorporadas nos hábitos culinários brasileiros, como o panetone no Natal, comer pizza e espaguete (principalmente no Sudeste), além da polenta frita. A introdução de novas técnicas agrícolas (Minas Gerais, São Paulo e no Sul).