O que fazer se tiver contato com fezes de pombo?

Dois homens morreram em Santos, litoral de São Paulo, durante o mês de julho devido à criptococose,  conhecida como a doença do pombo, causada pela infecção do fungo Cryptococcus, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Santos.

A criptococose é uma doença infecciosa causada pela aspiração do fungo Cryptococcus, que pode estar presente nas fezes de aves, principalmente pombos, meio de contaminação mais conhecido. O fungo se instala no pulmão e pode infectar o corpo todo. Pela dificuldade do diagnóstico e possíveis complicações, como a meningoencefalite, a criptococose pode até levar à morte.

"A doença não é só causada pelo pombo. Fezes de morcego, árvores, como o eucalipto ou que tenham locais ocos, podem conter esse fungo e infectar tanto quanto as aves", afirma o infectologista Alexandre Barbosa, professor de infectologia da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo).

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O infectologista João Prats, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que existem duas variedades desse fungo. Uma delas é o Cryptococcus neoformans, uma forma mais branda do micro-organismo capaz de causar a doença apenas em pessoas com imunidade baixa, com doenças autoimunes, pessoas em tratamento quimioterápico e portadores de HIV. "Esse fungo está espalhado pela cidade". 

A outra forma é o Cryptococcus gattii, com mais potencial de gerar a doença, também se manifesta de forma mais grave. Esse tipo do fungo afeta tanto pessoas saudáveis como pessoas baixa imunidade e está presente em árvores e fezes de alguns pássaros que costumam pousar em árvores que contenham o fungo.

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No caso dos pombos, segundo os médicos, a transmissão se dá pela exposição prolongada - mais de um um dia - a uma grande quantidade de fezes.

"Passar em uma calçada que tenha cocô de pombo é normal, mas não é ali que se pega a doença porque é um local arejado e não haverá o acúmulo desses fungos. Mas uma pessoa que tem um carro que está com o capô cheio de fezes do pombo, não limpa e fica dentro do veículo por muito tempo, ela pode estar sujeita à infecção", afirma Prats. Ele alega que a doença não é comum, visto que as pessoas não costumam ficar expostas a locais que possam ter tais sujeiras.

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Barbosa diz que a doença, apesar de contraída por vias respiratórias, é sistêmica, e pode afetar pulmão, próstata, linfonodos e cérebro. Os sintomas começam com dor de cabeça intensa e progressiva, que duram pelo menos duas semanas, febre de cerca de 39° C, sintomas de meningite, como nuca endurecida, enjoos, náuseas, vômitos, colvulsões, visão turva e fotofobia (sensibilidade à luz).

Para ter o diagnóstico, Prats afirma que é necessário colher o líquor da espinha e, assim que identificada a criptococose, é necessário começar o tratamento com medicamentos antifúngicos endovenosos de duas a quatro semanas. Após esse tempo, o paciente continua o tratamento com antifúngico por via oral durante um ano.

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A doença é curável mas, segundo Barbosa, a falha no atendimento aos pacientes e demora de diagnóstico podem levar à morte. Isso porque a demora para tratar a doença pode gerar complicações, como a meningite, afirma Prats.

Ele explica que, em alguns casos, os sintomas podem lembrar um AVC. Isso ocorre por causa da elevação da pressão intracraniana provocada pelo fungo, quando se instala no cérebro. Pode acontecer também de a doença ser confundida com tumor no cérebro no exame de tomografia. A impressão se dá por devido ao criptococoma, uma "bola" de fungos acumulados que se instala no cérebro.

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Barbosa afirma que a reincidência da doença pode ocorrer em casos em que o paciente não tenha terminado todo o tratamento, parando de tomar o antifúngico, ou em naquelas com baixa imunidade.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini

Entenda o Candida auris, fungo resistente que pode causar a morte:

Pombos: conheça os riscos que eles trazem para a saúde

Os pombos são aves que vivem com facilidade nas cidades, morando em edificações onde costumam fazer seus ninhos em telhados, forros, caixas de ar condicionado, torres de igrejas e marquises. Causam prejuízos por danificar as estruturas dos prédios.

Por serem simpáticos e símbolos da paz, algumas pessoas gostam de alimentá-los com restos de comida, pão, pipocas, que são alimentos inadequados e prejudicam a saúde dos animais, além de viciá-los.

Como dificilmente são caçados por outros animais, sua população cresce muito rápido e o aumento de sua quantidade tornou-se um grave problema de saúde, pois, podem causar várias doenças graves que podem levar à morte ou deixar seqüela, destacando-se:

- salmonelose: doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao homem ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com fezes animais;
- criptococose: doença provocada por fungos que vivem no solo, em frutas secas e cereais e nas árvores; e isolado nos excrementos de aves, principalmente pombos;

- histoplasmose: doença provocada por fungos que se proliferam nas fezes de aves e morcegos. A contaminação ao homem ocorre pela inalação dos esporos (células reprodutoras do fungo);

- ornitose: doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao homem ocorre pelo contato com aves portadoras da bactéria ou com seus dejetos;

- meningite: inflamação das membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.

Medidas de controle:

- retirar ninhos e ovos;
- umedecer as fezes dos pombos com desinfetante antes de varrê-las;
- utilizar luvas e máscara ou pano úmido para cobrir o nariz e a boca ao fazer a limpeza do local onde estão as fezes;
- vedar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros;
- colocar telas em varandas, janelas e caixas de ar condicionado;
- não deixar restos de alimentos que possam servir aos pombos, como ração de cães e gatos;
- utilizar grampos em beirais para evitar que os pombos pousem;
- acondicionar corretamente o lixo em recipientes fechados;
- nunca alimentar os pombos.

É muito importante para nossa saúde controlar a população desses animais na comunidade, fazendo com que eles procurem locais mais adequados para viver, com alimentação correta e longe dos perigos das cidades. Um pombo na cidade vive em média 4 anos, enquanto que em seu ambiente natural pode viver até 15 anos.

 IMPORTANTE

  •  Somente um médico pode diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. As
  •  informações disponíveis em Dicas em Saúde possuem apenas caráter educativo.
  • Fonte:
  • Secretaria de Saúde do Recife. Pombos: os riscos que trazem à saúde. (folder).
  •  Sugira um tema:
  •  Créditos: Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde

Qual o perigo da fezes do pombo?

Os pombos são os principais transmissores de uma doença grave: a criptococose. Conhecida como "doença do pombo", ela é provocada por um fungo presente nas fezes dessas aves. Quando a sujeira seca, o fungo se espalha pelo ar e pode ser aspirado pelo homem.

Quanto tempo demora para se manifestar a doença do pombo?

Por isso, é importante estar atento aos sintomas, já que a doença demora cerca de 15 dias para se manifestar de forma crônica, dificultando o diagnóstico e fazendo a pessoa pensar que é uma forte gripe”, comentou Manuela Santiago.

Qual exame detecta a doença do pombo?

Qual exame detecta a doença? A tomografia de tórax e a Ressonância Magnética de Crânio são exames de imagens fundamentais para investigar possíveis sintomas e podem detectar alterações sugestivas desse tipo de doença.

Como saber se estou com a doença do pombo?

Criptococose. Também conhecida como doença do pombo, é causada pelo mesmo fungo responsável pela meningite. Em alguns casos, pode ser assintomática, em outros, pode dar indícios como dor de cabeça, dor no peito, tosse e erupção na pele.