Porque as primeiras cidades que surgiram na Antiguidade são consideradas hídricas ou fluviais?

As grandes civilizações e suas organizações

As primeiras civilizações se formaram a partir de quando o homem descobriu a agricultura e passou a ter uma vida mais sedentária, por volta de 4.000 a.C. Essas primeiras civilizações se formaram em torno ou em função de grandes rios: A Mesopotâmia estava ligada aos Rios Tigre e Eufrates, o Egito ao Nilo, a Índia ao Indo, a China ao Amarelo.

Foi no Oriente Médio que tiveram início as civilizações. Tempos depois foram se desenvolvendo no Oriente outras civilizações que, sem contar com o poder fertilizante dos grandes rios, ganharam características diversas. As pastoris, como a dos hebreus, ou as mercantis, como a dos fenícios. Cada um desses povos teve, além de uma rica história interna, longas e muitas vezes conflituosas relações com os demais.

Mesopotâmia

A estreita faixa de terra que localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque, foi chamada na Antiguidade, de Mesopotâmia, que significa “entre rios” (do grego, meso = no meio; potamos = rio). Essa região foi ocupada, entre 4.000 a.C. e 539 a.C, por uma série de povos, que se encontraram e se misturaram, empreenderam guerras e dominaram uns aos outros, formando o que denominamos povos mesopotâmicos. Sumérios, babilônios, hititas, assírios e caldeus são alguns desses povos.

Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história.

Porque as primeiras cidades que surgiram na Antiguidade são consideradas hídricas ou fluviais?

Os sumérios (4000 a.C. – 1900 a.C.)

Foi nos pântanos da antiga Suméria que surgiram as primeiras cidades conhecidas na região da Mesopotâmia, como Ur, Uruk e Nipur.

Os povos da Suméria enfrentaram muitos obstáculos naturais. Um deles era as violentas e irregulares cheias dos rios Tigre e Eufrates. Para conter a força das águas e aproveita-las, construíram diques, barragens, reservatórios e também canais de irrigação, que conduziam as águas para as regiões secas.

Atribui-se aos Sumérios o desenvolvimento de um tipo de escrita, chamada cuneiforme, que inicialmente, foi criada para registrar transações comerciais.

A escrita cuneiforme – usada também pelos sírios, hebreus e persas – era uma escrita ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma ideia, dificultando a representação de sentimento, ações ou ideias abstratas, com o tempo, os sinais pictóricos converteram-se em um sistema de sílabas. Os registros eram feitos em uma placa de argila mole. Utilizava-se para isso um estilete, que tinha uma das pontas em forma de cunha, daí o nome de escrita cuneiforme.

Quem decifrou esta escrita foi Henry C. Rawlinson, através das inscrições da Rocha de Behistun. Na mesma época, outro tipo de escrita, a hieroglífica desenvolvia-se no Egito.

Porque as primeiras cidades que surgiram na Antiguidade são consideradas hídricas ou fluviais?

Caracteres cuneiformes gravados na Suméria, por volta de 3200 a.C.    

Porque as primeiras cidades que surgiram na Antiguidade são consideradas hídricas ou fluviais?
  
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Porque as primeiras cidades que surgiram na Antiguidade são consideradas hídricas ou fluviais?

Como referenciar: "Mesopotâmia: o berço da civilização" em Só História. Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2022. Consultado em 04/12/2022 às 17:15. Disponível na Internet em http://www.sohistoria.com.br/ef2/mesopotamia/

Autor: Carlos Fernandes (¹)

1. INTRODUÇÃO

O estudo da evolução histórica dos sistemas de drenagem pluvial é de pouca divulgação nas nossas publicações técnicas, mas é importante saber que as preocupações com o controle das águas de escoamentos superficiais são tão antigas quanto as origens das civilizações e que sempre acompanharão o homem onde ele estiver. Assim, estudar sua evolução pode trazer subsídios para desenvolvimento de pesquisas e elaboração de bons projetos de drenagem pluvial.  

Mesmo técnicas inadequadas empregadas no pas­sado, muitas vezes aplicadas involuntariamente pelo prematuro conhecimento científico do assunto ou decorrentes de tentativas de acertos baseadas em suposições possivel­mente equivocadas, servirão para evitar que tais fatos repitam-se, ao mesmo tempo em que ajudarão a fixar na memória do leitor como exemplos comparativos de novas des­cobertas tecnológicas. Até a capacidade inventiva do pesquisador pode depender do conhecimento histórico dos avanços tecnológicos em geral.

É sabido que algumas cidades antigas descritas pelos historiadores já possuíam in­fraestrutura sanitária por volta de 4000 a.C. Neste contexto, técnicas de drenagem são usadas há milênios, como comprovam pinturas egípcias do tempo dos faraós e ruínas de canais e tanques encontradas em algumas civilizações antigas. Assim aqui se pre­tende apresentar um resumo histórico sobre a evolução da drenagem desde os tempos primordiais das civilizações até os dias atuais, de modo que se possa avaliar a importân­cia dessa técnica na vida do homem no planeta, especialmente em áreas urbanas, onde obras de drenagem tornaram-se elementos essenciais de sua infraestrutura.

2. A EVOLUÇÃO

No início, com o surgimento das civilizações e a origem do sedentarismo, surgiu a necessidade da produção em massa de alimentos de origem agrícola. Nestes primórdios, a drenagem tornou-se basicamente um complemento da irrigação. Essa necessidade depois evoluiu para uma técnica com objetivos bem definidos, como recuperar grandes extensões de terrenos inundados, tais como charcos, pântanos etc, regular a umidade do solo em pequenas áreas de cultivo agrícola e desviar as águas do subsolo em terrenos destinados à construção.

Os engenheiros de estradas da antiguidade sabiam que a água era o maior inimigo dos pavimentos desde os tempos das famosas estradas do Império persa. Os antigos romanos, que começaram a construir estradas no século IV a. C., já entendiam os efeitos danosos da água sobre os pavimentos e procuravam manter as estradas acima do nível das áreas circunvizinhas. Também para aumentar a resistência dos pavimentos ao longo do tempo, utilizavam material granular permeável sob a superfície de rolagem geral­mente constituída de pedras lamelares rejuntadas. Este procedimento técnico possibili­tou que milhares de quilômetros de vias construídas durante o domínio romano tenham resistido até os dias de hoje.

As explorações arqueológicas em algumas construções da Antiguidade permitiram a localização de notáveis obras de saneamento e suas datas de construção, tais como exemplificadas a seguir.

1.   Início histórico da construção de canalização de esgotos e drenagem ergui­das em forma de arco a partir aproximadamente do ano 3200 a.C, no vale do Rio Indo;

2.   Construção de condutos subterrâneos para a deposição das águas servidas e drenagem ao longo de Tel-Asmar, próximo a cidade de Bagdá, no Ira­que e a existência de reservatórios de terra e utilização de captação sub­terrânea pelos povos orientais, aproximadamente no ano 2600 a.C;

3.   Execução de sistemas de drenagem em mármore na cidade de Kahum, Ín­dia, entre 2100 a.C. e 1700 a.C.;

4.   Execução da mais famosa das construções de drenagem da Antiguidade, a denominada Cloaca Máxima, iniciada em Roma aproximadamente no ano 600 a.C., em serviço até a época contemporânea. Durante o século VI a.C. houve a implantação, entre os Montes Palatinos e Aventino, de drenos subterrâneos para drenagem das águas de infiltração e para a co­leta de esgotos, principalmente das praças sanitárias e lavatórios públi­cos, com longas fileiras de assentos comunitários, alinhados em semicír­culo ou retângulo, construídos sobre calhas pelas quais a água corrente levava os dejetos;

5.   Ampliação da Cloaca para a drenagem dos pântanos de Paludes Pontinas, coletando águas de uma área de cerca de 1200km², ao longo dos 17km de extensão da Via Ápia, uma das principais estradas militares da antiga Roma e que recebeu este nome em memória do político romano Appius Claudius Caecus (340-273 a.C.), que iniciou sua construção em 312 a.C.

De um modo geral, na antiguidade, essas canalizações de esgotamento não eram construídas para receber diretamente os esgotos domésticos e águas servidas, até porque não existia amplos sistemas de água encanada para geração de significativas vazões de esgotamento doméstico. Assim, as águas servidas eram depositadas nas ruas, onde eram acumuladas nos passeios, juntamente com o lixo, até que fossem conduzidos juntos para as canalizações de drenagem através da água das chuvas quando escoavam superficial­mente. Como resultado, após as chuvas, as ruas se tornavam verdadeiros pântanos com­postos por esgoto e lixo, comprometendo seriamente a saúde pública.

Hoje, as técnicas modernas de drenagem exigem projetos pormenorizados, com­postos de dispositivos coletores de águas superficiais e de transporte ou galerias e emis­sários, conforme sua função. Essa drenagem é um método eficaz para manter a salubri­dade de áreas urbanas ou a urbanizar, sujeitas a alagamentos e que podem converter-se em lodaçais e alagadiços.

A execução de obras de drenagem das áreas urbanas e adjacentes faz parte de um conjunto de obras de infraestrutura necessária à garantia da integridade física das pro­priedades urbanas e evitar prejuízos nas benfeitorias e a perda de outros bens e de vidas humanas.

Para melhor ilustrar o desenvolvimento das técnicas de drenagem ao longo dos milhares de anos da existência do homem no planeta, a seguir será exposto um rápido estudo que situa a evolução das práticas de drenagem desde a origem das civilizações e no contexto do crescimento de suas comunidades urbanas.

3. A ORIGEM DAS CIVILIZAÇÕES

A arqueologia distingue dois grandes e importantes períodos do homem pré-histó­rico, a Idade da Pedra Lascada e a Idade da Pedra Polida, épocas também chamadas, respectivamente, de Períodos Paleolítico e Neolítico. No início a população humana era nômade e os homens perambulavam em pequenos grupos, de uma região para outra, na constante busca por alimentos. Foi neste período, chamado de Pré-história, a milhares de anos atrás, que o homem aperfeiçoou as artes da sobrevivência e criou as primeiras formas de organizações sociais.

São testemunhos deste período ancestral as chamadas pinturas essencialmente ru­pestres que normalmente representam costumes específicos daquela era. Aparentemente os “artistas pré-históricos” produziam suas pinturas em rituais ligados à caça, eram fei­tas em áreas relativamente protegidas da ação do tempo e onde eles mesmos se abriga­vam e, em geral, retratavam animais caçados, flechas, dardos e figuras humanas.

Este tipo de “produção artística” não é raro e é encontrado em todas as partes do mundo onde o homem fez-se presente como habitante pré-civilizado. Na literatura apa­rece como exemplo clássico do período Paleolítico, a famosa pintura rupestre da ca­verna de Altamira, na Espanha, datada de mais de 10.000 antes de Cristo, onde um bi­são tenta se defender inutilmente de um ataque de caçadores.

A origem do comportamento sedentário, a domesticação de animais e a criação da cerâmica, aos poucos foram definindo a passagem do período Paleolítico para o Neolí­tico. Além da cerâmica, o homem também inventou os tecidos, as primeiras ferramentas metálicas, criou os mais rústicos meios de transportes, descobriu a tração animal, etc. A história registra como pioneiros dessa alteração no padrão de sobrevivência algumas populações do Oriente Médio.

Escavações arqueológicas têm mostrado que a cerca de 4000 a.C. já era conhecido o processo de obtenção do cobre, por aquecimento dos seus minerais. Dúctil e maleável, o metal era apropriado para a manufatura de armaduras e pontas de armas cortantes. Mas foi somente 1000 anos mais tarde que se conseguiria, provavelmente por acaso, juntar estanho ao cobre, criando-se a primeira liga metálica resistente, o bronze, a qual possibilitou a confecção de ferramentas mais eficientes.

A invenção da escrita, evento de importância monumental, ocorrido nos primór­dios do quarto milênio antes da era cristã, é citada como um marco que separa a pré-história da história da civilização. Este acontecimento ocorreu com consistência inici­almente nos reino dos Faraós e nações do Oriente Médio.

Coube aos sumérios, uma civilização com acesso aos rios Tigre e Eufrates e hoje em grande parte ocupado pelo atual território do Iraque, por volta de 3500 a. C., a inicia­tiva de desenvolver a agricultura irrigada em escala verdadeiramente  competitiva comercialmente. Desviando a água de seus rios, cultivaram vastos trechos de deserto aluvial e transformaram a planície antes estéril em terras agricultáveis altamente produ­tivas.

Região de muitas inundações, esse fenômeno sazonal obrigou a população a de­senvolver grandes obras de engenharia, como os grandes diques mesopotâmicos. Ao longo das margens dos rios, ergueram-se magníficas cidades, cercadas de espessas mu­ralhas, no interior das quais havia palácios, templos imponentes e mansões de alvenaria e muitas ruas com residências confortáveis. Este povo também desenvolveu um sistema de governo e novas classes sociais. Estas transformações implicaram no fato mais im­portante da história humana: o nascimento da civilização. Os habitantes da Suméria haviam desencadeado, a partir das aparentes desvantagens de sua terra natal, um movi­mento que alteraria para sempre a fisionomia do planeta (McNEILL et alli, 1989, p. 9).

No nordeste do território africano, porém não muito longe dali, no Egito, tal como seu equivalente mesopotâmico, mas de maneira natural, o rico solo de aluvião deixado pelas cheias do Nilo constituía um terreno muito fértil. Por volta de 3500 a. C., os exce­dentes agrícolas da região já alimentavam uma civilização dispersa próxima de um mi­lhão habitantes, que desenvolvera ofícios especializados, um panteão de deuses e a arte de escrever com hieróglifos. Porém, ao contrário da Mesopotâmia, o Egito era um país fechado. Ocupando o baixo vale do Nilo e confinado por desertos, tinha uma sociedade altamente estratificada segundo uma hierarquia onde figuravam, em ordem decrescente, os deuses, o rei ou faraó, os mortos e, por último, os vivos.

Longe da Suméria e do Egito e bem mais a leste daqueles, cerca de quatro mil anos antes de Cristo, um povo do qual pouco se sabe, desenvolveu uma civilização ex­traordinária na parte ocidental sul da Ásia, no hoje Paquistão e Índia ocidental. Mais precisamente, no vale do rio Indo e considerada hoje a que atingiu maior grau de desen­volvimento entre as quatro históricas civilizações antigas.

As cheias anuais do rio, provocadas pelo degelo do Himalaia, depositavam cama­das aluvionais altamente férteis sobre a planície. Seus habitantes aprenderam a lidar com os caprichos do rio e começaram a cultivar a maior parte da planície de aluvião e a produzir excedentes agrícolas, que seria a base da sua organização social. Com o tempo ergueram grandes cidades, verdadeiros centros de produção e de comércio. Uma dessas cidades, de início apenas uma aldeia às margens do Ravi, importante afluente do Indo, no Punjab Oriental, veio a ser conhecida como Harappa, que deu seu nome a civilização ali desenvolvida, cuja capital era outra grandiosa cidade: Mohenjo-Daro, a margem do Indo, 550 km ao sul de Harappa[1], ambas provavelmente com populações em torno de 50.000 habitantes cada.

NOTA [1] - A redescoberta de Harappa se deu em princípios do século XIX (1827), pelos exploradores Charles Masson (1800-1853) e Alexander Burnes (1805-1841), e pelo arqueólogo Sir Alexander Cunningham (1832-1898) no início dos anos ’70 (1872-1873). Este trabalho conduziu às primeiras escavações em Harappa, em princípios do século XX (1920-1921), por Rai Bahadur Daya Ram Sahni e, em Mohenjo-Daro (1933-1934), por Madho Sarup Vats, arqueólogos do Archaeological Survey of India.

  4. AS PRIMEIRAS CIDADES

As primeiras aldeias apareceram por volta de 8500 a. C., ao norte e a leste da Me­sopotâmia, região, que os gregos mais tarde assim chamariam e que significa entre rios, em regiões montanhosas onde as chuvas eram abundantes. Por volta de 7000 a. C., aprenderam a domesticar ovelhas e cabras e a cultivar o trigo e a cevada, o que lhes permitiu uma vida mais sedentária. A consequência da produção agrícola a partir da irrigação dos campos foi o aparecimento das primeiras cidades.

A cidade bíblica de Jericó, um centro de comércio de sal, prosperou durante o sé­timo milênio antes de Cristo no deserto próximo à extremidade norte do Mar Morto. Suas plantações eram irrigadas com água desviada de uma nascente. De modo seme­lhante, 800 quilômetros ao norte, na Ásia Menor, campos irrigados alimentavam a po­pulação de Satal Hüyük, um povoado que surgiu, em torno de 6500 a. C., junto a um campo de obsidiana, minério escuro e vítreo de origem vulcânica, empregado na fabri­cação de espelhos, joias e facas. Embora tanto Jericó quanto Satal Hüyük abrigassem milhares de habitantes, o futuro dessas localidades era restrito, pois sua sobrevivência baseava-se em um único e valioso produto, sem recursos agrícolas ou alternativos que favorecessem a expansão (McNEILL et alli, 1989, p. 9/10).

A possibilidade de utilização do bronze para a manufatura de variados tipos de ferramentas muito mais resistentes, como o machado e o martelo, deu início a uma era de grandes transformações sociais e tecnológicas. Este período histórico foi tão impor­tante para o desenvolvimento da sociedade humana, que o tempo compreendido de 3000 a.C. até meados de 1500 a.C., tornou-se conhecido como a Idade do Bronze e é utilizado por historiadores para dividir a história da pré-história (Klein, 2000).  

Durante este período ocorreu uma verdadeira revolução urbana, com a população deixando os campos para formar cidades (Figura 1.1). O uso do cobre e do bronze levou ao desenvolvimento de novas técnicas de fundição e metalurgia; aprendeu-se a apro­veitar a energia representada pela tração animal, e, é claro, surgiram os primeiros veí­culos com rodas. É dessa época também o aparecimento de barcos à vela movidos com energia eólica. Surgiram os tijolos cerâmicos que começaram a ser utilizados em cons­truções sólidas, inclusive em condutos, drenos etc. Foi durante essa época que na Sumé­ria se desenvolveu um tipo de escrita, os caracteres cuneiformes. 

Por volta de 2250 a. C., cerca de mil anos depois do surgimento das primeiras ci­dades sumérias, Sargão I, o Grande, também conhecido como Sargão de Acádia, assu­miu o controle da região e depois de toda a Mesopotâmia, impondo um sistema de go­verno com capital administrativa em Ur, uma cidade desenvolvida em torno do templo e da residência real. Em seu auge, a cidade era composta de um labirinto de 60 hectares de casas de dois andares, feitas de tijolos de barro, dispostas em ruazinhas e vielas ser­penteadas, sem planejamento. Para facilitar o trânsito, os cantos das casas eram arre­dondados e nas ruas havia blocos que serviam de apoio aos cavaleiros, para montar.

Figura 1.1 - Mapa representativo do “Berço da Civilização” - Mesopotâmia era composta de duas regiões geográficas distintas: ao Norte a Alta Mesopotâmia ou Assíria, era uma região bastante montanhosa, desértica, desolada, com escassas pastagens, e ao Sul a Baixa Mesopotâmia ou Caldéia, muito fértil em função do regime dos rios, que nascem nas montanhas da Armênia e desaguavam separadamente no Golfo Pérsico, hoje unidos no Kuait.

Sargão I (~2280-2215 a. C.)foi um imperador acadiano-semita célebre pela con­quista das cidades-estado sumérias e fundador da dinastia de Acade. Reinou por cerca de meio século (~2260-2215 a.C.) sobre um grande império no hoje Oriente Médio. Foi um grande fomentador da evolução cultural, onde os impressos eram produzidos na escrita cuneiforme, em tabletes de barro e depois cozidos e, por isso, bastante resistentes aos efeitos do tempo, servindo hoje como registros dos acontecimentos daquela época.

No Egito, o centro de cada cidade era ocupado por um complexo que continha templos, palácios reais, e moradias das demais autoridades e dos sacerdotes. Em volta espalhavam-se os subúrbios residenciais dos cidadãos. Embora ao contrário do solo mesopotâmico, no Egito existissem enormes depósitos naturais de pedra, estes eram distantes uns dos outros, o que dificultava e encarecia em muito a sua extração e trans­porte. Assim os blocos tirados das pedreiras eram reservados para os templos e tumbas, de modo que a grade maioria das moradias era construída à base de tijolos de barro crus e madeira e, assim, com o tempo, todas elas desmoronavam e se transformavam em pó, deixando como único monumento à glória do Egito, os túmulos dos faraós.

O povo do Indo edificava suas cidades de modo a se manter acima das linhas de enchente do rio. Sítios escavados em Mohenjo-Daro, na Índia, e em Harappa, no Pun­jab, indicam ser essas duas antigas cidades indianas, planejadas em blocos retangulares, segundo, aparentemente, leis de construção. Em uma região onde as fontes rochosas eram escassas, suas construções eram invariavelmente de tijolos de argila cozidos, em virtude da abundância de argila e madeira. Como em algumas cidades sumérias, entre as quais Ur, as comunidades urbanas eram construídas sobre imensos platôs de terra e cas­calho, verdadeiras ilhas artificiais, totalmente a salvo das cheias, em meio às planícies.

Especialistas na construção de robustas barragens e complexos sistemas de irriga­ção, suas cidades seguiam um plano padronizado e dentro delas havia áreas reservadas para escritórios administrativos, templos e as moradias das autoridades. Entre essas arté­rias principais ficavam grandes quarteirões de casas de tijolos cozidos e em tamanhos uniformes, separadas por vielas.

Enquanto os mesopotâmicos e os egípcios trabalhavam para erguer muralhas, tú­mulos e templos, o povo do vale do Indo dedicava-se a árdua tarefa de colocar suas acomodações acima das enchentes ameaçadoras, construindo enormes plataformas de terra batida e entulhos e, metodicamente, diante de eventuais derrotas, voltavam a re­construir suas cidades, tijolo por tijolo, exatamente como eram antes.

Entre a primeiras estruturas construídas em Harappa, destaca-se uma cidadela com cerca de 425 metros de extensão e 180 metros de largura, situada ao longo do Ravi, em um platô com 12 metros acima da linha d’água durante a inundação. Para proteger a fortaleza da erosão provocada pela correnteza do rio, os arquitetos de Harappa forraram as fundações com um aterro de tijolos, de mais de dez metros de espessura na base. Ao norte, numa elevação um pouco mais baixa, ficava o bairro residencial, ocupando uma área de 260 hectares, com ruas paralelas de cerca de 9 metros de largura.

Mais ao Oriente, segundo a tradição chinesa, de modo semelhante ao povo do vale do rio Indo, sua civilização também se originou da luta contra o poder de um rio. Um líder de nome Shen Nong, teria ensinado a seu povo a arte da agricultura e do comércio, assim como o controle das cheias. Esses conhecimentos eram bem necessários, pois desde o quarto milênio a. C. os agricultores chineses agrupavam-se em aldeias ao longo do rio Amarelo, no norte do país, cujos sedimentos trazidos da erosão no leito superior e acumulados nos trechos inferiores, faziam o rio elevar-se acima das planícies, transbor­dando e causando calamitosas enchentes nos campos e povoados agrícolas.

Ao longo dos séculos, a necessidade de canalizar o rio para a irrigação e também de construir diques para evitar os dilúvios uniu o povo chinês em uma notável civiliza­ção com cidades bem fortificadas, já em meados do terceiro milênio a. C. 

5. A ORIGEM DOS SISTEMAS

Pelo lido nos itens anteriores a arte da drenagem de águas superficiais e subterrâ­neas é tão antiga quanto à origem das civilizações. O fim da vida nômade e o estabele­cimento do homem em localidades fixas tornaram-se possíveis a partir do momento em que ele iniciou a prática da agricultura incluindo técnicas de drenagem para a irrigação de cultivos de cereais independentemente das chuvas. Passou então a inventar técnicas de manejo da água sobre o solo e utilizar seu poder de percolação para estabelecer os primeiros processos de irrigação e produção de alimentos, independente de condições atmosféricas.

Nas primeiras civilizações, a drenagem contribuiu para o aproveitamento de gran­des extensões de terra, como aconteceu com os sumérios, egípcios, hindus e chineses e também na América, entre os astecas, no México, e incas, no Peru.

Os sistemas primitivos de drenagem consistiam exclusivamente de valas a céu aberto que atravessavam as terras. Porém, aos poucos, surgiu a ideia de construir dutos cobertos para a drenagem urbana para combater a formação de lamaçais e escoamentos erosivos, além de facilitar a movimentação das pessoas e veículos primitivos. Inicial­mente empregavam-se blocos de argila cozidos e cimentados com barro e gesso. O gesso era o ligante principal entre os egípcios e o barro para os mesopotâmicos e hindus.

A experiência pioneira dos povos mais antigos foi aprimorada pelos fenícios, gre­gos e romanos. Obras de drenagem de portes significativos foram realizadas no tempo do Império Romano, como as do vale do Pó, na Itália, e as do Fens, na Inglaterra. Na idade moderna, nos Estados Unidos, as terras pantanosas da costa do Atlântico, as terras baixas próximas ao rio Sacramento, na Califórnia, e os pântanos meridionais dos Gran­des Lagos, tornaram-se exemplos de regiões que foram transformadas em agricultáveis devido a obras de drenagem.

Um dos exemplos mais notáveis da prática da drenagem em grande escala aconte­ceu nos Países Baixos, onde foi desenvolvido o grande projeto de Zuiderzee (1920-1932), considerado o maior projeto de engenharia hidráulica empreendido na Holanda durante o século XX. O projeto ganhou força política após a grande inundação de 1916 e tinha como finalidades principais melhorar a proteção contra inundações e criar a área adicional para a agricultura.

Compreendeu a construção de um dique (o de 29km de comprimento e 5,50m de altura, formando o lago IJssel, com o objetivo de impedir o acesso das águas à Zuider­zee, uma área rasa (aproximadamente 4 a 5m de profundidade) do Mar do Norte. Con­cluído o dique, a área isolada foi esgotada por meio de um sistema de canais e bombas, descobrindo uma área total de mais de dois mil quilômetros quadrados, aproveitável como novas terras agricultáveis (Figura I.2).

FIGURA 1.2 – Mapa do Projeto Zuiderzee - Vêm-se o barramento do Mar do Norte, o lago IJssel resultante e as novas áreas antes submersas. O Ijsselmeer ocupa a parte hidráulica reduzida do Zuiderzeemeer . Fonte: Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Zuiderzee)

A partir de então, nesta mesma região do planeta, os holandeses tornaram-se mes­tres na arte de construção de diques para a descoberta de grandes áreas de terras habitá­veis e férteis, antes submersas com pouca profundidade, sob águas do mar ou de lagos, por meio da utilização racional de técnicas de drenagem. Assim, uma área de mais de 180km2, anteriormente coberta pelas águas do lago Haarlem, tornou-se arável (BARSA CD-ROM,1998).

6. OS PRIMEIROS SISTEMAS URBANOS

Embora os sumérios fossem muito evoluídos nas técnicas da irrigação, nas suas cidades a maioria das ruas não era calçada e transformava-se em atoleiros nas épocas de chuva. É provável que os veículos de rodas fossem deixados nos portões das cidades, enquanto dentro das muralhas, nas ruas estreitas, trafegavam apenas pedestres e animais de carga.

No norte da África, achados do Médio Império do Egito (2040-1640 a.C.) ofere­cem alguma ideia das condições naquela civilização antiga. O extraordinário arqueólogo britânico William Flinders Petrie (1853-1942) descobriu as ruínas de Kahum, uma ci­dade arquitetonicamente planejada construída provavelmente por ordem do faraó Men­tuhotep II ou Nebhepetré (2060-2010). Nesta cidade, seguindo um plano unificado, construíram-se nas partes centrais, galerias em pedras de mármore para drenagem ur­bana de águas superficiais, cuidadosamente implantadas no centro das ruas. Situação similar foi encontrada nas ruínas de Tel-el-Amarma, do século XIV a. C., onde também foram encontrados sinais da existência de banheiros, inclusive em edificações mais hu­mildes.

No Oriente, o povo do vale do Indo aprendeu a conviver de maneira mais eficiente com a contínua ameaça das enchentes, através de sistemas de drenagem. Uma das ca­racterísticas das cidades da região, especialmente Harappa, era a sofisticação do sistema de encanamentos pelos quais a água servida corria para dutos de esgotamentos centrais, construídos a base de tijolos. As canalizações de drenagem tinham aberturas em inter­valos regulares para inspeção e manutenção e eram mantidas pela autoridade gover­nante.

Os cidadãos de Harappa desenvolveram e gozavam de um serviço público bas­tante raro no mundo antigo: água encanada. Cada casa dispunha de um banheiro com chão pavimentado em declive e de um sistema de escoamento de água. A água para o banho era puxada, com baldes, de poços revestidos com tijolos de barro cozido, e des­pejadas em pequenos reservatórios e daí encaminhadas por curtos encanamentos cerâ­micos para cair sobre o banhista. As pessoas também se lavavam com o auxílio de jarras e usavam assentos de alvenaria de tijolos sobre estreitos canais que desembocavam em escoadouros de águas usadas.

As escavações têm demonstrado que, em Harappa, banheiros e tubulações de es­gotos eram construções comuns nas residências. As escavações também mostram que as ruas eram largas, pavimentadas e drenadas por esgotos cobertos. Esses canais de escoa­mento ficavam cerca de meio metro abaixo do nível do pavimento e, geralmente, eram construídos em alvenaria de tijolos com uma argamassa de barro (Figura 1.2).

Usavam-se materiais de qualidade superior no interior das casas e empregavam-se canos de drenagem feitos de cerâmica, embutidos e rejuntados com gesso, para que não ocorressem vazamentos. Os dejetos das casas eram conduzidos para um engenhoso sis­tema público de esgotamento. Uma fossa coberta do lado de fora de cada habitação, comunicava-se com um a rede de canais de esgoto, revestidos e cobertos com tijolos, que corria embutido ao longo das ruas principais. Em cada interseção, havia uma fossa com tampa removível, para permitir a limpeza. Acredita-se que uma equipe permanente de trabalhadores se encarregava da manutenção do sistema e de fazer a coleta do lixo. Oportunamente deve-se citar aqui que o lixo escoava das calhas das casas para dentro de depósitos instalados nas ruas.

No período pré-helênico, em Tróia, onde existiam sistemas de abastecimento de água, regulamentava-se também o destino dos dejetos e existia um sistema de esgota­mento. Em palácios, como o de Cnossos, em Creta, do segundo milênio pré-cristão, havia não apenas magníficas instalações para o banho, como também descargas para os lavatórios. Havia torneiras em casas particulares, como comprovado nas ruínas do Pri­ene, na Ásia Menor, e era usual, em muitos lugares, retirar água de poços públicos (Ro­sen, 1994, p. 32).

Do outro lado do mundo, na América do Sul, impressionantes ruínas de sistemas de esgotos e de banhos atestam as façanhas dos incas em engenharia sanitária. Esse povo que falava a língua quechua e habitava, antes da chegada dos espanhóis, a região andina da América do Sul, desde a Colômbia até a Argentina, especialmente nas regiões do atual Peru e Equador, ergueu cidades drenadas e com suprimento de água, garantindo assim, um terreno seguro para a saúde da comunidade. Eles também tinham conheci­mento da possível influência de outros elementos do ambiente físico sobre a saúde e reconheceram a conexão entre aclimatação e má saúde, ou seja, a insalubridade ambi­ental, a ponto de que as tropas oriundas dos planaltos serviam nos vales quentes em um sistema de rodízio, permanecendo ali apenas alguns meses de cada vez (Rosen, 1994 p. 32).

Estudos biográficos sobre o filósofo Empédocles de Agrigento (492-432 a. C.) in­dica que mesmo antes do apogeu helênico, os gregos já haviam estabelecido uma asso­ciação entre pântanos e malária. Segundo o historiador Diógenes Laércio (350-400 a. C.), Empédocles livrou de uma epidemia o povo de Selinute, na Sicília, desviando dois rios para os pântanos, com o intuito de prevenir a estagnação das águas e dá-lhes salubridade. Em seu livro Ares, Águas e Lugares, considerava nocivas planícies encharcadas e regi­ões pantanosas e recomendava a construção de residências em áreas elevadas, aquecidas pelo sol, para que entrassem em contato somente com ventos saudáveis (Rosen, 1994 p. 36/7).

Muitas cidades antigas, entre as quais Atenas e Roma, tinham sistemas de esgoto. As principais cidades dos períodos helenístico e romano possuíam canalizações sob as ruas, para a eliminação da água de superfície e dos esgotos. O historiador judeu Flávio Josefo (37-96 d. C.), por exemplo, elogiou o moderno sistema instalado pelo rei da Ju­déia, Herodes (73-04 a. C.), em Cesaréia. Em seus relatos o geógrafo e historiador grego Estrabão (63 a. C.-24 d. C.) surpreendeu-se negativamente com a construção de Nova Esmirna, sem condutos fechados específicos para drenagem, reprovando o modo de que as águas dos esgotos escoavam em valas abertas.

Atribui-se a construção do grande esgoto de Roma, a Cloaca Máxima, ao quinto rei romano, de origem etrusca, Tarquínio Prisco (580-514 a. C.), porém essa obra se origina, provavelmente, dos primeiros tempos republicanos e é a maior das obras de drenagem romana ainda funcionando. É um canal da água de drenagem que se iniciava no Fórum Romano, drenando o solo encharcado aos pés da colina do Capitólio.

Depois de serpentear através da Via del Velabro, do Fórum de Boario, e de uma curva larga, o canal esvazia no Tibre, em Ponte Emilio. As paredes da primeira seção foram construídas em blocos de pedra e em vários pontos ao longo do trajeto, deságuam drenos subterrâneos menores e tampados.

A canaleta funcionou originalmente a céu aberto, mas no século III a. C. foi co­berta. A seção do canal, inicialmente de 2,12m de largura por 2,7m de altura, ia aumen­tando progressivamente ao longo do percurso, alcançando em sua extremidade de ju­sante 4,50m largura por 3,30m de altura. A cloaca máxima ainda é parte do sistema de drenagem da atual Roma, sendo que o trecho final foi retificado de modo a desaguar perpendicularmente na margem murada do rio.

Para os romanos o sistema de esgotos, no qual se incluía a cloaca máxima, era tão valioso quanto o suprimento de água (Rosen, 1994, p. 43). No desenho ilustrativo (Fi­gura 1.3), elaborado pelo autor deste texto, observa-se o detalhe de um arco de sustenta­ção do teto e os degraus inferiores para inspeção, nessa magnífica obra de engenharia dos tempos antigos.

O arquiteto, engenheiro, agrimensor e pesquisador romano, Marco Vitrúvio Pólio (c. 70-25 a. C.), em seu livro De Architectura, acentuou a importância de se determinar a salubridade de um sítio e oferece indicações precisas para a seleção de lugares apro­priados à fundação de cidades e à construção de prédios. Vitrúvio Pólio, também, deu muita atenção à posição, à orientação e ao sistema de drenagem das moradias (Rosen, 1994, p. 44).

7. O SURGIMENTO DA URBANIZAÇÃO PLANEJADA

Na remodelação do Pireu, o porto de Atenas, em meados do século V a. C., na época de Péricles, estadista ateniense e governador de Atenas (463-431 a. C.), trabalhou um jovem e criativo urbanizador e arquiteto de Mileto, colônia grega da Ásia Menor, hoje Turquia, chamado Hipódamo de Mileto (~480-430 a.C.), representante da antiga escola da Jônia, que primava pelo requinte e pelo luxo. Neste projeto ele desenvolveu um sistema inteiramente novo de planejamento urbano posteriormente denominado de malha hipodâmica.

Considerado o primeiro dos urbanistas, Hipódamo foi pioneiro na concepção de um planejamento urbano e na estrutura de uma cidade a partir de um ponto de vista que privilegiava a funcionalidade, introduzindo uma concepção de urbanização apoiada em ruas largas que se cruzavam em ângulos retos. Pela primeira vez empregou uma forma regular e padronizada que, além de proporcionar maior rapidez e praticidade na constru­ção urbana, tornou-se um triunfo estético, permitindo que os arquitetos projetassem as cidades segundo padrões de simetria. Também permitiu o desenvolvimento futuro de traçados de microdrenagem mais eficientes, bem como a melhor disposição da macro­drenagem, principalmente obras de retificação.

Com as conquistas do poderoso imperador macedônico Alexandre Magno (356-323 a. C.) avançando por todo o Oriente Médio, chegando até o Afeganistão e oeste da Índia, iniciou-se a era que mais tarde seria conhecida como helenística, e a arte, as ideias e o planejamento urbano gregos transformaram-se em norma por todo o império. O próprio imperador fundou cerca de vinte Alexandrias durante suas campanhas, sendo que a mais famosa delas, na foz do rio Nilo, no Egito, tornou-se uma das maiores e mais importantes cidades da história, especialmente como centro cultural do mundo antigo.

Na herança dessa cultura, a cidade romana padrão era construída como um tabu­leiro de xadrez, com quarteirões de tamanho regular, em geral quadrados de 75 metros. Poucas casas particulares possuíam instalação sanitária além de latrinas escavadas em terra, porém cada cidade tinha seus lavatórios públicos, com longas fileiras de assentos comunitários, alinhados em semicírculo ou retângulo, construídos sobre calhas pelas quais a água corrente levava os dejetos.

A própria Roma foi fundada em torno de um forte no topo de uma colina, porém em torno de 600 a. C., a expansão da área urbana exigiu que o vale pantanoso ao pé da colina fosse drenado, produzindo uma área plana e seca que iria se tornar o fórum ro­mano.

Desenvolveu-se ali uma cidade-mercado, orientada segundo os quatro pontos car­deais, que alcançou a população de cerca de um milhão de habitantes no início da era cristã. A cidade era abastecida por onze aquedutos, porém água canalizada era um pri­vilégio de poucos e a maioria dos cidadãos abastecia-se em fontes públicas.

Havia extensos esgotos, de construção esplêndida (alguns tão grandes que neles se podia passar com uma carroça puxada por um cavalo), mas se conectavam apenas com o sistema público de drenagem e não com as casas particulares. Para estas construções os romanos fabricaram um ligante à base de cimentos naturais de lava vulcânica. No século I a. C., Vitrúvio descreveu as propriedades aglutinantes das misturas de cal, areia e cascalho.

Chang'an, na China central, sede dos imperadores Tang, fora cuidadosamente pla­nejada e organizada segundo as teorias cosmológicas chinesas. A avenida central, lade­ada por árvores e valas de drenagem, tinha largura suficiente para comportar doze car­ruagens lado a lado, enquanto que as laterais cabiam quatro. É digno de registro que, algumas ruas eram pavimentadas, embora a maioria era de terra e o ambiente urbano era impregnado de poeira levantada pelo tráfego de pedestres e de veículos. No final do século X, quando a dinastia Tang foi derrubada, a capital desmoronou, pois tal como todas as cidades chinesas da época, o material básico de construção era perecível, tais como bambu, madeira e tijolos de barro ou similares.

Por outro lado, como exemplo da explícita carência de serviços eficientes de dre­nagem na época, cita-se a capital egípcia. O Cairo havia se transformado no maior cen­tro comercial do Oriente Médio. Ao lado das largas avenidas que levavam aos mercados centrais, amontoavam-se ruas residenciais sem drenagem alguma. Eram vielas estreitas, densamente povoadas, muitas terminando em um beco sem saída.

8. AS CIDADES MEDIEVAIS

As cidades medievais tiveram origem variada e caracteristicamente consistiam de um amontoado de edifícios dispostos em um labirinto de ruas estreitas, construídos ale­atoriamente, sem planejamento deliberado. Umas se desenvolveram de antigas colônias romanas, outras se ergueram à margens de rios ou em importantes rotas comerciais. Outras floresceram em torno de sés episcopais fortificadas, ou de castelos de senhores feudais, poderosos o suficiente para protegê-las contra inimigos.

Vale salientar que a denominada Idade Medieval (séculos V ao XIII) foi caracteri­zada por um período obscuro e, sob alguns aspectos, de retrocesso tecnológico da civili­zação ocidental. O mundo europeu e seus periféricos enfrentaram o desafio de fundir a cultura dos invasores bárbaros com a herança clássica dos romanos, sob a imposição dos ensinamentos da religião cristã.

Muitas cidades importantes como Londres, Florença, Colônia e Milão, surgiram em locais de antigos assentamentos romanos, mas enquanto alguns conservaram em sua parte mais antiga o quadriculado regular do traçado original, seu crescimento medieval e periférico era totalmente desordenado e afastava-se cada vez mais do traçado padroni­zado dos tempos romanos.

Segundo historiadores, noventa por cento das cidades medievais tinham menos de 2000 habitantes residentes, praticamente amontoados em pequenas áreas urbanas, para melhor resistir aos invasores. Assim, além de densamente povoadas, eram barulhentas, sujas, multicoloridas e extremamente agitadas pelas atividades comerciais ao ar livre.

A presença de um grande número de animais de carga e de montaria infestava o ar de um permanente fedor de esterco. Os veículos de roda eram uma raridade e só as ruas principais e mais largas eram pavimentadas e, muitas vezes, precariamente. As ruas laterais frequentemente não tinham mais que dois metros de largura e eram mais sujas e extremamente mais enlameadas nos meses de inverno. Some-se a isto o fato de que os habitantes eram responsáveis pela limpeza das ruas e como a maioria da população ti­nha costumes higiênicos rurais, jogava seus excrementos em valas a céu aberto ou em pilhas de detritos.

Durante a Idade Média, com o desenvolvimento do sistema feudal o retrocesso sanitário foi mais acentuado de tal forma que o consumo médio de água caiu para me­nos de 10 l/hab.dia e aproximando-se em muitas cidades, de um consumo unitário.

O Estado mantinha-se ausente nas ações de saneamento, exercendo apenas um papel fiscalizador sobre ações realizadas pela população. Dessa forma floresceu a im­plantação de regulamentos impondo regras que tentavam amenizar os problemas sanitá­rios, tecnicamente rudimentares, fruto do pouco conhecimento científico disseminado naquela época. Popularizou-se a criação de conselhos ou setores do governo responsá­veis pela administração da saúde pública de cada cidade. Estas entidades eram respon­sáveis pela aplicação controlada das quarentenas, notadamente do doente e das pessoas que haviam tido contato com ele, e a condenação e punição dos causadores da poluição das fontes de água de abastecimento ou das ruas.

Instalações higiênicas importantes, como água encanada, latrinas apropriadas, aquecimento, ventilação própria nos cômodos, já existiam no início da Idade Média, mas praticamente estavam restritas aos monastérios e limitadas por seus muros. Nas cidades mais importantes apenas os ricos tinham suas próprias latrinas e fossas. A maio­ria de suas ruas não tinha pavimentação e tampouco obras de drenagem, e recebia toda sorte de refugos e imundície.

Canalizar águas de fora da cidade era uma boa alternativa, porém tornava a cidade vulnerável a ataques externos. Menos temerosa de ataques que a maioria das capitais europeias, esta ideia prosperou em Londres, que inaugurou seu primeiro aqueduto em 1236. Mesmo no final dessa era as condições da vida urbana na Europa eram precárias. Como exemplo positivo de então, estava a Milão do século XIV, onde condutos de es­gotamento tinham de ser construídos em lugares aprovados pelas autoridades e cons­truídos em profundidades reaterradas suficientes para que não produzissem maus odores no ambiente externo.

Em resumo, as cidades medievais caracterizaram-se por ocuparem espaços clara­mente definidos por muros, preenchidos por ruas, vielas, praças, que se sucediam dando acesso às edificações, em torno dos castelos e das igrejas. Nas praças se desenrolava toda a vida da comunidade, o mercado, as festas religiosas ou pagãs. A drenagem con­sistia de valas abertas nos leitos das ruas, frequentemente servindo como depósitos de lixo e dejetos e, dependendo da dimensão e dos danos que poderiam causar, revestidas por algum material mais resistente ao escoamento das águas pluviais.

 Estas eram as condições que convinham para garantir o pleno desempenho das funções urbanas da época sem preocupações sanitárias coletivas ou áreas verdes, por exemplo. Algumas dessas cidades se desenvolverem, mas conservaram, pelos motivos mais diversos, espaços como bairros e logradouros que hoje representam um patrimônio de grande importância cultural e turística: Siena, com a sua Piazza del Campo, Carcas­sone dentro de suas muralhas, Bezalu com sua ponte e portal, e várias outras por toda a Europa.

9. A PAVIMENTAÇÃO SISTEMÁTICA

Com o crescimento extraordinário de algumas cidades e o aumento da quantidade de tráfego de veículos sobre rodas com tração animal, as ruas em terra passaram a ter grandes e mais frequentes problemas de conservação, além de promoverem muitas difi­culdades para o próprio tráfego, principalmente em épocas chuvosas, quando natural­mente aumentavam os acidentes e os atoleiros.

Com a finalidade de manter as ruas mais limpas e transitáveis, introduziu-se a prática da pavimentação. Este procedimento floresceu notadamente a partir da segunda metade do século XII cristão e algumas cidades tornaram-se exemplos históricos. Paris, então com mais de 100 mil habitantes, foi a primeira cidade a iniciar a pavimentação sistemática de suas ruas (1185).

Outras cidades históricas na iniciativa foram:

- Praga, no reino da Boêmia, um dos mais importantes centros comerciais da Eu­ropa medieval e hoje capital da República Checa (1331);

- Nuremberg, importante cidade no Sacro Império Romano-Germânico, na Média Francônia e hoje na Alemanha (1368);

- Basel ou Basiléia, no Sacro Império Romano-Germânico, hoje na Suíça e mun­dialmente conhecida pela sua indústria farmacêutica (1387);

- Augsburgo, cidade bávara do Sacro Império Romano-Germânico, hoje capital e sede de administração da Suábia, Alemanha (1416).

Por volta de 1440, Florença, a então mais imponente cidade italiana, tinha todas as ruas pavimentadas, porém isto era uma exceção. De um modo geral, naquela época, as vias urbanas das pequenas cidades e as suburbanas das maiores continuavam sem pavi­mentação e sem qualquer tipo de rede de drenagem ou de esgotamentos.

10. O RENASCIMENTO

Denominou-se de Renascimento, Renascença ou Renascentismo o período da História Ocidental que transcorreu imprecisa e aproximadamente dos séculos XIV ao XVIII. O termo foi cunhado em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direção a um ideal humanista e naturalista e foi assim registrado pela primeira vez pelo pintor e arquiteto italiano Giorgio Vasari (1511-1574). Foi um tempo marcado por profundas transformações sociais, econômicas, polí­ticas, culturais e religiosas, que assinalam a decadência paulatina da Idade Média e a afirmação inicial da Idade Moderna, ou seja, o Renascimento representou o desapareci­mento da civilização medieval e a aurora de um período marcado pela ruptura definitiva com as tais estruturas medievais,

O fim da Idade Média, a derrubada dos antigos sistemas políticos a base do feu­dalismo e a formação dos estados nacionalistas e de uma classe intelectual aberta de múltiplas procedências, impulsionaram a criação de escolas e o desenvolvimento das ciências naturais, fortaleceu o conhecimento sobre a relação saúde-saneamento e pro­moveu o desenvolvimento científico da saúde pública como conhecida hoje.

Para muitos historiadores, o período entre o início do século XVI e meados do sé­culo XVIII é considerado um tempo de transição. Generalizou-se a pavimentação das ruas e construção de obras de canais de drenagem, onde escoavam os refugos indesejá­veis das ruas em direção aos rios e lagos, tornando-os perigosamente contaminados.

Embora esse fosse um meio fácil dos resíduos indesejáveis serem eliminadas, ha­via o sensível incômodo gerado pelos maus odores, além do que as provisões de água tornavam-se potencialmente poluídas. Dizia-se que os canais de Antuérpia matavam até mesmo os cavalos que bebiam sua água. Os poços e fontes se contaminavam com infil­trações oriundas das fossas e dos cemitérios e a média de vida dos cidadãos não passava dos 40 anos de idade. 

11. A EVOLUÇÃO DAS CIDADES

As cidades tendiam naturalmente a se desenvolver próximas de vias fluviais, por questões lógicas de sobrevivência. Usados no princípio como fontes de água de beber, os rios tornaram-se tão poluídos com esgotos e lixo que os habitantes tinham que ir para outro lugar. Este padrão universal foi seguido pelos humanos ao longo de centenas de anos, especialmente nas pequenas comunidades urbanas.

Com a evolução dos tempos as pessoas passaram a construir casas permanentes, favorecendo o aparecimento das grandes cidades e gerando maiores volumes de esgotos, lixo e refugo nas ruas. Quando as pilhas de detritos de toda natureza ficavam altas e o mau odor tornava-se praticamente insuportável, a sujeira era removida, utilizando pás e carros de tração animal. Esta condição foi clássica até o início do século XIX, quando surgiram os primeiros sistemas de distribuição urbana de água potável por encanamen­tos, além da popularização das peças de descarga hídrica para descarga de esgotos.

A partir de 1760, primeiro Londres, e depois outras grandes cidades, desenvolve­ram e efetivaram esquemas para melhoramentos públicos na arquitetura urbana. Derru­bavam-se prédios deteriorados ou que impediam a circulação, pavimentavam-se, drena­vam-se e iluminavam-se ruas. Vias estreitas e tortuosas foram alargadas e tornadas pla­nas e retificadas. Prédios de alvenaria substituíram casas de madeira, modernizando áreas urbanas mais antigas e insalubres, dotando-as de suprimento de água e canaliza­ções de esgotamentos, reduzindo o lançamento de águas de esgoto nas sarjetas. O exemplo de Londres se espalhou pelas províncias, e outras cidades empreenderam me­lhorias (Clark et alli, p.150).

Porém até o século XVIII, as latrinas continuavam raras e eram instalações de ri­cos. Só a partir dos anos 1780, o sistema de dejetos e resíduos carreados pela água co­meçou a se tornar comum, com o desenvolvimento de projetos hidráulicos mais efici­entes. Antoine Chezy (1718-1798), engenheiro e matemático francês natural de Châ­lons-sur-Marne, e operador do sistema sanitário de Paris, foi o precursor da fórmula moderna para determinação da velocidade relativa de fluxo e da perda de energia devido à fricção em fluxo de canal aberto (1775).

No início do XIX, as condições de vida urbana começaram claramente a melhorar. Apesar disso, esse movimento aconteceu de modo desigual e ainda restava muito que fazer. A evolução nos sistemas de abastecimento de água e de esgotamentos era lenta e modesta, restringindo-se à introdução gradual das bombas a vapor e canos de ferro.

No entanto, até a primeira década do século XIX, os encanamentos principais continuavam a ser, principalmente, de madeira. Lichfield substituiu seus canos de chumbo por canos de ferro fundido (1805). A Companhia de Água de West Middlesex, uma das abastece­doras de Londres, substituiu a madeira por ferro (1808). Dublin, finalmente aderiu ao ferro fundido (1809), substituindo os encanamentos principais, de madeira, nos cinco anos seguintes.

Muitas cidades como Paris, Londres e Baltimore adotaram o emprego de fossas, mas os resultados foram desastrosos. A generalização do sistema de drenagem por car­reamento pela água logo originou mais problemas: as fossas raramente eram limpas e seu conteúdo se infiltrava pelo solo, saturando grandes áreas do terreno e poluindo fon­tes e poços próximos usados para o suprimento de água. Em outros casos, a extravasão para os leitos das ruas criou, também, constrangimentos do ponto de vista estéticos, levando a necessidade de criação de esquemas para limpeza das vias públicas das cida­des grandes. Estas fossas, portanto, tornaram-se locais apropriados para geração de do­enças e um problema de saúde pública.

Além disso, a prática de eliminar a água de esgoto, lançando-as nos canais de es­gotamento existentes sob as edificações das cidades, era mecanicamente fácil, mas estu­pidamente de vantagens ilusórias. Como esses canais de esgotamento se destinavam a carrear água de chuva, a generalização dessa prática levou os rios que passavam pelas cidades maiores a se transformarem em esgotos a céu aberto, um dos maiores desafios enfrentados pelos reformadores sanitários do século XIX.

Paralelamente começava a se concretizar a ideia de serem organismos microscó­picos a possível causa das doenças transmissíveis. No início do século XIX havia na Grã-Bretanha várias cidades consideradas de grande porte, mas elas pareciam tão inca­pazes como suas predecessoras de evitar as constantes ondas de mortes por doenças e epidemias, que ainda eram o preço inevitável da vida urbana. Apesar das consideráveis melhorias executadas nos esgotos londrinos no século anterior, as galerias continuavam despejando seus bacilos no rio Tâmisa, contaminando a principal fonte de água potável da capital.

A melhoria das condições de transporte provocou um efeito colateral assustador: as epidemias se espalhavam com muito maior rapidez e produzindo um alcance de víti­mas muito mais devastador, como a de cólera (1831-1832). O governo britânico impres­sionou-se com a intensidade de mortes e as autoridades perceberam uma clara conexão entre a sujeira e a doença nas cidades.

Os reformadores e os engenheiros hidráulicos (1842) propuseram, então, a re­forma radical do sistema sanitário, separando rigorosamente os sistemas de água potável dos de água servida e onde as valas de esgotos a céu aberto seriam substituídas por en­canamentos subterrâneos construídos com manilhas de cerâmica cozida ou em alvenaria quando de maior porte.

Princípios de serviços de saúde pública foram, em seguida, elaborados a partir da primeira Lei de Saúde Pública da Grã-Bretanha (1847), que entrou em vigor um ano depois (1848). Desenvolvido pelo advogado, reformador social e sanitarista inglês nas­cido em Longsight, Manchester, Edwin Chadwick (1800-1890), o texto era extrema­mente refinado por engenheiros daquele tempo e contribuiu para o desenvolvimento de projetos de esgotos corretamente classificados segundo o tamanho e alinhados, com instalações adequadas para limpeza e manutenção. No final da década seguinte (1859) deu-se início a limpeza geral das canalizações de esgotos da capital e dezesseis anos depois, 133 quilômetros de coletores novos de esgotos percorriam o subsolo da cidade, recolhendo dejetos em uma área de cerca de 260 quilômetros quadrados.

A iniciativa logo se tornou exemplar para o mundo, logo seguido por outras cida­des industriais da Inglaterra e, também pelo interesse comercial-financeiro dos britâni­cos, de outros países do continente europeu e americano. A concepção inicial de siste­mas de esgoto criados na América é creditada ao coronel e importante engenheiro civil Julius Walker Adams (1812-1899) nascido em Boston, Massachusetts, que projetou os esgotos do Brooklyn, Nova Iorque (1857).

A preocupação com os problemas de saúde pública na América do Norte cresceu com o surgimento da epidemia de febre amarela em Memphis, Tennessee (1873). Neste ano foram mais de 2.000 mortes e atingiu cerca de 5150 mortes desta doença cinco anos depois. Estas epidemias foram responsáveis pela formação do Departamento de Saúde Nacional, o precursor do Serviço de Saúde Pública Norte-Americano. Depois do con­trole da epidemia e construção de um sistema peculiar de esgoto sanitário em Memphis (1889), capital do Tennessee, pelo engenheiro e coronel do exército estadunidense Ge­orge Edwin Waring Jr. (1833-1898), as maiores cidades estadunidenses estavam com linhas de esgoto em funcionamento.

Com os resultados positivos evidentes, aos poucos os serviços de iluminação das ruas, pavimentação, bibliotecas, hospitais e até mesmo lavanderias e banhos públicos, foram sendo ampliados e absorvidos pela administração pública. Na primeira década do século XX a vida nas cidades da Europa e da América do Norte era muito melhor que antes. O aperfeiçoamento do sistema de esgotos trouxe uma enorme melhoria na saúde pública e, livres da antiga maldição das epidemias, os citadinos tornaram-se um número crescente. As ruas eram iluminadas à noite e bem pavimentadas. Mesmo nas cidades de industrialização mais sólida, os reformistas acrescentavam parques e áreas verdes, para benefício do bem-estar físico e mental dos moradores (Clark et alli, 1993, p. 150/3).

Outro fator importante foi a disseminação do concreto armado como material de construção (1866) pelo comerciante de mudas e peças de jardinagem francês, Joseph Monier (1829-1906), e a compra de sua patente pelos alemães (1867). Isso incrementou a construção civil pelo processo e generalizou o uso do material para a construção de reservatórios e encanamentos e canais, ainda que inicialmente de modo rudimentar e sem controle de cálculos (Ver Capítulo 10). Entre outras vantagens e qualidades, o con­creto armado proporcionava além de segurança e durabilidade, rapidez de execução, economia de conservação, impermeabilidade e resistência a choques e vibrações. Este advento praticamente revolucionou favoravelmente o desenvolvimento das obras de drenagem, essencialmente as de microdrenagem, facilitando a construção de lajes de cobertura e possibilitando o emprego de tubos pré-moldados para construção das gale­rias, especialmente as de menor porte (Ver Capítulo 10, Item 10.2).

12. O DESENVOLVIMENTO DOS CÁLCULOS HIDRÁULICOS

O desenvolvimento da fórmula Racional e da fórmula de Manning, ambos acontecimentos do ano de 1889, representou dois dos principais avanços na moderna hidrologia e, consequentemente, para os projetos de drenagem de águas superficiais de origem pluvial. Em virtude de suas limitações técnicas, gradualmente hidrologistas investiram no empirismo do Método Racional, observando dados para dar solução tecnicamente seguras para solucionar problemas hidrológicos práticos.

O hidrólogo Le Roy K. Sherman, Chairman do Comittee on Runoff, Section of Hydrology, American Geophysical Union, criou (1932) do unitgraph ou método do hidrograma unitário para transformar o deflúvio teórico no hidrograma direto de run off. Robert Elmer Horton (1875-1945), hidrólogo e ecologista estadunidense e pesquisador de solos, Vice-Chairman da Section of Hydrology, American Geophysical Union, considerado por muitos como o pai da moderna hidrologia, desenvolveu a teoria de infiltração (1933) e uma descrição da forma de bacia de drenagem (1945). E o hidrólogo e grande matemático, estatístico e ativista germânico, Emil Julius Gumbel (1891-1966), propôs a lei de valor extremo de estudos hidrológicos (1941).

13. DRENAGEM NO BRASIL

 Em nosso país, historicamente o mal funcionamento dos sistemas de drenagem em afetado parte considerável dos municípios, principalmente os que tiveram aumento significante em sua área urbana, especialmente a partir de meados do século passado quando houve uma inversão no quadro populacional brasileiro com a migração rural acentuando-se e a população urbana crescendo incontrolavelmente. Naturalmente nas cidades as superfícies urbanizadas aumentam o índice de impermeabilização do solo e, consequentemente prejudicam a eficiência dos sistemas de drenagem anteriormente implantados, especialmente nos grades centros.

Em geral os problemas das enchentes nos municípios de médio e grande porte, com poucas exceções, agravam-se com a falta de políticas responsáveis de urbanização que permitem a ocupação urbana desordenada de fundos de vale e de várzeas dos cursos d'água naturais sujeitas à inundação. Para complicar, promovem-se o pré-aterramento das áreas de escoamento, desconsiderando-se os cursos d’água, implicando posterior­mente na necessidade de vultosos investimentos na construção de obras de contensão e reservação temporária dos elevados volumes de água (os "piscinões" paulistanos, por exemplo) para se evitar perdas muitas vezes irreparáveis.

Nas cidades brasileiras a ausência de planejamento infelizmente é praticamente uma tradição e os sistemas de drenagem urbana tornam-se reféns da ineficiência da falta de planejamento integrado. A tentativa de soluções, certamente implica em substancial aumento dos custos de implantação e muitas vezes de sofrível eficiência, que não ga­rantem a segurança e o bem-estar dessa população.

Um exemplo histórico desse tipo de ocupação inadequada registrou-se em Porto Alegre. Data de 1840 um projeto que previa o arruamento sobre as áreas do Guaíba que deveriam ser aterradas ao longo das décadas posteriores. Em consequência, um século depois (1941) ocorreu uma enchente histórica na capital gaúcha, deixando cerca de se­tenta mil habitantes desabrigados e falta generalizada de energia elétrica e água potável por vários dias.

Depois da catástrofe, elaborou-se um projeto para implantação de um sistema de proteção contra as cheias nessa capital, com a construção de galerias, condutos e canais enterrados com vários quilômetros de extensão. O sistema também é composto de uma sequência de diques de contenção, comportas e casas de bombas para proteção da ci­dade contra o aumento do nível de água do estuário do Guaíba e do Rio Gravataí.

As primeiras obras de drenagem no Brasil datam dos tempos em que Pernambuco foi governado (1637-1644) pelo príncipe holandês João Maurício de Nassau-Siegen (1604-1679). Ele também determinou a coleta do lixo, proibiu o lançamento de dejetos nos rios e mangues e construiu uma ponte sobre o rio Capibaribe, a Maurício de Nas­sau, a mais antiga da América Latina (1643).

Entretanto, praticamente inexistiu, durante o domínio português, especialmente nos três primeiros séculos dessa ocupação, qualquer tipo de investimento público ur­bano. Os centros urbanos do Brasil Colônia eram socialmente prolongamentos da vida rural. Constituídos essencialmente de pequenas vilas, seus habitantes eram gente do campo que nelas fixavam residência muitas vezes temporária.

A corte portuguesa tradicionalmente não se importava nem dava suporte técnico para investimentos em infraestrutura pública nas colônias, sempre deixando por total iniciativa dos habitantes locais. Interessava-lhe pura e simplesmente montar uma estru­tura eficiente no poder de arrecadação de impostos para a coroa, sobre a extração de riquezas naturais locais. Foi assim, por exemplo, que o rentável desenvolvimento da exploração do ouro em Minas Gerais determinou a mudança da capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro (1763). Datam então deste período, os primeiros sinais de efetivo desenvolvimento urbano no país, totalmente promovido pelos descendentes de europeus.

No século XIX, no Estado do Rio de Janeiro, foi iniciada a abertura de canais na­vegáveis visando o escoamento da produção do interior para Campos e desta cidade para São João da Barra e Macaé, portos que permitiam o embarque para o Rio de Ja­neiro e Salvador e até para o exterior. O aparecimento das ferrovias e o desenvolvi­mento do transporte rodoviário, os canais de navegação tornaram-se antieconômicos e, desativados da função original, transformaram-se em canais de drenagem.

Por exemplo, o canal Campos-Macaé passou a ser utilizado para drenagem da Planície dos Goitacases e para despejo de esgotos. Com as obras de drenagem efetuadas pela Comissão de Sa­neamento da Baixada Fluminense, criada pelo governo federal (1933), o mesmo canal foi integrado a uma vasta rede de canais e comportas. Aos poucos o canal Campos-Ma­caé foi sendo abandonado em vários pontos, poluído, assoreado e eutrofizado. Por falta de interesse e administração da Companhia Estadual de Águas e Esgoto – CEDAE, ca­sas residenciais, pequenas indústrias e a população, em geral, lançam nele resíduos lí­quidos e sólidos.

Um marco na engenharia urbana nacional foi à inauguração da cidade de Belo Ho­rizonte (1897), fundada para ser a capital do estado mineiro, obedecendo um traçado urbanístico predefinido, e servida com serviços de água e esgotos projetados por Satur­nino de Brito, engenheiro civil e o mais notável sanitarista nacional, fluminense da ci­dade de Campos, nascido em 14/07/1864 e falecido em Pelotas-RS em 10/03/1929.

Outro grande feito desse notável engenheiro, desenvolvido no início do século XX, foi a inauguração dos primeiros canais de drenagem dos terrenos alagados, próxi­mos ao centro da cidade de Santos (1912). A abertura desses canais destinava-se a dre­nagem das águas estagnadas dentro do perímetro urbano, diminuindo o surgimento de epidemias.

Com a adoção no Brasil do sistema separador absoluto (1912), onde os sistemas de esgotos sanitários passaram a ser obrigatoriamente projetados e construídos indepen­dentemente dos sistemas de drenagem pluvial, e da generalização do emprego de tubos de concreto, a drenagem tornou-se um elemento obrigatório dos projetos de urbaniza­ção.

Hoje, quanto a sua extensão, não se dispõe de dados confiáveis em relação à dre­nagem urbana, porém estima-se que a cobertura deste serviço, em especial a microdre­nagem, seja superior ao da coleta de esgotos sanitários. O que se sabe é que o planeja­mento, a elaboração de projetos, bem como a execução de obras em macro e microdre­nagem das áreas urbanas e adjacentes, continuam a desejar. Têm sido seriamente com­prometidas devido à falta sistemática de recursos e escassez de mão de obra qualificada em todos os níveis, para a realização de uma infraestrutura necessária a evitar a perda de bens e vidas humanas.

Especificamente quanto à macrodrenagem, são conhecidas as situações críticas ocasionadas por cheias urbanas, agravadas pelo crescimento desordenado das cidades, em especial, a ocupação de várzeas e fundos de vales. De um modo geral nas cidades brasileiras, a infraestrutura pública em relação à drenagem, como em outros serviços básicos, caracteriza-se como insuficiente. Essa condição não tem contribuído para a tranquili­dade dos cidadãos, agravada pela irresponsabilidade da ocupação das áreas de preserva­ção naturais, tanto as de macrodrenagem como as de terrenos instáveis.

 Logicamente um sistema de drenagem urbana adequado não significa que tenha condições de absorver enchentes extraordinárias, cuja ocorrência está fora da normali­dade, como também são as catástrofes advindas de ventos muito fortes, furacões e ter­remotos. Porém há registros históricos, desde 1756, que a população da cidade brasileira mais importante do ponto de vista turístico internacional, o Rio de Janeiro, por exemplo, já sofria com os problemas sazonais de enchentes e deslizamentos.

14. CONCLUSÕES

Neste trabalho foi mostrado um resumo histórico sobre a evolução da drenagem desde os tempos primordiais das civilizações até os dias atuais, de modo se poder avaliar a importân­cia dessa técnica na vida do homem no planeta, especialmente no controle dos escoamentos superficiais de origem pluvial em áreas urbanas, onde obras de drenagem tornaram-se elementos essenciais de sua infraestrutura.

Conhecer a história da drenagem pluvial antecede estudos de um procedimento científico ou tecnológico e em muito pode ajudar o engenheiro valorizar a importância de seus projetos e entender os conceitos e aplicações do processo evolutivo dos sistemas de drenagem, bem como carências e necessidades destes sistemas e o respeito aos poderes de reação da natureza aos impedimentos dos caminhos naturais dos escoamentos superficiais das águas de origem pluvial.

Particularmente espero que a leitura tenha sido ao menos curiosa para aqueles que gostam de história e especialmente, para os estudantes de engenharia civil curiosos e/ou admiradores de assuntos hidráulicos e hidrológicos. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Dentre as referências já citadas no texto (ou não!) destacam-se as fontes de consulta a seguir listadas, usadas na elaboração deste trabalho.

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3 - Catálogos eletrônicos e páginas comerciais

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ENGETUBO http://www.engetubo.com.br/frmhistoria.htm

GIASSETTI - TUBOS DE CONCRETO http://www.giassetti.com.br/tubos.htm

Notas de Aulas http://www.dec.ufcg.edu.br/saneamento/

Ontario Concrete Pipe Association (2001) http://www.ocpa.com/

sÓ biografias (2010) http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/

TIGRE – TUBOS TIGRE RIB LOC http://www.tigre.com.br

TRIFILAR http://www.trifilar.com.br/

TRIMAK http://www.trimak.com.br/tig.htm

TUVIBRA – IND. E CONST. S/A http://www.tuvibra.com.br/page/fr-produtos.htm

(¹) SOBRE O AUTOR

Carlos Fernandes de Medeiros Filho (1951- ) é norte-riograndense, Engenheiro Civil e Sanitarista, Projetista da Empresa THC Projetos de Engenharia e Professor Aposentado da Unidade Acadêmica de Eng. Civil da Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba.


Por que as primeiras civilizações foram chamadas de hidráulicas ou fluviais?

Por isso esses povos receberam a denominação de Civilizações Hidráulicas, já que toda sua organização sociopolítica tinha como foco o controle das águas e da produtividade agrícola. Dentre as Civilizações Hidráulicas podemos destacar: o Egito, a Palestina e a Mesopotâmia.

Por que as primeiras cidades eram chamadas de cidades fluviais?

A união das pequenas aldeias provocou a formação das primeiras cidades que ficaram conhecidas como civilizações fluviais, pois ficavam em torno de importantes rios.

Por que estas antigas civilizações se desenvolveram ao longo dos rios?

Os povos mesopotâmicos se desenvolveram às margens dos rios. Além de usarem suas águas para beber, também o faziam para irrigar as plantações. O desenvolvimento de técnicas de irrigação possibilitou a construção de canais que levavam as águas do Tigre e Eufrates para regiões mais distantes das margens deles.

Por que afirmamos que as civilizações pertencentes a Mesoamérica eram consideradas hidráulicas?

O que foram as civilizações hidráulicas? As civilizações hidráulicas são aquelas que se desenvolveram na Antiguidade (aproximadamente entre 3.000 a.C. e 1.000 a.C.) nas margens de rios.