Qual a relação das práticas corporais trabalhadas na Educação Física com a saúde?

PRÁTICAS CORPORAIS E SAÚDE: NOVOS OLHARES

Resumo

O referencial exclusivamente biológico para estudo do corpo, das práticas corporais e da saúde tem sido historicamente predominante na área da educação física. Essa visão reforça o entendimento de que a prática de atividades físicas garante, por si só, saúde à população. É objetivo deste trabalho repensar valores e conceitos presentes em tal relação, a partir de um referencial sociocultural. Para isso, realizamos revisão de literatura e de produções acadêmicas de um grupo de pesquisa que busca no encontro entre a educação física e a saúde coletiva construir novos olhares para a saúde.


ISSN (Impresso) 0101-3289; ISSN (Eletrônico) 2179-3255
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Qual a relação das práticas corporais trabalhadas na Educação Física com a saúde?
Qual a relação das práticas corporais trabalhadas na Educação Física com a saúde?

Aptid�o f�sica relacionada � sa�de e a Educa��o F�sica 

Escolar. Reflex�es e experi�ncias do PIBID UNIPAMPA

La aptitud f�sica relacionada con la salud y la Educaci�n F�sica escolar. Reflexiones y experiencias del PIBID UNIPAMPA

Health related fitness and Physical Education. Reflections and experiences PIBID UNIPAMPA

Qual a relação das práticas corporais trabalhadas na Educação Física com a saúde?

 

*Bolsista do programa de institucional de bolsas de Inicia��o � Doc�ncia PIBID/CAPES

da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

**Coordenador do subprojeto educa��o f�sica do programa institucional de bolsas

de inicia��o � doc�ncia PIBID/CAPES da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)

Thais Almeida Pereira*

Prof. Dr. Gabriel Gustavo Bergmann**

(Brasil)

 

Resumo

          Em nossa sociedade uma parcela significativa de indiv�duos adultos contribui para o aumento das estat�sticas associadas �s doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis como conseq��ncia da vida sedent�ria. Por essa raz�o, a educa��o f�sica escolar vem sendo repensada, onde a preocupa��o com a educa��o para a sa�de aparece como um dos conte�dos a serem tratados. Portanto, al�m da pr�tica de atividades f�sicas, o conhecimento sobre tais pr�ticas e os seus benef�cios para a sa�de devem ser incorporados no cotidiano escolar para que os alunos tenham conhecimento sobre a import�ncia das atividades f�sicas. Diante deste panorama, este estudo: a) abordar� a Aptid�o F�sica Relacionada � Sa�de e sua inser��o nas aulas de Educa��o F�sica Escolar; e, b) apresentar� reflex�es a partir das experi�ncias obtidas a partir das a��es do subprojeto Educa��o F�sica do Programa Institucional de Bolsas de Inicia��o � doc�ncia (PIBID) da Universidade Federal do Pampa. Aptid�o F�sica Relacionada � Sa�de refere-se �s condi��es fisicas do indiv�duo que est�o diretamente relacionadas com a sa�de e a qualidade de vida. N�o podemos esquecer que para muitas crian�as e adolescentes a educa��o f�sica escolar � a �nica oportunidade de pr�tica de atividades f�sicas planejadas, executadas e supervisionadas por profissionais da �rea. O Programa Institucional de Bolsas de Inicia��o � Doc�ncia da Universidade Federal do Pampa, atrav�s do subprojeto Educa��o F�sica, que atua na Escola Estadual de Ensino M�dio Dom Hermeto no munic�pio de Uruguaiana, RS, vem trabalhando n�o apenas com a transmiss�o das diferentes manifesta��es da Cultura Corporal do Movimento, mas tamb�m visando a promo��o da sa�de. Ent�o, nosso maior desafio � formar indiv�duos que busquem a aquisi��o da sa�de por meio da pr�tica de atividades f�sicas de lazer, mantendo um padr�o de vida saud�vel e fisicamente ativa.

          Unitermos:

Aptid�o f�sica relacionada � sa�de. Promo��o da sa�de. Educa��o F�sica. Escola. PIBID.

Abstract

          In our society a significant portion of adults contributes to the increase of the statistics associated with chronic diseases as a result of sedentary life. For this reason, scholar physical education is being rethought, where concern for the health education appears as one of the subjects to be treated. Therefore, in addition to physical activity, knowledge about these practices and their health benefits should be incorporated into daily school so that students are aware of the importance of physical activity. Given this framework, the aims of this study are: a) address the Health Related Fitness and their inclusion in Physical Education classes, and b) submit reflections based on experiences gained from the actions of the Physical Education subproject of Institutional Program of scholarship of Initiation to teaching (PIBID) of the Federal University of Pampa. Health Related Fitness refers to the physical conditions of the individual that are directly related to the health and quality of life. We can not forget that for many children and adolescents to physical education is the only opportunity for physical activity planned, executed and supervised by professionals. The Institutional Program of scholarship of Initiation to Teaching of the Federal University of Pampa, through Physical Education subproject, which operates in the Don Hermeto State High School in the Uruguaiana, RS, has been acting not only with the transmission of different manifestations of the Movement Body Culture, but also for the promotion of health. So our biggest challenge is to train individuals seeking to purchase health through physical activity for leisure, while maintaining a standard of living healthy and physically active.

          Keywords:

Health-related physical fitness. Health promotion. Physical Education. School. PIBID.  
Qual a relação das práticas corporais trabalhadas na Educação Física com a saúde?
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, A�o 18, N� 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

Qual a relação das práticas corporais trabalhadas na Educação Física com a saúde?

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Introdu��o

    Em nossa sociedade uma parcela significativa de indiv�duos adultos contribui para o aumento das estat�sticas associadas �s doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis como consequ�ncia da vida sedent�ria. Por essa raz�o, a educa��o f�sica escolar vem sendo repensada, onde a preocupa��o com a educa��o para a sa�de aparece como um dos conte�dos a serem tratados. Isto se justifica, pois in�meros estudos relatam que crian�as e adolescentes fisicamente ativos, tendem a permanecerem ativos durante a vida adulta. Vale ressaltar que, em outras �pocas, os programas de educa��o f�sica escolar eram vistos com o objetivo de aquisi��o e manuten��o da aptid�o f�sica e sa�de, por�m, de forma incompleta, pois se preocupavam apenas com a realiza��o de exerc�cios f�sicos sem nenhuma contribui��o para a forma��o educacional dos jovens.

    O ser humano vem se tornando cada vez menos dependente de suas capacidades f�sicas para sobreviver18. Esta mudan�a no estilo de vida dos indiv�duos � influenciada pelo meio que estes est�o inseridos. Portanto, al�m da pr�tica de atividades f�sicas, o conhecimento sobre tais pr�ticas e os seus benef�cios para a sa�de devem ser incorporados no cotidiano escolar para que os alunos tenham conhecimento sobre a import�ncia das atividades f�sicas.

    Crian�as e adolescentes em idade escolar raramente apresentam sintomas associados �s doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis, tais como: c�ncer, dislipidemia, coronariopatias, hipertens�o, diabetes, osteoporose e obesidade. Contudo, isto n�o quer dizer que estes indiv�duos estejam imunes a tais enfermidades, visto que estas doen�as t�m seu princ�pio na inf�ncia e/ou adolesc�ncia e manifestam-se na vida adulta, principalmente quando aliados a comportamentos de risco como o tabagismo, alcoolismo, dietas hipercal�ricas e sedentarismo.

    Muitos estudos mostram que a aptid�o f�sica das crian�as e dos adolescentes do nosso pa�s � preocupante e que em v�rias situa��es est� abaixo dos �ndices considerados satisfat�rios. Diante deste panorama, este estudo: a) abordar� a Aptid�o F�sica Relacionada � Sa�de (ApFRS) e sua inser��o nas aulas de Educa��o F�sica Escolar; e, b) apresentar� reflex�es a partir das experi�ncias obtidas a partir das a��es do subprojeto educa��o f�sica do Programa Institucional de Bolsas de Inicia��o � doc�ncia (PIBID) da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).

Aptid�o f�sica: defini��es e caracter�sticas

    Aptid�o fisica � a capacidade de realizar atividades fisicas com energia e sem excesso de fadiga e divide-se em Aptid�o F�sica Relacionada ao Desempenho Motor (ApFRDM) e Aptid�o F�sica Relacionada � Sa�de (ApFRS).

    ApFRDM s�o as habilidades motoras e esportivas que contribuem para o desempenho de tarefas espec�ficas, sejam elas no trabalho ou no esporte. Seus componentes s�o a composi��o corporal, a flexibilidade, a resist�ncia cardiorrespirat�ria, a for�a/resist�ncia muscular, a agilidade, a velocidade, o equil�brio postural e a coordena��o motora.

    ApFRS refere-se �s condi��es fisicas do indiv�duo que est�o diretamente relacionadas com a sa�de e a qualidade de vida. Em 1980, a Alian�a Americana para Sa�de, Educa��o F�sica, Recrea��o e Dan�a1 sugeriu os seguintes componentes para an�lise da ApFRS: composi��o corporal, medida atrav�s do somat�rio das dobras cut�neas triciptal e subescapular; flexibilidade, medida atrav�s do teste de sentar e alcan�ar; resist�ncia cardiorrespirat�ria, medida pelo teste de corrida/caminhada de 9 minutos e for�a/resist�ncia muscular, medida atrav�s do n�mero de repeti��es de exerc�cios abdominais em 1 minuto.

    A resist�ncia cardiorrespirat�ria e a composi��o corporal, quando em n�veis abaixo do recomendado, est�o fortemente relacionadas com doen�as cr�nicas associadas ao sistema cardiovascular. A for�a/resist�ncia muscular e a flexibilidade foram inclu�das como componentes da ApFRS por acreditar-se que dores nas costas e problemas posturais podem ter como uma de suas causas a fraqueza e a falta de flexibilidade dos m�sculos que envolvem a coluna vertebral. Nesta perspectiva uma s�rie de autores tem discutido o papel da educa��o f�sica no desenvolvimento da ApFRS durante as aulas de educa��o f�sica escolar.

Aptid�o f�sica relacionada � sa�de e a Educa��o F�sica Escolar

    O pr�prio indiv�duo tem as maiores possibilidades de interferir na aptid�o para a sa�de, visto que os n�veis de ApFRS s�o fortemente influenciados pelo estilo de vida. Quanto melhores os n�veis de ApFRS, menores s�o os riscos de desenvolvimento de doen�as associadas � comportamentos hipocin�ticos, tais como: elevados n�veis de colesterol sangu�neo, hipertens�o arterial, osteoartrite, diabetes, acidente vascular cerebral, c�ncer, coronariopatias, depress�o, ansiedade, al�m de problemas sociais. Desta forma, � fundamental que desde cedo crian�as e adolescentes sejam apresentados de forma pedagogicamente organizada �s diferentes manifesta��es da cultura corporal do movimento. Isto possibilitar� a estes indiv�duos conhecer estas pr�ticas, aprender a execut�-las e entender a import�ncia da manuten��o de uma vida fisicamente ativa mesmo ap�s os anos escolares.

    Para Nahas e Corbin16 e Guedes e Guedes11 � necess�rio preocupar-se com a ApFRS nos conte�dos das aulas de Educa��o F�sica Escolar. Isto poderia auxiliar na solu��o para pelo menos parte dos problemas relacionados � inatividade f�sica e aos comportamentos sedentarismos e suas doen�as conseq�entes. Nesta perspectiva, Koutedakis e Bouziotas13 compararam vari�veis de ApFRS em adolescentes que participavam somente das aulas de educa��o f�sica escolar com aqueles que participavam, concomitantemente, de programas extracurriculares de exerc�cios f�sicos sistematizados e orientados. Os autores verificaram que os indiv�duos que praticavam atividades extracurriculares apresentaram melhores performance nos testes, principalmente na resist�ncia cardiorrespirat�ria. Resultados como o de Koutedakis e Bouziotas13 indicam que caso a educa��o f�sica escolar tivesse uma carga hor�rio maior e assumisse o compromisso com a ApFRS, possivelmente as crian�as e os adolescentes teriam melhores desempenhos f�sicos.

    Embora Marques e Gaya14 concordem com a ideia dos autores citados acima, relatam tamb�m que a escola n�o pode ser a �nica respons�vel na resolu��o de problemas como a aus�ncia de atividade f�sica dos adolescentes. Esta deve ser uma quest�o a ser prestigiada tamb�m por programas pol�ticos e em todos os setores da sociedade, principalmente pelas fam�lias dos jovens.

    Ainda conforme Marques e Gaya14 � comum, nos programas de educa��o f�sica escolar, o predom�nio do jogo e das atividades l�dicas, que privilegiam de forma exagerada �s capacidades motoras coordenativas (equil�brio, precis�o e ritmo). Apesar de estas capacidades coordenativas serem de extrema import�ncia para a forma��o integral dos alunos, verifica-se uma lacuna quanto aos conte�dos da aptid�o f�sica relacionada � sa�de.

    Para um programa voltado � aptid�o fisica na escola, � necess�rio que os alunos tenham conhecimentos b�sicos de fisiologia, biomec�nica, anatomia e nutri��o, que sintam prazer em realizar as atividades e que desenvolvam certas habilidades motoras, pois assim ter�o autonomia e motiva��o para a pr�tica de atividades f�sicas. Esta parece ser uma fun��o educacional relevante e de responsabilidade exclusiva da educa��o f�sica escolar. Um bom exemplo � o atletismo, mais precisamente a corrida. Para que os alunos tenham a autonomia de realizar esse tipo de atividade, � necess�rio explorar os campos do conhecimento citados acima, como por exemplo, a freq��ncia card�aca, a respira��o, a hidrata��o, a alimenta��o antes, durante e depois de uma corrida de longa dist�ncia, o aquecimento e at� mesmo as les�es e desconfortos causados por uma corrida mal orientada.

    Com o intuito de inserir estes e outros conte�dos nos programas de educa��o f�sica escolar, o Grupo de Estudos em Epidemiologia da Atividade F�sica da Escola Superior de Educa��o F�sica da Universidade Federal de Pelotas est� desenvolvendo um projeto chamado �Educa��o F�sica + Praticando Sa�de na Escola� que entende a escola, principalmente a aula de educa��o f�sica, como o espa�o mais apropriado para a transmiss�o do conhecimento acerca da promo��o da sa�de. Este projeto atende desde a 5� s�rie/6� ano do ensino fundamental at� o 3� ano do ensino m�dio, sendo uma proposta a ser acrescentada e ajustada ao planejamento das escolas envolvidas, atrav�s da sistematiza��o dos conte�dos relacionados � pr�tica de atividades f�sicas e sa�de.

    O objetivo principal deste projeto � incentivar a diversifica��o e a qualifica��o das aulas de educa��o f�sica na escola, direcionando-se a uma perspectiva de problematiza��o das pr�ticas corporais e sua rela��o com a sa�de no seu aspecto individual e coletivo, auxiliando na expans�o destes conhecimentos t�o importantes e significativos na vida dos alunos e da comunidade.

    Para cada s�rie, s�o apresentados conte�dos, sugest�es de planos de aula, textos de apoio e processos de avalia��o. Para apresentar e problematizar as diferentes tem�ticas identificadas na literatura e/ou elaboradas pelo projeto podem ser utilizados recursos como aulas pr�ticas, aulas expositivas, jogos e brincadeiras, debates, v�deos, trabalhos de pesquisa, confec��o de materiais (cartazes, folders, etc.), semin�rios, dramatiza��es, m�sicas (elabora��o de par�dias, por exemplo), entrevistas, produ��o textual, sa�das de campo, etc.

    De acordo com a proposta do projeto, da 5� a 8� s�rie (6� ao 9� ano) os alunos devem aprender e refletir sobre aquecimento e alongamentos, o impacto dos avan�os tecnol�gicos, a freq��ncia card�aca durante a atividade f�sica, alimenta��o saud�vel, import�ncia da atividade f�sica, intensidade e volume das atividades f�sicas, capacidades f�sicas e aptid�o f�sica, postura, sedentarismo, exerc�cios aer�bios e anaer�bios e a import�ncia do balan�o energ�tico. J� no ensino m�dio os conte�dos a serem desenvolvidos s�o: sa�de, atividade f�sica, exerc�cio f�sico, aptid�o f�sica, composi��o corporal, doen�as cr�nico-degenerativas, exerc�cios aer�bios de for�a e flexibilidade, programas de atividades f�sicas, dietas e suplementos alimentares, conceito de beleza, est�tica, hidrata��o, desidrata��o, reidrata��o e subst�ncias proibidas no esporte.

    A escola, por interm�dio da educa��o f�sica, deve reservar um espa�o de suas aulas para tratar do aprimoramento da ApFRS e capacitar seus alunos a identificarem e conhecerem os benef�cios da pr�tica de atividades f�sicas. O professor de educa��o f�sica tem a possibilidade de avaliar e acompanhar o desenvolvimento de seus alunos e verificar as poss�veis altera��es nos componentes da aptid�o f�sica ao longo de determinados per�odos.

    Atrav�s da an�lise da ApFRS na escola, � poss�vel verificar a rela��o entre o n�vel de aptid�o f�sica com doen�as cr�nicas que tendem a comprometer, futuramente, a vida dos nossos alunos, lembrando que grande parte dos dist�rbios org�nicos que ocorrem na vida adulta, podem ser minimizados ou evitados atrav�s de h�bitos de vida saud�vel assumidos ainda na inf�ncia e adolesc�ncia. Diante disto, n�o parece haver d�vidas que a escola, principalmente pela educa��o f�sica, � o local mais adequado para a educa��o para a sa�de. Obviamente, outros locais onde pr�ticas motoras s�o realizadas tamb�m podem assumir esta responsabilidade. N�o obstante, n�o podemos esquecer que para muitas crian�as e adolescentes a educa��o f�sica escolar � a �nica oportunidade de pr�tica de atividades f�sicas planejadas, executadas e supervisionadas por profissionais da �rea. Por essa raz�o, torna-se urgente a necessidade de ado��o de uma nova vis�o de educa��o f�sica escolar que n�o privilegie apenas jogos e atividades l�dicas (MARQUES e GAYA14), mas tamb�m a promo��o da sa�de. As pr�ticas de atividades f�sicas durante as aulas de educa��o f�sica escolar est�o muito aqu�m do n�vel desejado para se ter uma boa ApFRS, tendo em vista que a maior parte do tempo, o aluno encontra-se em atividades de baixa intensidade, o que n�o apresenta grandes mudan�as na aquisi��o e manuten��o da sa�de. Por esta raz�o � que a escola deve preocupar-se em incentivar a pr�tica de atividades f�sicas e transmitir conhecimentos b�sicos sobre a ApFRS, pois somente as aulas de educa��o f�sica na escola n�o s�o suficientes devido ao baixo n�vel de esfor�o exigido durante as mesmas4. Podemos observar esta afirma��o no estudo de GUEDES E GUEDES11, quando concluem que �durante as aulas de educa��o f�sica observadas no estudo, os escolares se dedicaram muito pouco tempo a realiza��o de esfor�os f�sicos que podem induzir adapta��es voltadas a um melhor funcionamento org�nico�.

Reflex�es e experi�ncias do Subprojeto Educa��o F�sica do Programa Institucional de Bolsas de Inicia��o � Doc�ncia da Universidade Federal do Pampa

    O Programa Institucional de Bolsa de Inicia��o � Doc�ncia (PIBID) da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), atrav�s do subprojeto Educa��o F�sica, que atua na Escola Estadual de Ensino M�dio Dom Hermeto no munic�pio de Uruguaiana/RS, vem trabalhando n�o apenas com a transmiss�o da Cultura Corporal do Movimento (CCM), mas tamb�m visando a promo��o da sa�de, atrav�s das aulas de educa��o f�sica e de avalia��es antropom�tricas e motoras realizadas semestralmente.

    Atualmente, nas aulas de educa��o f�sica da EEEM Dom Hermeto s�o trabalhadas diversas modalidades de esportes, que compreendem desde os esportes coletivos at� os esportes radicais, al�m de dan�as, lutas, esportes individuais, gin�sticas, atletismo, etc. Todas estas atividades s�o organizadas ao longo dos anos finais do ensino fundamental. Concomitantemente a estes conte�dos, os temas relacionados � ApFRS e dos benef�cios de uma vida fisicamente ativa s�o trabalhados durante as aulas. Desta maneira, os alunos s�o capazes de obter conhecimentos te�ricos e pr�ticos a respeito do tema em quest�o e assim entenderem os benef�cios da pr�tica de atividades f�sicas e diferentes possibilidades de alcan�ar e manter tais benef�cios.

    Entendemos que seja papel da educa��o f�sica escolar despertar nos alunos o gosto pela pr�tica regular de atividades f�sicas. Por esta raz�o, os conte�dos devem ser diversificados e transmitidos de forma integrada, ou seja, os conte�dos da CCM juntamente com os assuntos relacionados � ApFRS e a promo��o da sa�de. Desta forma, os alunos ganham autonomia para escolher e praticar a atividade f�sica que mais lhes agrada, atrav�s das viv�ncias proporcionadas pelas aulas de educa��o f�sica escolar e as contribui��es do professor acerca da promo��o da sa�de.

    Em estudo feito por Costa et al.5, onde tratam de algumas propostas e sugest�es curriculares para a Educa��o F�sica, abordando a promo��o e a educa��o para um estilo de vida mais ativo e saud�vel, vem ao encontro do que estamos realizando na E.E.E.M. Dom Hermeto. A primeira proposta diz respeito �s experi�ncias motoras nas aulas de Educa��o F�sica, estas devem ser prazerosas, favorecendo a auto-estima e uma atitude positiva do jovem em rela��o � atividade f�sica. Atrav�s do novo planejamento das aulas de educa��o f�sica escolar da escola E.E.E.M. Dom Hermeto, onde uma ampla variedade de conte�dos e pr�ticas corporais est�o sendo trabalhadas, constatamos que estamos trabalhando em prol da auto-estima e da autonomia dos alunos, para que estes tenham capacidades de escolher e praticar o esporte que mais lhe agrada. A segunda proposta � que os objetivos e conte�dos devem ser progressivos e sequenciais, garantindo que as aulas respeitem o n�vel de desenvolvimento dos jovens em cada n�vel de ensino e n�o sejam repetitivos. Elaboramos um planejamento onde os alunos aprendem os conte�dos relacionados � educa��o f�sica escolar e a ApFRS de forma gradual e progressiva, desde o 5� ano do ensino fundamental at� o 9� ano de ensino fundamental (a E.E.E.M. Dom Hermeto s� tem turmas de ensino fundamental no per�odo diurno), tornando as aulas bastante din�micas e sempre acrescentando algo a mais na aprendizagem do aluno. A terceira proposta � que os conceitos e informa��es sobre atividade f�sica, aptid�o f�sica e sa�de devem ser explorados com maior �nfase entre os adolescentes mais velhos, favorecendo a autonomia para a ado��o de um estilo de vida ativo e saud�vel. Tais conceitos e informa��es, como j� dito anteriormente, v�m sendo trabalhados com mais �nfase nas s�ries finais do ensino fundamental, aprofundando os conhecimentos dos educandos acerca da promo��o e manuten��o da sa�de.

    Ainda neste estudo, verifica-se que os n�veis de atividade f�sica no trabalho, no deslocamento e nas tarefas dom�sticas reduziram ao longo do tempo, enquanto as atividades no dom�nio do lazer tenderam a se estabilizar. Ent�o, nosso maior desafio � formar indiv�duos que busquem a aquisi��o da sa�de por meio da pr�tica de atividades f�sicas de lazer, mantendo um padr�o de vida saud�vel e fisicamente ativa.

Considera��es finais

    Conclu�-se que os cuidados com a aptid�o f�sica relacionada � sa�de durante as aulas de educa��o f�sica escolar inexistem ou s�o insuficientes para trazer melhoras significativas para a qualidade de vida dos educandos. Entretanto, podemos observar que existem diversas maneiras de trabalhar a aptid�o para a sa�de, juntamente com todos os outros conte�dos da educa��o f�sica, basta ser reservado um espa�o das aulas para o aprimoramento dos componentes da ApFRS e para os esclarecimentos sobre a import�ncia da pr�tica de atividades f�sicas mesmo depois dos anos escolares.

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Qual a relação das práticas corporais trabalhadas na Educação Física com a saúde?

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Qual a relação entre corpo práticas corporais e saúde?

O referencial exclusivamente biológico para estudo do corpo, das práticas corporais e da saúde tem sido historicamente predominante na área da educação física. Essa visão reforça o entendimento de que a prática de atividades físicas garante, por si só, saúde à população.

O que são práticas corporais e saúde?

As práticas corporais são uma ferramenta que trabalha com o corpo em movimento e que podem ser apropriadas por outros trabalhadores da saúde, sendo o mais importante o fato de que sejam realizadas num coletivo, em equipe e no território.

Quais são as práticas corporais na Educação Física?

As práticas corporais são atividades coletivas e/ou individuais realizadas de forma sistemática ou pontuais por meio de atividades como, por exemplo, a dança, as lutas marciais, os jogos, as brincadeiras, dentre outras.

Como as práticas corporais e atividade física pode contribuir para a saúde coletiva?

Os resultados apresentados mostram que houve diminuição nas dores do corpo, redução na ingestão de remédios e na frequência de procura por consultas médicas, além de melhora na qualidade de vida das pessoas, sobretudo no aspecto social, porque elas passaram a estabelecer mais vínculos sociais inter e extra grupo.