O rápido reconhecimento da independência do Brasil foi motivada pela Doutrina Monroe, diretriz de política externa criada pelo ex-presidente James Monroe, 1817-1825, que defendia "a América é para os americanos". Show
O rápido reconhecimento da independência do Brasil foi motivada pela Doutrina Monroe, diretriz de política externa criada pelo ex-presidente James Monroe, 1817-1825, que defendia "a América é para os americanos". A doutrina tinha como estratégia fortalecer os laços dos Estados Unidos e os novos países americanos que, assim como Brasil, estavam se tornando independentes. O objetivo era afastar qualquer influência dos colonizadores europeus, visando conquistar aliados e benefícios econômicos. Oficialmente, os Estados Unidos foram a primeira nação a reconhecer a independência do Brasil. O reconhecimento foi em maio de 1824, quando o então presidente norte-americano James Monroe recebeu José Silvestre Rebello, o primeiro brasileiro a ser nomeado chanceler do Brasil nos Estados Unidos. Entretanto, o interesse dos vizinhos da América do Norte no país já aparecia antes, ainda nos tempos de colônia portuguesa. Em 1815, os Estados Unidos abriram o primeiro consulado estrangeiro em território brasileiro, no Brasil Colônia, em Recife, Pernambuco. "Com as boas relações e reconhecimento das independências, os Estados Unidos podiam obter benefícios econômicos, e acordos comerciais que favorecem mais a eles que os europeus", explica o historiador brasileiro Lucas Martins, especialista nas relações entre Estados Unidos e América Latina. "Além disso, a doutrina se baseava no imaginário americano filosófico que imprimia a questão do destino manifesto como se eles fossem responsáveis por conduzir as Américas a partir da independência de cada um deles", destaca o historiador, que vive nos Estados Unidos e cursa doutorado na Temple University, na Filadélfia. Visita de Dom Pedro IIAlém do próprio reconhecimento da independência brasileira, com o tempo as relações entre os dois países foram se solidificando entre acordos comerciais e de cooperação mútua. Um evento importante foi a celebração do centenário da independência dos Estados Unidos em 1876. Na época, o convidado de honra foi o imperador Dom Pedro II, que foi até a Filadélfia em uma viagem oficial, a primeira visita de um chefe da nação brasileira aos Estados Unidos. A celebração aconteceu menos de 15 anos depois do fim da guerra civil norte-americana separatista entre o norte e sul. Nesse mesmo período, Dom Pedro II já tinha demostrado interesse em desenvolver, por exemplo, o cultivo do algodão no Brasil, e foi com o vizinho do hemisfério norte que o imperador encontrou o apoio necessário. "Os Estados Unidos, principalmente na região sul, tinham uma tradição muito forte na produção do algodão e do tabaco. E uma vez que Dom Pedro II tinha interesse em desenvolver essa economia no Brasil, ele convida alguns americanos para virem ao Brasil e se estabelecerem no país para desenvolver essa cultura do algodão", explica Martins. "Por isso que hoje você vê em regiões de Santa Barbara do Oeste e Americana, no interior de São Paulo, descendentes dessa leva de imigrantes produtores de algodão", ressalta o historiador. Brasil-EUA e as guerras mundiaisJá na primeira metade do século 20, o Brasil aproximou-se também em questões militares aos Estados Unidos e seus aliados na primeira e Segunda Guerra Mundial. Em 1942 Getúlio Vargas decidiu entrar em acordo com o presidente americano Franklin D. Roosevelt sobre a participação brasileira na batalha contra o regime nazista e enviou mais de 25 mil soldados à Europa. A relação Vargas-Roosevelt é um ponto importante da história de aproximação entre os dois países. O presidente norte-americano visitou o Brasil três vezes em 1936 e em 1943. Em um trecho do discurso gravado durante sua visita ao Rio de Janeiro em novembro de 1936, Roosevelt defendeu que a relação entre os dois países fosse ainda mais estreitada, do ponto de vista econômico, intelectual e cultural. Neste trecho da gravação do discurso no Congresso brasileiro, conservada pelo acervo da biblioteca de Roosevelt, o norte-americano declarou: "Nenhuma nação pode viver inteiramente somente por si mesma. Cada um de nós aprendeu sobre as glórias da independência. E vamos permitir também que aprendamos sobre as glórias da interdependência". O Primeiro Reinado foi o período da história do Brasil iniciado a partir da independência do país, em 1822. Essa fase estendeu-se até 1831, quando o imperador D. Pedro I abdicou o trono brasileiro em favor de seu filho, Pedro de Alcântara, futuro D. Pedro II. Tópicos deste artigo
Independência do BrasilO Primeiro Reinado foi resultado direto do processo de independência do Brasil, que teve como ponto de partida a transferência da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro a partir de 1808. Quando isso aconteceu, uma série de transformações aconteceu no Brasil: a cidade do Rio de Janeiro cresceu e desenvolveu-se, os portos foram abertos e o comércio prosperou. Dessa forma, o Brasil deixou de ser colônia, tornando-se parte do Reino de Portugal. Os ânimos do Brasil estavam relativamente sob controle até 1820, quando eclodiu a Revolução Liberal do Porto, em Portugal. Essa revolução foi realizada pela burguesia portuguesa, que demandava o retorno do rei português para Lisboa e a revogação das medidas que haviam sido implantadas no Brasil. A Revolução Liberal do Porto foi muito mal recebida pelas elites econômicas do Brasil, que encararam essa revolta como uma tentativa de recolonizar o país. Assim, surgiu um movimento pela independência do Brasil, o qual considerou Pedro, filho de D. João VI, como a pessoa ideal para liderar esse processo. Após ser pressionado pelas Cortes portuguesas (espécie de parlamento) a retornar a Portugal, Pedro percebeu que o único caminho a ser tomado era declarar a independência do Brasil. Assim, em 7 de setembro de 1822, aconteceu o grito do Ipiranga, por meio do qual o regente declarou a independência do Brasil. Pedro foi, então, coroado imperador, tornando-se D. Pedro I. Acesse também: Cinco curiosidades sobre a independência do Brasil Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Guerras de independênciaDiferentemente do que muitos acreditam, a independência do Brasil não foi pacífica. Houve províncias que permaneceram leais aos portugueses, por isso, foi necessário travar guerra a fim de garantir a unidade territorial do país. Um nome de destaque nessa luta contra os portugueses e seus aliados no Brasil foi lorde Cochrane, comandante contratado por D. Pedro I. Entre as regiões que se rebelaram contra a independência, podemos citar as províncias do Pará, Maranhão, Bahia e Cisplatina. Em meados de 1823, os conflitos contra a independência do país estavam sob controle, e os apoiadores de Portugal já estavam derrotados. Por que o Brasil tornou-se uma monarquia?Quando o Brasil declarou a sua independência, seus realizadores optaram por instaurar a monarquia como forma de governo do país. Era um caso único na América do Sul, já que as antigas colônias espanholas nessa parte do continente tinham tornado-se repúblicas. Na América Latina, além do Brasil, só o México transformou-se, durante um curto período de tempo, em uma monarquia. Segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, a escolha da monarquia em vez da república aconteceu por alguns motivos|1|:
Consolidação da independênciaApós a declaração de independência, o Brasil tinha desafios imediatos a serem superados. Primeiramente, era necessário cessar a guerra travada contra as províncias rebeldes. Depois, era fundamental garantir o reconhecimento internacional e, por fim, era importante redigir uma Constituição para estruturar o país. A princípio, as nações vizinhas relutaram em reconhecer a independência do Brasil pelo fato de o país ter tornado-se uma monarquia. Grande parte do reconhecimento da nossa independência ocorreu em virtude das ações da Inglaterra e dos Estados Unidos. Os ingleses foram responsáveis por mediar as negociações entre Brasil e Portugal. O reconhecimento da independência do Brasil pelos portugueses só ocorreu em 1825, mediante pagamento de indenização e com o compromisso firmado pelo Brasil de não incentivar a independência das colônias portuguesas na África. Constituição de 1824Após a independência, a nova nação precisava de uma Constituição. Para essa tarefa, era necessário formar uma Assembleia Constituinte, que deveria ser escolhida por meio de eleições. Os trabalhos da Constituinte iniciaram-se em maio de 1823 e foram marcados pelo atrito entre D. Pedro I e as elites econômicas e políticas do Brasil. As discordâncias entre os parlamentares e D. Pedro I ocorreram em decorrência da arbitrariedade e da autoridade do imperador nas tomadas de decisões. No caso da Constituição, os parlamentares defendiam a existência de maiores liberdades individuais e a limitação do poder real. Em contrapartida, D. Pedro I queria poderes ilimitados para governar o Brasil. Como não concordava com os termos da Constituição elaborada pelos parlamentares, D. Pedro I decidiu vetar o documento, que ficou conhecido como Constituição da Mandioca. Essa ação aconteceu em 12 de novembro de 1823 e foi acompanhada de um evento chamado Noite da Agonia. Nessa ocasião, D. Pedro I ordenou que tropas cercassem e dissolvessem a Assembleia Nacional Constituinte. Nesse dia, vários parlamentares foram presos. Após esse episódio, uma nova Constituição começou a ser elaborada por uma comissão formada pelo imperador. Essa Constituição ficou pronta em 1824 e foi outorgada por ordem do imperador. O documento reafirmava que o Brasil seria uma monarquia e instituía ao imperador poderes absolutos sobre a nação. Para isso, foi criado o Poder Moderador, representado exclusivamente por D. Pedro I. Foi determinada também nessa Constituição a imposição do voto censitário. Assim, só poderiam votar aqueles tivessem renda anual acima de 100 mil réis. Acesse também: Veja seis fatos sobre a neta de D. Pedro I. Como terminou o Primeiro Reinado?Os desgastes na relação de D. Pedro I com grande parte da sociedade, em especial com certa elite política e econômica, fizeram com que o imperador renunciasse o trono em favor de seu filho, Pedro de Alcântara. Dessa forma, em 1831, o Primeiro Reinado chegou ao fim. Entre os eventos que contribuíram para fragilizar a posição do imperador, podemos citar como os de maior destaque:
O governo de D. Pedro I não era muito popular no Nordeste brasileiro, principalmente por causa do autoritarismo do imperador. Por isso, a região tornou-se foco de críticas ao Império. Nesse contexto, dois nomes destacaram-se: Cipriano Barata e Joaquim do Amor Divino (frei Caneca), que veiculavam suas críticas em jornais de circulação local. O principal foco de insatisfação era a província de Pernambuco, local historicamente marcado por tensões. A insatisfação da região na década de 1820 era, em grande parte, herdada da Revolução Pernambucana, movimento separatista de viés republicano que aconteceu em 1817. Os ideais republicanos, associados com a insatisfação com o imperador, levaram a uma nova rebelião: a Confederação do Equador. Essa revolta teve como estopim a dissolução da Assembleia Constituinte e a nomeação de um governador que não era desejado pela elite local. Na época, havia também uma forte especulação de que a região seria invadida pelos portugueses. A junção de todos esses fatores, associados à memória viva da Revolução Pernambucana, fizeram a província rebelar-se. A Confederação do Equador iniciou-se em 2 de julho de 1824 em Recife, Pernambuco. Sob a liderança de frei Caneca e Manoel de Carvalho Paes de Andrade, o movimento logo se espalhou pelo Nordeste, alcançando o Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Piauí e Maranhão. A reação do imperador foi violenta: foi ordenada uma série de execuções em Pernambuco, Ceará e Rio de Janeiro. Em setembro, os rebeldes já tinham sido derrotados. A crise do Primeiro Reinado também está associada com a Guerra da Cisplatina, travada entre 1825 e 1828. Nesse conflito, o Brasil lutou pela manutenção da província Cisplatina a fim de evitar que ela fosse anexada pelas Províncias Unidas (atual Argentina). Essa guerra foi extremamente impopular no Brasil. Tudo começou quando habitantes locais da Cisplatina iniciaram uma rebelião, declarando a separação da província do Brasil e sua vinculação com as Províncias Unidas. A reação brasileira ocorreu com a declaração de guerra contra os rebeldes e contra as Províncias Unidas. Ao longo dos três anos de conflito, o Brasil amargou uma série de derrotas, que destruiu o moral do exército e arruinou a economia do país. O fim da guerra ocorreu com a assinatura de um acordo entre o Brasil e as Províncias Unidas. Ambas as partes concordaram em abrir mão da Cisplatina, fato que levou à queda da popularidade do imperador. Assim, em 1828, foi reconhecida a independência da República Oriental do Uruguai. Além do autoritarismo, da violência e da economia arruinada, o jogo político também contribuiu para minar a posição do imperador. Durante o Primeiro Reinado, foram formados, gradativamente, dois blocos entre os políticos: o partido brasileiro e o partido português. Enquanto o primeiro representava a oposição ao imperador, o segundo oferecia-lhe apoio. Esses desentendimentos entre brasileiros e portugueses fizeram com que um confronto aberto acontecesse. Esse episódio ficou conhecido como Noite das Garrafadas edurou dias nas ruas da cidade do Rio de Janeiro. Como resultado, D. Pedro I renunciou ao trono. Ao deixar sua posição, o imperador ofereceu o trono ao seu filho, Pedro de Alcântara. Como o príncipe só poderia assumir o poder quando tivesse 18 anos de idade, iniciou-se no país uma fase de transição, conhecida como Período Regencial. Exercício resolvido O Primeiro Reinado foi um período que se iniciou em 1822, com a independência do Brasil. Seu fim ocorreu em 1831, quando o imperador abriu mão do trono. Esse foi um período marcado pela pouca competência de D. Pedro I para exercer o cargo de imperador. Entre as alternativas abaixo, selecione o evento que NÃO aconteceu no Primeiro Reinado: a) Guerra da Cisplatina b) Confederação do Equador c) Revolução Praieira d) Noite da Agonia e) Noite das Garrafadas LETRA C Dos acontecimentos citados, o único que não se passou no Primeiro Reinado foi a Revolução Praieira. Esse movimento de caráter liberal e federalista estourou em Pernambuco em 1848, durante os primeiros anos do Segundo Reinado. |1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 223. *Créditos da imagem: Georgios Kollidas e Shutterstock
Quais são fatores que levaram os EUA a reconhecerem a independência do Brasil em 1824?QUESTÃO 5- (Mackenzie) São fatores que levaram os E.U.A. a reconhecerem a independência do Brasil em 1824: a) A identificação com a forma de governo adotada no Brasil e interesses coloniais comuns. b) A indenização de 2 milhões de libras pagos pelo Brasil ao governo americano e a Doutrina Truman.
Quais foram os motivos que levaram os Estados Unidos a reconhecer o Brasil independente?A Doutrina Monroe, criada pelo presidente James Monroe em 1823, muito contribuiu para isso. Sintetizada na frase "A América para os americanos", defendia o direito à soberania das nações e era contrária a qualquer intervenção europeia no continente americano.
Quem reconheceu a independência do Brasil?Pelo tratado de Paz e Aliança de 29 de agosto de 1825, com mediação da Inglaterra, Portugal reconheceu a Independência do Brasil, impondo, como condição, uma indenização de dois milhões de libras esterlinas.
Qual foi o segundo país a reconhecer a independência do Brasil?Os EUA foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil em 1824 . Depois o México e a Argentina, em 1825.
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