A Rota da Seda ligava a China e a

A via comercial terrestre que ligava a China ao Mar Mediterrâneo, conhecida como Rota da Seda, foi muito utilizada desde os primeiros séculos da nossa era até ao início da Idade Moderna.
Tendo começado a exportar seda para a Índia por terra por volta de 600 a. C. e para o Próximo Oriente em 114 a. C., a China procurou sempre manter o monopólio do comércio, tentando nunca perder o controlo da bacia do Tarim. O comércio efetuado com o Império Romano floresceu a partir de 50 a. C., sendo mantido também por via marítima.
As caravanas que percorriam a rota da seda partiam de Antioquia e Tiro, chegando, através da Mesopotâmia, ao Irão, Jurasão, Turquemenistão e Bactros, a partir de onde se dirigiam para Samarcanda e para a cidade chinesa de Kashgar. Neste ponto, a rota dividia-se em duas vias principais: uma, através de Caracórum, levava a Karashar e Turfan (via do norte); a outra acompanhava a bacia do Rio Tarim (via do sul). As duas vias encontravam-se depois e seguiam para Kancheu, Pequim e Nanquim.

O apogeu do comércio da seda transportada através destas rotas foi atingido na dinastia Wu-ti (140-186 d. C.), acabando por entrar em declínio devido às convulsões que tiveram lugar na Ásia Central nos séculos seguintes. Essas rotas comerciais permitiram, além disso, a expansão das doutrinas budistas (século II) e mais tarde do nestorianismo (século VII). Tendo a China deixado de as controlar, o comércio deste país com a Europa decaiu notavelmente, sendo recuperado por Bizâncio em meados do século VI, com a intensificação das relações comerciais através da Arábia e da Índia. Os produtos que vinham do Ocidente (âmbar, coral, tecidos de lã, etc.) eram trocados essencialmente por especiarias, pedras preciosas, ébano, pérolas e seda. Entretanto, deu-se o estabelecimento de fortalezas e mosteiros ao longo do percurso das caravanas.
A Rota da Seda acabou por perder a sua importância devido à descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama em 1498. Depois, também a indústria da seda começou a ser fomentada na Europa, como se exemplifica com o caso português: no reinado de D. José I, o marquês de Pombal incentivou a cultura do bicho-da-seda, bem como a implantação de uma manufatura de seda em Lisboa, com o objetivo de tornar o país independente das importações desse produto. Embora ultrapassada pelo rumo da História, a Rota da Seda é recordada como um dos grandes percursos comerciais de sempre e o palco de importantes contactos entre civilizações.

No século XIX, um arqueólogo alemão chamado Ferdinand Von Richthofen estabeleceu o nome de uma das mais famosas rotas comerciais e religiosas de todos os tempos, a chamada Rota da Seda. Antes que tal nome fosse escolhido, esse trajeto, com mais de sete mil quilômetros, já era há mais de dez mil anos utilizado por aventureiros, peregrinos comerciantes, clérigos, monarcas e soldados que cortavam esse extenso conjunto de estrada a pé ou no lombo de animais, partindo da porção síria do mar Mediterrâneo, até os territórios chineses de Xiang.

A mais antiga importância desse caminho se encontra no processo de espalhamento, ainda na Pré-História, das comunidades humanas do continente africano para diversas regiões da Ásia e da Oceania em busca de melhores condições de vida. Séculos mais tarde, seria essa mesma via de acesso que determinaria a penetração dos povos indo-europeus no Oriente Médio. Tal ocupação daria origem aos povos semitas que, por sua vez, estabeleceriam a gênese dos árabes e judeus.

Por volta do século VI a.C., a unificação territorial empreendida pelo Império Persa foi o primeiro passo para que atividades comerciais diversas fossem organizadas pelos povos englobados por essas civilizações. Os comerciantes que saíam do Oeste levavam marfim africano, ouro, peles de animais, vinho e animais de montaria. Em contrapartida, os distantes territórios chineses ofereciam ervas aromáticas, perfumes e os tão falados tecidos de seda que nomeavam o caminho.

Na verdade, as caravanas não percorriam toda a extensão da Rota da Seda. Com o passar do tempo, percebemos que certas cidades ficaram responsáveis por agregar comerciantes que se concentravam em apenas um trecho do percurso. Deste modo, vemos que o comércio se transformou em uma atividade que organizou o cenário social, econômico e político de diferentes pontos desse grande território. Entre os séculos III e IV, a invasão dos hunos marcou o período menos seguro para que as comitivas de comerciantes se movimentassem.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

No século VIII, a parte oeste da rota começou a ser dominada pelos árabes que realizaram a conquistas das terras da Pérsia. Séculos mais tarde, exatamente no século XII, os cavaleiros e soldados de Gengis Khan tomaram a Ásia Central, o Norte da China e os territórios tibetanos. Ao contrário do que possa parecer, o domínio militar mongol foi de grande ajuda para que a economia comercial da Rota da Seda se mantivesse viva ao longo das décadas. Com o simples pagamento de taxas, os mercadores tinham direito de tráfego e comércio.

Ainda no período medieval, percebemos que o Renascimento Comercial fomentou a cisão daquela visão de mundo limitada dos tempos feudais. Nessa época, as famosas viagens de Marco Polo davam conta de paisagens, costumes e cidades que ampliavam as perspectivas da época. Ao longo do tempo, o fechamento dessa via de comércio incentivou bastante a realização das Grandes Navegações. De tal modo, o homem europeu começou a constituir novas rotas de comércio pelos mares e continentes.

Por Rainer Sousa
Mestre em História
Equipe Brasil Escola

Curiosidades - Brasil Escola