Como a falta de saneamento básico afeta a proliferação de doenças?

Como a falta de saneamento básico afeta a proliferação de doenças?
Pouco mais de 45% da população brasileira ainda não tem acesso ao tratamento de esgoto.  Foto: Unsplash / Patrick Federi/Divulgação

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Em uma época de avanços notáveis na ciência, centenas de milhares de brasileiros ainda adoecem todos os anos por falta de acesso ao saneamento básico. Um novo levantamento do Instituto Trata Brasil aponta que, em 2019, foram 273 mil internações e 2 734 mortes provocadas por doenças de veiculação hídrica.

A categoria abrange as mazelas transmitidas por meio da água contaminada. É uma lista longa: diarreias, dengue, malária, hepatites, cólera, esquistossomose… Quase 35 milhões de pessoas vivem em locais sem acesso à água própria para consumo e 100 milhões sem coleta de esgoto. Portanto, estão em maior risco de ter uma dessas infecções.

Há anos, a incidência dessas doenças, que são um problema de saúde públicaantigo, vinha diminuindo. O estudo, que usou dados do Ministério da Saúde e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) indica uma reversão de tendência. Houve incremento de 30 mil internações entre 2018 e 2019.

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As crianças de 0 a 4 anos correspondem a 30% do valor total de internações. No período, 81 mil foram hospitalizadas.

Desigualdades regionais

Levando em conta a taxa de incidência por 10 mil habitantes, são 22,9 internações no Norte (onde só 12% da população tem acesso ao saneamento básico); 19,9 no Nordeste; 17,2 no Centro-Oeste; 9,26 no Sul; e 6,99 no Sudeste (onde a cobertura alcança 79%).

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“Os dados deixam claro que qualquer melhoria no acesso da população à água potável, coleta e tratamento de esgotos traz grandes ganhos à saúde pública. Por outro lado, o não avanço faz perpetuar essas doenças e mortes de brasileiros por não contar com a infraestrutura mais elementar. São hospitalizações que poderiam estar sendo destinadas a doenças mais complexas”, afirmou em comunicado à imprensa o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos.

Uma lei de 2020 estipula a meta de levar água tratada a 99% da população até 2033, e esgoto a 90% dos brasileiros. Mas o ritmo dos programas de ampliação da rede deve ser acelerado para alcançar o objetivo, alerta a entidade.

Pandemia pode levar a subnotificação

Segundo o Trata Brasil, dados preliminares apontam para uma redução de 35% nas internações por doenças de veiculação hídrica em 2020.

No entanto, a entidade explica que os dados precisam ser analisados pelas instituições médicas, já que a queda pode estar relacionada ao afastamento das pessoas dos hospitais por medo de contaminação por Covid-19. Isso aconteceu com outras doenças, vale dizer.

*Com informações da Agência Brasil

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De acordo com dados do ‘Ranking do Saneamento 2020’, divulgado pelo Instituto Trata Brasil, quase 100 milhões de brasileiros não possuem cobertura da coleta de esgoto e 35 milhões não usufruem de água tratada. Com a pandemia do novo coronavírus, o problema que as regiões afetadas pela falta deste serviço já enfrentavam somente se agravou, atingindo as populações mais carentes que residem nestes espaços urbanos. 

A definição de saneamento básico, de acordo com o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Francisco José Piza, é “um conjunto de ações relacionadas ao meio ambiente e saúde preventiva”, que promovem qualidade de vida para a população, e inclui o abastecimento de água, esgoto sanitário, manejo de água pluvial e de resíduos sólidos.

O professor explica que a gestão do saneamento básico é do poder público, mas a prestação do serviço pode ser feita por empresas públicas, concessão privada ou entidades de economia mista. “A falta de saneamento está ligada ao uso e ocupação do solo de maneira desordenada, além da prioridade governamental”, diz Piza. 

Para a professora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da UPM, Camila Sacchelli Ramos, a falta de saneamento básico compromete uma das principais recomendações de prevenção contra a covid-19: lavar as mãos.

“Sem água tratada, a população é muito mais atingida por doenças que dependem de adequada higiene pessoal e alimentar, como lavar as mãos antes de comer ou após usar o banheiro”, afirma a professora. 

É importante ressaltar que, como aponta Ramos, apesar do Norte e Nordeste do país apresentarem os menores índices de saneamento básico, no próprio estado de São Paulo também há várias regiões periféricas onde o crescimento desenfreado resultou em esgotos clandestinos a céu aberto e municípios próximos da capital onde áreas rurais também não são atendidas pela empresa de saneamento do estado. 

Assim, segundo a professora Camila, a falta de tratamento atua na impossibilidade de higienização de mercadorias adquiridas no comércio e aumenta o risco de contaminação de lagos, rios e represas que passam por esses locais sem tratamento, pois há estudos que confirmam a presença da covid-19 nas fezes de pacientes infectados. Dessa forma, “a falta de saneamento afeta tanto a população carente como as demais classes sociais”, completa Piza.  

Para a professora, também cabe à empresa de saneamento medidas que colaborem para o controle do novo coronavírus, como assegurar que a água que chega à população esteja livre do vírus, tanto no percurso quanto no destino final, e realizar o tratamento adequado de esgoto, principalmente dos hospitais onde se tem alta concentração de pessoas infectadas, para que não haja, inclusive, a contaminação do meio ambiente.

Como a falta de saneamento básico afeta a proliferação de doenças explique qual a importância do saneamento básico no controle de algumas doenças?

A destinação inadequada do lixo e a falta de tratamento de água e do esgoto aumentam o contato da população com inúmeros patógenos perigosos. As doenças com maiores incidências devido à exposição a ambientes sem saneamento são leptospirose, disenteria bacteriana, esquistossomose, febre tifoide, cólera e parasitoides.

Porque a falta de saneamento básico pode ser a causa de doenças?

Porque (junto e sem acento) é usado principalmente em respostas e em explicações. Indica a causa ou a explicação de alguma coisa.

Quais as consequências da falta de saneamento básico?

Já o saneamento básico é importante para a qualidade de vida e o desenvolvimento da sociedade, uma vez que o contato com esgoto e o consumo de água sem tratamento estão ligadas à altas taxas de mortalidade infantil, tendo como principais causas doenças como parasitoses, diarreias, febre tifoide e leptospirose.

Qual é a relação entre saneamento básico e as doenças?

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 10% das doenças registradas mundialmente poderiam ser evitadas com investimentos para a ampliação do acesso à água, medidas de higiene e saneamento básico. A dengue, por exemplo, é um doença que é altamente favorecida pela falta de saneamento.